Qualquer pessoa que não viva em outro planeta já está sabendo a essa altura que o planeta Vênus tornou-se um forte candidato a abrigar vida alienígena depois da descoberta da bioassinatura de fosfina em sua atmosfera superior. Apesar das temperaturas infernais e da pressão atmosférica brutal, o planeta Vênus pode, veja bem: PODE conter formas simples de vida que estejam produzindo a tal fosfina. Ainda não são conhecidas todas as formas possíveis de produção de fosfina que podem existir, podendo a sua fonte vir de um fenômeno não biológico que indicaria um alarme falso de vida no planeta conhecido como estrela D'alva.
Ok, essa parte da notícia já foi reverberada à exaustão por aí. Mas o ponto que eu gostaria de chamar atenção é que o nosso sistema solar possui dois planetas telúricos (rochosos) na sua zona habitável: Terra e Marte. Apesar de haver algumas discordâncias, conceitualmente, se considera que Vênus está fora da zona habitável por estar perto demais do Sol. Ora, se em um planeta FORA da zona habitável temos a possibilidade real de ter vida ainda que muito simples, o que poderíamos dizer então do resto do universo? Já foram descobertos vários planetas extrassolares na nossa vizinhança galáctica que estão na zona habitável. E em todo o universo há um número incalculável de planetas semelhantes ao nosso na zona habitável de seus sistemas solares. Se você saca um pouquinho só de probabilidade e sabe que há mais estrelas no céu do que grãos de areia na Terra, deve chegar na mesma conclusão que eu: certamente NÃO estamos sozinhos no universo. Ainda mais porque há sistemas solares bem mais antigos que o nosso orbitando estrelas que possuem um tempo de vida muito maior que o nosso Sol.
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Zonas habitáveis dos planetas. Note que Vênus está fora.
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Só que essa coisa toda de vida fora da Terra não tem nada a ver com esses avistamentos de OVNIS e desenhos gabaritados nas plantações de trigo da Inglaterra. Vida complexa, inteligente e capaz de desenvolver tecnologia demora muito tempo para surgir e depende de muitos fatores aleatórios ocorrendo em momentos certos da evolução. Aqui na Terra, por exemplo, se o asteroide que matou os dinossauros não tivesse caído há exatamente 65 milhões de anos, muito provavelmente eu e você não existiríamos. A árvore da vida poderia ter seguido outra ramificação e os répteis ou as aves talvez tivessem dominado o mundo. Uma espécie com um cérebro que consome 20% da energia corporal, com um polegar opositor perfeitamente assimétrico e perfeitamente adaptada ao ambiente só existiu uma vez no nosso planeta em 4,5 bilhões de anos. E olha que já tivemos um número gigantescos de espécies na história do nosso planeta. A chance de nós, humanos, termos existido é extremamente baixa. Somos um verdadeiro milagre cósmico.
O que eu quero dizer com essa conversa toda é que é quase certo que há vida lá fora, mas vida capaz de desenvolver uma civilização tecnológica é quase impossível. Então o único jeito que temos de saber se estamos sós ou não no universo é indo para outros mundos para fazer contato imediato de terceiro grau com micróbios alienígenas.