Amigos, na noite passada, eu tive um sonho que seria um verdadeiro PESADELO para os coxinhas:
sonhei que o Brasil tinha sofrido nada menos que uma revolução socialista. Quer saber dos detalhes? Então chega mais...
O sonho se passava no início dos anos 80 em um universo paralelo e a conjuntura geopolítica era bem diferente do que temos hoje. Para começo de conversa, Leon Trotsky havia sido o presidente da URSS ao invés de Joseph Stalin, fato que causou uma mudança radical na história da Europa. Com Trotsky no poder, o socialismo havia se espalhado por quase toda a Europa Ocidental: França, Itália e até a Alemanha haviam se tornado socialistas. Isso significa que Hitler não chegou ao poder e não tivemos a Segunda Guerra Mundial. Para desespero dos EUA, Fidel Castro também conseguiu fazer a Revolução Cubana nesse universo paralelo. Como resposta, a Doutrina Truman se radicalizou na América Latina, levando a ditaduras militares muito mais violentas e repressivas na América do Sul. Neste universo paralelo, a ditadura militar brasileira havia matado um número absurdo de pessoas – na casa dos milhões – para nos proteger do "perigo vermelho". E foi justamente esse autoritarismo, genocídio e repressão exacerbada das ditaduras na América do Sul que acabaram gerando um sentimento de revolta generalizado entre os brasileiros. O fato foi que lá por volta de 1982, dez milhões de pessoas foram às ruas para pedir o fim da ditadura e a implantação de uma espécie de socialismo democrático expressados pelos gritos de "democracia já". Para variar, até neste sonho a Globo fazia terrorismo psicológico contra a população dizendo que o "socialismo iria destruir o Brasil" e outras mentiras. O fato foi que Brasília foi cercada por milhões de pessoas com bandeiras vermelhas e gritos de "abaixo a ditadura". A coisa estava tão feia, que até a Igreja Católica e parte das Forças Armadas ficaram do lado do povão. O resultado dessa loucura toda foi um Golpe de Estado que tirou os militares do poder e implantou o tal "socialismo democrático".
Após essa revolução, lembro bem de ter visto um grande discurso de vários líderes revolucionários e de chefes de Estado de outros países de esquerda. Estavam presentes numa grande tribuna diante de um público gigantesco em Brasília nada menos que o presidente da União Soviética (que não consegui identificar quem era), Fidel Castro, Luiz Carlos Prestes, um general brasileiro que não lembro o nome, o arcebispo Paulo Evaristo Arns, Leonardo Boff, Frei Beto, Darcy Ribeiro, Leonel Brizola, vários outros homens que não reconheci e, claro, ele: Luiz Inácio Lula da Silva. Lula, foi, inclusive, um dos que mais falou nos discursos. No fim das contas, foi implantada uma espécie de parlamentarismo onde Brizola foi eleito primeiro-ministro.
Percebi que essa revolução, apesar de ter sido apoiada massivamente pela esquerda, não era exatamente socialista, porque não havia proposta de coletivização, de planificação econômica ou de perseguição a Igreja, muito pelo contrário: a própria Igreja havia apoiado a revolução depois de exigir uma série de condições em troca desse apoio. Mas enfim, o que aconteceu depois é que foi interessante.
Depois do Brasil ter feito a sua revolução, a América do Sul inteira acabou indo na onda, formando a URSAL: União das Repúblicas Socialistas da América Latina. Os EUA entraram numa crise profunda, mas não cederam de jeito nenhum ao socialismo, fazendo alianças com outros países capitalistas que restaram. A maioria dos países do mundo havia virado socialista, formando um grande bloco hegemônico, o que fortaleceu economicamente os países subdesenvolvidos.
No Brasil, houve uma nova Assembleia Nacional Constituinte escrita pelos trabalhadores e para os trabalhadores – bem diferente da nossa constituição burguesa de 1988. Tivemos uma grande reforma política, reforma econômica, reforma tributária, regulação da mídia, estatização de um monte de empresas e uma reforma agrária meio tímida devido a pressões contrárias de grupos mais "influentes" que se infiltraram no poder. O fato foi que, na prática, o Brasil continuou sendo um país capitalista, mas com uma constituição realmente democrática e com uma mídia mais pluralista. O resultado disso foi uma grande industrialização, grandes obras, redução drástica das desigualdades sociais e serviços públicos de qualidade. O ensino público passou a ter uma qualidade tão boa quanto o do ensino privado. Já os planos de saúde privados deixaram de ser obrigatórios para a classe média – já que a saúde pública tinha uma qualidade tão boa quanto a de países desenvolvidos. Devido à revolução agrícola, não ocorreram mais surtos de desabastecimento em nenhuma área e passamos a ser autossuficientes em energia e petróleo. O Brasil passou a desenvolver tecnologia de ponta nas universidades e tivemos os nossos programa nuclear e espacial retomados com força total. Na prática, o Brasil havia se tornado uma social democracia avançada, ou seja: uma terceira via. Não demorou até nos tornarmos uma potência econômica independente que passou a rivalizar com os EUA. Falando em EUA, os americanos – ou melhor: as oligarquias americanas – pararam de interferir na política do Brasil por exigência do bloco socialista Europeu. Apesar do mundo viver permanentemente numa grande tensão neste cenário devido à forte polarização entre capitalistas e socialistas, nenhuma grande guerra chegou a ocorrer.
De fato, devido ao nosso passado colonial, escravista e elitista, até neste universo paralelo criado no meu sonho, o Brasil não chegou a ser socialista de fato. No nosso mundo real então, essa possibilidade é ainda menor. Somos um país praticamente colonizado pelos EUA, controlado por uma plutocracia predatória que odeia o país e temos uma classe média majoritariamente elitista, preconceituosa e fascista. No mundo que vivemos seria impossível o Brasil virar social democrata, o que dizer então de se tornar socialista... Qualquer tentativa mínima de se criar um governo mais igualitário seria combatida com autoritarismo e violência pelos EUA e por nossas elites.
O sonho acabou com um país bem melhor que o nosso Brasil real. Daí fiquei imaginando o quão atrasados estamos hoje em relação a esse Brasil onírico. Direitos básicos que havíamos conquistado nos anos 80 do sonho estão distantes em pleno 2017...
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Pode esquecer que isso é impossível |
A dura verdade é que o "dinheiro grande" é quem manda neste país, nos nossos políticos, na nossa economia e no nosso modo de pensar. Somos massa de manobra de uma mídia burguesa prostituta do grande capital que ajudou a nos tornar consumistas, individualistas e indiferentes ao sofrimento dos menos afortunados entre nós. A repulsa que temos a tudo que for "de esquerda" é, na verdade, uma forma de disfarçar a nossa repulsa por um mundo menos desigual. O que a maioria de nós quer, infelizmente, não é justiça: nós queremos mesmo são mais privilégios. Agora me diga como um país com pessoas que pensam assim pode dar certo? Ou melhor: o Brasil deu certo, sim, mas apenas para aqueles 0,05% mais ricos que comem, dormem, se divertem, enriquecem e riem à nossa custa. Somos mesmo uns idiotas.