domingo, 29 de novembro de 2020

Votar é o mínimo que podemos fazer

 

Conheço muita gente de esquerda que diz que votar é uma perda de tempo, porque estamos apenas trocando as peças superficiais de um sistema que precisa ser modificado desde a sua base. Eu concordo que o sistema burguês-capitalista-oligarca precisa ser destruído para ocorrer uma mudança real, mas isso não irá acontecer a curto ou médio prazo. Para ocorrer uma revolução popular, muita coisa precisa ser feita tanto a nível nacional quanto internacional. Enquanto isso não acontece, temos que fazer a nossa parte jogando com as regras da institucionalidade burguesa, participando das eleições, porque queira ou não, o voto universal não foi algo que sempre existiu, ele foi uma conquista: é um direito que eu faço questão de ter. Mesmo que não ocorram mudanças profundas no sistema pela via eleitoral, temos que fazer o mínimo que é escolher políticos que atendam minimamente a nossa causa. Mesmo que para você não exista partido ideal ou partidos de esquerda no Brasil, abster-se de votar é entregar de bandeja o poder aos neoliberais, fascistas e irresponsáveis.

quarta-feira, 25 de novembro de 2020

O machismo precisa ser destruído


25 de novembro é uma data emblemática para uma das maiores bandas que jamais existiu, a Unno. Isso porque esta data refere-se tanto ao Dia do Doador, quanto ao Dia Internacional para a Eliminação da Violência contra as Mulheres. Tanto a doação quanto o combate contra a violência, especialmente a violência contra a mulher, foram duas bandeiras muito fortes da banda fictícia Unno. O primeiro e mais popular álbum dessa banda, a Reinvenção do Amor, enfatizava em quase todas as faixas a importância da doação para salvar vidas. Já o segundo disco, o furioso Ideias Profanas, foi nitroglicerina pura, com muito protesto, rebeldia, power chords e revolta contra o status quo. Entre as canções históricas do segundo disco, eu destacaria O Sonho de Mary e Feminística. A primeira música, O Sonho de Mary, foi considerada um verdadeiro hino na luta contra a violência doméstica, especialmente sobre a violência contra as mulheres. Já o a segunda música, a Feminística, trata da violência contra a mulher de uma forma geral, atacando visceralmente o sistema patriarcal e o sexismo. Claro que há cantores e bandas no mundo real que também protestam a respeito da violência contra a mulher, mas são poucas canções e a maioria parece ser muito poética ou pouco contundente. Essas duas canções da Unno, como escrevi, são verdadeiros hinos: uma porrada muito forte no ouvido e na mente das pessoas. São canções difíceis de esquecer e feitas para incomodar e fazer estremecer as bases de algo que precisa ser destruído: o patriarcado. Mas enfim, o post não é sobre a Unno ou sobre música. Este post é um chamado para rebelião contra uma das forças opressoras mais antigas e arraigadas da humanidade: o machismo.


Quem é mulher sabe o inferno que é este mundo. É assustador ser mulher em um mundo machista. Só quem é mulher sabe como é viver com medo, sendo censurada, ameaçada, cerceada, controlada, violentada, diminuída, desrespeitada com todo tipo de violência todos os dias. É violência verbal, violência simbólica, violência sexual, violência doméstica, violência de classe, violência econômica, violência médica... E parece que isso não acaba nunca. Quem tenta negar ou justificar esta violência é cúmplice dela. Não existe justificativa para violência, muito menos contra grupos estigmatizados e de vulnerabilidade social. O sistema inteiro violenta as mulheres, seja através das leis (a criminalização do aborto é um bom exemplo), seja através da (in)justiça (veja o caso do "estupro culposo" praticado contra Mariana Ferrer, por exemplo), seja através das artes, seja através da cultura, seja através da linguagem, seja através dos sistemas de exclusão que afastam as mulheres do real poder (poderes econômico, militar, religioso e político). Não tem como ser um igualitarista e não se indignar contra esse sistema. Foi por isso que comecei este post me lembrando das canções da Unno, porque a arte é uma porta de comunicação entre os corações revolucionários. A música pode e deve ser usada para abalar os alicerces do sistema opressor. E não estou me referindo apenas ao capitalismo, porque não adianta derrubar o capitalismo e o machismo estrutural continuar dentro do socialismo. Não existe revolução possível sem o feminismo e sem as mulheres. 

Nunca devemos deixar de lutar. Porque essa merda toda tem que acabar.

Descanse em paz, Don Diego

 

Morreu hoje, de parada cardiorrespiratória, um dos maiores jogadores de futebol de todos os tempos, o eterno Don Dieguito Maradona. Obviamente, fiquei muito triste com a notícia, porque além de ser uma lenda viva, sendo o maior jogador de futebol que vi jogar na minha vida, Maradona também estava do mesmo lado que eu no espectro político. Apesar de todas as polêmicas e confusões que ele se meteu ao longo da vida, não há como deixar de venerar o gigante que este homem foi dentro e fora dos campos. 

Descanse em paz, Dieguito.

quinta-feira, 19 de novembro de 2020

Bozo não se reelegerá

 

Qualquer pessoa com o mínimo de expertise já deve ter percebido que a situação do excrementíssimo presidente da república vai de mal a pior. Primeiro, Joe Biden derrotou seu ídolo Donald Trump nas eleições norte-americanas; fato que o desmoralizou. Segundo que, nessas eleições municipais de 2020, a grande maioria dos candidatos apoiados pelo inominável se deram muito mal. Terceiro, os escândalos de corrupção surgindo aos montes envolvendo o 'filho 01' justamente do cara que disse "me chama de corrupto, porra" para tentar blefar com pseudo honestidade. E para fechar a tampa do caixão, vem ocorrendo um desgaste geral do desgoverno federal envolvendo as imbecilidades proferidas pelo ex-capitão, o descaso com o meio ambiente, a irresponsabilidade assassina durante a pandemia do coronavírus, o fim do auxílio emergencial e a volta da inflação e do desemprego. Mesmo o gado bolsonarista não me parece muito otimista com tantas adversidades. Até o vice-presidente Mourão já deixa transparecer uma certa exasperação de ter que atenuar ou consertar constantemente as falas mentecaptas do inominável. A coisa não está fácil.


Quando a burguesia tiver composto uma chapa civilizada de direita envolvendo velhos partidos (PSDB/DEM/MDB), aí que o Bozo será mesmo descartado. Em 2022 teremos provavelmente a volta da velha polarização envolvendo a centro-esquerda petista com a direita (neo)liberal tucana. Acho muito difícil que um presidente desmoralizado e sem partido consiga ter a mesma relevância do tempo das fake news, da fakeada e do lawfare sem controle que houve em 2018 para impulsionar sua candidatura. Provavelmente, Bozo não se reelegerá. Ainda bem.

quinta-feira, 12 de novembro de 2020

Bostanaro continua o mesmo mentecapto de sempre


Sempre que meu falecido pai contava piadas, tinha aquela seção de piadas políticas que, invariavelmente, envolviam dois dos presidentes mais trapalhões da história: o general Eurico Gaspar Dutra e o general Costa e Silva. Eram tantas histórias rocambolescas envolvendo esses dois ex-presidentes que ficávamos em dúvida se as piadas eram histórias inventadas ou se eram fatos verídicos. Se meu pai estivesse vivo, provavelmente ele iria incluir as bravatas de Jair Bolsonaro nas anedotas políticas, porque eu nunca vi um presidente da república falar tantas jumentices com tanta frequência. E olha que o inominável ainda nem chegou na metade de seu mandato. As últimas do presidente, como todos já sabem, foi insinuar que o Brasil é um 'país de maricas' devido à prudência necessária diante da pandemia do coronavírus e depois ameaçou 'usar a pólvora' contra os norte-americanos por não aceitar as sanções de Joe Biden devido aos incêndios na Amazônia. Logicamente, essas declarações delirantes e irresponsáveis foram feitas com o intuito de criar uma distração sobre as denúncias do MP-RJ a respeito dos esquemas de corrupção do seu filho Flávio Bolsonaro. E assim a canção segue, com os militares e a burguesia aturando as sandices do presidente para que o projeto neoliberal de Paulo Guedes seja levado adiante. Enquanto isso, nós, o povo, somos feitos de palhaços, nos restando fazer piadas nas redes sociais com o exército em sua incursão suicida contra os donos do mundo. Tenho pena de quem votou nesse ser abjeto em 2018 achando que o PT era pior.

É rir para não chorar...

sábado, 7 de novembro de 2020

Biden venceu, mas a canção continua a mesma

Já expliquei em outras oportunidades que a eleição americana é apenas um arranjo da burguesia para continuar a fazer valer os interesses dos bancos e das grandes corporações. É a direita fascistoide representada pelos republicanos contra a direita liberal representada pelos democratas. Não há espaço para nada minimamente de centro e menos ainda de esquerda. Bernie Sanders foi eliminado logo no início das prévias do partido democrata por ousar por em campanha um discurso social-democrata. Socialismo então, nem pensar. E assim segue a farsa eleitoral norte-americana onde pouco importa que lado vence, porque a plutocracia e o establishment continuam intocados em seu domínio tanto local quanto internacional. E falando em cenário internacional, as bombas estadunidenses – sejam elas republicanas ou democratas – continuarão a cair em países de interesse estratégico que não possuam arsenal nuclear para autodefesa. 

Mas nem tudo é tão ruim assim. A vitória de Joe Biden marca o início da decadência da onda de extrema-direita internacional. Trump, Bannon, Johnson, Bolsonaro: toda essa gente sai enfraquecida com a vitória da direita liberal norte-americana. Aqui no Brasil também haverá mudanças, já que o atual governo vai ter que se comportar de maneira aceitável tanto com relação ao meio ambiente quanto com relação à política externa. A derrota da direita fascistoide lá nos EUA indica que as coisas não serão tão simples para Bolsonaro e seus filhos em 2022. Ou pelo menos assim espero.