sábado, 1 de junho de 2013

A pornografia é culpada ou inocente? - Parte 3


Nesta parte final da série A pornografia é culpada ou inocente? eu vou apresentar as minhas conclusões e apontar as possíveis soluções para os problemas ligados à industria pornográfica debatidos nos capítulos anteriores deste série.

Capítulo 4 - O Veredito

Censura à pornografia
Se você acha que é exagero que alguém queira proibir a pornografia, dou como exemplo o Parlamento Europeu, que votou em março de 2013 um relatório onde uma de suas medidas está a proibição total e irrestrita de pornografia em meios eletrônicos, além da adoção de uma cartilha para coibir o tráfego em sites pornográficos na internet. O relatório, assinado pela eurodeputada holandesa Kartika Tamara Liotard, foi aprovado pelo Comitê de Direitos das Mulheres e Igualdade de Gênero do Parlamento Europeu em novembro de 2012. A justificativa foi que a pornografia e a sexualização das mulheres infringem os direitos humanos femininos e exige que todo tipo de atividade que possa ser encarada como pornografia seja banida. Leia o item 17 desse documento:

“Insta a UE e os seus Estados-Membros a darem um seguimento concreto à sua resolução de 16 de setembro de 1997 sobre a discriminação da mulher na publicidade, que solicitava a proibição de todas as formas de pornografia nos meios de comunicação social, assim como da publicidade ao turismo sexual.”

Caso duvide desta notícia, deixo dois link abaixo para você conferir:
Parlamento Europeu vota proibição de pornografia (Dn Globo)
União Europeia quer acabar com a pornografia (Tecnoblog)

Nos EUA, o republicano Rick Santorum, candidato à presidência dos Estados Unidos na eleição de 2012, disse o seguinte:
“A pornografia causa uma pandemia de danos aos EUA. Muitas pesquisas mostram que a exposição a pornografia causam danos permanentes em crianças e adultos, resultando em amplas sequelas negativas. A pornografia é tóxica para casamentos, relacionamentos e contribui para violência sexual contra mulheres”.
O link segue abaixo:
EUA e Egito podem proibir a pornografia na internet (Tecnoblog)

Mas o caso que mais me preocupou foi o da Islândia, que, segundo O Globo, conseguiu bloquear o acesso da pornografia on line no país. A proibição do acesso à pornografia se dará através de endereços de IP e pode ainda tornar ilegal o uso de cartões de crédito emitidos na Islândia para o pagamento de sites considerados “X-rated", isto é, com conteúdo impróprio para menores de 18 anos de idade. O argumento a favor da proibição foi de proteger as crianças do país. Segundo "estudos" encomendados pelo governo islandês detectou-se que o material pornográfico e violento disponível na web estava contribuindo para um crescimento na intensidade dos ataques sexuais registrados no país. O tal estudo mostrou que crianças expostas desde cedo a material pornográfico violento podem desenvolver os mesmos traumas daquelas que sofreram abusos sexuais durante a infância.
Se você duvida disso, confira nos sites abaixo:
Islândia pretende proibir a pornografia no país
Islândia vai bloquear o acesso à pornografia on line

E se você achou pouco, aqui no Brasil mesmo há uma petição pública online para tentar proibir a pornografia. Tá duvidando? Olhe este link aqui.

Será mesmo que adianta proibir a pornografia?

A inutilidade de proibir/censurar a pornografia
Não é preciso dizer que a censura da pornografia é uma coisa totalmente ingênua, pois mesmo que os moralistas, religiosos e pseudo feministas unissem suas forças para proibir a pornografia, acho que esse esforço seria totalmente inútil. Primeiro porque é impossível fiscalizar isso, segundo que haveria um tráfico de filme pornôs maior que o tráfico de drogas, terceiro porque isso não mudaria em nada o desejo das pessoas pelo sexo "agressivo" ou "imoral" e quarto porque seria impossível evitar que esses materiais fossem baixados da internet ou compartilhados por e-mail (a deep web está aí para provar isso).
Uma prova de que essa proibição não funciona são que os sites de conteúdo pornográfico aparecem em rankings das páginas mais visitadas em países islâmicos. Para quem não sabe, na maioria das nações árabes-muçulmanas o acesso à pornografia é proibido – mas mesmo assim esse conteúdo está entre os mais vistos. A prova disso segue no link abaixo:
Sites pornográficos são os mais visitados em países islâmicos

Países onde a pornografia é legalizada (clique para ampliar)

Há também a problemática de se definir o que é ou não ofensivo/misógino/machista nesses filmes. Se não for possível definir esses limites através de um consenso, então teremos que impor uma censura a todo e qualquer tipo de pornografia.
Outro ponto que vale ser salientado é que se os filmes pornôs fossem criminalizados, como consequência, teríamos que proibir todos os filmes, literatura, música, jogos e revistas que contivessem sexo explícito ou mesmo implícito. Isso incluiria novelas, comédias românticas e outros estilos onde aparecessem pessoas insinuando sexo. Muitos filmes e seriados internacionais não poderiam ser exibidos no Brasil por mostrar cenas mais apimentadas. O grande paradoxo disso tudo é que o sexo não é crime e mesmo assim seria proibido de ser mostrado em filmes – mas o assassinato, tão insistentemente representado nos filmes e games, este não seria proibido. Quer dizer que proibir algo legal – o sexo – tudo bem, mas proibir algo que é crime – o assassinato – nem entra na discussão. Isso só comprova o que eu estou cansado de dizer: o sexo está tão marginalizado que consegue ser pior que assassinato. E se vierem com aquela desculpa besta de que o assassinato é "de mentirinha", mas o "sexo degradante" não é, eu volto a dizer: degradante é a mente de quem acha que o sexo é degradante.
E mais: se todo mundo for censurar o que não gosta ou que acha potencialmente ofensivo, tudo pode ser censurado, desde desenhos animados até uniões entre pessoas do mesmo sexo.

Sobre os problemas nos bastidores do mundo pornô, é bom que se diga que violência, drogas e acidentes de trabalho ocorrem aos montes nos esportes e na música, mas isso ninguém comenta, justamente porque não são tabus como o sexo. Como apresentei no segundo post desta série: o que deve se fazer é humanizar, e não proibir.
Ao invés de demonizar a pornografia, deve-se tentar torná-la uma aliada. Já dizia o ditado: se não pode derrotar um inimigo, alie-se a ele. É o que a cineasta Erika Lust está fazendo: está usando a pornografia ao seu favor. Se você não sabe quem é essa tal Erika, recomendo que leia a segunda parte dessa série onde abordo o pornô feminino.

Mais informações:
Conheça os mitos dos filmes eróticos que você não deve colocar em prática
Masturbação e pornografia é uma forma de traição?


O argumento da violência contra a mulher
Se mesmo depois de todos os argumentos que eu apresentei ao longo desta série alguém ainda insistir que a pornografia gera a violência contra as mulheres, basta se lembrar que em países muçulmanos a pornografia é proibida, mas ainda assim os índices de machismo e violência contra a mulher são assustadores. E em sociedades indígenas ou tribais também existe violência contra a mulher e não há pornografia. E aí?

Chaturbate: o futuro da pornografia

A decadência da pornografia tradicional
Segundo o Radar Pop do Estadão, a pirataria está acabando com a pornografia. O jornal Telegraph conta que, com a possibilidade de câmeras baratas fazerem filmes, com a existência de sites do tipo YouTube só com conteúdo adulto – e grátis – e, principalmente, com a pirataria, as produtoras pornográficas acabaram entrando em xeque. Vídeos caseiros (os amateur) estão competindo diretamente com a industria pornô, fora a pirataria, que é intensa. Não há dinheiro suficiente nem para contratar atrizes. As profissionais, atualmente, usam o espaço nas produções como vitrine para prostituição. “As mulheres faturam muito mais dinheiro com sexo em portas fechadas do que com os filmes. Para muitas, os filmes são apenas uma propaganda para o negócio real, que é o da prostituição”, diz Lous Therox, jornalista britânico, que estudou a indústria pornô há 15 anos.

Apesar da indústria pornô continuar faturando, creio que os vídeos pornôs caseiros feitos por casais amadores vão acabar tomando a internet. Quem posta os vídeos nos "Youporns" da vida fatura uma graninha em cima da publicidade e os internautas podem assistir a tudo gratuitamente. E com a chegada de câmeras digitais cada vez mais poderosas, a tendência é que uma simples produção caseira possa superar o número de acessos dos pornôs tradicionais.
Este fato é confirmado também no site da BBC Brasil, que afirma que o fato da pornografia hoje em dia estar muito disseminada pela internet de forma gratuita está fazendo com que a rentabilidade da indústria caia bastante, já que as pessoas não estariam mais dispostas a pagar por esse tipo de conteúdo.
Uma das formas para as atrizes pornôs ainda lucrarem com esse tipo de atividade é montar serviços de chat com clientes, no qual elas dedicam tempo exclusivo a quem paga por uma sessão online ao vivo, que é mais difícil de haver pirataria. É o que ocorre, por exemplo, no caso do Chaturbate.
Ou como disse o professor americano Hugo Schwyzer nesta entrevista aqui:
"A pornografia foi transformada da mesma forma que a indústria da música. Tornou-se tão fácil conseguir o que você quer de graça, que a saída para o negócio é encontrar e oferecer coisas que as pessoas ainda estão dispostas a pagar. As pessoas ainda estão dispostas a pagar por experiências ao vivo, o que explica porque o negócio das webcams é tão rentável. Uma vez que as webcams e a banda larga são suficientemente boas para sustentar esse tipo de interação, a interação passa a ser o gold standard da indústria."

Pornografia, sim, tráfico humano, não.

Soluções para os problemas ligados à pornografia
Acho que são necessárias algumas medidas básicas para evitarmos os problemas ligados à pornografia sem precisar proibi-la, que na minha opinião são:

1 - Os pais devem monitorar o que os seus filhos andam assistindo na internet.
2 - As pessoas precisam se lembrar que filme é filme e que realidade é realidade.
3 - Devemos modificar a nossa educação sexual, seja criando pornô educativo ou contratando professores de artes sexuais para os mais jovens.
4 - Fiscalizar todas as produções pornográficas para coibir o uso de drogas, o tráfico humano e o estupro.
5 - Combater veementemente a pornografia infantil.
6 - Usar algum cadastro que realmente funcione como meio de controlar o acesso a sites adultos, evitando que crianças os acessem apenas mentindo a idade.
7 - Divulgar mais os diversos estilos de filmes pornôs e não focar apenas no mainstream.
8 - Proibir o aliciamento de mulheres pobres para levá-las à prostituição ou ao mundo pornô.
9 - Melhorar a educação básica e investir na especialização de adolescentes para que eles tenham escolha profissional.
10 - Proibir que pessoas histéricas, ultraconservadoras ou de cabeça fechada assistam pornografia.

Um recado para as recalcadas puritanas
Acho ridículo que mulheres que se intitulam feministas digam para outras: "Você não pode fazer isso porque isso é degradante". Será mesmo que alguma mulher vai deixar de fazer algo que ela gosta na cama só para atender aos ideais puritanos de um pseudo-feminismo? Se eu fosse mulher, já tinha mandado às favas esse povinho, pois é cada macaco no seu galho. Essas "defensoras dos bons costumes e do prazer politicamente correto" para mim não passam de umas recalcadas horrorosas que têm traumas ou que não conseguem encarar com naturalidade a diversidade sexual humana (consentida entre adultos, sempre). E falam de "pornô romântico" e que esse é o verdadeiro jeito de se fazer sexo... Ora, a sexualidade de sete bilhões de pessoas não gira em torno dos seus sentimentos. Reduzir a preferência sexual das pessoas ao que você gosta não só é infantil como também é estúpido. Tem pessoas que só curtem sexo selvagem e com pegada forte, se for obrigá-las a só ver e fazer sexo "água com açúcar", torna-se então uma repressão à sexualidade dessas pessoas.
E se você é besta o bastante para achar que mulher não curte pornô, acho melhor rever os seus conceitos, pois olha o que disse a leitora Priscila, num comentário da Revista Crescer, criticando a pornografia tradicional, nesta postagem sobre pornô feminino:

"O que falta é homem bonito exposto integralmente no ato, com todas as suas reações sexuais, das mais evidentes às mais sutis. É muita babaquice o pensamento corrente de achar que mulher não se excita visualmente... Ou só tolera coisas bastante elaboradas. Se ela tiver acesso a material pornográfico desde cedo e não for reprimida (como geralmente acontece), o provável é que goste tanto quanto os homens. Sou casada, acabo de fazer trinta anos e adoro ver pornografia quando meu marido não está por perto. Comecei a me masturbar aos nove anos de idade e gozava facilmente diante de imagens de nus masculinos. Com o tempo, passei a assistir videos gays exclusivamente masculinos. Rapazes sozinhos ou em orgia, belos rostos e corpos esguios, sexo cru... Sem essa preocupação clichê com detalhes "artísticos" que boa parte da ala feminina diz apreciar. Não curto coisas "soft", atmosferas, enredinhos, etc. Gosto de sexo pelo sexo, feito por gente de carne e osso, pois o aspecto de realidade me dá muito mais tesão. Acredito que haja mulheres como eu, que sejam tão visuais e sexuais ao incrementar seu prazer solitário. Só que preferem não se expor, porque ainda pega mal... até mesmo entre as amigas."

Lugar que os moralistas fingiram nunca ir

Sobre a repressão sexual feminista
Detector de pornografia
Como disse certa vez o Doutor Asmodeu em seu post A Repressão Sexual Feminista, existe uma legião de feministas falofóbicas que vem com um discursinho pseudo moralista baseado em preconceitos e sofismas para tentar impor o seu próprio juízo de valores. No fundo, a impressão que fica é de que há uma tentativa de manipular o homem sexualmente proibindo a pornografia, a prostituição, condenando traições e, pasmem, até a masturbação. Junte a isso também o fato que muitas dessas mulheres atacam e condenam as mulheres que vivem livremente a sua sexualidade e realizam as suas fantasias "machistas", taxando-as de vagabundas e imorais. Logo, o homem tem apenas como opção sexual essas mulheres preconceituosas que tentam impor um cinto de castidade psicológico aos seus homens, almejando, desta maneira, conquistar o poder social, já que apenas elas, neste cenário, detém o poder de ceder ou não o sexo para o homem. Se esse for o fato, esta é uma estratégia mequetrefe idêntica ao machismo, que reprimia sexualmente as mulheres para obter o poder sobre elas. E controlar a sexualidade de alguém é uma forma eficiente de controlar todo o resto da vida dela. Tanto é verdade que movimentos religiosos, como o cristão Opus Dei, seitas islâmicas radicais e os judeus Haredis investem nisso...
E uma das estratégias mais rasteiras usadas por essas pseudo-feministas é justamente a de imputar culpa aos homens que assistem pornô hétero, que saem com prostitutas ou que transam com mulheres descompromissadas (como se só homem caísse na gandaia, pagasse por sexo ou visse pornografia). Essa é a mesma estratégia desastrada dos vegans que tentam colocar culpa na mente das pessoas que comem carne com aquele velho discurso: "Quem come carne está financiando a violência e o sofrimento de animais". Pois é, nada original...
O engraçado de tudo isso é que não há qualquer implicância com o pornô gay ou com os filmes de BDSM, onde as mulheres é que abusam dos homens. O pornô gay não recebe críticas, logicamente, porque não é possível controlar os gays pela falta de sexo, já que eles não se sentem atraídos por mulheres. Elas sabem que não podem oprimir por falta de sexo os homens que não gostam de mulher. Por isso os gays não se tornam alvos delas, mas apenas os homens que gostam de mulher e aos quais elas podem negar sexo e assim conquistar poder.


"Faço os filmes com muita responsabilidade, amor e cuidado. Todo mundo se torna amigo, forma uma pequena família" (Petra Joy, cineasta feminista e produtora de filmes pornôs)


Algumas considerações antes do veredito:
Os itens a seguir foram retirados do blog A Vez das Mulheres de Verdade, cujo texto completo está aqui:

1. Prostituição e pornografia são diferentes e independentes de tráfico de pessoas.
2. Ninguém defende a prostituição (na internet, pelo menos) porque é a favor do tráfico de pessoas, do lenocínio ou da agressão a mulheres.
3. Alguns homens tratam prostitutas melhor do que alguns maridos tratam as esposas.
4. Pornografia existe para todos os gostos (bons e maus), então só porque um homem gosta de pornografia não imagine que ele gosta de fazer sexo anal com a mulher amarrada na cama. (Claro que é desnecessário dizer isso para as pessoas normais que frequentam aqui, estamos dizendo isso para as lésbicas papa-hóstias e os eunucos que por acaso estejam lendo esse texto).
5. Quem gosta de pornografia é porque gosta de sexo, e não porque é doente.
6. Homens gostam de pornografia porque gostam de sexo, e não de violência sexual.
7. A pornografia não destrói a sensibilidade de quem já tinha, exatamente porque quem tem não vai procurar o que não gosta de ver.
8. As perversões e os fetiches existem há milhares de anos. O marquês de Sade é do século 18! Não inventaram ontem a sacanagem.


"Se ela tem vontade de expandir sua percepção e conhecimento sobre sexo, pornografia pode ser uma ótima ferramenta erótica." (Erika Lust, cineasta feminista e produtora de filmes pornôs)



Argumentos feministas a favor da pornografia
Os argumentos a seguir foram tirados do blog espaçocult, deste link aqui:

NOSSO PORNÔ, NOSSOS EUS E A CAMPANHA PRÓ-PORNÔ SEXO-POSITIVA
-NÓS que declaramos que organizações como “Feministas contra pornografia” não falam por nós.

-NÓS que queremos que o mundo saiba que organizações como “Feministas contra pornografia“ não representam as feministas como um grupo.

-NÓS que acreditamos que toda mulher tem o direito e o poder de curtir sua sexualidade como ela decidir.

-NÓS que acreditamos que falar para uma mulher como ela pode ou não pode curtir sua sexualidade em qualquer sentido é negar a essa mulher seus direitos sobre a sua sexualidade.

-NÓS que afirmamos que qualquer mulher que tente controlar a forma como outra mulher gosta, explora e expressa sua sexualidade está, na realidade, criando um mundo que é prejudicial para todas as mulheres.

-NÓS que afirmamos que somos mulheres, e que gostamos de pornografia.

-NÓS que afirmamos que como mulheres, não somos ameaçadas ou prejudicadas pela criação ou visualização de pornografia, e apoiamos totalmente os direitos de qualquer gênero de ver, criar e curtir pornografia sem julgamentos.

-NÓS que queremos um mundo onde a pornografia é simplesmente um brinquedo sexual aproveitado por todos os gênero e orientações sexuais, onde mulheres e homens veem pornografia com sua própria sexualidade saudável e auto-determinada, sem serem considerados doentes, pervertidos, errados ou mentalmente doentes, e que homens que curtem pornografia não são mais prováveis de bater em suas esposas, estuprar mulheres ou se tornarem pedófilos do que qualquer outro homem na sociedade.

-NÓS a partir de hoje nos declaramos mulheres adultas, capazes de fazer nossas próprias escolhas sobre nossos corpos e sobre como curtimos a estimulação explícita visual para nossa saúde e bem estar sexual.

-NÓS a partir de hoje exigimos que nossas vozes sejam ouvidas!



"Quando um dos parceiros tem uma libido mais alta, a pornografia preenche aquela lacuna, evitando que aquele que sente mais necessidade tenha que aborrecer o outro, ir satisfazer seu desejo sexual em outra parte ou terminar a relação"  
(Anna Span, cineasta feminista)


Argumentos refutados que pesaram na decisão do veredito:
Os itens a seguir foram retirados do blog A Vez das Mulheres de Verdade:
 
"Legalizar a prostituição e a pornografia é legalizar a violência sexual: é aceitar a escravatura sexual e a seguir ficar de consciência limpa e de mãos amarradas. É manter invisíveis os danos que a prática da prostituição provoca nas mulheres."
- É como dizer que legalizar o casamento é defender a violência contra a mulher. Porque a maioria da violência contra a mulher tem origem doméstica.

"Eu luto, é pra que as mulheres parem (...) de verem seus namorados com o HD cheio de pornografias de outras mulheres cobrando delas essas performances."
- O que eu conheço é namorados que APAGAM a pornografia do HD (ou nunca tiveram), por medo da namorada, e se contentam com sexo e relacionamento morno. Duvida, então veja esse artigo aqui.

- As neo-feministas usam o tráfico de mulheres como pretexto para combater a prostituição, como se todas as prostitutas fossem trazidas pelo tráfico.

- Várias neo-feministas disseram que a pornografia estimula o estupro, apesar de todas as pesquisas reais provarem o contrário.

- Para muitas mulheres, uma mulher virar prostituta ou fazer material pornográfico é o fundo do poço. Até um casamento com um machista rude e alcoólatra é melhor que isto.

- Nos países muçulmanos, a pornografia, prostituição, mulher usar roupas sensuais, etc é proibida porque a mulher é impura, as pseudo-puritanas querem fazer o mesmo sob o pretexto de que os homens são impuros por gostarem de ver tais coisas.

- Como disse no post A 'morbidez' da sexualidade masculina, quase tudo que excita os homens é visto como feio, doentio, nojento, repugnante, violento por muitas mulheres. Mas tais valores são meramente baseados em preconceitos morais ou mesmo machistas que reprimem as mulheres que também se excitam com tais coisas.

- Os argumentos baseados em livros religiosos foram desconsiderados, pois a justiça deste blog é laica.

Hora da decisão


O veredito
Depois de avaliar todos os argumentos apresentados ao longo desta série contra e a favor da pornografia, cheguei a uma decisão. Contradizendo os que lutam em nome da tradição, da família, da moral e dos bons costumes, cheguei à conclusão que qualquer argumentação baseada em preconceitos morais para condenar a pornografia não passa de hipocrisia e falso moralismo.
Nos casos de denúncias de tráfico de drogas, tráfico humano, escravidão, lenocínio e outros crimes supostamente apontados nos bastidores da indústria pornográfica, considero que há insuficiência de provas para condenar a pornografia como um todo. E mesmo que tais coisas sejam confirmadas como verdadeiras, é preciso combater o crime – e não a pornografia. Pois produzir filmes pornográficos não é crime.
Portanto, para todos os fins, declaro que a pornografia é inocente de todas as acusações.

Declaro a absolvição da ré.

Outras partes desta série:
A pornografia é culpada ou inocente? - Parte 1
A pornografia é culpada ou inocente? - Parte 2
A pornografia é culpada ou inocente? - Parte 3

Para saber mais:
Entrevista com a cineasta Erika Lust
Pornô feito por mulheres e para mulheres
Adolescente aprende sexo pornográfico
Uma explanação sobre ejaculações faciais (+18)
História da Literatura Erótica, de Alexandrian (livro)
O Livro de Ouro do Sexo (livro)

2 comentários:

  1. "Se mesmo depois de todos os argumentos que eu apresentei ao longo desta série alguém ainda insistir que a pornografia gera a violência contra as mulheres, basta se lembrar que em países muçulmanos a pornografia é proibida, mas ainda assim os índices de machismo e violência contra a mulher são assustadores. E em sociedades indígenas ou tribais também existe violência contra a mulher e não há pornografia. E aí?"
    isso requer um estudo da sociedade e da cultura. como eu duvido que o sr tenha algum estudo antropológico/social, eu devo lembra-lo de que os países muçulmanos são países com uma religião monoteísta, machista e patriarcal por excelência. mesmo usado burca, as mulheres sofrem com violência física/sexual.
    sociedades tribais e um termo muito vago. quais? quantas? estudiosos alegam que a humanidade conheceu um período de matriarcado, sem guerras, sem conflitos. então o patriarcado chegou tardiamente e não tem feito muito bem, a considerar que a nossa espécie esta em vias de se extinguir... desculpe...teclado sem ABNT.

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  2. Discordo em parte com esse trecho:
    1 - Os pais devem monitorar o que os seus filhos andam assistindo na internet.
    Eu como Adolescente penso que os pais devem conversar com os filhos sobre esse assunto, Porém não os impedindo de assistir. se eles estiverem mais de 13 anos.
    Alguns motivos:
    1- Hoje em dia,Os adolescentes(principalmente meninos),quando entram na puberdade começam a sentir atração sexual, seja eles héteros ou não. por isso acho que a Masturbação e a Gravidez na adolescência estão em alta!
    2-Se não descartamos o Tesão com a pornografia e a masturbação, Consequentemente teremos que liberar esse tesão com a pratica sexual.
    3- por hoje, nós sentimos tanta excitação não acho errado o Sexo em si, Acho errado o sexo sem proteção(Falta de orientação).
    4- Adolescente é casca dura, Como disse, se proibir esse conteúdo, irá crescer o trafego na Deep e se conseguirem remover tudo da internet, ira crescer o sexo na adolescência e consequentemente a gravidez!!!
    espero sua resposta sobre o assunto.

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