Jargões de radfems em ação |
Sempre que critico o movimento feminista (seja ele o radical ou o pragmático) aparece uma radfem para me insultar ou repetir os velhos jargões feminísticos de sempre, tais como "piroco opressor", "conheça seu lugar de fala", "mansplaining", "gaslighting" entre outras coisas do gênero. Assim como evitei críticas diretas no último post sobre o tema, também vou fazer o mesmo neste post. Dessa vez, vou deixar que uma feminista critique o feminismo radical pós-moderno em um belo texto que pode ser lido na íntegra aqui. A seguir, seguem as palavras de Nathália Lausch que resumem concisamente muita coisa que já falei ou já pensei em falar:
"Quem tem medo do Radfem?"
"Será mesmo que as críticas são baseadas em medo ou vocês é que não sabem lidar com elas?
As feministas radicais acham que podem criticar todo mundo, mas ninguém pode critica-las. Elas podem tratar prostituta como se fosse um ser não-pensante, podem tratar feminista interseccional como colonizada, podem tokenizar menina negra, podem se apropriar da lesbianidade alheia e julgar/criticar/"problematizar" a heterossexualidade das colegas...
Mas, claro, as silenciadas são ELAS. Qualquer coisa que você analise criticamente na teoria radical é silenciamento, é desonestidade, desrespeito ou, como elas adoram banalizar: FEMINISMO LIBERAL.
Elas pegam o SCUM Manifesto e os jargões de Andrea Dworkin mas nunca leram artigos inteiros sobre feminismo radical, falam sobre as negras que são radicais sem entender a problemática de uma teoria que não faz recorte de cor/classe – porque, sim, as análises radicais falham em recortes. O recorte delas é unicamente o de gênero, mas este por si só não basta – e, por fim, quando tentamos debater, elas soltam a aclamada e vazia frase: “O patriarcado está aplaudindo de pé”
Não, o patriarcado não está aplaudindo de pé. Na verdade, o que ele quer são mulheres acríticas sobre o que leem, mulheres que não debatam a fim de se organizar politicamente, que se isolam e não deixam ninguém tocar na tão amada teoria – teoria, essa, que ja foi superada pelo feminismo interseccional. Assim como Marx superou os socialistas utópicos e Feuerbach, Audre Lorde superou Dworkin. Isso é material e observável, até pela abrangência que o feminismo interseccional faz em relação às negras, pobres e proletárias. O feminismo radical não é classista e isso também é um erro sacro quando vivemos num mundo capitalista, onde a ditadura do capital impera e mulheres ricas/detentoras de meios de produção se beneficiam da exploração de mulheres trabalhadoras. Fazer essa observação é essencial para que enxerguemos as contradições dentro da classe política das mulheres.
Todas as opressões se interagem e se interceptam de forma dialética: uma fortalece a outra. Não existe hierarquia de opressão, como já disse Audre – o que existem são diferentes tipos de opressão que afetam determinados grupos de pessoas diferentemente porque esses grupos de pessoas têm privilégios diferentes. O que afeta uma mulher negra, não me afeta. O que afeta uma mulher lésbica, não me afeta. O que afeta uma mulher trans/travesti, não me afeta. A partir do momento em que fazemos essa análise, estamos reconhecendo privilegios, entendendo que nenhuma opressão age de forma homogênea e igual em cima de todos os indivíduos e, acima de tudo, estamos ajudando na organização política de movimentos sociais. Essa organização se baseia no debate, no enfrentamento, na discussão. Discutindo a minha tática de militância com outras feministas, eu não estou silenciando-as ou criando rivalidades: estou disputando consciência por um movimento mais limpo. É essa disputa de consciência que acaba separando teorias e teorias. Algumas garotas tendem para o feminismo radical, outras tendem para o interseccional e outras são autônomas. E isso é ok. É normal. O que não é normal é basear-se numa teoria dos anos 60 – e que, repito, já foi superada – para propagar preconceitos e opressões que também são patriarcais."
E se achou pouco, deixo as palavras de mais uma feminista contra esse radicalismo sem limites que tomou conta de parte do movimento feminista:
Enfim, na prática, esses dois textos que colei acima podem ser resumidos na imagem abaixo, do ponto de vista das radfems, claro:
Ou como dizem os justiceiros: oprimido batendo em oprimido. Ou não.
Não gostou? Então chola mais.
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