Não é possível saber qual será o resultado da votação do impeachment antes dela ocorrer, apesar do clima de confiança dos dois lados. Quem vai decidir se haverá ou não o Golpe são os deputados indecisos. Existem três possibilidades: ou se vota a favor do impeachment, ou se vota contra o impeachment, ou não se vota. É possível que alguns deputados se abstenham com medo de ficar do lado perdedor. Ficar do lado perdedor será um atestado de fracasso que poderá influenciar suas reeleições. Então é possível que alguns não queiram se manifestar, abstendo-se do voto: fato este que acabará ajudando o governo, porque abstenções reduzem as chances de se obter a quantidade mínima de votos (342) para o afastamento da presidenta. O fato é que hoje está ocorrendo um verdadeiro balcão de negócios na câmara para ver quem pode oferecer mais cargos, tanto por parte da Dilma, quanto por parte do Temer. É uma pena que a democracia e a lei dependam de dinheiro e negociações de ministérios – mas é assim que a política de coalizão funciona no Brasil.
Mas o que me motivou mesmo a escrever esta postagem foi, na verdade, a preocupação com o amanhã: o dia seguinte à votação do impeachment. Não importa qual seja o resultado, o futuro será, no mínimo, tenebroso. Vamos analisar cada caso:
Se o governo do PT escapar do impeachment, continuaremos com a grande mídia e a oposição atacando o governo e fazendo de tudo para que a Dilma não governe, apostando no "quanto pior, melhor". A polarização vai continuar e é possível que a plutocracia brasileira não seja mais tão gentil. Isso significa que meios mais invasivos podem ser usados para arrancar o PT do poder. O silêncio dos EUA com relação ao que ocorre no Brasil é um forte indício de que eles estão tramando alguma coisa. O governo dos EUA não está se manifestando nem contra e nem a favor, apesar de boa parte da comunidade internacional já ter se posicionado. Isso pode indicar que, mais uma vez, as plutocracias brasileiras e americanas estejam unindo seus interesses políticos. Uma plutocracia predatória como é a brasileira não costuma deixar barato e ela pode recorrer à força para tirar a Dilma de lá. Se isso ocorrer, teremos que conviver com a iminente ameaça de uma segunda ditadura militar.
Mas se o governo do PT cair, haverá convulsão social imediata. A base social de apoio ao PT e à democracia é muito grande, diferentemente da base que sustentava Fernando Collor durante o impeachment de 1992. Não seria difícil imaginar greves gerais, invasões constantes do MST, estradas bloqueadas, depredação do patrimônio público e eventos similares. Com a ruptura da ordem democrática, qualquer coisa pode acontecer. É claro que Temer e seus comparsas vão ter que aprovar às pressas alguma PEC para complementar a Lei Antiterrorismo na tentativa de conter os manifestantes. Porém, pode ser que mesmo assim a polícia não seja suficiente para dar conta. Neste caso, as Forças Armadas possivelmente terão que dar as caras para tentar restabelecer a ordem e evitar um Estado de Sítio. Mas o mais provável mesmo é que haja uma grande instabilidade governamental, porque Temer não ficará muito tempo no poder por também ter feito as tais pedaladas fiscais. O impeachment de Temer, inclusive, já foi pedido. Aí vem, na sucessão, Eduardo Cunha e Renan Calheiros, que não devem ficar muito tempo no poder por serem corruptos. E daí que o Ministro do STF Ricardo Lewandowski assumirá no fim das contas e terá que tentar apaziguar os ânimos até as eleições presidenciais ainda neste ano. Eleições essas que seriam vencidas ou por Marina Silva, ou por Lula (caso não o prendam), pelo que indicam as pesquisas do
Outra possibilidade seria Temer dar um segundo golpe para se manter no poder indefinidamente, mas acho isso pouco provável, porque a maioria da população não quer ele no poder.
Independentemente do que ocorra, teremos tempos difíceis pela frente. A opção menos pior, na minha opinião, é o PT ficar, porque a normalidade democrática seria respeitada e haveria a possibilidade de Lula ajudar a superar a crise, criando novas alianças políticas com o legislativo e incentivando o diálogo. Assim, o Brasil poderia sair da crise sem ter que apelar para golpismos baratos e saídas neoliberais que iriam falir o país em menos de dois anos. Por mim, apesar dos problemas, acho que respeitar a democracia ainda é a melhor opção.
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