Mais uma Copa do Mundo acabou, desta vez, com a conquista do bicampeonato da França. Apesar da minha apatia por esta Copa, devo admitir que ela foi mais interessante do que eu imaginei que seria. Esta foi a Copa dos gols de bola parada, do árbitro de vídeo e da alta média de gols. A final foi uma das melhores que assisti, com muitos gols. Desde 1966 que não tínhamos tantos gols numa final. Foi aí que me lembrei das copas anteriores que assisti e notei que cada uma delas teve alguma coisa marcante. Excetuando a Copa de 1986, que não assisti por ser muito criança na época, desde 1990 que venho acompanhando as Copas do mundo. Então eu resolvi fazer um breve resumo do que achei de cada uma das Copas que assisti.
Copa de 1990
Honestamente falando, da Copa de 90 só lembro mesmo daquele mascote horroroso (Ciao), daquela musiquinha besta (Papa essa Brasil) e da cabeleira do Valderrama, só. Nem a sova que o Brasil levou da Argentina eu me recordo. Eu só assisti a alguns jogos do Brasil porque a família toda se reunia só para isso. A família reunida fazendo festa era bacana, mas os jogos sem sal dessa copa não fizeram eu me empolgar em nada. Só lembrei que a Alemanha venceu essa Copa porque refrescaram minha memória sobre isso na Copa seguinte.
Copa de 1994
Essa foi, de longe, a minha Copa do Mundo favorita. Primeiro que eu acompanhei o Brasil com entusiasmo desde as eliminatórias em 93. Sofri com a derrota de 2 a 0 da nossa seleção para a Bolívia em La Paz e comemorei muito a classificação suada após a vitória na última rodada contra o Uruguai. Lembro que assisti um dos treinos da seleção na minha cidade para um jogo decisivo onde onde o Brasil goleou por 6 a 0 a Bolívia. Acho, inclusive, que o tetracampeonato começou nesta partida contra a Bolívia, porque marcou uma mudança de postura da seleção.
Foi a partir desta Copa que eu comecei a colecionar álbum de figurinhas da Copa e que comecei a anotar os resultados dos jogos numa tabelinha. Ter uma tabelinha era algo importante porque como não existia internet nessa época, o único jeito de saber como estava o torneio era conferindo nos jornais e anotando os resultados na tabela. Aliás, esta foi a última Copa do Mundo sem internet. O bacana foi que várias emissoras de televisão aberta transmitiram os jogos: SBT, Bandeirantes, Manchete e, claro, a Globo. Havia um clima muito positivo e patriótico na época onde as pessoas realmente se uniram para torcer pela seleção. A canção Coração Verde e Amarelo surgiu nesta Copa (nas eliminatórias de 93 na verdade) e virou a música oficial da seleção nos jogos da Globo. Era muito bonito ver a união dos jogadores, especialmente quando eles entravam de mãos dadas nos jogos e faziam orações juntos. Enfim, a Copa deste ano marcou o fim de um jejum de 24 anos sem títulos da seleção brasileira. Foi a partir desta Copa que eu realmente comecei a gostar pra valer de futebol. Foi uma coisa de arrancar lágrimas quando Roberto Baggio perdeu aquele último pênalti na final e depois veio a homenagem ao piloto Ayrton Senna que havia morrido um mês antes neste mesmo ano.
E a Copa de 94 não foi só isso. Vimos os timaços da Argentina e da Colômbia sendo eliminados antes das quartas de final; vimos o bom time da Nigéria surpreendendo na primeira fase; vimos o jogador mais velho a marcar gol numa Copa (Roger Milla, de Camarões), vimos Maradona ser expulso da Copa por dopping e vimos também a comemoração icônica do atacante Bebeto homenageando seu filho recém-nascido.
Copa de 1998
Essa foi a primeira Copa com 32 seleções e também a primeira com internet. Mais de 1 bilhão de acessos foram computados ao site www.france98.com. Além disso, foi também pela internet que se espalhou o maior boato da história do futebol. Hackers invadiram a página oficial da CBF e divulgaram uma informação que dizia que o Brasil havia entregue o jogo por 570 mil dólares a cada jogador e o direito de sediar a Copa de 2006 no país. O Brasil não disputou as eliminatórias para esta Copa por ter sido campeão no torneio anterior, fato que aumentou ainda mais o nosso favoritismo. Tirando a bizonha derrota para a Noruega na primeira fase e a final trágica, a campanha brasileira nesta Copa foi fantástica. O jogo mais emocionante foi a semifinal entre Brasil e Holanda, que teve a prorrogação com morte súbita (gol de ouro) e os pênaltis. Para se ter uma noção do nível de tensão que esta partida causou, tive um conhecido meu que morreu de ataque fulminante do coração por não aguentar a emoção da partida. A morte súbita encerrava o jogo instantaneamente com a vitória de quem fez o gol durante a prorrogação, e isso fazia todo mundo prender a respiração a cada lace de ataque. Eu fiquei tão nervoso nesta partida, que tive que parar de assistir o jogo por alguns minutos durante a prorrogação para recuperar o fôlego.
A final desta Copa foi algo incompreendido até hoje. A derrota de 3 a 0 para a França de Zidane, Deschamps, Henry e Barthez não foi algo normal. A suposta convulsão do Ronaldo Fenômeno antes do jogo me soou muito bizarra. Dizem os fofoqueiros que o que houve foi uma crise de ciúmes do atacante depois que ele descobriu que a namorada Susana Werner teve um caso com Pedro Bial. Outros alegaram que o Brasil tinha vendido o título para ser campeão no ano seguinte. Enfim, ninguém sabe a verdade. Só sei que eu passei muita raiva em ver a seleção jogando de forma apática e desleixada naquela final ridícula.
Enfim, esta foi a Copa dos hooligans, que eram os torcedores arruaceiros da Europa. Hooligans ingleses fizeram uma baderna antes do jogo entre Inglaterra e Tunísia, realizada na cidade de Marselha. Já os hooligans da Alemanha atacaram 4 policiais e um cinegrafista da Rede Globo antes da partida entre Alemanha e Iugoslávia, na cidade de Lins. Uma curiosidade foi que a brasileira Rosângela de Souza e o norueguês Oivind Ekeland se casaram bem no centro do gramado do Estádio Vélodrome, em Marselha, antes da partida entre Brasil e Noruega.
Copa de 2002
Essa Copa foi a última que acompanhei com empolgação. Nem mesmo os jogos de madrugada tiraram minha vontade de assistir esse torneio. E essa Copa não podia ter começado melhor, Senegal venceu a França na estreia (doce vingança, ehehe) e a seleção de Zidane acabou dançando na primeira fase após resultados ruins contra Uruguai e Dinamarca. Outra seleção favoritíssima ao título, a Argentina, caiu no grupo da morte junto com Inglaterra, Suécia e Nigéria e saiu também na primeira fase. O jogo mais memorável foi entre Brasil e Inglaterra nas quartas de final onde a nossa seleção venceu de virada com um golaço do Ronaldinho Gaúcho. Já na final, a Alemanha sem seu maior jogador, Michael Ballack, não conseguiu segurar o Brasil e perdeu por 2 a 0. O pentacampeonato, apesar da festa incrível que proporcionou ao país, não me pareceu tão vibrante quanto o tetra de 94.
Essa Copa ficou marcada pelo grito ruidoso da torcida coreana "Dae-han-min-guk" que ajudou a levar os sul-coreanos para a semifinal. Outra coisa que marcou foram as análises do gato falastrão do Globo Esporte no quadro Fala Gato Mestre em que ele dava pitacos bem engraçados sobre os jogos e criticava de forma sarcástica e jocosa as seleções e jogadores adversários. Tivemos também o gol mais rápido feito em Copas do atacante Turco Hakan Sukur na disputa pelo terceiro lugar com a Coreia do Sul.
Copa de 2006
Tirando a Copa de 1990, essa foi a Copa que eu menos assisti por ter pagado um turno integral na faculdade durante a época do mundial. Sobre essa Copa, eu lembro que o Brasil estava ultra favorito e, apesar disso, caiu para França nas quartas de final após uma campanha medíocre. Daí que essa Copa virou uma mini Eurocopa nas semifinais, já que os sul-americanos caíram todos até as quartas de final. O fato mais memorável deste torneio foi a famigerada cabeçada de Zidane em Materazzi durante a final entre Itália e França: final esta que consagrou a Itália como tetracampeã nos pênaltis.
Copa de 2010
Esta também foi outra Copa que acompanhei de forma muito superficial devido à minha falta de tempo. Esta Copa foi marcada pelas irritantes vuvuzelas, pela bizarra bola Jabulani, pelas previsões certeiras do polvo Paul, pelo pé frio do Mick Jagger (que dura até hoje) e pelo
Copa de 2014
Apesar dos protestos da turma do "Não vai ter Copa", a Copa do mundo do Brasil foi relativamente tranquila. Tirando a semifinal onde passamos o maior vexame da história, a Copa do mundo na nossa terra foi até divertida e com alguns resultados inusitados. Apenas seis europeus (Alemanha, Holanda, França, Grécia, Suíça e Bélgica) avançaram para as oitavas de final. Foi a menor participação europeia desde que esse modelo foi adotado pelo Mundial da FIFA, em 1986. A Costa Rica foi a grande surpresa ao passar em primeiro em um grupo com quatro campeãs mundiais. Luizito Suárez protagonizou novamente outra cena emblemática, dando uma mordida no ombro do italiano Chiellini.
Essa Copa ficou marcada pelos cantos das torcidas a cappella durante os hinos e por uma das maiores participações dos países latino-americanos na história.
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