domingo, 4 de setembro de 2022

Patriotismo de araque

 

7 de setembro está chegando e muita gente vai às ruas para "comemorar" os 200 anos da nossa "independência". Apesar de bonitinha, eu acho essa ação tosca e ingênua ao mesmo tempo. Primeiro que a gente não tem o que comemorar e, segundo, que o Brasil não é, de fato, uma nação independente. Quem não dormiu durante as aulas de história sabe muito bem que a nossa independência foi uma herança da dívida que Portugal tinha com a Inglaterra. Essa nossa "independência" foi feita pelas oligarquias da época para que não corresse o risco do povo fazê-la antes. Sobre comemorar o 7 de setembro, vamos comemorar o quê exatamente? Ora, ao invés de potência, o Brasil virou um baita fazendão. Isso porque as nossas oligarquias locais viraram exportadoras de commodities, especialmente aquelas ligadas ao agronegócio. O Brasil depende da tecnologia e da industrialização de outros países mais desenvolvidos porque tem o seu desenvolvimento industrial constantemente sabotado pelas potencias capitalista estrangeiras. Enquanto formos uma nação extrativista, nunca seremos realmente independentes. Então, no fim das contas, não temos coisa alguma o que comemorar no 7 setembro. 

Onde que isso é patriotismo?

E falando de patriotismo, eu nunca vi tanta contradição nesse pensamento aqui no Brasil. Ainda mais esse patriotismo tosco e distorcido de que ser patriota é saber cantar o hino nacional, usar verde e amarelo, ser contra a corrupção (da esquerda) e ser reacionário (monarquista, de preferência). Patriotismo, para mim, é uma coisa bem diferente. Ser patriota não é amar o Brasil abstratamente, associando os próprios valores de mundo com o amor à nação. Amar o país é ser a favor do nosso desenvolvimento tecnológico, industrial e social. Ser patriota é amar todos os povos, é ser receptivo com os imigrantes, é respeitar a nossa miscigenação, é respeitar a nossa diversidade cultural, é respeitar o meio ambiente, é respeitar a democracia, é lutar pela justiça social, é defender uma educação universal de qualidade e é, principalmente, ser contra a subserviência política e ideológica a outros países (vulgo entreguismo). Um cara que luta para matar a fome do nosso povo é, na minha visão, muito mais patriota que um desses coxinhas ordinários que vestem o abadá da CBF nessas micaretas golpistas, mas que, lá no fundo, gostariam mesmo é de ter nascido nos Estados Unidos. 

Isso é patriotismo para você?

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