quarta-feira, 16 de julho de 2014

A sexualidade entre adultos e adolescentes

Cena de O Leitor - romance entre um jovem e uma mulher adulta

No post As ninfetas e a hipocrisia do patriarcado eu mostrei porque é absolutamente natural sentir atração por adolescentes com o corpo já desenvolvido. Mas neste post aqui eu vou aprofundar um pouco mais sobre toda a hipocrisia sexista que há na nossa cultura com relação à sexualidade dos adolescentes. O foco deste post será a relação sexual entre adolescentes e adultos exatamente por ser este o ponto mais polêmico envolvendo o sexo na adolescência. Há vários filmes que tratam sobre relacionamentos entre adolescentes e adultos, tais como O Leitor, Diário de um Escândalo, Verão de 42, Lição de Amor e Lolita – todos eles mostram que relacionamentos (sexuais ou afetivos) entre adultos e adolescentes nem sempre devem ser encarados como um abuso ou como um desvio de conduta. O amor e a sexualidade humana são muito mais complexos do que sonha a nossa vã filosofia.

Sortudo ou azarado esse garoto?

Os contrastes entre meninos e meninas
Cena de Diário de um Escândalo
Todos sabem que no ocidente cristão existem valores diferentes para homens e mulheres que transam antes dos 18 anos. O homem precisa ser 'transão' desde muito jovem, porque para poder "virar homem", todo adolescente do sexo masculino precisa perder a virgindade o mais cedo possível. Isso tanto é verdade que durante décadas do século passado os pais levavam os filhos do sexo masculino para terem a primeira relação sexual com prostitutas. A idade média para ir ao bordel era de 15 anos, mas havia meninos de 14, 13 e até menos indo se iniciar com as meretrizes. Essa cultura patriarcal de iniciar um garoto com prostitutas permanece até hoje, de forma enfraquecida, é verdade, mas ainda persiste. Existe também uma pressão enorme entre os próprios garotos para que eles transem cedo. Na minha época de pré-adolescente, lá nos anos 90, o rapaz que perdesse a virgindade era respeitado pelos demais que ainda não tiveram a mesma oportunidade. Inclusive, o "chefe da turma" era sempre algum menino que já tinha "perdido o cabaço". Já com as mulheres, a coisa é praticamente o inverso. As meninas são ensinadas desde cedo a se "preservarem" e a se "guardarem". Sim, eu sei que estamos no século 21, mas ainda hoje xingam de vadia e piranha qualquer mulher (principalmente jovem) que saia transando por aí. Enquanto que para os garotos a virgindade é motivo de vergonha, para as meninas é motivo de orgulho. Essa visão bipolar traz consequências não apenas para o campo da moral, mas também para o campo das leis. Se a nossa lei fosse cumprida à risca, boa parte das prostitutas teria que ser presa por pedofilia por transar com garotos de menos de 13 anos, mas não é isso que ocorre.

Cartaz do Cine Parságada inspirado no romance de Mário de Andrade Amar, Verbo Intransitivo

Sexo entre adultos e adolescentes
Pode parecer um pouco démodé, mas o sexo entre um adulto maior de 18 com uma pessoa que tenha entre 14 e 17 anos – algo tão comum hoje em dia – ainda costuma ser visto como algo polêmico por dar a entender que pode haver aí pedofilia, corrupção de menores ou mesmo estupro. Embora a grande maioria das pessoas tenha perdido a sua virgindade com menos de 18 anos, ainda há esse tabu moralista em cima disso, principalmente quando a pessoa de menor é uma garota.
Xuxa em Amor Estranho Amor
Num dia desses, me deparei com uma notícia que divulgava que um garoto de 13 anos tinha transado com a sua professora de 30. Pelos comentários nos diversos sites que postaram a notícia, a gente percebe que há pouquíssima indignação com a professora. E o menino não é tratado como uma vítima, mas sim como um sortudo. Se fosse o contrário – um professor de 30 transando com uma aluna de 13 – seria um escândalo, o professor seria um tarado, um estuprador, um monstro, um pedófilo, etc. E o que me chama atenção nesse caso é que quem viu o vídeo da transa filmada pelo próprio garoto disse ter notado que tudo ali foi consentido e que havia até uma certa cumplicidade entre ele e a professora. Sob esse pretexto, não acho que a professora tenha sido culpada por nada – da mesma forma que eu acho que se fosse um professor (homem) na mesma situação também não seria. O problema é que se o professor nessa situação fosse homem, ele seria taxado imediatamente de molestador; enquanto que quando é com uma professora, a coisa é quase o oposto: como se os homens fossem todos tarados e as mulheres fossem sempre vítimas – mesmo quando não há nenhum abuso na história. Acho que o patriarcado, o machismo e a hipocrisia são os principais responsáveis por essa discrepância de opiniões entre o adulto da história ter sido um homem ou ter sido uma mulher.
Do ponto de vista do adolescente, ele pode perfeitamente ter sido molestado e abusado pela professora, mas como a nossa cultura acha que o garoto transar é sempre uma vantagem para ele, então até mesmo um possível abuso poderia passar despercebido. Já se fosse uma guria no lugar do guri, certamente teríamos uma comoção nacional e tentativas de linchamento ao professor que a "desvirtuou", mesmo se a garota tivesse consentido.

Verão de 42: mulher e garoto
O fato que não deveria ser negligenciado é que – se não houve mesmo abuso – provavelmente o tal garoto de 13 anos teve a sua primeira experiência sexual com alguém mais experiente, mais responsável, que sabia lidar com a sua imaturidade, com o seu nervosismo e com a sua inexperiência. Como já dizia o meu mestre José Ângelo Gaiarsa: é muito melhor que a nossa primeira experiência sexual seja com alguém mais experiente e que nos mostre que o sexo pode ser bem melhor e mais profundo do que os adolescentes aprendem com a pornografia. Provavelmente, o garoto vai se lembrar com carinho dessa professora para sempre por ela ter sido a primeira mulher da vida dele – fora o orgulho de mostrar para os colegas que não foi somente o lendário Chuck Norris que perdeu a virgindade antes dos 14 (dizem que o Norris perdeu a virgindade antes do próprio pai, mas isso carece de comprovação). Se tivesse ocorrido algum abuso, aí tudo bem: seria um crime. Mas ao que parece, tudo pareceu ser consentido, do contrário, o próprio garoto teria denunciado a professora. No fim das contas, o sexo entre adultos e adolescentes – sem nenhum tipo de coerção ou violência, claro – acaba ocorrendo às escondidas, em segredo e por baixo dos panos do nosso falso moralismo. Não há lei, diferença de idade ou patrulha moralista que possa evitar que duas pessoas que se gostem transem por amor ou por prazer. Acho que deve-se desmistificar a ideia de que todo adolescente está sofrendo um abuso ao transar com alguém de maior. E isso inclui também as garotas, afinal, a revolução sexual trazida pelas feministas e pela pílula anticoncepcional serviram para quê?

Lolitas: elas enlouquecem os moralistas

Os moralistas, sempre eles...
Antes que algum quadrúpede venha distorcer as minhas palavras, quero que fique bem claro que eu não escrevi este post para destruir a moral e os bons costumes ou para fazer qualquer ligação com a pedofilia (que é crime). Nada disso. O que eu estou propondo aqui é uma reflexão sobre esse tema tão cercado de tabus, moralismos e hipocrisia sexista. Eu sou totalmente contra a pedofilia (sexo de adultos com crianças ou adolescentes pré-púberes), mas adolescentes que já tenham passado pela puberdade deveriam ser inteiramente livres para transar com quem quisessem desde que fosse algo inteiramente consentido e seguro para eles.
Quanto à regulamentação judiciária que diz que a idade mínima para consentir o sexo é de 14 anos (sendo estupro de vulnerável com menos que isso), eu acho que ela é arbitrária. Se o adolescente já conhece o próprio corpo, usa preservativo e tem vontade de transar, não entendo porque considerar um crime. O grande problema para essa idade é o risco de gravidez e de contrair DST's. Sexo exige responsabilidade, e não maioridade. Enfim, não estou dando palavra final sobre nada, com já disse, estou apenas propondo uma reflexão.

Um comentário:

  1. Olá, posto sobre o assunto no etarismo . blogspot . com e no erosevida . blogspot . com

    Eu não conhecia o seu blog.

    Há uma negação puritana da sexualidade. Chamam de criança quem não é mais criança, ignorando a Biologia.

    Que valor moral é esse que vive de mentira?

    Deus cria a puberdade para a espécie se reproduzir.
    Quando esses crentes infantilizam adolescentes afrontam o próprio Deus em quem eles dizem crê.

    Banalizam a palavra "criança" como forma de tentar negar a sexualidade do adolescente, que é sexualidade adulta.
    Biologicamente, a adultez vem com a puberdade.

    Maioridade civil não existe na natureza.

    Uma maioridade mais próxima da Biologia é judaica (Ela: 12; Ele: 13)

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