domingo, 30 de novembro de 2014

Ver-te-ei em Algum Lugar no Paraíso


Alguns leitores deste blog devem estar se perguntando por que tanta demora em publicar novas postagens, e a resposta é simples: total falta de tempo de seu administrador. Há vários temas interessantes a serem abordados neste blog, mas como não disponho de tempo suficiente para divagar sobre eles, vou deixar então um poema escrito por mim mesmo há sete anos só para não deixar o blog parado por muito tempo. Este poema é um dos meus prediletos e chama-se: Ver-te-ei em Algum Lugar no Paraíso. Ele fez parte de uma coleção de poemas que inscrevi num concurso de poesia, recebendo licenciamento aberto da Creative Commons.
O poema fala sobre a angústia de um homem que perdeu a sua amada de forma trágica logo após discutir com ela. O poema sintetiza a amargura e o arrependimento de ver sua amada morrer em seus braços após ser atingida por uma bala perdida. A essência deste poema serve para mostrar, mais uma vez, que devemos amar as pessoas como se não houvesse amanhã - e que a ira passa, mas a saudade de perder alguém que amamos dura para sempre. Segue o poema na íntegra:

Ver-te-ei em Algum Lugar no Paraíso

As chamas inebriadas deste amor sinuoso
Cessavam-se, profanamente,
Em um profundo vale de amarguras.

Ao proferir-te palavras de rancor,
Gritou em mim o triste, forte e evidente remorso
De um coração vulnerável e sentimental:
- Perdoa-me!

De ti não ganhei resposta,
Apenas o estrondo abrupto
De uma porta que fecharas com violência.

Meus pés te seguiram rua afora
E um estouro ecoou pelos jardins.

Quando corri, quase cego, ao teu encontro,
Vi teu semblante em pálido desespero
Quando um impreciso, insensível, esquálido
E desencontrado chumbo te abateu no peito.

Com teu sangue derramado em meus braços
Não quis acreditar que tu eras mais uma
Inocente, frágil, indefesa e indiferente
Vítima de alguma bólide de arcabuz
Vinda de uma canhestra mão torta.

Quando o nosso curto, insano e doloroso diálogo
Transformou-se num monólogo,
Minha alma estava despedaçada
E eu declamei, aos prantos,
Minha doce, fiel, amável e meiga mulher:
- Ver-te-ei em algum lugar no paraíso...

Mesmo que seja da mais obscura tumba
Ou do mais ardente abismo de fogo:
- Peço-te perdão.

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