quarta-feira, 29 de julho de 2015

E a ciência virou religião...


No último post, eu havia feito algumas comparações mostrando como o feminismo acabou virando uma religião para algumas pessoas, assim como outras ideologias também, tal como o marxismo, o anarcocapitlaismo, o veganismo, o sonysmo e até o olavismo. Mas o que mais me deixou impressionado foi o fato de que muitas outras coisas sem qualquer ligação com crenças também estão virando, ou já viraram, religião - inclusive algo que eu jamais acharia que um dia se tornaria uma seita: a própria ciência.

É bom que fiquem claras duas coisinhas antes de prosseguir sobre o assunto: primeiro, eu sou totalmente favorável à ciência, inclusive, uma das razões que me fizeram criar este blog foi para falar sobre ciência. Portanto, este post não tem como objetivo ridicularizar a ciência. Segundo: a ciência não é e nunca foi religião, apesar de algumas pessoas acharem erroneamente que o cientificismo é uma seita. Se alguém pensa isso, é bom ir fazer uma faxina no cérebro antes de defecar asneiras pela boca (ou pelos dedos) por aí.

Feitas essas considerações iniciais, o que eu observei foi que existem basicamente três tipos de pessoas que tratam a ciência como uma religião:

1 - Os convictos
Essas aqui são as pessoas que se rotulam céticas, mas que tratam a ciência como se ela tivesse dogmas. Creem que a ciência é uma coisa sagrada e intocável. Acham, por exemplo, que a evolução ou o Big Bang são inatacáveis, quando, na verdade, eles podem e devem ser contestados. Aliás, a ciência funciona justamente porque as suas teorias se provam verdadeiras mesmo após serem contestadas. Mas daí que sempre tem aquele tipo de gente que defende Darwin como se ele fosse um profeta sagrado e como se a evolução fosse uma verdade absoluta. Essa gente, infelizmente, não deve ter aprendido sobre metodologia científica, porque a ciência é epistemológica, e não ontológica. Não existem verdades absolutas na ciência e também não há evidências validadas apenas por pura autoridade, como ocorre na religião e na política. Precisamos ter a mente aberta e aceitar que podemos estar errados. Como Nietzsche já dizia: "Homens convictos são prisioneiros".

2 - Os pseudo céticos
A esse grupo pertencem geralmente os ateus fanáticos que acham que ceticismo é duvidar de tudo que a ciência não tenha como averiguar, descartando hipóteses (ou ridicularizando-as) antes mesmo delas serem testadas. Normalmente, criam uma falsa dicotomia entre metafísica e ciência, e constroem um maniqueísmo em cima disso, tratando a ciência como o bem e o misticismo como o mal. A impressão que dá desse pessoal é que eles estão sentindo falta de algo para acreditar - e como não podem acreditar em religiões por serem irreligiosos "convictos", então tratam a própria ciência como tal. Fora que geralmente essa turma é chata pra caramba, porque ficam tentando convencer Deus e o mundo (pensando melhor, Deus, não) de que eles estão sempre certos e de que tudo que se opõe a eles está errado.

3 - Os conspiracionistas
Esses aqui são a pior cria dessa turma do barulho, porque eles acham que creem na ciência, mas, na verdade, estão acreditando em mentiras vendidas como se fossem ciência. Eles tratam a conspiração como ciência e viram fanáticos da causa. Os exemplos clássicos disso são as famigeradas teorias da conspiração, tais como "deuses astronautas" e a "fraude do século". Distorções da ciência geram desinformação e tiram a credibilidade dos cientistas. Não existe nada de científico em tratar hipóteses refutadas pela própria ciência como se elas fossem ciência.
Também incluímos neste grupo pessoas que acreditam em ideias distorcidas, afirmando, por exemplo, que o macaco "virou" gente, quando, na verdade, o próprio homem é um macaco (primata). Fora que muita gente desse bloco usa a manipulação seletiva para acreditar em algumas coisas e desacreditar em outras. O maior problema desse pessoal aqui é que eles tratam "a verdade" deles como se fosse realmente verdade - e pior ainda: como se fosse uma verdade religiosa!

A seguir vou deixar dois vídeos que enriquecem a discussão. Um é uma crítica do canal Porta dos Fundos e o outro é um pouco mais sério, onde um tal de Pirula mostra como é perigoso tratar a ciência como brincadeira. Saca aí:






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