terça-feira, 24 de outubro de 2017

Bolsonaro não é solução para coisa alguma


Muita gente já me aconselhou a parar de falar sobre Jair Bolsonaro com a alegação de que é inútil discutir com um bolsominion. Mas teimoso que sou, vou insistir na mesma tecla.

O grande problema que eu tenho notado é que as pessoas dispostas a votar em Jair Bolsonaro estão pensando de forma precipitada e imediatista. Eles querem que Bolsonaro vire presidente para fazer coisas que são deveres do poder legislativo, e não do executivo. Não cabe ao executivo legislar sobre o uso ou não de armas, sobre a castração química, sobre a pena de morte, sobre a "doutrinação" nas escolas, sobre a "ideologia de gênero", sobre a redução de impostos e sobre as condutas morais da sociedade. Tudo isso é função do poder legislativo, ou seja: dos deputados e senadores. Ao presidente, como representante máximo do executivo, cabem as medidas orçamentárias, a administração dos recursos públicos, as medidas para gerar mais empregos, a política externa e as decisões para gerenciar o Estado. O executivo aplica as leis do legislativo. O máximo que o executivo faz com relação às leis é sancionar ou vetar projetos e editar medidas provisórias. Para Bolsonaro poder fazer o que os seus eleitores querem que ele faça, ele teria que fazer alianças que o seu pequeno partido, o PEN (agora Patriota), não tem condições de fazer. Isso o obrigaria a governar através de medidas provisórias – coisas que Collor já tentou fazer e não deu certo.
A moral da história é que Bolsonaro não terá condições de cumprir suas promessas de campanha. Provavelmente será impichado no primeiro ano de governo, porque ele mesmo já mostrou que não está disposto a ceder aos corruptos para governar. E quem não faz coalizões com os corruptos em uma democracia representativa de maioria corrupta, jamais conseguirá se manter no poder. Essa é a dura verdade.

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