quarta-feira, 28 de agosto de 2019
O moralismo político é um cavalo de Troia
Qualquer pessoa minimamente inteligente já percebeu há tempos que o discurso moralista foi a estratégia perfeita encontrada pela elite econômica para impor a sua agenda neoliberal contra a população. Nenhum presidente se elegeria no Brasil se, durante a sua campanha eleitoral, prometesse arrocho salarial, fim das garantias trabalhistas, redução da aposentadoria, destruição do meio ambiente e aumento dos juros e da desigualdade social. Então a estratégia encontrada pela direita para empurrar essa agenda antipovo contra a população foi trazer tudo isso escondido dentro do (falso) moralismo. Esse moralismo vai desde a introdução de medos pueris – como o do "comunismo" e do "gayzismo" – indo até o (suposto) combate contra a corrupção dos políticos (especialmente os progressistas). A campanha do Bolsomonstro, por exemplo, foi quase que inteiramente fundamentada nessa agenda moralista de combate contra a corrupção e contra "o plano diabólico do PT de tornar as crianças viadas". A prova disso foram as mamadeiras fálicas compartilhadas em massa pelo WhatsApp e o tal "kit gay" que foi exibido na bancada do JN pelo inominável. Tudo isso misturado com o moralismo Lava-Jatista serviu de distração para o povo cair no conto do vigário. O moralismo era apenas uma isca que trouxe junto com ele todo esse pesadelo neoliberal com privatizações, desemprego, empobrecimento da população, perda de direitos, destruição do meio ambiente e aumento da repressão policial. Até mesmo as Forças Armadas caíram nesse engodo e estão aí fazendo parte do governo mais entreguista da nossa história.
O que precisamos mostrar para as pessoas é que o moralismo, além de ser totalmente falso, é uma embuste usado para empurrar goela abaixo um plano de governo que só serve para melhorar a vida dos ricos e ferrar com a vida dos pobres. O neoliberalismo defendido pelas elites nada mais é que a transferência da renda dos pobres para os mais ricos e foi isso que motivou toda essa palhaçada de combater inimigos imaginários como o gayzismo e o comunismo. A população foi feita de idiota com a mídia tradicional de um lado fingindo defender o combate à corrupção através da Lava Jato e do outro lado, as redes sociais com mentiras deslavadas sobre Venezuela, gays e até religião. As pessoas precisam prestar menos atenção no moralismo e mais atenção no discurso econômico. Discurso econômico esse que trata do emprego, da renda, do combate às desigualdades, dos programas sociais, dos preços... É preciso começar a desalienar a população que anda desiludida com o governo do Bolsonaro e arrependida por ter votado nele. Bolsonaro não é apenas preconceituoso, intolerante e inimigo mundial do meio ambiente: ele é um agente do capital financeiro, das elites e do establishment para aumentar a exploração contra os trabalhadores. E o povo precisa aprender que a corrupção NÃO é o maior problema do país. O maior problema do país é a altíssima desigualdade social imposta pelo sistema capitalista. É essa desigualdade criminosa que gera a sensação de injustiça e alimenta a violência, a criminalidade e a corrupção.
Se você quiser ser contra a corrupção, seja principalmente contra a grande corrupção responsável pela desigualdade social. Essa grande corrupção é justamente a do setor privado que corrompe o Estado, que faz lobby, que compra políticos, que financia campanhas ilegalmente, que rouba os cofres públicos via juros da dívida, que sonega bilhões de reais, que recebe subsídios imorais e que se recusa a ter taxação sobre herança, lucros, dividendos e grandes fortunas. Um país para ser rico precisa ter a sua base social rica para aumentar a demanda, fortalecer o comércio, gerar empregos, criar indústrias e aumentar a felicidade das pessoas. O neoliberalismo que vem junto com esse falso moralismo medieval da direita quer exatamente o contrário do que precisamos, que é enriquecer os mais ricos e achar que isso vai melhorar a vida dos mais pobres. Não, não vai mesmo.
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