25 de novembro é uma data emblemática para uma das maiores bandas que jamais existiu, a Unno. Isso porque esta data refere-se tanto ao Dia do Doador, quanto ao Dia Internacional para a Eliminação da Violência contra as Mulheres. Tanto a doação quanto o combate contra a violência, especialmente a violência contra a mulher, foram duas bandeiras muito fortes da banda fictícia Unno. O primeiro e mais popular álbum dessa banda, a Reinvenção do Amor, enfatizava em quase todas as faixas a importância da doação para salvar vidas. Já o segundo disco, o furioso Ideias Profanas, foi nitroglicerina pura, com muito protesto, rebeldia, power chords e revolta contra o status quo. Entre as canções históricas do segundo disco, eu destacaria O Sonho de Mary e Feminística. A primeira música, O Sonho de Mary, foi considerada um verdadeiro hino na luta contra a violência doméstica, especialmente sobre a violência contra as mulheres. Já o a segunda música, a Feminística, trata da violência contra a mulher de uma forma geral, atacando visceralmente o sistema patriarcal e o sexismo. Claro que há cantores e bandas no mundo real que também protestam a respeito da violência contra a mulher, mas são poucas canções e a maioria parece ser muito poética ou pouco contundente. Essas duas canções da Unno, como escrevi, são verdadeiros hinos: uma porrada muito forte no ouvido e na mente das pessoas. São canções difíceis de esquecer e feitas para incomodar e fazer estremecer as bases de algo que precisa ser destruído: o patriarcado. Mas enfim, o post não é sobre a Unno ou sobre música. Este post é um chamado para rebelião contra uma das forças opressoras mais antigas e arraigadas da humanidade: o machismo.
Quem é mulher sabe o inferno que é este mundo. É assustador ser mulher em um mundo machista. Só quem é mulher sabe como é viver com medo, sendo censurada, ameaçada, cerceada, controlada, violentada, diminuída, desrespeitada com todo tipo de violência todos os dias. É violência verbal, violência simbólica, violência sexual, violência doméstica, violência de classe, violência econômica, violência médica... E parece que isso não acaba nunca. Quem tenta negar ou justificar esta violência é cúmplice dela. Não existe justificativa para violência, muito menos contra grupos estigmatizados e de vulnerabilidade social. O sistema inteiro violenta as mulheres, seja através das leis (a criminalização do aborto é um bom exemplo), seja através da (in)justiça (veja o caso do "estupro culposo" praticado contra Mariana Ferrer, por exemplo), seja através das artes, seja através da cultura, seja através da linguagem, seja através dos sistemas de exclusão que afastam as mulheres do real poder (poderes econômico, militar, religioso e político). Não tem como ser um igualitarista e não se indignar contra esse sistema. Foi por isso que comecei este post me lembrando das canções da Unno, porque a arte é uma porta de comunicação entre os corações revolucionários. A música pode e deve ser usada para abalar os alicerces do sistema opressor. E não estou me referindo apenas ao capitalismo, porque não adianta derrubar o capitalismo e o machismo estrutural continuar dentro do socialismo. Não existe revolução possível sem o feminismo e sem as mulheres.
Nunca devemos deixar de lutar. Porque essa merda toda tem que acabar.
0 comentários:
Postar um comentário