Confesso sem pudor: sempre fui um escapista. Durante toda a minha existência, eu sempre criei realidades paralelas na minha mente para onde eu podia fugir e me regenerar das intempéries da vida. Durante a minha infância, o meu refúgio mágico era nas ilhas onde o Sonic morava e vivia suas aventuras. Sonic era o meu herói de infância e, por isso, ele acabou virando também uma espécie de amigo imaginário meu com quem eu podia brincar e me divertir numa época onde quase não tinha amigos e me sentia muito sozinho. Até aí tudo bem, porque é normal que crianças tenham companheiros dos folguedos criados em suas férteis imaginações.
Nem Bolsonaro, nem Lula: Sonic é o meu herói! |
O problema é que hoje não sou mais uma criança, mas voltei a sentir necessidade de escapismo diante dessa nossa realidade adversa. É inflação, desemprego, violência, solidão, medo, incerteza, apatia, desesperança... Num dia desses, ao invés de adotar escapismos de adultos e cair em vícios como cigarro, bebida ou drogas, preferi recordar dos bons momentos que vivenciei na minha imaginação quando era criança. Deu até um pouco de alívio e nostalgia. Às vezes, penso que sonhar é melhor que viver, afinal de contas, no sonho tudo é perfeito e nada sai do controle. Acontece que meus sonhos hoje não são mais tão infantis e egocêntricos quanto eram nos tempos de criança. Hoje, eu sonho com sistemas melhores, com estruturas sociais melhores, com pessoas sendo mais felizes, com contatos com civilizações alienígenas que nos ajudem a ser melhores... E é nisso que me apego: na capacidade de tentar transformar meus sonhos em realidade, mesmo que a passos de formiguinha. Mas eu jamais teria essa capacidade se não tivesse aprendido a sonhar antes ao lado do bom e velho porco-espinho azul que entretinha meus finais de semana no Mega Drive. E pensando melhor, essa coisa de devanear foi que me manteve longe da necessidade de recorrer a vícios como forma de fugir dessa realidade opressora que sempre me importunou ao longo da vida. E eu não seria justo se não reconhecesse que isso ocorreu, de certa forma, graças ao Sonic.
Então, meu muito obrigado, Sonic! Valeu, camarada!
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