Tenho evitado falar sobre política neste blog por questões de saúde mental. Mas tem coisas que não posso deixar passar. O discurso preconceituoso contra o norte/nordeste proferido pelo governador de MG, Romeu Zema, do partido Novo, me causou um mal-estar enorme nesses dias. Apesar dele ter pedido desculpas e ter dito que foi "mal interpretado", ficou evidente que se tratava de uma fala de caráter xenófobo/racista. Não foi apenas um "separatismo inocente", mas também um pensamento com argumentações similares ao discurso eugenista defendido por neonazistas do mundo inteiro.
É preciso ficar claro que, ao contrário do que o governador do Novo disse, quem recebe auxílios do governo não está nesta situação porque quer. O norte/nordeste não tem culpa do sudeste ter sido mais industrializado e do sul ter sido mais colônia de povoamento do que de exploração. O nordeste é saqueado, negligenciado e empobrecido por políticas predatórias há séculos e, mesmo assim, o povo do nordeste é tão trabalhador, mas tão trabalhador, que a grande maioria prefere trabalhar ao invés de receber auxílios. Fora que muito da riqueza do sudeste do país vem da mão de obra de nordestinos que migraram para lá.
Esse discurso preconceituoso com ataques generalistas ao nordeste, negros e pobres vem do topo do estamento social. Ele só mostra o quão racista é a nossa elite. A elite usa esse discurso como cortina de fumaça porque sabe que a burguesia rentista é que é a verdadeira parasita por viver de juros pagos com o suor de todos os trabalhadores brasileiros. Claro que muitos sudestinos e sulistas atacam o norte e o nordeste por ressentimento devido a derrota de políticos neoliberais e fascistas nas eleições federais. Além disso, precisam desqualificar os outros para se sentirem superiores, pois não têm nada de bom para oferecer. Não têm empatia, senso de coletividade ou respeito. Quem debocha do nordeste por ser a região mais "pobre e analfabeta" do país só mostra o quão sociopata é. Tinham que mostrar solidariedade e empatia ao invés de ódio e rancor pelos mais necessitados. Esse tipo de ser humano que gosta de desqualificar os menos favorecidos é o esterco da raça humana, porque além de não reconhecerem os próprios privilégios, ainda se agarram a um racismo eugenista que é autodestrutivo até para eles mesmos. Aliás, enquanto formos uma nação racista, separatista e preconceituosa, esse país aqui vai estar sempre "em desenvolvimento". Temos que parar de estupidez e nos unir contra a verdadeira opressão: o sistema de hierarquização social trazido pelo capitalismo. Não precisamos de separatismo. Precisamos de união e respeito.
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