Por que não creio em religiões

ara mim, a verdade é a realidade - todo o resto são versões. Para ilustrar esse ponto de vista, vou citar um exemplo trivial:

Vamos supor que em um belo dia ensolarado apareça um objeto estranho voado misteriosamente no céu. Várias pessoas ali presentes, curiosas com esse objeto incomum, começam a fazer suposições sobre o que ele seja. Então, cada uma dessas testemunhas oculares começa a predizer o que o tal objeto possa ser. Uns dizem que é um avião, outros dizem que é um balão, outros dizem que é um disco voador, já outro grupo defende que seja uma espécie de pássaro desconhecido... Daí eu pergunto: qual dessas pessoas está certa? Qual delas está falando a verdade?
Percebeu que cada uma dessas pessoas está supondo o que é o objeto sem nenhum tipo de evidência? Essas pessoas estão criando, cada uma delas, as suas próprias versões para o que possa ser o tal objeto que passou pelo céu. Nós só poderíamos ter certeza do que se tratava o objeto se o capturássemos e o examinássemos para, assim, podermos identificá-lo e descobrir o que realmente ele é. Com relação às religiões, é praticamente a mesma coisa deste exemplo.

Temos, atualmente, milhares de religiões diferentes no mundo. E cada uma dessas religiões se considera a única verdadeira. Pois é exatamente aí que está o problema: os princípios dessas religiões são opostos uns aos das outras, o que torna impossível que todas estejam certas. Enquanto a poligamia é permitida para os muçulmanos, por exemplo, para os cristãos, ela é proibida. Enquanto a sociedade de castas é sagrada para os hindus, ela é uma aberração para os judeus. E assim por diante.
Para mim, as religiões nada mais são que versões. A verdade só pode ser alcançada - se é que pode mesmo ser alcançada - através da imparcialidade e do ceticismo da investigação cientifica. Este é, pelo menos, o critério mais adequado para a compreensão da natureza e das nossas origens. Já com relação à moral e à ética, esses elementos sempre mudaram ao longo do tempo. Veja a escravidão, por exemplo, que outrora era normal e aceitável, mas hoje é crime. Portanto, não há moral absoluta ou objetiva, como defendem muitos criacionistas. Cada povo e cada cultura constrói a sua própria moral de acordo com os seus costumes e a sua época.

E tem outra coisa: até hoje todas - veja bem, eu escrevi TODAS - as religiões não passaram de mitos, lendas, estórias. Nunca houve a comprovação da existência de deuses no passado. Foram mais de 100 mil anos de existência humana para que apenas nos últimos 5.000 anos surgissem as atuais religiões. A lição que fica é que a religião de hoje é a mitologia de amanhã.

Sobre o cristianismo...
Com relação ao cristianismo, eu gostaria de dizer, rapidamente, que não há nada de novo em suas doutrinas e dogmas. Quem conhece a história do velho continente deve lembrar da maracutaia política que o imperador Constantino armou para oficializar o cristianismo. Houve um sincretismo religioso de crenças sumérias, egípcias e hebraicas para formar as bases do cristianismo moderno em Roma. Ideias como a ressurreição, o nascimento através de uma virgem no dia 25 de Dezembro ou mesmo os mandamentos estão presentes em várias religiões que antecederam o cristianismo.
Por tudo isso, não posso considerar o cristianismo como sendo uma religião original e verdadeira.

Percentual de ateus por países (Revista Galileu, Out/2009)

É por essas e outras que eu não simpatizo com religião alguma. Sou irreligioso com muito orgulho, pois eu busco a realidade - e não versões do que possa ser a realidade.

Sobre este assunto, deixo dois vídeos bem interessantes abaixo dos canais DomQuixoteTV e ClarionDelaffalot, do Youtube:

Tirinhas de Um Sábado Qualquer