domingo, 13 de outubro de 2013

Feminismo e religião - complemento

Mulheres destruindo imagens católicas na marcha das vadias

No post passado (este aqui), eu tentei mostrar a incoerência na possível aliança do feminismo com as religiões. Por sorte, depois de publicar o post, achei um vídeo do pastor Malafaia onde ele tenta se aproximar das feministas com uma conversinha muito fiada, mostrando como eu tinha razão no post passado. Aproveitei e coloquei o vídeo sugerido no post scriptum da postagem passada. Mas como não sei se todo mundo viu, vou reanexar o mesmo vídeo abaixo.
Se você não tiver estômago para ouvir o Malafaia vociferar por oito minutos, eu vou tentar resumir o que ele disse em seguida.


O pastor basicamente apela para aquela questão da "degradação feminina", enfatizando sobre os comerciais que usam o corpo da mulher como "objeto sexual" para vender produtos. Ele acusa que mulheres peladas na mídia são uma "afronta" ao feminismo e às mulheres – além de criticar o padrão de beleza artificial das mulheres da publicidade. O problema é que ele acaba associando a "vulgarização" e "indecência" da mulher à quantidade de roupa e ao seu tipo físico. Só aí já há uma bela contradição, uma vez que muitas feministas protestam justamente para que as mulheres não sejam rotuladas por suas roupas. Eu até entendo esse discurso mequetrefe do Malafaia, mas a mulher que tem o corpo igual ao "padrão" é que acaba sendo hostilizada nessa história por estar igual ao modelo "repressor e machista". Outra crítica minha é que "vende" seu corpo quem quer. Se uma pessoa quer usar seu corpo num comercial para ganhar dinheiro, o que eu, você ou o Malafaia tem a ver com isso?
Esse discurso inflamado do pastor é uma tentativa rocambolesca de manobrar para que os dogmas cristãos sejam incorporados pelo feminismo. Para quem não sabe, o cristianismo condena a nudez, o desejo, o prazer sexual, a masturbação e até o pensamento na "mulher" do próximo. Querer tirar os corpos masculinos e femininos das propagandas é uma forma de tornar a nossa sociedade mais cristã, já que a nudez e o desejo são um pecado contra a castidade. Saca?

Como a mulher era vista pelos santos católicos

Feminismo versus religião
O feminismo, em sua essência, é um movimento revolucionário, secularista, de luta contra a opressão sexista, de luta contra o preconceito e a favor da igualdade. Essas características são, essencialmente, de movimentos de esquerda. A imensa maioria das religiões (para não dizer todas), são de direita, pois são defensoras do patriarcado, machistas, homofóbicas e conservadoras. O fascismo NÃO possui qualquer semelhança com o feminismo. Tem também outras coisas que a religião (cristã) defende que são um verdadeiro insulto ao feminismo, tais como condenar o aborto até em casos de estupro, não excomungar estupradores, condenar uniões homoafetivas, condenar a forma com a qual as mulheres se vestem e condenar também a liberdade sexual feminina (slut-shaming). Será mesmo que religião e feminismo têm tanto assim em comum?

Caça às Bruxas: as feministas se esqueceram dela?

Adendo sobre a pornografia
Mulher não pode ver pornô
Além de todas as incoerências na tentativa de casar religião com feminismo que apontei no post passado, também faltei falar sobre a pornografia – entretenimento condenado amplamente por quase todos os religiosos que também apelam para o velho discurso da "degradação". Daí que surgem movimentos ridículos como o Dirty Girls Ministries, que são evangélicas americanas que querem "purificar" as garotas que curtem pornografia, apelando para a culpa na tentativa de "curá-las" do vício da pornografia. Ou então o Pink Cross Foundation, da ex-atriz pornô e evangélica Shelley Lubben, que faz militância cristã contra a pornografia fundamentando-se na exploração feminina nos filmes pornôs. A despeito de tudo isso, acho uma coisa totalmente non sense querer banir a pornografia, coisa que os evangélicos aqui do Brasil tentaram fazer criando petições públicas para proibi-la e criminalizá-la. Eu acho que todo mundo tem que ser livre para fazer filmes pornôs e assisti-los sem ter que aguentar aporrinhação de religiosos e feministas que vão nessa onda. Não vou me estender sobre esse assunto porque já falei demais sobre ele numa série de três posts, cuja primeira parte deixo linkada aqui.

Para fechar esse assunto, vou deixar um vídeo muito bom do jornalista Luiz Carlos Prates onde ele mostra definitivamente porque mulheres e religião não combinam entre si:

3 comentários:

  1. Amigo, o Malafaia eu me recuso a ouvir, mas vejo nesse movimento "feminista" os exageros dos atuais movimentos GLBTS. Não são mulheres brigando pelos seus direitos, são lésbicas contra a heterossexualidade feminina. Daí..., fica difícil! rss
    Busquei outras informações sobre essa sua primeira foto, e vi bizarrices como uma mulher introduzindo um santinho na outra. Enojante! E querem buscar adeptos da causa com essas infelizes cenas?
    Beijos meus

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    1. Em tempo: Excelente texto de Luiz Carlos Prates. Vamos corrigir os erros para combater os excessos, essas bizarrices.

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    2. Pois é, llManuh, mas como você disse certa vez, é natural que pessoas que nunca tenham tido voz exagerem na dose. O problema é quando uma minoria tenta usar o feminismo como 'escudo' para justificar a misandria e a heterofobia. E essas cenas bizarras que você citou são uma faca de dois gumes, pois mostram o desprezo de muitas mulheres para com a religião, mas também serve de munição para os conservadores contra-atacarem. Às vezes até o exagero precisa de alguns limites.
      Câmbio e desligo.

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