Um dos fatos mais irônicos da minha vida foi que eu nunca gostei de rock até os meus 12 anos de idade. Eu gostava de brega, de pagode, de funk, de pop, de sertanejo e até de lambada – mas o rock mesmo nunca havia me encantado até então. Eu até gostava de ouvir La Bamba em um vinil antigo que eu tinha em casa, mas detestava o barulho e a gritaria do rock n roll. Lá pelos meus 5 ou 6 anos de idade, eu lembro que tinha um primo meu adolescente que tinha o Appetite for Destruction do Guns N´ Roses em vinil e quando ele colocava pra tocar aquilo, eu ficava até de mau humor, porque achava o negócio horroroso, barulhento e eu não entendia absolutamente nada do que o vocalista cantava.
A grande reviravolta só aconteceu quando eu já devia ter uns 12 anos e escutei os Mamonas Assassinas. Virei um grande fã dos Mamonas logo na primeira canção que escutei, que foi Pelados em Santos. E a parte que eu mais gostava da música era justamente a mais barulhenta e a mais forte, onde a guitarra mais pesada entrava. Isso, creio eu, foi o que despertou o meu gene adormecido para o rock n roll. As outras músicas com guitarras mais pesadas dos Mamonas também mexeram bastante comigo naquela época.
Três anos depois, eu já estava trocando CDs do Nirvana, Pearl Jam, Bad Religion e até Metallica com meus colegas de colégio. Nesta época, eu também comecei a escutar bastante rock nacional e virei um fã da Legião Urbana, dos Titãs e de outras bandas oitentistas que popularizaram o rock no Brasil.
O meu primeiro disco de rock internacional foi o Americana, do Offspring, que comprei depois de poupar minha mesada por uns três meses. Eu era fã da banda na época e achei que ter deixado de comprar jogos pro meu Super Nintendo pra comprar esse disco tinha valido a pena. Enfim, depois desse disco, vieram muitos outros que vou comentar na sequência. Mas para evitar a prolixidade e um post longo demais, vou deixar a seguir a descrição dos dez discos de rock que mais foram importantes na minha vida.
Tarefa difícil escolher apenas dez... |
Antes de listar os álbuns em ordem crescente, quero deixar registrada algumas menções honrosas que também me marcaram e que eu não poderia deixar de citar, tais como:
- Highway to Hell - AC/DC (1979)
- The Joshua Tree - U2 (1987)
- Standing on a Beach - The Cure (1986)
- A Night at the Opera - Queen (1975)
- Led Zeppelin IV (1971)
- Recipe For Hate - Bad Religion (1993)
- Ten - Pearl Jam (1991)
- Atom Heart Mother - Pink Floyd (1970)
Agora, sim, vamos lá.
10º - Magical Mystery Tour - Beatles (1967)
De todos os discos dos Beatles, esse é o meu xodó. Além dele ter sido usado nas minhas primeiras aulas de inglês lá na Cultura Inglesa, as canções dele despertam sentimentos de alegria e nostalgia em mim até hoje. Isso sem contar com o livrinho ilustrado dele que, para mim, é uma relíquia. Até hoje procuro encontrar o vinil deste álbum que só é encontrado mesmo com colecionadores.
9º - War - U2 (1983)
Esse foi o álbum pelo qual eu conheci o U2 e, consequentemente, me tornou um fã da banda. Canções como New Year's Day e Sunday Bloody Sunday me servem de inspiração até hoje seja para compor minhas próprias músicas ou simplesmente para ajudar nas minhas reflexões sobre a vida. Alguns dos meus poemas sobre a guerra tiveram como inspiração as canções deste disco.
8º - Black Album - Metallica (1991)
Eu não sou e nunca fui lá um grande fã do Metallica, mas este álbum é um absurdo total. Poucos discos na história do rock conseguem reunir tantas canções boas num único álbum. Ainda que ele não tenha as minhas canções prediletas do grupo, o conjunto da obra, a qualidade e a sua consistência instrumental são dignas de o colocar entre os maiores da história. Um disco desse não pode faltar na coleção de ninguém. Além disso, dizem que ninguém pode ser considerado um roqueiro de verdade se não tiver escutado este disco. Então por este teste eu já passei rsrss...
7º - Californication - Red Hot Chili Peppers (1999)
Lembro que quando fui comprar o meu primeiro disco do Red Hot Chili Peppers, eu estava determinado a comprar o fabuloso Blood Sugar Sex Magik (1991). Mas só que eu não o encontrei de jeito nenhum. Daí que tive que levar o disco mais novo deles na época que era o Californication para não sair com as mãos abanando. Nunca imaginei que eu fosse gostar mais desse do que do Blood Sugar. Canções ótimas, bem trabalhadas, com letras legais, arranjo bacana... Não pude deixar esse aqui de fora da lista.
6º - The Number of the Beast - Iron Maiden (1982)
Quase todo mundo que começou a curtir o Iron Maiden tinha entre 11 e 14 anos de idade. Já eu, só fui começar a gostar da banda quando tinha uns 25. Esse The Number of the Beast foi a cereja do bolo da discografia dos caras. Uma coisa bacana deste disco foi que ele marcou uma época muito boa da minha vida, me servindo de pano de fundo para muitos momentos memoráveis. Sempre que escuto The Number of the Beast, me vem boas memórias junto.
5º - Americana - Offspring (1998)
Motivado pelos clipes da MTV, pelas músicas tocadas nas rádios e por amigos, acabei virando um fã do Offspring. O Americana, meu primeiro disco de rock internacional, foi uma espécie de divisor de águas que me fez gostar para valer de rock. Sofro influência até hoje do estilo dessa banda na hora de compor algo.
4º - Never Mind the Bollocks, Here's the Sex Pistols (1977)
Acho que existiram dois 'eus' na história da minha vida. O primeiro deles existia até eu escutar o Sex Pistols pela primeira vez. O segundo deles sou eu hoje. O punk rock me libertou, soltou minhas amarras psicológicas, meus receios, meus medos e me fez mergulhar fundo no rock e na vida. O punk do Sex Pistols me mostrou que eu não precisava preocupar em passar uma imagem perfeita para os outros e até me ajudou a superar meus problemas com a timidez. Foi com os Pistols que aprendi a ter atitude e a usar a arte como forma de expressar o que realmente sinto na alma, seja através da música, da poesia ou de qualquer outro meio. Apesar de tecnicamente as canções tenham sido muito nuas e cruas, foi justamente esse senso rebelde, improvisado e ensandecido que me fez ver o rock como eu o vejo hoje: uma ferramenta para mudar o mundo.
3º - Nevermind - Nirvana (1991)
Acho que eu sou uma das poucas pessoas do mundo que conseguiu chorar escutando uma música de rock pesado. Quando peguei emprestado esse disco e escutei Smells Like Teen Spirit a primeira vez, rapaz... Mas o grande absurdo mesmo é que este disco é um dos poucos da história do rock que não tem nenhuma música ruim. Pelo menos não para mim. Pois bem, não tenho como contar a história da minha vida sem falar deste disco fenomenal. Eu me lembro do quanto eu procurei pelas lojas para achar este disco original e do sentimento de dever cumprido quando finalmente pude estampá-lo na minha coleção. Acho que o Nevermind foi o disco de rock que mais ouvi na vida.
2º - Appetite for Destruction - Guns N´Roses (1987)
Quando eu era criança e escutei este disco pela primeira vez, já disse o que achei lá em cima. Mas depois da deslavagem cerebral musical que sofri décadas depois, acabei virando um fã do Guns N' Roses. Por ironia do destino, este álbum foi, de longe, o mais representativo e marcante dos caras para mim - sendo também igualmente irônico o fato deste ser o único vinil que eu tenho desta lista. Este também foi mais outro disco que foi poupado de ter músicas ruins e marcou a era de ouro de Axl Rose, Slash e cia. Seria impossível fazer uma lista de melhores discos sem ter essa obra de arte incluída.
1º - Back in Black - AC/DC (1980)
O disco de rock mais importante da minha vida foi também o único que até hoje eu nunca consegui enjoar de ouvir. Após a morte do beberrão Bon Scott, Brian Johnson conseguiu a façanha de tornar a banda melhor do que ela já era e marcou a sua entrada com esse disco simplesmente épico. Canções ícones do rock como Back in Black, Hells Bells e You Shook Me All Night Long foram imortalizadas por este álbum que, na minha opinião, foi um dos melhores de todos os tempos. Foram horas e mais horas que gastei escutando faixa por faixa dessa maravilha.
A influência deste disco na minha vida foi tão grande que ele me inspirou a criar um vasto material autoral entre livros, quadrinhos e músicas. Boa parte do que eu sou hoje musicalmente, eu devo a esta obra prima da música. Talvez, por tudo isso, o AC/DC seja a minha banda de rock favorita, superando até mesmo Beatles e Led Zeppelin.
Sasha Grey, musa do blog, e AC/DC: uma mistura explosiva! |
PS: Para quem achou a lista injusta, quero só lembrar que esses não são exatamente os meus discos prediletos, mas, sim, os mais importantes. Depois posso listar também os 10 discos do rock nacional mais importantes da minha vida. Aliás, o rock brasileiro também causou uma revolução em minha vida, assim como citei no caso dos Mamonas Assassinas.
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