segunda-feira, 3 de outubro de 2016

A plutocracia nunca esteve tão satisfeita quanto agora


Pare e pense numa questão bem simples sobre a história deste país: quantos partidos de esquerda chegaram à Presidência da República até hoje? Quantas vezes, de fato, a esquerda esteve no comando deste país de 1500 até a data atual? Tirando a massa de manobra da extrema-direita que diz que João Goulart, Ernesto Geisel e Getúlio Vargas eram "comunistas", todos nós sabemos que de 1500 até 2002, quem esteve no comando do Brasil foram as elites. Não que com o PT as elites tenham deixado de mandar no Brasil, mas a política de "conciliação de classes" do "Lulinha paz e amor" – apesar de não ser exatamente de esquerda – reduziu as desigualdades, tirou milhões da miséria, elevou o PIB e rompeu com a politicalha neoliberal. De 2003 até o Golpe de 2016, o que vimos foi uma mudança que pode ser definida pelos historiadores como uma revolução social. Daí que o movimento reacionário, elitista, burguês e fascista não deixou barato. Tratou logo de chamar o governo do PT de "ditadura comunista", de atacar apenas a corrupção do PT, de criar um macarthismo sem precedentes no país e de fazer alianças nefastas com o que há de mais podre na política nacional. Então, aquele ciclo de desigualdade, de luta de classes e de conservadorismo exacerbado voltou a ser como foi de 1500 a 2002.

O Brasil não foi um país justo durante os 502 anos que antecederam a chegada da centro-esquerda ao poder e não será diferente daqui para frente. Com uma vitória expressiva da direita nas eleições municipais de 2016, especialmente do PSDB, e com mais de duas dezenas de milionários tornando-se prefeitos, é bastante previsível que tipo de presidente será escolhido indiretamente em 2017. E em 2018, com Lula desabilitado, com a esquerda nocauteada e com as forças reacionárias unindo suas forças, teremos que escolher entre um "Messias" da extrema-direita ou um entreguista da ala neoliberal no segundo turno. Isso sem falar da corrupção que será devidamente subnotificada e esquecida por uma imprensa que ajudou a consolidar todo esse circo plutocrata. Sim, a plutocracia mandou um recado curto e grosso através dessas eleições e da caça ao PT: "NÃO ousem estragar os nosso esquemas!". O poder da mídia corporativa ainda é gigantesco neste país e a sua capacidade de manipular a opinião pública é tão eficaz quando na década de 1960.


Enfim, será tarde demais quando a classe média despolitizada perceber que não é a esquerda que empobrece um país, como andaram dizendo o astrólogo tabagista, os gurus da Veja e as crianças do MBL. O que empobrece um país é um Estado governar só para os ricos, é permitir a corrupção de todos os partidos menos de um, é o fanatismo ideológico, é o analfabetismo político, é o uso da religião como ferramenta política e a entrega de nossas riquezas às nações estrangeiras que até hoje lucram às nossas custas. A plutocracia virou o jogo contra o povo. Espero que não sejam necessários mais 502 anos para entender qual é a verdadeira intenção dos ricaços que controlam o país.


0 comentários:

Postar um comentário