segunda-feira, 3 de junho de 2019

Só uma revolução mudará o Brasil


Uma coisa que tem me impressionado de uns anos para cá é a enorme quantidade de colegas e conhecidos meus que tem deixado o Brasil para morar no exterior. Também tenho visto outras pessoas comentando o mesmo: que parentes e amigos estão deixando ou se preparando para deixar o país. A sensação que eu tenho é que está ocorrendo uma fuga em massa de brasileiros para outros países mais desenvolvidos. Enquanto a direita vive bradando aos quatro ventos que só existia fuga de países socialistas, eu tenho visto com perplexidade um número cada vez maior de compatriotas fugindo do Brasil, que até onde eu saiba, é um país capitalista.
Se você parar para pensar um pouquinho, deve desconfiar das razões que leva tanta gente a fugir daqui: desemprego, baixos salários, "uberização" da economia, queda do PIB, aumento da violência, perda de direitos e ameaças até contra o que sobrou da nossa democracia. A falta de mudança de perspectiva a curto prazo faz com que a opção mais sensata para muita gente seja o aeroporto. Mas será que alguém se perguntou alguma vez por que o nosso país, apesar de rico, ainda é tão subdesenvolvido, atrasado e desigual, obrigando nossos maiores cérebros a abandonarem o barco?


O nosso papel histórico
Historicamente, o Brasil sempre foi uma colônia de exploração. Começamos como colônia portuguesa, depois entramos em dívida com a Inglaterra e atualmente somos uma neocolônia dos EUA. A posição do nosso país sempre foi a de exportador de matéria-prima com mão de obra semiescrava. Só quem lucra com essa nossa situação é a oligarquia formada pelas classes dominantes que não quer que o Brasil se desenvolva para não competir com os países ricos e nem mexer com a estratificação social que mantém os ricos cada vez mais ricos e os pobres cada vez mais pobres.
Todas as vezes que se tentou reduzir a desigualdade ou criar um desenvolvimento nacional no Brasil, prontamente houve algum golpe de Estado orquestrado conjuntamente pelas oligarquias nacionais e internacionais. Foi assim com Getúlio Vargas, com João Goulart e, mais recentemente, com o Partido dos Trabalhadores. Qualquer tentativa de tornar o Brasil uma potência foi duramente reprimida e desconstruída.
O canto da sereia criado pela imprensa para ludibriar o povo foi o do combate contra a corrupção, como se isso fosse tornar o país desenvolvido e resolver todos os nossos problemas. E por conta de um combate irresponsável contra a corrupção (representado pela Operação Lava Jato), praticamente destruímos o pouco do caminho desenvolvimentista que estávamos iniciando. E o resultado é que o Brasil foi redirecionado novamente para sua posição mundial de país de terceiro mundo exportador de commodities a salários irrisórios. O que ficou claro com esse remanejamento do Brasil no capitalismo global é que as grandes potências NÃO querem o Brasil desenvolvido.

Libertas quæ sera tamen

Só a revolução salva
O caminho para o Brasil se desenvolver NÃO é combatendo a corrupção. Todos os países ricos do mundo têm corrupção e isso não os torna menos desenvolvidos. O que torna os países desenvolvidos mais ricos são basicamente: pilhagem de outros países mais pobres, guerras (incluindo aí o lawfare), investimento muito alto em tecnologia, investimento prioritário em educação, investimento pesado em industrialização, exportação de produtos industrializados caros, protecionismo, interferência do Estado na economia para alavancar a mesma e redução das desigualdades sociais. Note que aqui no Brasil fazemos exatamente o contrário de tudo isso, achando que estamos no caminho "certo".
Também tem surgido de uns tempos para cá uns grupelhos neoliberais na web que defendem Estado mínimo, privatizações, terceirizações e cortes de investimentos na educação. Esses grupos neoliberais provavelmente são financiados por plutocratas do exterior que possuem a clara intenção de fazer um trabalho de base no Brasil com o objetivo de facilitar a nossa realocação nos países de terceiro mundo. Isso deixa claro que não há espaço para o Brasil – na economia global atual – para o desenvolvimento de um estado de bem-estar social. Só há uma forma, de fato, de mudar o Brasil que é através da ruptura com esse sistema através de uma revolução.
Apesar de ser um entusiasta do Projeto Vênus, creio que no momento histórico que estamos vivendo, apenas o socialismo ou, na pior das hipóteses, um capitalismo de Estado pode nos tirar desse ciclo de subdesenvolvimento. No caso do socialismo, é preciso repetir os acertos e evitar os erros que fizeram o socialismo "não dar certo". Eu mesmo sou simpático a um socialismo sustentável e que dê liberdade individual, de expressão e de culto.


É claro que só uma mudança a nível mundial, começando pelos países centrais do capitalismo, poderia causar uma mudança real de paradigma para a humanidade. Mas a nível local, ou partimos para uma revolução (de curto ou de longo prazo), ou vamos viver dando voos de galinha rumo a uma social-democracia que nunca chegará. Se isso não for possível, o que resta é fazer o que muitos brasileiros andam fazendo: abandonar a nossa pátria amada.


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