quarta-feira, 28 de abril de 2021

Politicagem sobre a Anvisa agravará genocídio brasileiro


Qualquer pessoa que não more dentro de uma caverna longe da civilização já deve ter percebido que o negacionismo bolsonarista é o maior responsável pelo agravamento da pandemia no país. Mas, para piorar, há também uma disputa de protagonismo e de hegemonia global na produção e comercialização das vacinas. É claro que há, simultaneamente, uma guerra interna do (des)governo federal contra os governadores que estão tentando adquirir as vacinas. Só que o fator geopolítico está sendo mais preponderante nessa história.

A lambança envolvendo as vacinas começou quando o governo de São Paulo tentou adquirir a vacina chinesa Coronavac à revelia do (des)governo federal. Daí começaram os ataques mentirosos contra o governador de São Paulo, o acusando de "traição à pátria", de "comunismo" e de outros absurdos por optar pela vacina chinesa para salvar os brasileiros. A Coronavac, vítima de ondas e mais ondas de fake news, ficou apelidada, inclusive, de "vachina" pelo gado bolsonarista. E agora, como é de praxe, foi a vez do ataque à vacina russa Sputnik V quando os governadores do país se organizaram para adquiri-la. Só que dessa vez o bolsonarismo foi mais esperto: deixou a Anvisa sem informações suficientes para aprovar a vacina russa.

Note que não é mera coincidência que as vacinas fabricadas pela China e pela Rússia – países que encabeçam o bloco do Brics – sejam justamente as mais hostilizadas pelo (des)governo brasileiro. O (des)governo Bolsonaro tem um alinhamento ideológico descarado com os países do G7, formados por Canadá, Estados Unidos, Reino Unido, França, Alemanha, Itália e Japão. Esses países do G7 protagonizam há anos uma espécie de nova "Guerra Fria" contra os países do Brics, boicotando-os e aplicando sanções diversas contra os mesmos, especialmente contra a Rússia. Perceba que a maioria desses países do G7 também boicotaram a vacina russa. Então, meus amigos, não existem coincidências nessa história. O que ocorre, além do negacionismo e genocídio deliberado, é uma politicagem asquerosa e criminosa para que o Brasil só adquira os restos das vacinas produzidas pelos gigantes do capitalismo ocidental.


Apesar de ser vítima nessa história toda, a Anvisa – que foi aparelhada pelo governo negacionista – se recusa, numa unanimidade burra, a revelar a verdade sobre os bastidores. É o (des)governo Bolsonaro que está trabalhando para a não aprovação da vacina. Agora, reprovar a vacina Sputnik com as desculpas mais toscas e contraditórias imagináveis da maneira como fizeram, torna a Anvisa cúmplice de um genocídio. 

Alegar que a Sputnik V não é confiável é, em primeiro lugar, um insulto aos russos, que jamais fabricariam em larga escala, exportariam para dezenas de países e vacinariam a própria população em massa com uma vacina ineficaz ou perigosa. Em segundo lugar, é um insulto também contra os mais de 60 países que aprovaram a Sputnik V, como se seus cientistas e órgãos regulatórios fossem todos irresponsáveis, burros e genocidas para com a própria população. Em terceiro lugar, há uma intenção óbvia do governo federal em desmoralizar os governadores com essa medida. Em quarto lugar, como citei anteriormente, os países que boicotaram a vacina russa ou são do G7, ou então estão alinhados ao G7. Em quinto lugar, a vacina principal aprovada pelo Brasil, a da Astrazeneca, foi rejeitada em diversos países e, além de ter uma eficácia relativamente mais baixa, há relatos de vários efeitos colaterais. Só que essa vacina a Anvisa aprovou sem qualquer desculpa.

Se ainda resta alguma dúvida de que caminhamos a passos largos rumo a uma carnificina ainda maior por conta dessa politicagem criminosa, basta ficar de olho nos números. Em breve chegaremos a 400 mil mortos; meses depois, a meio milhão; um milhão... Vidas essas que seriam poupadas se a politicagem e o negacionismo não fossem tão atrozes no Brasil.

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