quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Saudades da Infância


Confesso que fui uma criança privilegiada. Recifense de nascimento e de criação, vim ao mundo através de uma família humilde que precisou abrir mão da minha guarda quando eu tinha apenas meses de vida para entregar-me aos cuidados de uma outra família mais abastada. E, graças a essa doação, acredito que tive uma infância realmente diferenciada. 
Os heróis da Hanna Barbera

Fui criança no final dos anos 80 e começo dos anos 90: uma época encantadora para ser criança. Peguei a era de ouro da televisão, onde pude assistir os melhores desenhos: Hanna Barbera, Disney, Marvel Studios, Looney Tunes e os animes e tokusatsus da TV Manchete. Também vi os melhores programas infantis: Rá-tim-bum, Mundo de Beakman, TV Colosso, Balão Mágico e Xuxa - além daqueles filmes que marcaram gerações, como os Goonies; ET, o Extraterrestre; Esqueceram de mim; as Tartarugas Ninja e os Caça Fantasmas. Lembro-me também das minhas coleções de brinquedos do He-man, dos Comandos em Ação, dos carrinhos em miniatura, dos álbuns de figurinhas, dos videogames e das primeiras mesadas que me renderam bons momentos de diversão nos fliperamas.


Raspa-raspa

Como toda boa criança, eu acreditei que o Papai Noel entrava pela chaminé (mesmo não tendo chaminé lá em casa); acreditei que o Coelhinho da Páscoa escondia os ovos de páscoa pela casa; acreditei que a gente precisava jogar um dente de leite no telhado para nascer outro em seu lugar... Também fui criança numa época onde podíamos brincar na rua sozinhos, seja de pique-esconde, de bola de gude, de pipa (ou papagaio), de estilingue (bodoque), de iô-iô, de queimado (dodgeball), de amarelinha, de pirocóptero ou de polícia e ladrão. E os sabores que marcaram a minha infância foram os mais diversos: goiabada, cocada, picolé, 7 Belo, chup-chup, raspa-raspa, cavaquinho (biscoitos cilíndricos, tipo canudo), rapadura, paçoca, Sonho de Valsa e os salgadinhos da Elma Chips. Uma das coisas que eu adorava era colecionar as figurinhas que vinham nos pacotinhos da Elma Chips ou aqueles cartões que vinham no chocolate Surpresa trazendo informações sobre os dinossauros e outros animais. E, falando em animais, tive diversos cachorros no quintal da minha casa, em especial, um tal de Cinzo, que foi meu cãozinho número 1 - sem falar das inesquecíveis visitas que fiz aos animais silvestres no jardim zoobotânico. 


Disney on Ice

Além de tudo isso, eu fui abençoado com várias professoras inesquecíveis, entre elas a minha professora da primeira série do primário, que chamávamos carinhosamente de 'Tia Neide' - e também a gaúcha Silvana, na terceira série do fundamental, que era carinhosa, atenciosa e nos dava até presentes, sendo uma verdadeira 'mãezona' para a turma. Também me recordo de quando eu tinha por volta dos 6 anos de idade e tive o prazer de fazer a minha primeira viagem de avião, onde conheci o Rio de Janeiro. Nessa viagem, eu assisti o Disney on Ice, onde vi o Mickey e sua turma patinando no gelo artificial do Maracanãzinho; passeei nas barcas da Baía de Guanabara; me impressionei com a extensão da ponte Rio-Niterói; vi o Corcovado e a Urca da varanda do apartamento dos meus tios em Botafogo; senti o friozinho gostoso de Barra Mansa e avistei as belas praias de Niterói.

Por tudo isso, acredito que eu tenha sido uma criança muito feliz. E devo isso às minhas duas famílias. Foi a minha família do coração que me acolheu, que me educou e que guiou os meus passos rumo ao futuro. E foi a minha família biológica que me deu a existência e a entrega incondicional para que eu fosse feliz. É por essa razão que eu sou totalmente favorável à adoção e que considero a família como sendo o principal alicerce da sociedade. Pode ser até que o resto da minha vida seja insossa e sem maiores emoções, mas o que vivi naqueles tempos de guri já foi suficiente para que a minha vida inteira tenha valido a pena.

4 comentários:

  1. Lindo texto! Parabéns!
    Faz bem ouvir um homem feito agradecer e enaltecer a família! Principalmente quando esse homem tem duas mães... Imagino a alegria, pois com uma mãe sou tão feliz, com duas a felicidade deve ser, sim, dobrada!
    Um abraço!

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  2. @Luciene: Ah, querida, obrigado! Realmente, ter duas mães é felicidade em dose dupla! rs Abraços.

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  3. rs) Sim, ter duas mães é felicidade dobrada, mas quando decidem pegar no pé...
    Imagino que seja dureza! Acertei? rs)

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  4. @Luciene: Eh, com certeza! rs Mas quando elas pegam no pé, pegam com carinho! rs

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