sábado, 8 de outubro de 2011

Quem somos? De onde viemos? Para onde vamos?

A Nebulosa do Caranguejo traz um indício da nossa verdadeira origem

urante muito tempo, eu acreditei veementemente que tudo que há nesse mundo - incluindo nós, seres humanos - fomos fruto da criação de um deus. Sempre que eu indagava sobre a nossa origem e a do universo, as respostas que me davam eram sempre as mesmas: "Porque Deus fez" ou "Porque Deus quis" e coisas do tipo. E quando eu perguntava quem tinha feito deus, respondiam que isso era um mistério, um dogma e que estava além da nossa compreensão. Até que, por volta dos meus 15 anos, comecei a aprender mais sobre física, química e biologia - e percebi que as minhas antigas crenças eram incompatíveis com os fatos. Por volta dos meus 20 anos, eu concluí que os mitos de criação não faziam nenhum sentido. Desde então, passei a usar a ciência como método para descobrir as respostas para as minhas indagações mais reticentes. E, hoje, cheguei à conclusão de que a fé não traz respostas, ela apenas evita perguntas.


"Toda cultura humana ao longo da história teve os seus próprios mitos de criação. São todos folclóricos, religiosos ou mitológicos. Todos são mutuamente inconsistentes." 
(Carl Sagan)



A astronomia foi a ciência que me trouxe as respostas que eu buscava e que antes só podiam ser respondidas pela fé. Sabe o que a astronomia responde sobre a nossa origem? Que nós somos o produto de uma supernova. Ou seja: nós viemos das estrelas! Estrelas essas que explodiram há bilhões de anos numa violenta extinção estelar, devolvendo ao espaço interestelar os materiais que elas produziram enquanto existiram. A Nebulosa do Caranguejo (lá no topo) mostra os resquícios da explosão de uma supernova. Nessa nebulosa é possível ver claramente cada tipo de átomo marcando com uma cor diferente o espectro visível da nuvem de gás.

Ciclo de vida das estrelas

Todos os átomos mais pesados que o hélio - e que são encontrados no nosso corpo e na natureza - foram produzidos por reações termonucleares no interior de estrelas que exauriram o seu brilho há bilhões de anos. Os átomos de carbono que constituem as moléculas orgânicas das nossas células, por exemplo, foram formados pelo processo triplo-alfa da fusão de três átomos de hélio em um átomo de carbono. Esses átomos pesados se espalharam pelo cosmo através da explosão de uma supernova. A gravidade reuniu esses átomos e formaram os discos protoplanetários, que mais tarde deram origem ao nosso planeta. Cometas e asteróides trouxeram elementos orgânicos e a água, que ao longo dos ciclos evoluiu para a vida. E aqui estamos nós, agraciados por esse imenso reator de fusão nuclear chamado Sol, do qual sua luz serve para alimentar todo o ciclo da vida na Terra.
Diante desses fatos, concluímos que somos, literalmente, as cinzas da alquimia estelar: somos o resultado da evolução cósmica de bilhões de anos. Mais do que isso: somos o próprio universo, consciente e pensante. Quem nós somos? Somos poeira das estrelas!

O telescópio espacial Hubble nos levou a uma viagem ao passado do universo

Quando os telescópios espaciais avistaram como se formaram os primeiros corpos celestes a mais de 13 bilhões de anos-luz de distância, descobrimos como eram e como se formaram as primeiras galáxias, mais conhecidas como protogaláxias. Também vimos como as estrelas se formaram, observando-as quando elas ainda eram bebês (protoestrelas) e também os planetas (discos protoplanetários). Não há qualquer mistério quando vemos tais corpos celestes. A gravidade foi que formou as estrelas e é ela que forma as protoestrelas e todos os demais corpos celestes. Nada no universo é construído ou criado por divindade alguma. Somos o resultado das leis da física e da química atuando sobre a energia condensada.

As Plêiades são estrelas "recém-nascidas" que formaram-se graças à gravidade

Devido à expansão do universo movida pela energia escura, calcula-se que o universo será desintegrado daqui a 30 bilhões de anos num fenômeno conhecido por Big Rip. Mas 30 bilhões de anos é uma verdadeira eternidade para nós. Até lá, teremos muito tempo para conhecer melhor o universo, explorar os planetas, as galáxias e o universo. Possivelmente, teremos que buscar um novo planeta para morar daqui a alguns bilhões de anos. Isso porque o nosso Sol tornar-se-á inóspito em menos de 4 bilhões de anos, quando atingir o estágio de gigante vermelho. A nossa jornada pelo universo está apenas começando, e se a sabedoria prevalecer sobre a estupidez, certamente, um dia, iremos viajar rumo à nossa origem: as estrelas. Para onde vamos? Isso vai depender das nossas escolhas.

"O que eu fiz foi demonstrar que é possível determinar pelas leis da ciência o modo como o Universo começou. Neste caso, não é necessário apelar a Deus para explicar como começou o Universo. Se isto não prova que Deus não existe, pelo menos prova que Deus não é preciso para nada." 
(Stephen Hawking)



Para saber mais:
Evolução final das estrelas
Primeiras galáxias fotografadas pelo Hubble
Discos protoplanetários são fotografados pela primeira vez

2 comentários:

  1. "A Nebulosa do Caranguejo (lá no topo) mostra os resquícios da explosão de uma supernova. Nessa nebulosa é possível ver claramente cada tipo de átomo marcando com uma cor diferente o espectro visível da nuvem de gás."

    na verdade, cada cor representa um espectro diferente e o visivel é um deles. outros seriam infra vermelho, raiox, etc.

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  2. @Luciano ´´E verdade, Luciano, obrigado por me lembrar desse detalhe. Obrigado pela visita e volte sempre.

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