Rock é coisa de mulher: de mulher com atitude

Às vezes eu sou levado a crer que as redes sociais se transformaram em um grande hospício. Além dos justiceiros sociais, fanáticos políticos, fundamentalistas religiosos e adeptos de teorias da conspiração, temos que aturar também APEDEUTAS (desculpe, mas não tive outra palavra melhor) que querem cagar regra para humanidade baseados nos seus próprios preconceitos. Recentemente, tive o desprazer de ler opiniões extremamente machistas de adeptos do Clube do Bolinha que tentavam provar por A+B que Rock'n Roll não é coisa de mulher. Além dessa turma alegar que mulheres não gostam de rock, também insistem em dizer que rock não é coisa para "mulherzinhas", que mulheres não têm talento, que elas têm ouvido "ruim" para música, que não têm pegada, que não têm isso, que não têm aquilo e mais outros argumentos desprovidos de coerência lógica. O que esses preconceituosos não revelam é que essa atitude sexista deles acaba reforçando velhos costumes machistas da nossa cultura, afastando as mulheres de onde elas gostariam de estar para mantê-las onde ELES querem que elas estejam.
É verdade que o rock, assim como praticamente todos os outros estilos musicais, é tocado majoritariamente por homens. Mas isso não se deve a alguma suposta inaptidão feminina com relação à música: o problema é que há pouco espaço e muito preconceito contra as mulheres nesse meio. Bandas só com mulheres costumam ser pouco relevadas se comparadas com bandas masculinas e, quando são, geralmente é pela beleza – e não pelo talento – das suas integrantes. E esse preconceito, infelizmente, é geral, não se limitando apenas à música. Mulheres costumam ser tratadas com desdém em quase todas as áreas, seja na ciência, na política, na religião, nos esportes, no trabalho e até na música. O que piora no caso do rock é que este estilo é ligado à rebeldia, ao anarquismo, à luxúria, à liberdade, à força, à atitude... ou seja: tudo aquilo que o patriarcado sempre quis manter distante das mulheres. É por isso que eu acho que o rock não é uma mera ferramenta musical para as mulheres: o rock é uma forma de protesto, de expressão e de liberdade, onde elas podem ser quem elas quiserem ser.

Joan Jett: "I love rock and roll!"

Se alguém duvida que mulheres mandam tão bem quanto (ou melhor que) os homens, vou deixar uma lista com o nome de algumas roqueiras famosas que mostram que o rock'n roll é coisa de mulher, sim, senhor.

Amy Lee (Evanescence)
Annie Haslam (Renaissance)
Ashley Ellyllon (Cradle of Filth)
Avril Lavigne
Beki Bondage (Vice Squad)
Brody Dalle (The Distillers)
Celly Campello
Cherie Currie (The Runaways)
Chrissie Hynde (The Pretenders)
Courtney Love (Hole)
Doro Pesch (Warlock)
Fay Fife (The Rezillos)
Florence Welch (Florence and the Machine)
Grace Slick (Jefferson Airplane)
Gwen Stefani (No Doubt)
Hayley Williams (Paramore)
Janis Joplin
Joan Jett
Júlia Barth (Os Replicantes)
June Millington (Fanny)
Kathleen Hanna (Bikini Kill)
Kim Gordon (Sonic Youth)
Liz Buckingham (Electric Wizard)
Liz Enthusiasm (Freezepop)
'Mama' Cass Elliot (The Mamas and the Papas)
Michelle Phillips (The Mamas and the Papas)
Nico (Velvet Underground)
Patti Smith
Paula Toller (Kid Abelha)
Pitty
Rita Lee (Mutantes)
Shirley Manson (Garbage)
Siouxsie Sioux (The Creatures)
Susan Kay Quatrocchio (Suzi Quatro)
Wendy O. Williams (The Plasmatics)

Bikini Kill: pioneiras do movimento riot grrrl

O Rock and Roll sempre foi conhecido por ser um estilo que quebrava regras, protestava contra o sistema e dava voz aos excluídos. Particularmente, eu o considero um aliado perfeito para mulheres que querem conquistar mais liberdade, espaço, respeito e igualdade. Se você for capaz de compreender que o rock é mais que um amontoado de instrumentos distorcidos misturado com um vocal raivoso, poderá transformá-lo num grande aliado de suas causas. No rock é você que cria (ou quebra) as suas próprias regras. É por isso que eu não canso de dizer: Rock é coisa de mulher: de mulher com atitude.

 

Quê? Não gostou?

Tô nem aí.