Nada do que vou exprimir nos próximos parágrafos é novidade para as pessoas mais esclarecidas, portanto peço desculpas antecipadas por fazer chover no molhado. Deixando de lado a inevitável prolixidade de ideias, o fato é que as maiores forças políticas e econômicas do país concluíram que é preciso destruir o mito em que Lula se transformou.
O nascimento de um mito |
Um dos momentos mais importantes da nossa história foi quando um operário sem formação superior – que veio do interior do nordeste, passou fome e virou um líder sindical – chegou à presidência da república. Esse operário reduziu drasticamente a miséria no país, permitiu que os mais pobres tivessem poder de compra, criou programas sociais premiados no mundo inteiro, foi reeleito, ganhou presentes, condecorações, homenagens, reconhecimento, título de doutor honoris causa e até um filme. Para completar, esse homem saiu com 87% de aprovação da presidência, sendo considerado um dos maiores presidentes de todos os tempos ao lado de nomes de peso como Getúlio Vargas e Juscelino Kubitschek. Não há dúvidas que Lula virou um mito.
Depois de Lula, veio Dilma Rousseff, sua sucessora, que venceu outras duas eleições presidenciais consecutivas. O PT ficaria, assim, 16 anos no poder: mais tempo até que Getúlio Vargas. É claro que a burguesia, a oposição e os interesses mercantilistas não gostaram nada disso. Porque havia o risco da volta do mito Lula em mais uma eleição, deixando o PT vinte anos seguidos no poder. Isso não poderia acontecer! Uma parcela da classe média estava apavorada com tantos pobres em aeroportos e shoppings, com "favelados" cursando universidades, com gente "sem cultura" viajando para o exterior e com seus empregados "cheios de direitos". Os partidos de oposição sabiam bem que se não combatessem o tal "lulopetismo", não teriam chance tão cedo de voltar ao poder. Tivemos também uma crise econômica e multinacionais estrangeiras impacientes pela tomada dos nossos recursos naturais. Para completar o cenário, verbas publicitárias de grandes meios de comunicação em massa foram reduzidas. Isso foi o fim da picada. Os remanescentes da antiga casa grande e as viúvas da ditadura militar não poderiam mais tolerar tanta provocação. Era preciso destruir Lula e o PT para acabar com essa "ditadura populista do PT". E a guerra foi declarada.
A grande mídia corporativa – detentora de oligopólios da televisão aberta, de revistas e de jornais impressos – resolveu se unir em torno de uma frente: destruir Lula e levar junto o PT. Oposição, mídia, juízes, multinacionais, grande capital e até governos estrangeiros resolveram se unir no ataque massivo a um único homem, com o objetivo de destruir a sua imagem e inviabilizá-lo politicamente. Destruir um homem como o Lula não seria fácil, mas seguindo a estratégia do líder da propaganda nazista Joseph Goebbels, bastava repetir a mesma mentira muitas vezes e espetacularizá-la. E assim foi feito.
O ex-presidente Lula foi achincalhado, exposto, caluniado, cerceado, perseguido, grampeado, conduzido na vara e tratado como um marginal de alta periculosidade por quase todos os grandes meios de comunicação. Ignoraram a presunção de inocência, o in dubio pro reo e o acusaram: o criminalizaram sem qualquer prova. Fuçaram tudo que puderam, invadiram sua casa, vandalizaram seu instituto, perseguiram sua família, pressionaram delatores para entregá-lo e só acharam um suposto sítio emprestado, um suposto apê brega no litoral paulista, um barco de lata e dois pedalinhos. Nenhuma prova foi encontrada: apenas acusações cheias de convicções controversas. PF, MPF, OAB e um certo juiz da republiqueta de Curitiba tentaram de tudo com a ajuda da grande mídia e da velha espionagem americana e, mesmo assim, nada foi achado ou provado. Apesar disso, eles continuaram distorcendo as palavras do ex-presidente, cortaram trechos de sua fala e a colocaram num contexto totalmente diferente para mostrar que ele achava que os concursados eram "analfabetos" e outras coisas absurdas com a clara intenção de destruir a sua imagem. Enfim, a perseguição foi ficando cada vez mais agressiva, mais descarada, mais invasiva e mais perigosa.
Mas a loucura não parou por aí. Além de terem derrubado de forma injusta e polêmica a presidente Dilma Rousseff através de um Golpe Parlamentar, colocaram um vice decorativo no lugar dela que se comportava ora como capacho da alta burguesia, ora como vendedor do patrimônio nacional. Na internet, páginas de ódio se multiplicavam fazendo comparações absurdas entre Lula e Hitler, alegando que o PT era um partido nazista. Pessoas chegaram ao cúmulo de tirar fotos com armas ameaçando "matar o molusco" (Lula), atiraram bombas no Instituto Lula, atacaram petistas nas ruas e todo o clima de ódio iniciado pela grande mídia estava prestes a ter um desfecho trágico com essa loucura toda. O jornalista Luis Nassif alertou, prudentemente, que Lula deveria andar com seguranças, porque ele estava correndo risco de morte.
O mantra de que "Lula é ladrão" continuou a ser repetido, mesmo sem as tais provas e o sentimento de indignação e injustiça entre os protofascistas não parou de crescer... Ora, se o Lula é tão culpado, então por que não o prenderam ainda? Será que algum fascista rancoroso hesitaria em fazer justiça com as próprias mãos?
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Não faz parte dos planos da plutocracia o assassinato de Lula, porque isso o martirizaria, podendo causar revoltas e até mesmo uma revolução. O efeito poderia ser o oposto do esperado. Mas ao partir para a mentira e para perseguição contra o ex-presidente Lula e tão somente contra ele, a grande imprensa e seus lacaios sabiam dos riscos que essa loucura toda poderia causar. Uma reação em cadeia pode ocorrer diante de uma tragédia ou de uma injustiça, o que tornaria a situação dos que declararam guerra ao Lula totalmente imprevisível.
Enquanto isso, o caso do Helicoca, do aeroporto do tio do Aécio, do Listão da Odebrecht, da Privataria tucana, do apê na França do FHC, da Brasif e de outros políticos atolados até o pescoço em escândalos, nada de manchetes, de pirotecnia, de espetáculo, de sensacionalismo, de perseguição, de powerpoint do MPF ou do japa da PF. Tudo esquecido. Somente cego não vê que há uma perseguição implacável exclusivamente contra o Lula e o PT. A impunidade é tanta que já virou até piada em site humorístico.
O que eles querem é que você odeie o Lula de qualquer jeito. Se você estava entre os 87% das pessoas que aprovaram o segundo mandato do ex-presidente do Lula, recomendo que repense sobre tudo o que vem acontecendo. Ninguém deve pensar por você e nem dizer no que você deve acreditar. Quem não pensa com a própria cabeça sempre será alvo fácil de todo tipo de manipulação e lavagem cerebral. Use o seu senso crítico.
Muito bom seu post.
ResponderExcluirObrigado por compartilhar conosco.
C.Faria
Vlw, flw.
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