segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

Tio Sam: o deus do caos e da guerra


A história dos Estados Unidos foi marcada desde os tempos de colônia por imperialismo, invasões, genocídios, chacinas indígenas, guerras e destruição do meio ambiente. Até o século XIX, mesmo sendo uma ex-colônia britânica, o país enriqueceu bastante devido a políticas expansionistas. Mas foi no século XX onde os EUA cresceram absurdamente através das guerras que participou e financiou. Após a Primeira e a Segunda Guerra Mundial, a Europa, que foi o palco dos conflitos, precisou ser reconstruída com a "ajuda" dos EUA. O Plano Marshall de financiamento pós-guerra serviu para colocar os EUA definitivamente no topo da economia mundial.
Além das grandes guerras mundiais, muitas outras guerras serviram para alimentar as indústrias bélicas e de construção civil dos EUA, fato este que causou um boom econômico norte-americano. Isso sem falar das políticas protecionistas dos EUA que existem até hoje e o crescimento das multinacionais que traziam consigo o lema globalista: "American way of life". Mas o principal elemento que fez os Estados Unidos crescerem foi um só: a guerra, ou melhor, as dezenas (ou seriam centenas) de guerras que os EUA travou. Quase todas as guerras que ocorreram durante o século XX e XXI tiveram participação direta ou indireta dos EUA. Ou seja: para quem achava que o Tio Sam era gente boa, na melhor das hipóteses, ele é um lobo em pele de cordeiro.

Algumas pessoas podem pensar, com essa introdução crítica acima, que eu sou um antiamericano, fato que já provei mais de uma vez que não é verdade. Eu sou contra a política externa predatória dos EUA, que não respeita territórios, democracias e soberanias de outras nações. A busca estratégica por recursos, especialmente por petróleo, tem tornado o Tio Sam um verdadeiro senhor da guerra. E essa política externa predatória dos EUA não acabou após a Guerra Fria. Ela continuou com a Guerra do Golfo, com a Guerra do Iraque, com a Guerra da Síria e com muitas outras intervenções motivadas apenas por ganância e imperialismo.
Somente durante o governo "democrata" de Obama tivemos sete países invadidos e desmantelados: Paquistão, Somália, Iêmen, Líbia, Afeganistão, Iraque e Síria. Fora as Primaveras Árabes, intervenções militares ilegais e todo o caos provocado no Oriente Médio que acabou gerando grupos radicais como o Estado Islâmico. Aliás, falando em Estado Islâmico, não é de se estranhar que eles combatam com armas americanas. Nem mesmo os países do clube da bomba estão sendo respeitados. Coreia do Norte (eterna rival) e até Israel (eterno aliado dos EUA), já sofreram pressões diplomáticas contrárias às suas políticas.

Mas o que realmente tem tirado Washington – ou melhor: as oligarquias estadunidenses – do sério tem sido a criação do Brics. Quando Rússia, China, África do Sul, Índia e Brasil se uniram para formar um bloco econômico independente juntamente com o Banco de Desenvolvimento do Brics para competir com o FMI e o Banco Mundial, o desespero tomou conta do sistema financeiro ocidental. Concorrência é tudo que uma nação imperialista não tolera. A resposta norte-americana veio rápido: o Brasil sofreu um Golpe, a China está sendo acuada, a África do Sul e a Índia estão sofrendo pressões externas e a Rússia – que está resistindo sabiamente às provocações diplomáticas dos EUA – sofreu sanções por não se curvar diante da vassalagem imposta pelo Tio Sam. O próprio presidente russo comentou de forma contundente sobre essa política agressiva dos EUA.
Isso tudo prova que os EUA estão em clara decadência por causa de suas políticas ultra liberais e imperialistas fracassadas. Só que como ainda é a maior potência mundial, os EUA vêm fazendo um jogo muito perigoso para manter sua supremacia no mundo.



A causa de toda essa loucura é essencialmente uma só: o petróleo. Claro que os EUA querem também mercado, matérias primas e hegemonia política, sempre escondendo-se atrás da máscara da "luta pela democracia" para justificar suas invasões. Mas o foco sempre foi o petróleo. Como bem disse o General Wesley Clark, se não fosse por petróleo, os EUA dariam ao Oriente Médio a mesma importância que dão à África, ou seja: nenhuma. Por que não invadem a África? Simples: porque lá não tem petróleo. A moral da história é que Washington e os magnatas que controlam o poder nos EUA querem hegemonia global, lucro total e poder sem limites a qualquer custo. A vida humana – incluindo as dos próprios militares norte-americanos – é mera estatística. Os Estados Unidos se intrometem na economia de muitos países, endividam nações, interferem nas suas políticas, desestabilizam suas fontes de riqueza, dão golpes "democráticos", causam desemprego, pobrezas, desigualdades e destroem suas soberanias. Tudo isso para atender sempre à mesma elite oligárquica que obedece a lógica insustentável do capital, da guerra, da exploração de outros países e da degradação do meio ambiente. É essa gananciosa elite oligárquica-plutocrata com sede em Wall Street que controla e sempre controlou o poder nos EUA.

Os EUA precisam acordar para abandonar de vez essa ditadura oligárquica bipartidária que obriga o povo norte-americano a escolher entre um racista xenófobo e uma genocida imperialista que atolaria a o país a inúmeras guerras mundo afora para satisfazer os interesses da alta burguesia americana. Trump, Obama, Hillary, Bush e Clinton não passam de empregados das grandes oligarquias americanas, sem nenhum compromisso com seu povo e que não hesitam em dizimar povos inteiros, explorá-los até a miséria absoluta, aplicar golpes de Estado e etc. O que deve ser colocado em discussão é que o sistema eleitoral americano não passa de uma disputa entre os candidatos das grandes corporações, em que os interesses do povo não está representado em absolutamente nada. Enquanto isso não for discutido, nunca haverá democracia nos EUA e nem no resto no mundo.

E no fim das contas, vem esse povinho neoliberal que sempre teve alergia a livros de história dizer que o problema do mundo são Cuba e Coreia do Norte. Então me responda: sabe quantos países a Coreia do Norte já atacou? Nenhum. Sabe quantos países Cuba atacou? Zero. E sabe quantos países os Estados Unidos atacaram nas últimas décadas? Coreia, Vietnã, Laos, Camboja, Somália, Granada, Iugoslávia, Iêmen, Paquistão, Iraque, Afeganistão, Líbia, Síria, para citar apenas alguns. Só na Coreia, os EUA causaram quatro milhões de mortes, no norte e no sul; no Sudeste Asiático, cinco milhões de mortes; no Iraque, um milhão, para citar poucas cifras... E sejamos honestos: a maioria das ações imperialistas aconteceu sob governos do Partido "Democrata", que muitos incautos acham ser uma força "pacífica" e de "esquerda".


Os EUA irão entrar em colapso em algum momento deste século, porque é impossível manter esse ritmo de crescimento autodestrutivo para sempre. A Pax Americana está com seus dias contados. O meu medo é que os EUA não aceitem se tornar um mero figurante no cenário global e destrua o mundo inteiro em retaliação pelo seu próprio fracasso como império.

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