É impressionante como algumas pessoas são insensíveis com relação ao discurso falacioso da falsa meritocracia que circula impunemente por aí. O mundinho de privilégios em que muitos de nós estamos inseridos cega completamente a percepção das injustiças sociais que favorecem a uns e desfavorecem a outros. É muito injusto falar de meritocracia num país onde um homem branco de classe média sempre terá mais oportunidades que uma mulher negra pobre. Não é possível qualquer meritocracia num lugar onde uns têm tudo e outros não têm nada. A meritocracia como é defendida hoje no Brasil é um discurso conservador capcioso justamente para manter a desigualdade social e racial. Pessoas que não têm acesso ao capital cultural onipresente na classe média nunca terão as mesmas ferramentas e a mesma bagagem intelectual para competir de igual para igual com quem sempre teve tudo. O pobre raramente teve oportunidade de pagar as melhores escolas, de frequentar ambientes intelectuais, de apenas estudar ao invés de trabalhar e estudar ao mesmo tempo, de ter tido uma boa educação doméstica, de ter tido três refeições por dia, etc. O que acontece, na prática, é um verdadeiro massacre.
Daí que sempre que digo essas coisas, vêm uma turba raivosa de reacionários me atacar, proferindo palavras de ódio e fazendo ameaças nos comentários. Eles me odeiam porque sabem eu sou mais cristão do que eles, mesmo eu sendo ateu. Porque ao contrário deles, eu realmente me importo com os pobres e estou preocupado em construir uma sociedade mais fraterna onde todos possam ser verdadeiramente irmãos.
Quer meritocracia de verdade? Então comece revendo seus privilégios e lutando para que eles virem direitos para todos. Quando isso tiver sido absorvido por toda a sociedade, aí, sim a gente fala em meritocracia.
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