sexta-feira, 5 de fevereiro de 2021

O roteiro do golpe e seu inevitável fracasso


Que fique bem clara uma coisa: o objetivo do Golpe de 2016 NÃO foi o de tirar a ex-presidenta Dilma Rousseff por suas "pedaladas fiscais". Isso foi só uma desculpa esfarrapada, um engodo, para dar um verniz de legitimidade a uma grande farsa. O verdadeiro objetivo do Golpe de 2016 foi o de abrir as portas para uma agenda ultraliberal que o PT jamais aceitaria pôr em prática por seu respeito ao povo, aos trabalhadores e a sua história de lutas sindicais. O que ocorreria da deposição de Dilma Rousseff em diante seria a aplicação de uma agenda antidesenvolvimentista favorável às reformas neoliberais que aprofundariam a recessão e o desemprego. E o roteiro dessa barbaridade neoliberal seguia mais ou menos o seguinte:

  • Teto de gastos (PEC da Morte)
  • Reforma trabalhista
  • Reforma da previdência
  • Reforma tributária
  • Reforma administrativa
  • Terceirização irrestrita
  • Arrocho salarial
  • Privatizações

A nossa sorte foi que no meio do caminho tinha uma pedra, ou melhor, uma pandemia. Não sei se a palavra "sorte" seria apropriada para ser usada neste caso devido aos mais de 228 mil brasileiros mortos pela Covid. Mas como nada na vida é 100% bom ou 100% ruim, eu me apego aqui ao "lado bom" dessa tragédia. Foi a pandemia que obrigou o governo a furar o teto de gastos e a oferecer o auxílio emergencial. Essa conversa mole de que sem o teto de gastos o país quebraria ou de que não havia dinheiro é, obviamente, uma mentira ridícula para manter o ganhos do capital especulativo. A moral da história é que a pandemia do coronavírus serviu para mostrar duas coisas. A primeira é que o neoliberalismo não funciona. E a segunda é que o governo, ou melhor: os golpistas mentiram ao alegar que não havia outra saída para a crise.

O objetivo do Golpe sempre foi de ferrar com os trabalhadores e os mais pobres. Mesmo a classe média, tão raivosa contra o PT e a esquerda, acabou sofrendo com perda de renda, desemprego e aderência a subempregos. Uma classe média que antes tinha medo de perder seus privilégios devido à ascensão dos mais pobres, agora tem que amargar o risco de virar "pobre de verdade" com uma renda baixíssima como entregadora de alimentos ou motorista de aplicativos. Afinal, será que foi para isso que a classe média gastou tanto em faculdades, cursinhos e nos seus gritos ensandecidos de "fora PT"? 


Já passou da hora de despertar para a realidade. Essa ilusão liberal de ser um empreendedor de sucesso foi um conto do vigário criado pelas classes dominantes para que elas pudessem parasitar ainda mais a nós e o Estado. Se você está entre os 0,5% mais ricos que não precisa trabalhar para sobreviver por viver de renda, herança e especulação, esqueça tudo que eu escrevi e vá lá idolatrar o Paulo Guedes. Mas se você faz parte do 99,5% que precisa vender sua força de trabalho para pagar suas contas, entenda que essa é a hora de começar a apoiar políticas de valorização do trabalho, de desenvolvimento estratégico, de investimento público e de autonomia do Estado em relação ao capital especulativo.

Para ajudar a abrir a mente, vou deixar indicado esse post onde dois economistas, um de direita e outro de esquerda, fazem uma deslavagem cerebral em poucos minutos.

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