Já se perguntou como seria o Brasil hoje se o Golpe de 1964 não tivesse ocorrido? O Brasil teria virado uma nova Cuba? Seríamos um país comunista? Teríamos uma ditadura sanguinária? Não, não e não. Se João Goulart tivesse realizado as reformas de base que pretendia, hoje teríamos um país CAPITALISTA menos desigual. Teríamos passado por reformas como a agrária, urbana, fiscal, eleitoral, educacional, bancária e política. Todas essas reformas já foram feitas em países de primeiro mundo, inclusive nos EUA – mas aqui no Brasil foram pintadas como "coisas de comunista". A ditadura militar foi algo tão nocivo para o país que, só para se ter uma ideia, separou os diversos centros nos campus das universidades para evitar a integração do conhecimento e retirou da grade curricular disciplinas como filosofia, sociologia, teoria política e antropologia, as substituindo por educação moral e cívica.
Se a ditadura não tivesse acontecido, talvez as canções de Chico Buarque não fossem tão conhecidas, mas certamente teríamos aberto espaço para outros artistas fantásticos. Milhares de vidas teriam sido poupadas, torturas não teriam ocorrido, a censura não teria existido e hoje poderíamos ter um país muito mais desenvolvido. Sem falar que aberrações fascistas como Jair Bolsonaro não existiriam ou sequer chegariam perto de se tornar parlamentares. E, obviamente, os militares seriam mais respeitados e saberiam o lugar deles dentro de uma democracia.
Panair: empresa aérea destruída pela ditadura |
Se a ditadura não tivesse ocorrido, empresários democratas como Mário Wallace Simonsen não teriam sido perseguidos e difamados pelo regime militar. Para se ter uma ideia da coragem deste empresário, Simonsen chegou a usar sua influência e sua rede de televisão, a TV Excelsior, para criticar a ditadura e defender o restabelecimento da Democracia. Mas ao invés de uma imprensa democrática, o que tivemos foram emissoras de televisão parceiras da ditadura, como foi o caso da Rede Globo – fato este muito bem abordado no documentário britânico "Muito Além do Cidadão Kane" (Beyond Citizen Kane).
Ainda sobre Simonsen, a Panair do Brasil, uma de suas empresas, tornar-se-ia a maior empresa aeronáutica da América
Latina e seu conglomerado controlava a Celma, na época a maior e mais
importante empresa de manutenção e retífica de motores e turbinas
aeronáuticas do Hemisfério Sul. Daí que perdemos tanto um grande empresário quanto uma grande empresa para a ditadura. A seguir, deixo uma reportagem da Rede Record sobre o tema:
Por fim, vou deixar um trecho da entrevista com o professor de História Warde Marx para o Guia dos Curiosos onde ele responde bem a essa questão:
"Entrevistador - O principal argumento usado pelos militares que executaram o golpe era o de que João Goulart implantaria o comunismo. Jango realmente teria organizado um golpe comunista? Se ele não tivesse feito, algum movimento de esquerda teria conseguido?
"Marx - Quem? João Goulart? O latifundiário? De jeito nenhum. Nem teríamos uma esquerda com tanto poder para isso. Se desenvolvêssemos suficientemente nossa democracia, poderíamos ter no governo um comunista ou socialista, tal como acontece na França, na Espanha. O máximo que alcançaríamos, com o passar do tempo, seria um governo mais à esquerda, com ambições socializantes; mais ou menos o que aconteceu nos Chile de Allende. Para implantar mesmo o comunismo, teríamos que partir para uma revolução. De verdade. Muito sangue, sem garantia de resultados, para nenhuma das partes."
Enfim, ditadura NUNCA MAIS.
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