sábado, 12 de dezembro de 2020

A solidariedade sozinha não muda o mundo



Todo natal é a mesma coisa: chovem campanhas solidárias de doação de cestas básicas, de brinquedos, de roupas... Gestos de altruísmo, de compaixão, de carinho, de empatia são indispensáveis em um mundo cruel, individualista e desigual como o nosso. O problema é que a solidariedade sozinha jamais irá mudar de modo permanente a vida das pessoas mais carentes. Depois que o natal passar, as pessoas menos favorecidas voltarão a sentir frio, fome e angústia. E mesmo que fosse possível ajudar essas pessoas durante o ano inteiro, isso não mudaria a realidade delas. As injustiças sociais continuam seguindo implacáveis e dar o peixe é muito menos eficiente do que ensinar as pessoas a pescarem. Temos que entender que a solução para resolver os problemas da pobreza, da desigualdade e das injustiças sociais passa, invariavelmente, pela política. Somente através de um sistema focado no social e na igualdade é que vamos tornar desnecessária essa "bondade" de fim de ano. Aliás, muita gente usa essa "bondade" ocasional como marketing pessoal para mostrar que é boa cristã. Se quisermos uma mudança real, ela tem que ser estrutural, a começar pela mudança na mentalidade das pessoas que preferem ficar ricas ao invés de ver um mundo mais justo para todos. Não temos que lutar por um mundo mais solidário; temos que lutar por um mundo mais justo. O bem-estar da coletividade deve estar acima de ações filantrópicas individuais.

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