Eu tive um professor de história no ensino médio que disse certa vez que "todo mundo que é lascado na vida tem um dia em sua homenagem". E, de fato, somente grupos explorados, fragilizados e estigmatizados é que possuem uma data comemorativa: mulheres, negros, trabalhadores, índios, professores, etc. Não existe dia do homem branco, dia do banqueiro, dia do milionário, dia do político... E quando você vai ver o que levou à existência do Dia Internacional da Mulher é que você compreende a gravidade da situação e o quão cruel e desigual é a nossa humanidade. É por isso que eu digo que quando uma mulher é agredida, toda humanidade está sendo agredida junto com ela. Violência contra mulheres, negros, índios, idosos, crianças, homossexuais, pobres, presidiários e até animais é uma violência contra todos nós.
A emancipação de todos os grupos oprimidos socialmente é de fundamental importância não só para rumarmos para uma sociedade mais justa, mas também é uma forma de nossa espécie continuar a existir sobre a face da Terra. Quanto maior a desigualdade, a violência e a intolerância, maiores são as chances de guerras e autodestruição. Se quisermos continuar existindo como espécie e quem sabe um dia chegarmos a explorar outras partes do cosmo, temos que percorrer um longo caminho evolutivo. As lutas contra a desigualdade e a injustiça junto com o aumento da empatia entre os grupos privilegiados é um passo importante, mas há muito além disso para ser feito.
Há uma crença de que ganhou força de uns tempos para cá que afirma que quanto mais avançamos no tempo, maior é a capacidade de tolerância, pacifismo e respeito da humanidade. Isso, segundo alguns estudiosos, é uma tendência histórica tendo como exemplo os séculos anteriores. Há dois séculos atrás, por exemplo, a escravidão era natural; hoje, não é mais. Há um século atrás, guerras mundiais eram naturais; hoje, elas não são mais. Há noventa anos atrás, mulheres não podiam votar; hoje, podem. Há cinquenta anos atrás; ditaduras sangrentas eram naturais, hoje, não é mais. Há trinta anos atrás, o apartheid era natural; hoje, não é mais. Há vinte anos atrás, pobres não tinham como andar de avião ou cursar faculdades no Brasil; hoje, não mais. Há dez anos, homossexuais não podiam se casar nos EUA; hoje, já podem. E se as coisas continuarem nesse ritmo, em mais algumas décadas poderemos ter muitas outras conquistas, como a superação da misoginia, da homofobia, da aporofobia, do racismo, do capacitismo e do especismo. Coisas comuns hoje em dia, como pessoas morrendo de fome, dormindo nas ruas e sendo exploradas para ganhar um salário miserável poderá ser algo tão raro e deplorável no futuro quanto a escravidão é para os dias atuais.
O grande problema dessa lógica é que a história humana não é linear e retrocessos sempre podem ocorrer. É por isso que precisamos lutar sempre por direitos iguais e por justiça social. O amor, a empatia, o altruísmo, a solidariedade, a generosidade, o respeito, o perdão, a inclusão e a tolerância são as nossas melhores ferramentas para construirmos um mundo melhor e superarmos o tal "grande filtro" do Paradoxo de Fermi que, supostamente, destrói todas as civilizações do universo. Portanto, a luta contra as injustiças sociais é uma luta, lá no fundo, contra a nossa própria autodestruição. Só as virtudes voltadas para o bem-estar da coletividade podem nos salvar de nós mesmos. Essa é a chama que não pode apagar, porque ela nos torna imortais.
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