domingo, 23 de maio de 2021

O nada não existe

 

Pensar objetivamente sobre o nada não é um exercício fácil. Isso porque o nada é uma das abstrações mais complexas da mente humana. Apesar disso, cheguei à conclusão interessante de que o nada, na realidade, não passa de um conceito teórico: de um delírio dualista da nossa mente. Explico melhor a seguir. 

O nada, no sentido de vazio absoluto, de inexistência total de qualquer coisa, é um paradoxo, uma antítese do ponto de vista físico. Isso porque se o universo existe, então o nada, como consequência, não tem como existir pelo fato da existência de um deles anular a do outro. Coisas não surgem do nada e coisas também não geram nada. Afinal, como já dizia Lavoisier: "Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma." Não é possível também isolar um metro cúbico de nada do resto do universo, porque o nada não pode ser medido, pesado ou mensurado. Mesmo no vácuo absoluto do espaço cósmico há espaço, tempo, leis da física e temperatura atuando. O próprio Big Bang que marcou o início da expansão do universo não veio do nada. A singularidade que "causou" o universo possivelmente foi antecedida por flutuações quânticas que sempre existiram desde o infinito passado. Nem mesmo o "lado de fora" do nosso universo observável pode ser "nada". O universo se expande dentro de um espaço desconhecido possivelmente infinito que, obviamente, não é feito de nada. Com relação aos limites do tempo e espaço, ambos são limitados pelo tempo de Planck e pelo comprimento de Plank, respectivamente. E mesmo no espaço entre os elétrons e partículas subatômicas não há um nada propriamente dito. Enfim, não há lugar para o nada existir.

Já o nada que há antes de nascermos ou após a morte não é exatamente um nada. A inconsciência é apenas um estado de "desligamento" cerebral. A percepção sensorial através dos nossos sentidos é que nos faz perceber que coisas existem, mas a sua ausência não é a prova da inexistência, porque o universo existia antes de nascermos e vai continuar existindo mesmo após a nossa morte.

A conclusão é que o nada não existe e nem tem como existir. Se o nada existisse, tudo seria nada e nada existiria, afinal, o nada não gera outra coisa a não ser ele mesmo, porque do nada, nada vem. Pelo menos, em teoria.

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