domingo, 5 de junho de 2022

Sempre detestei a escola


Se tem uma coisa que eu nunca gostei na vida foi da tal da escola. Imagine você passar 18 anos da sua vida tendo que acordar cedo para ficar aprisionado num colégio onde você era obrigado a assistir um monte de aulas chatas por mais de 4 horas seguidas durante toda a semana. Eu sempre enxerguei a escola como uma espécie de internato ou de prisão em que éramos privados de fazer as coisas que gostávamos e tinha aquela pressão enorme para tirar boas notas. E o pior é que quando eu era menor, eu não entendia o porquê daquele martírio todo. Puxa vida, eu queria era andar de bicicleta, jogar videogame, brincar com meus brinquedos e assistir tevê. Era por isso que eu só gostava mesmo da hora do recreio, onde tínhamos uns 20 minutinhos para brincar com os colegas. De resto, nem as aulas de educação física se salvavam, porque praticamente só tinha futebol e eu era perna de pau na linha e frangueiro no gol. Mas enfim, eu vou aproveitar essa postagem-desabafo para contar um pouco como era a coisa na minha época de estudante que foi de meados dos anos 1980 até o início dos anos 2000.

Eita que época complicada...

Período pré-escolar
Por incrível que pareça, a única época realmente boa do período escolar para mim foi o maternal. Isso porque ali eu e meus coleguinhas éramos muito jovenzinhos para começar a aprender as formalidades do ensino. Então era basicamente só diversão com atividades lúdicas onde tínhamos uma brinquedoteca, berçário, mesas para desenhar e um jardim onde socializávamos. Lembro que no meu maternal tinha um casal de tartarugas no pátio que eu costumava alimentar com meu lanche. Essa é, inclusive, uma das lembranças mais antigas da minha vida.

Passado o maternal, entrei no pré-escolar que era dividido em jardim 1, 2 e 3 ou, no meu caso, foram jardins 1 e 2 e alfabetização. Foram nesses três anos de "prézinho" que realmente fui introduzido no mundo escolar, porque a partir dali cada aluno tinha sua própria banca, tinha seu caderno, seu próprio livro de exercícios, sua agenda escolar e começávamos de fato a aprender a escrever, a ler e a fazer contas básicas. Este foi o período onde mais sofri para me adaptar, porque era tudo muito novo e foi ali que comecei a detestar a escola, porque eu não sabia o que estava fazendo preso naquele lugar longe de casa e dos meus brinquedos.

Sempre fui da turma da bagunça.


Ensino fundamental
Quando terminei a alfabetização, finalmente ingressei no ensino fundamental que era dividido entre primário (da primeira até a quarta série) e ginásio (da quinta até a oitava). E logo no primário, as mudanças eram gigantes, porque usávamos as fardas dos meninos mais velhos, usávamos mochila, tínhamos um pátio com brinquedos novos separados do pré-escolar e tínhamos agora várias disciplinas que eram português, matemática, ciências e estudos sociais. Continuávamos com uma única professora, mas agora existia a obrigação de tirar notas boas no boletim para poder passar de ano. As duas coisas que eu mais odiava nessa época eram os decorebas (especialmente as tabuadas), o tempo maior que ficávamos na escola, as provas surpresa e os insuportavelmente chatos deveres de casa. A única disciplina que eu realmente gostava era ciências, porque nela eu começava a entender o porquê das coisas e via temas envolvendo dinossauros, espaço sideral e corpo humano. Mas fora ciências, o resto eu detestava por não ver utilidade nenhuma para minha vida e também porque eram pouco lúdicas.

Mas a maior mudança mesmo foi quando saí da quarta para a quinta série, porque além de ter mudado de escola e ter um recreio e horário separados só para os alunos dos últimos anos do fundamental, fui introduzido a disciplinas totalmente novas como geografia, biologia, ecologia, história, língua estrangeira (inglês) e redação. E cada disciplina tinha seu próprio professor. Fora que rolava na época uma hierarquia brutal entre os alunos onde os mais velhos praticamente mandavam nos mais jovens. Os alunos da oitava série, por serem maiores, mais fortes e mais velhos, "botavam moral" nos alunos da sétima, da sexta e da quinta série. Os da sétima série, por sua vez, mandavam e desmandavam nos da sexta e da quinta. Os da sexta mandavam nos da quinta e os da quinta, coitados, só tomavam porrada dos mais velhos, eram proibidos de entrar na quadra nos dias livres e viviam sofrendo bullying. E daí que quando a gente passou para a sexta série, começamos a oprimir os alunos da quinta como faziam com a gente. A coisa ficou tão séria que teve aluno da quinta série abandonando o colégio e a nossa turma tomou uma bronca do diretor por não estarmos dando espaço para os alunos da quinta série se desenvolverem. A partir da sétima série a coisa foi diminuindo até que na oitava essa coisa de hierarquia praticamente tinha acabado. Foi nessa época também que precisei ter aulas de reforço, porque tive muitas dificuldades de aprendizado, passei a entrar em recuperação em todos os semestres e também tinha o cursinho de inglês que fazia por fora. Foi a época mais turbulenta que vivi no colégio, porque estava saindo da infância e entrando na adolescência.

Só sinto saudade mesmo dos colegas e das brincadeiras.

Ensino médio
A minha jornada no mundo escolar terminou no ensino médio que, na época, também era conhecido como segundo grau ou científico. Mais uma vez mudei de escola e poucas disciplinas novas foram adicionadas, tais como literatura, filosofia, física e química. Foram nos três anos do ensino médio que passei a ter aulas em dois turnos e também nos sábados sempre com aquele foco no vestibular. O bacana do ensino médio é que podíamos voltar para casa sozinhos e não tinha tanto controle de diretores e professores sobre os alunos. Nessa época foi quando os grupinhos ou tribos começavam a se formar com os nerds, os roqueiros, os esportistas, os turistas, os noiados, etc. Foi somente no ensino médio que passei a entender o porquê de ter atravessado todos aqueles anos de aprendizado e também foi o único período onde tivemos uma aula de despedida, mais conhecida como aula da saudade com os melhores professores. Nessa época foi onde comecei a consolidar a minha visão política e a entender melhor como o mundo funcionava. Também foi a mesma época que comecei a escrever poesias e minhas primeiras músicas. Mas o fato é que sempre achei a escola um saco cheio de lições inúteis. Até hoje não usei cálculo estequiométrico e números complexos, por exemplo, para outra coisa que não fosse o vestibular.

Enfim, escola, nunca mais. Saudades mesmo, só da turma do fundão e das aulas que matei, rarará!

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