A inocência do pobre de direita

Já critiquei pesadamente e por diversas vezes a banda da classe média que se apegou a valores fascistas, neoliberais e individualistas. Eu pego pesado com ela porque a classe média merece uma crítica mais ácida por ser teoricamente mais bem informada que as classes mais baixas. Já com os pobres de direita, a crítica precisa ser outra. Não podemos cometer a injustiça de culpar alguns pobres por eles serem de direita ou por apoiarem este governo salafrário, golpista e elitista de Michel Temer. O pobre de direita é o subproduto, é uma vítima, de uma mídia mal caráter e oligopolista que se utiliza de artifícios desonestos para manipular a opinião pública. O pobre que passa o dia inteiro trabalhando, preso no trânsito e sem alternativa de entretenimento a não ser a televisão não tem como saber das maracutaias políticas do país a não ser através da própria televisão. Ele então liga a tevê para assistir um telejornal achando que está se informando, mas está, na verdade, se tornando massa de manobra. O pobre de direita acredita, em sua santa inocência, que a grande mídia corporativa é séria e imparcial – fato que o coloca como alvo central da lavagem cerebral. Este pobre ingênuo não é mal, é apenas manipulado. Mesmo com o governo do PT tendo sido possivelmente o melhor da história para os pobres, as pessoas mais humildes são bombardeadas apenas pelas informações tendenciosas que afirmam que só o PT é corrupto. E daí que vemos argumentos absurdos como os representados nos memes abaixo:

Pobres de direita são a maior prova de que algo está errado na sociedade. Não é possível que alguém apoie aquilo que é ruim para si mesmo de forma consciente, a não ser em casos patológicos de masoquismo. É o fim da picada achar um trabalhador que apoie o neoliberalismo ou qualquer outra política de arrocho ao proletariado. Os pobres precisam apoiar aqueles que estão dispostos a melhorar sua qualidade de vida, sua renda, sua educação, sua saúde, seu emprego e que os dê a chance de colocar em prática os seus sonhos. Pobres precisam pagar menos impostos, ter um salário melhor, ter a carga horária de trabalho reduzida (veja o exemplo da Suécia), ter mais segurança no trabalho, ter mais prazer no trabalho, ter mais tempo com a família, ter um lazer decente, ter assistência médica de qualidade e saber que vale a pena seguir pelo caminho do bem. Muitos escolhem o caminho do tráfico ou da violência porque só neste caminho do mal eles encontram o que deveriam estar encontrando no caminho do bem. E não é o caminho da direita predatória que levará os pobres a terem uma vida decente e o país a se tornar um lugar melhor, mais justo e mais produtivo.
A grande imprensa – que é a arma de lavagem cerebral mais eficiente da nossa elite econômica predatória – é a principal responsável por tornar o nosso país cada vez pior. Pois como já dizia Pulitzer:

É preciso politizar mais as pessoas, é preciso democratizar a mídia e construir uma educação realmente libertadora. É preciso resistência e luta sem descanso. Quando se enfrenta um sistema, não se pode dar trégua e nem ceder a chantagens. Somente com atitude e perseverança se pode combater um sistema desigual e opressor.