sábado, 29 de setembro de 2018

Bolsonaro é síndrome de um problema maior


Estive observando o comportamento de vários eleitores do inominável e percebi que ele tem, basicamente, três tipos de eleitor.
O primeiro é o bolsominion fanático, que é fascista, racista, homofóbico, misógino, xenófobo, aporófobo e tem muito orgulho de ser tudo isso. Esses são um caso perdido e representam um percentual normal de eleitores com inclinação autoritária em todas as democracias.
O segundo é o analfabeto político que odeia o PT e é a favor da PEC da Morte, da Reforma Trabalhista e da entrega das nossas riquezas achando que essas coisas são boas para eles. Votam no "mito" por considerá-lo o único candidato de direita viável capaz de derrotar "a esquerda".
O terceiro tipo é o ingênuo, o idiota útil, que vai no votar no "mito" na base do oba-oba. Ele simplesmente segue o fluxo e escolhe Bolsonaro ou porque ele está liderando as pesquisas, ou porque se comoveu com a facada, ou porque foi convencido pelas fake news do MBL, ou porque familiares e amigos irão votar nele, ou porque o pastor de sua igreja pediu votos para o inominável.
Quase ninguém vota no Coiso por suas propostas, porque ele simplesmente não tem propostas – e quando as têm, são absolutamente contraditórias ou impraticáveis. O voto nele é uma mistura de protesto com alienação. Muitos desses três tipos de eleitores ficam usando desculpas de que ele é "honesto", de que "fala verdades", de que "valoriza a moral e os bons costumes" e de que "valoriza a vida e a família" [sic]. E no fim das contas, devido à sua rejeição de quase 50%, sua derrota no segundo turno é quase certa. O eleitorado do Coiso é tão pueril que eles estão, na verdade, ajudando a eleger o PT ao se mostrarem como única alternativa de poder ao próprio PT. O medo do radicalismo faz com que pessoas que normalmente não votariam no PT escolham Haddad no segundo turno por não haver outra opção à barbárie.



Olhando esses tipos básicos de bolsominions, concluímos de forma bastante axiomática que Bolsonaro nada mais é que o sintoma de uma sociedade essencialmente reacionária sentindo que está perdendo privilégios e vendo seus valores arcaicos sendo contestados. Alie esse sentimento de medo reacionário à crise econômica brasileira, à mudança na geopolítica internacional, ao macarthismo induzido pela mídia e à nossa falta de uma educação libertadora que temos um sujeito despreparado e perigoso correndo o risco de virar presidente contando com 1/3 dos votos válidos só no primeiro turno.
Diante de um sistema de ensino tutelado pelo poder econômico capitalista, chega a ser um privilégio para poucos estudar sociologia, antropologia, filosofia, economia, legislação e ciências políticas. Vemos, no máximo, um pouco de história no ensino fundamental e médio e, mesmo assim, tem gente que acha que estudar história é "decorar datas" ao invés de compreender o processo de evolução das sociedades. E por quase ninguém estudar de forma crítica a nossa história e a nossa sociedade que temos tanta gente acreditando nas promessas simplórias e reducionistas de Jair Bolsonaro.


O desafio a longo prazo para os humanistas e democratas de agora em diante é criar um sistema que faça com que a população perceba as injustiças sociais de maneira crítica. A internet pode ser uma aliada nessa missão, mas precisaremos de uma mídia mais plural, de uma metodologia de ensino mais abrangente e de um trabalho de base nas periferias dominadas pelo narcotráfico e pelas neopentecostais. Enquanto uma mudança no modo de pensar da população não for posto em prática, seremos eternamente ameaçados pela nuvem sombria do fascismo e do autoritarismo.
A curto prazo, os candidatos que se opõem ao PT poderiam pegar algumas das propostas bolsonaristas ligadas às armas e à família, por exemplo, para tentar roubar parte do seu eleitorado. Há quem fale de uma possível desistência do Bolsonaro, mas se isso não ocorrer, as forças democráticas precisão repensar num meio de derrotar o fascismo dentro e fora das urnas. Afinal de contas, o próprio inominável já disse que não reconhecerá o resultado das urnas em caso de derrota. E até agora nada do TSE ou do STF se pronunciarem sobre esta declaração.

Mais um motivo para dizer #EleNão

sábado, 22 de setembro de 2018

Desmascarando o discurso de Bolsonaro



Durante uma consulta médica, ouvi dois pacientes conversando sobre política e – mesmo com visões diferentes da realidade – ambos concordaram que a candidatura de Jair Bolsonaro é algo, no mínimo, perigoso. E a conversa deles abriu minha mente para ver como o deputado é uma antítese de tudo que o brasileiro realmente quer e precisa.

Para começo de conversa, Bolsonaro não é um candidato que tenha apelo popular, que tenha propostas para tirar o país da crise ou que se comprometa a realizar os sonhos dos brasileiros.
O povo quer trabalho, quer estudo, quer comida na mesa, quer ter um atendimento médico digno, quer respeito, quer pagar suas dívidas, quer ter casa própria, quer ter um futuro melhor para seus filhos e aí vem um sujeito demagogo e despreparado com um discurso desrespeitoso contra negros, mulheres, gays e trabalhadores para pedir votos dessa gente. Não precisamos de ódio, precisamos de respeito para ter um país que volte a ser grande e que possa trazer a esperança roubada do nosso povo, especialmente para a população mais carente. O povo brasileiro, de um modo geral, tem boa índole. Bolsonaro não representa os reais anseios populares, mas, sim, o orgulho reacionário ferido, a despolitização e o antipetismo mórbido cultivado por anos pela imprensa oligopolista.


Mas o pior de tudo é o cristão que volta no Bolsonaro. Será mesmo que o Bolsonaro é um cristão? Jesus sempre pregou o amor ao próximo, a tolerância, a sabedoria, a caridade, a doação, o respeito... E vem esse cidadão defender tortura, armas, assassinato, chacinas, preconceito, violência, opressão contra minorias... Será mesmo que é esse o candidato que tem Deus no coração? Eu não me canso de me perguntar o que leva um cristão a votar em um candidato que defende tantas coisas ruins para o próximo e para a humanidade.


Fora que, politicamente falando, Bolsonaro está totalmente contra os mais pobres, porque apoia todas as medidas desastrosas do governo Temer contra a população e uma ideologia que favorece os mais ricos. O economista dele, que ele chama ridiculamente de "Posto Ipiranga", já falou de aumentar o imposto de renda para os mais pobres e diminuir os dos mais ricos (fora a volta da CPMF). Bolsonaro é um antipatriota confuso, porque apoia o entreguismo neoliberal ao mesmo tempo que defende regimes autoritários. E as propostas do Bolsonaro são uma verdadeira piada, porque se fundamentam em mentiras. O "Kit Gay" nas escolas é uma farsa desmentida pelo MEC e pela própria autora do livro, a castração química de estupradores é uma mentira porque a Constituição proíbe isso, a liberação de armas é uma mentira porque depende do poder legislativo e não do presidente, a caça aos "esquerdistas" é uma mentira porque isso seria crime político, o desrespeito ao Estado laico é totalmente inconstitucional... Ou seja, o tal "Mito" é uma grande farsa. O discurso fascistoide dele e sua postura "politicamente incorreta" em homenagear torturadores, em se posicionar contra cotas e em rebaixar mulheres, índios e quilombolas só serve mesmo para atrair tudo de mais repulsivo que há na nossa sociedade. Até a "honestidade" dele é contestável, uma vez que ele teve uma funcionária fantasma (a Val do açaí) e usou o próprio partido para fazer lavagem de dinheiro da JBS. Isso sem falar no nepotismo e no uso do auxílio moradia para "comer gente".

Devido a sua limitação intelectual, Bolsonaro não tem condições técnicas para ser presidente. A própria revista The Economist, considerada a "Bíblia" da direita liberal, já alertou o perigo para a América Latina que é ter um energúmeno como ele no cargo de maior responsabilidade do país. Um sujeito que acha que o grafeno, o nióbio, a fosfoetanolamina e o leite de ornitorrinco podem resolver o nosso problema econômico; que recomenda dentista para resolver o problema do parto prematuro; que diz que vai tirar o Brasil da ONU; que elogiou Hitler e que agrediu fisicamente outro deputado não tem a menor condição de ser presidente da república. O sujeito é um total despreparado, pois coloca em risco a estabilidade, a democracia e a economia.


Isso parece um democrata?

Por tudo isso, acho que a direita brasileira precisa ser refundada. O PSDB se aliou ao fisiologismo e se vendeu ao neoliberalismo. O DEM virou um subpartido. O NOVO é um projeto de partido neoliberal sem qualquer base eleitoral. Daí o que resta para boa parte da direita brasileira é ter que votar nesse projeto de Hitlerzinho tropical por não ter nomes conservadores ou patriotas em quem votar. É nessas horas que eu sinto saudade do renomado Enéas, que fazia parte da direita nacionalista e desenvolvimentista que praticamente inexiste no Brasil de hoje.
O mais irônico de tudo é que o candidato que hoje mais se aproxima da direita nacionalista é o Ciro Gomes, rotulado pelos nossos reaças como um "comunista" fundador do Foro de São Paulo e da Ursal. Durma com um barulho desses...

Para terminar, vou deixar alguns vídeos para reflexão:





sexta-feira, 7 de setembro de 2018

A democracia por um fio


Conversando com um colega pelo Facebook, cheguei à conclusão que existe um risco real das eleições serem canceladas ou adiadas diante da atual conjuntura dos fatos. E as evidências para isso estão em toda parte. Para começo de conversa, temos um lawfare descarado que aprisionou através de um processo altamente controverso o maior líder político do país com a clara intenção de proibir a sua disputa na eleição presidencial – eleição essa que ele poderia vencer já no primeiro turno. Depois tivemos denúncias sem pé nem cabeça contra o vice de Lula, Fernando Haddad, com a intenção de prejudicá-lo justo no momento que as pesquisas encomendadas pela Globo misteriosamente não foram divulgadas. Aí em seguida tivemos dois vídeos do presidente Michel Temer atacando a candidatura do PSDB de forma a aniquilar qualquer chance do tucanato vencer as eleições. E agora um perturbado acerta uma facada justo no Jair Bolsonaro. Se pegarmos toda essa movimentação estranha e analisá-la dentro do contexto geral do que vem ocorrendo desde 2013 (incluindo o assassinato de Marielle e as declarações ameaçadoras de generais da ativa), temos um ambiente muito propício para a burguesia dominante abortar as eleições. Não sei que tipo de plano nefasto a plutocracia pretende colocar em prática, porque pela via eleitoral é quase impossível para o establishment ter um representante de seus interesses no poder. A única coisa que sei é que estamos vivendo um dos momentos mais críticos e perigosos da nossa história.

O ataque a Bolsonaro pode ter sido a gota d'água para mais um golpe

Sobre a facada sofrida pelo candidato Jair Bolsonaro, apesar de algumas pessoas estarem achando que tudo não passou de uma "armação" por razões que até fazem sentido, eu acho que isso seria teoria da conspiração demais. Não acho que seja possível fazer uma encenação tão grande assim de algo tão sério envolvendo tantas pessoas. Mas independentemente disso é preciso, sim, se solidarizar com o Bolsonaro por razões humanitárias e éticas. Temos que repudiar ataques dessa natureza, porque além do seu alto grau de violência, ele também fere a democracia. Bolso pode ser um sujeito horroroso e ter ideias abomináveis, mas não devemos cair no erro de culpar a vítima. Fascismo não se combate no soco, na faca ou na bala: fascismo de combate no campo das ideias. Atacar fisicamente um fascista é uma forma suicida de dar razão ao mesmo e fortalecer ainda mais o seu discurso de ódio.
Apesar do deputado ter sugerido em tom de "brincadeira" no Acre que os petistas deveriam ser "metralhados", isso não justifica qualquer ato de violência contra ele. Como humanista, eu considero Bolsonaro digno de respeito tanto quanto qualquer outro ser humano. O que eu abomino são as ideias fascistoides dele. Temos a obrigação moral de respeitar as pessoas. O que não merece respeito são as ideias.
Enfim, o ataque a ele foi inaceitável e está correndo o risco de causar a anulação dessas eleições. Diferentemente do que Alckmins e Anas Amélias da vida disseram sobre o atentado sofrido pela caravana do Lula, não acho que Bolsonaro "colheu o que plantou". Essa é a oportunidade que temos de mostrar que somos diferentes dessa direita agressiva e rancorosa. Ser solidário com uma pessoa após um atentado é o mínimo exigido dentro de uma sociedade civilizada.

Não vamos repetir os erros dos outros.

Quanto à causa da facada, ao contrário do que irresponsavelmente está sendo dito por aí, o atentado NÃO tem motivações confirmadas. É um crime o que o general Mourão, o que o pastor Malafaia e o que alguns veículos de imprensa estão fazendo ao culpar o PT pelo atentado sem qualquer evidência. O bandido que esfaqueou Bolsonaro, ao que tudo indica, tinha problemas mentais. Afinal de contas, ninguém entra no meio de uma multidão de Bolsominions para esfaquear o líder deles achando que vai sair vivo ou impune. Aliás, considero um milagre que ele não tenha sido linchado. É preciso que a polícia investigue para saber o que de fato motivou o atentado e esperar pelo resultado da investigação para se tirar conclusões. Tirar conclusões agora antes da investigação é muito perigoso e pode até causar um agravamento da polarização política, obrigando o Estado a tomar medidas de exceção. Se os seguidores mais exaltados de Bolsonaro já são agressivos e odeiam o PT sem motivo aparente, imagine agora tento um motivo, ainda que falso, para legitimar uma "vingança".

Talibã brasileiro mais uma vez incitando o ódio sem provas.

Culpar o PT pelo ocorrido é uma mistura de burrice com irresponsabilidade. Primeiro que isso ajudaria a criar um "caos", pois deixaria o país à beira de uma guerra civil, forçando um Golpe Militar para colocar "as coisas em ordem". Segundo que se o PT realmente tivesse planejado um atentado (sim, essa é uma hipótese absurda), com certeza não seria através de um louco com uma faca de cozinha no meio de uma multidão. Assassinatos políticos ocorrem sempre de maneira dissimulada, com acidentes, suicídios e mortes aparentemente naturais. E não teria sentido o PT ou qualquer outro partido ter planejado um atentado, porque Bolsonaro perde para todos os candidatos no segundo turno. Faz algum sentido tentar matar alguém que perde as eleições para todo mundo?
Mas o pior de tudo é que muitos bolsominions estão comemorando a facada porque ela "garante", na teoria deles, que o "mito" será eleito já no primeiro turno. A comoção popular gerada pelo atentado serviria, em tese, para que a população se solidarizasse e votasse nele. E, assim sendo, segundo os bolsominions, ele só perderia as eleições em caso de fraude. E juntando tudo isso com aquela velha conversa mole do voto impresso (de que as urnas são fraudadas), isso cria um cenário onde ou Bolsonaro ganha, ou o resultado será considerado "fraudulento". Ou seja: as eleições não podem mais contrariar a direita, do contrário, isso poderá resultar num novo Golpe que nos tire o direito de escolher o presidente por pelo menos mais duas décadas. A moral da história é que a democracia (ou o que restou dela) entrou numa sinuca de bico e tem chances plausíveis de ser totalmente destruída outra vez pela plutocracia.

O que vem por aí me parece uma reprise muito assustadora

Confesso que tenho poucas esperanças num futuro melhor a curto prazo. Na verdade, estou preocupado que novas tragédias e atentados venham por aí. O mais importante no momento é focar em manter a luta pelo nosso direito de votar. Não podemos perder esse direito conquistado graças ao sangue derramado de muitos brasileiros.

segunda-feira, 3 de setembro de 2018

Sobre o incêndio do Museu Nacional


O descaso do Estado com a ciência e a cultura levaram a mais uma tragédia. O incêndio no Museu Nacional da Quinta da Boa Vista ocorrido na noite deste domingo (2/09) foi uma verdadeira catástrofe devido à perda irreparável do seu vasto e precioso acervo material – além, notavelmente, da destruição do seu valor simbólico, histórico, cultural e científico. Apesar de ter 'apenas' 200 anos de existência, o museu trazia milhões de anos de história em materiais arqueológicos, geológicos, paleontológicos e científicos em geral.


Como esse incêndio foi uma das maiores tragédias ocorridas a um patrimônio histórico que pude presenciar na vida, não pude de deixar de postar aqui a minha indignação com o descaso tanto do governo do RJ quanto do governo federal usurpador. Este último, aliás, está sendo responsável por um ataque nunca visto antes na história tanto contra a nossa cultura quanto contra a nossa ciência. Essa porralouquice de cortar investimentos, de defender um Estado mínimo e de usar o dinheiro público para enriquecer ainda mais a casta plutocrata é um verdadeiro crime contra o país. O resultado é (e continuará sendo) a morte da nossa cultura, da nossa ciência e da nossa história. Apesar de muita gente estar usando essa tragédia para fazer campanha política, é importante salientar que essa tragédia tem mesmo um fundo político. Não é à toa que deixaram de investir no patrimônio público para beneficiar juízes, banqueiros, megaempresários e corruptos. É preciso votar em quem tenha compromisso formal em investir no nosso patrimônio cultural.


domingo, 2 de setembro de 2018

Alguns dos principais canais de esquerda do YouTube


Como ainda estou dando um tempo neste blog, para não deixá-lo parado por muito tempo, vou atender ao pedido de um leitor e listar os meus canais favoritos do campo progressista do YouTube. Aí vão eles:

- Prof. André Azevedo da Fonseca
- Canal Púrpura
- Tese Onze
- Saia da Matrix
- Merlim Segundo
- O Mundo Segundo Ana Roxo
- Mídia Ninja
- Justificando
- Leandro Zayd
- Rede TVT