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quarta-feira, 22 de novembro de 2023

E esses uniformes sensuais aí, pode isso?

 

No mês passado, mais uma polêmica envolvendo "sexualização excessiva" apareceu na imprensa e ganhou ainda mais notoriedade nas redes sociais. A polêmica foi que as jogadoras dos times femininos do campeonato inglês Aston Villa, Newcastle e Wolverhampton estavam usando uniformes "sensuais demais". Isso porque o material esportivo produzido pela empresa Castore estava fazendo as atletas transpirarem demais e ainda por cima absorviam o suor de forma ineficiente, deixando o uniforme mais pesado (e mais colado ao corpo) do que o habitual. E para ilustrar isso, colocaram propositalmente as fotos e vídeos da atacante suíça Alisha Lehmann com o polêmico uniforme, já que ela possui o corpo mais, digamos, 'avantajado' entre as atletas. Pronto, isso bastou para a liga das senhoras católicas, radfems e nofapistas ficarem bastante exaltados. Sobre essa notícia, eu tenho dois pontos relevantes para destacar.

Usar a Alisha como referência também é covardia.

 

O primeiro ponto é que, sim, a Castore e outros materiais esportivos realmente abusam de tecnologias para sensualizar o máximo possível as atletas. Isso acontece também em outros esportes, como no atletismo e no voleibol, por exemplo, e causa, frequentemente, problemas de mobilidade para as atletas só para elas ficarem mais atraentes para o público masculino. Só que essas marcas não fazem isso por serem meramente sexistas, mas porque é uma forma de chamar mais atenção para o futebol feminino que é menos visto que o masculino por vivemos em uma sociedade machista. Os patrocinadores que colocam seus logotipos nas camisetas e shorts precisam que as marcas sejam vistas pelo maior número possível de pessoas, então os fabricantes fazem o uso dessa "estratégia" para atrair os olhares do público masculino. 

É por isso que eu acho que deviam ser as próprias atletas que tinham que escolher os uniformes que pretendem usar, afinal, são elas – e somente elas – que estarão expostas em um esporte de alto rendimento. Só que enquanto existir machismo e capitalismo, provavelmente essa será uma guerra perdida.

Corpos avantajados chamam atenção em qualquer uniforme.
 

O segundo ponto dessa discussão é o aspecto moral. Mulheres com corpos "perfeitos" sendo expostas na mídia sempre causaram incômodo por impactar na autoestima de adolescentes do sexo feminino. Além de causarem ciúmes em mulheres comprometidas que tem que aturar seus maridos babando para os corpos esculturais da concorrência. Eu entendo isso perfeitamente, mas há uma certa hipocrisia aí. Ninguém problematizou, por exemplo, quando o ex-jogador da seleção masculina de futebol Hulk fez sucesso entre o público feminino e o público gay por seu corpo avantajado. Ou como os super heróis masculinos possuem corpos de bodybuilder expostos em roupas ultra coladas ao corpo. A busca pelo corpo perfeito também faz mal aos homens, já que muitos deles literalmente morrem de tanto tomar esteroides para ficarem com o físico de seus ídolos. 

Mantenha os uniformes e tire a Alisha que acaba a objetificação.

 

No caso dos grupos progressistas, essa hipocrisia moral fica bastante evidente, porque se fosse uma mulher obesa no lugar de uma Alisha Lehmann sendo objetificada ou hipersexualizada, ninguém reclamaria, porque enxergariam isso como "quebra de tabu" e "empoderamento", apesar da situação ser rigorosamente a mesma. Ou se o problema fosse o oposto, o excesso de roupa, ninguém reclamaria também, mesmo que causasse problemas muito piores de mobilidade e desempenho. Apesar que no caso da Alisha ou do Hulk, até se ambos estivessem vestidos com roupas de apicultor iriam chamar atenção. Note, inclusive, que somente a Alisha é usada como referência nas matérias e posts sobre este assunto, porque apesar das demais atletas usarem o mesmo uniforme, elas não incomodam o povo por terem corpos "comuns". O que incomoda os moralistas não é o uniforme em si, mas os corpos "perfeitos" expostos. Ou seja, se a Alisha não jogasse no Aston Villa, ninguém nem estaria falando sobre este assunto. Esse aspecto parcial tira toda a seriedade do debate.

Então é preciso ter um ponto de equilíbrio nessas discussões para que possamos buscar soluções reais e não soluções simplistas baseadas em moralismo cínico.

quarta-feira, 4 de agosto de 2021

A solução para a "objetificação sexual"


Toda sociedade humana ao longo da história teve os seus próprios padrões de beleza. Durante a pré-história, por exemplo, onde tínhamos longos períodos de escassez de alimentos, uma pessoa gorda era considerada muito atraente. Isso se mostra verdade nas esculturas e pinturas daquele período. Ser gordo ou gorda naquela época era atraente justamente por ser difícil conseguir estocar energia em forma de gordura numa época de miséria. Se você olhar para algumas culturas africanas do século passado, as pessoas mais atraentes fisicamente eram as mais barrigudas justamente por ser difícil engordar vivendo apenas de caça e coleta. Já no ocidente contemporâneo, o padrão de beleza está ligado ao físico magro e atlético. Isso porque ser magro e ter o corpo sarado numa época de comodidade e alta oferta de alimentos é algo que exige esforço e custa caro. Obviamente, se aproveitando disso, os capitalistas passaram a vender tudo quanto é tipo de produto para emagrecer, ser fitness e ganhar músculos. No caso das mulheres, essa exigência é ainda mais cruel, porque celulites, estrias e até marcas de expressão são tratadas como "imperfeições". A insatisfação com o corpo é uma estratégia de venda capitalista. O nosso padrão de beleza prova isso o tempo todo e ele tende a ser cada vez mais implacável. E, nesse contexto atual, temos a publicidade e a moda explorando à exaustão corpos que reforçam esses estereótipos quase inalcançáveis de beleza. É justamente daí que nascem os principais problemas ligados a "objetificação" e "hipersexualização".

Ser tratado APENAS como um corpo a ser desejado não é empoderador.

Mas a coisa ainda piora um pouco, porque a nossa sociedade é machista e racista. Se duvida disso, basta olhar para as nossas elites. A elite econômica é formada por 99% de homens brancos. A elite intelectual também é formada em sua maioria por homens brancos. Você olha para os altos oficiais das Forças Armadas, a tal elite militar, e 99% deles são de homens brancos. Olhe para a elite política e está lá a maioria formada por homens brancos. A elite religiosa, seja ela católica ou evangélica, 99% é de homens brancos no alto escalão. Ou seja, nos cargos de poder quase não há mulheres e negros. Agora junte o padrão de beleza inalcançável com essa ausência de negros e mulheres no topo da pirâmide social que o problema da objetificação sexual vira motivo de discussão recorrente nas redes sociais. Afinal, ser tratado exclusivamente como um corpo a ser desejado não traz justiça social. Por mais que homens brancos também tenham seus corpos sexualizados, eles, como classe, possuem privilégios que os permitem nãos erem vistos apenas como corpos a serem "consumidos".

Eis aí a raiz do problema.

Agora pare e pense um pouco. Mulheres negras não podem se tornar presidentes ou oligarcas, mas podem dançar seminuas na televisão. Homens negros não podem ser bilionários ou generais, mas podem expor seus corpos sarados em outdoors de filtro solar. Isso gera uma indignação por parte de muitas pessoas, porque sentem que mulheres e negros só servem para isso. E mesmo que homens brancos sejam objetificados, como citei anteriormente, isso não gera tanta revolta por não ser algo exclusivista para eles. Então o problema todo envolvendo a objetificação e hipersexualização não é a sensualidade e nem a beleza, mas a padronização de corpos e a desigualdade social que negros e mulheres sofrem. Ou seja, o problema real são o machismo e o racismo. E no caso das mulheres há um ingrediente a mais que é a cultura de assédio sexual contra elas. A exploração da sensualidade feminina de forma excessiva acaba reforçando em mentes mais imaturas a ideia de que as mulheres não passam de seres exclusivamente sexuais.

Qual é o limite saudável da sexualização?

A caçada de muitas pessoas contra essa sexualização exagerada faz sentido quando se apresenta o contexto social e cultural da situação, mas às vezes alguns protestos passam do limite. Ficar procurando qualquer sinal mínimo de sensualidade em todo canto para criticar é um exagero desnecessário e paranoico. E é claro que há muito moralismo cristão barato por trás de muitos argumentos anti-objetificação. A 'liga das senhoras católicas' infiltrada em movimentos progressistas está sempre denunciando a conspiração diabólica de corpos seminus e posições provocantes, porque, creio eu, que aquela conversa de "pecado contra a pureza" não cola mais há muito tempo. O ponto que eu discordo e que me faz comprar briga com essa galera é que o grande problema não está nem na objetificação e nem na hipersexualização. O problema, como deixei claro anteriormente, é a desigualdade que há entre homens, mulheres, brancos e negros. Além, claro, do padrão de beleza inalcançável e da cultura de assédio. Então a minha solução para isso serve para separar os moralistas cristãos dos progressistas que atuam nessa causa. A solução nada mais é que promover uma maior ocupação de mulheres e negros nas elites e a exposição de MAIS corpos fora do padrão de beleza. Ou seja: combater o machismo, o racismo e o assédio, além de mostrar todos os tipos de corpos sensualizando e mostrando seus atributos na tevê e na publicidade. Pessoas fora do padrão de beleza também precisam se sentir representadas e atraentes. Isso ajuda a trazer autoestima e diminui a sensação de injustiça.

Objetificação sexual ou emancipação? Você decide.

E, por favor, vamos deixar de hipocrisia também. Ninguém normal é contra as pessoas irem de sunga e biquíni para a praia ou dançar sem roupa íntima em baile funk, então não faz sentido algum ser contra uma publicidade inclusiva com corpos seminus, danças sensuais ou uma sexualização natural em filmes, games e revistas. Se todos os tipos de corpos são mostrados de forma igual e não há desigualdade social entre as pessoas, ficar implicando com sensualidade é pura idiotice moralista. Esses argumentos contra toda essa coisa do corpo sexualizado foram muito usados pela igreja católica na Idade Média e também durante a ditadura militar no Brasil. Se você se considera progressista, por favor, fuja disso e lute contra os problemas certos. Mas se mesmo assim você continuar sendo contra peito, bunda e barriga de fora, te recomendo ir morar em países muçulmanos radicais, porque lá não há nenhum espaço para sexualização de ninguém, especialmente das mulheres.

Representatividade de corpos "normais" é a palavra chave.

segunda-feira, 26 de julho de 2021

Sobre os uniformes femininos nas olimpíadas


É bizarro e lamentável que em pleno século 21 atletas tenham que protestar para terem o direito de escolher que tipo de roupa querem utilizar nas competições. Essa recente polêmica envolvendo as norueguesas no handebol de praia e as alemãs na ginástica nas olimpíadas de Tóquio mostram que esse padrão engessado de uniformes, especialmente para mulheres, é completamente desnecessário. Na minha opinião, são as próprias atletas que devem escolher o que irão vestir desde que, claro, tenham como se diferenciar das atletas do outro time. É ridículo e cruel que uma pessoa seja obrigada a usar biquíni em um dia frio. As atletas não estão ali para serem bonitas ou desfilar, mas para competir. Se elas quiserem usar biquíni, usem. Se quiserem usar calças, usem. Se quiserem usar burca, usem. O que tem que valer é a decisão delas. Chega dessas federações cheias de homens sexistas decidindo o que as mulheres devem vestir. Eu sou totalmente contra uniformes e padronizações, portanto, eu sou a favor dessa causa. Lembrando que isso vale tanto para as atletas que querem usar mais ou também menos roupas, porque usar calça e mangas compridas debaixo de um sol de quarenta graus também é sacanagem.

O único problema que eu vejo nos argumentos contra o uso de "uniformes sensuais" é aquela ideia cristã medieval de ver o corpo da mulher como "fonte de pecado e luxúria" e ter que ser coberto por isso. Tem um monte de cristão falso moralista e de mulheres com baixa autoestima que protestam contra os "uniformes sensuais" só porque isso os incomoda. Ser contra a sensualidade é uma idiotice sem tamanho, porque a "maldade" está sempre nos olhos de quem a vê. Se uma pessoa socializada numa tribo/cultura que usa pouca roupa ver as atletas de collant, por exemplo, com certeza irá achar que elas estão com "roupas demais". Já pessoas de regiões muito frias do planeta irão achar justamente o oposto: que mesmo de calças as atletas estão "quase nuas". Isso é invariavelmente cultural e nada tem a ver com aquele argumento moralista aloprado da "objetificação sexual". Aliás, roupa nenhuma objetifica as pessoas, o que objetifica é o tipo de tratamento que uma pessoa recebe. Biquínis, maiôs, sungas e shorts curtos não têm que ser proibidos, eles só tem que ser opcionais. Agora obrigar a usar certos tipos de uniforme, seja fio dental ou burca, é que é um absurdo. Tem que ter liberdade para todos.

terça-feira, 26 de julho de 2016

A hipocrisia acerca da nudez feminina


Nesta terça-feira, 26, li no blog da Lola um post sobre a nudez pública feminina (ou quase isso) escrito por uma comentarista qualquer de outro post anterior. O post é um desabafo sobre a hipocrisia pseudo moralista, sexista e conservadora que há com relação à nudez feminina (ou a pouca roupa). O texto mostra como é incrivelmente hipócrita a nossa sociedade que por um lado trata com naturalidade a nudez feminina em campanhas publicitárias, em outdoors, bancas de revistas e até em alguns produtos – mas execra e combate nudez feminina nas ruas. Uma mulher pode aparecer nua numa propaganda de cerveja, mas não pode sequer tirar a blusa na rua. Sim, isso é uma hipocrisia, uma contradição lógica que, a meu ver, precisa ser extinta. Mas há outro problema sendo criado com relação a isso que é vendido como solução, que é justamente a proposta inversa. Essa solução inversa é, basicamente, inverter as coisas como aí estão: permitir a nudez feminina nas ruas e proibir a sua representação na publicidade. Ser a favor da nudez da mulher como "sujeito" e ser contra a nudez da mulher como "objeto" é exatamente o oposto do que os conservadores defendem, que é ser a favor da nudez "objetificada" e ao mesmo tempo ser contra a nudez da mulher como "sujeito". Desculpem-me a sinceridade, mas, para mim, essas duas opções são uma bosta.

Alguém pode me dizer o que tem de errado nisso?

Os únicos grupos realmente coerentes, quem diria, são os fundamentalistas religiosos e os progressistas libertários. Eles são os únicos que não possuem moral seletiva. O primeiro grupo é contra qualquer forma de nudez, seja objetificada ou do sujeito. Já o segundo grupo é a favor de todas as formas de nudez, seja também a objetificada ou a do sujeito. Os religiosos fundamentalistas, como já conhecemos das teocracias islâmicas, chegam ao ponto de obrigar as mulheres a usarem burca. E mulher pelada em outdoor nesses países é capaz até de dar em pena de morte. Já os progressistas libertários, que são a favor de todas as formas de nudez, objetificada ou não, são os únicos que realmente respeitam a liberdade das pessoas. E não por acaso, eu me encaixo justamente neste último grupo. Eu não vivo nessa paranoia de querer controlar o que os outros vestem e como eles aparecerão em peças publicitárias. O corpo é seu e você faz com ele o que quiser. O que eu não gosto é desse moralismo seletivo que acha que mulher de minissaia na rua tem que ser escorraçada e mulher de minissaia na propaganda da cerveja tem que ser incentivada. E o contrário também vale, porque esse negócio de combater a "objetificação feminina" virou uma piada moralista que os progressistas mais radicais pegaram emprestado com as beatas do século 12. Não é porque uma mulher sensual ou seminua te "ofende" por estar "indecente" que você tem o direito de censurá-la de se vestir, posar ou usar a sua imagem como ela bem quiser. Se não gosta, seja você conservador ou progressista radical, então vai morar lá na Arábia Saudita, porque lá não tem mulher pelada para ofender os seus olhos e a sua moral imoral.

O corpo é delas, a regra é delas.

Então se você quer ser visto(a) como uma pessoa com um mínimo de coerência e lucidez, ou seja a favor de todas as formas de nudez, ou vá se celibatar lá no Afeganistão.

Não gostou?

sábado, 27 de fevereiro de 2016

Sobre a sensualidade e objetificação no Street Fighter

Um brutamontes desse lutar contra uma mulher não é machismo, mas a roupa dela é?

Desde meados de janeiro deste ano que me comprometo a escrever pelo menos um post por dia como forma de dar dinâmica ao blog. Tenho tentado, na medida do possível, abordar os mais de 50 temas que estão na fila de espera para serem publicados desde o ano passado. Porém, tem duas coisas que têm me atrasado na divulgação desses posts, que são as lambanças da política brasileira e os justiceiros sociais, especialmente os que advêm do feminismo radical. E desta vez, mais uma vez, tenho que me dar ao trabalho de desconstruir a argumentação torpe de pessoas que têm atacado o game Street Fighter 5 o acusando de "machista" devido à sensualidade de suas personagens femininas. Mas antes de refutar qualquer coisa, vamos primeiro pensar sobre o que é sensualidade.

A subjetividade das paixões
A sensualidade é um sentimento ligado ao prazer dos sentidos, em especial à luxúria, ao erotismo. A sensualidade não é uma característica (ou um conjunto de características), como alguns pensam: ela é o próprio sentimento de volúpia que aflora ao enxergarmos algo belo e atraente em alguém ou algo. La Gioconda, de Leonardo da Vinci, apesar de ser apenas uma pintura mostrando uma mulher aparentemente serena e recatada, é considerada por muitas pessoas como uma representação extremamente sensual devido a sua simetria e razão áurea – além do seu sorriso que denota, a depender do ângulo que se olha, uma tímida devassidão. Isso pode parecer um pseudo eruditismo pernóstico de minha parte, mas o que quero dizer é que a sensualidade está nos olhos de quem a vê. Da mesma forma que é subjetivo achar sensualidade numa mulher que caminha usando trajes de banho no calçadão de Ipanema, como cantou o poetinha Vinícius de Moraes – é também subjetivo achar sensualidade num quadro renascentista. A sensualidade está na "maldade" de quem olha. Tudo depende do contexto histórico-cultural e do observador em questão. Portanto, achar sensualidade em personagens de quadrinhos, revistas e games é algo, por tabela, também subjetivo. E essa subjetividade serve apenas como critério de julgamento moral – e nunca como um valor ético para se tomar decisões.  

Chun-Li: a revolucionária injustiçada
Desde o Street Fighter 2 - The World Warrior, lançado no início dos anos 90 pela Capcom, que personagens femininas "sensuais" aparecem no jogo. A primeira delas, a lutadora chinesa Chun-Li, chamou atenção não apenas por ser uma mulher lutando contra um bando de marmanjos, mas também por suas roupas não muito recatadas, do ponto de vista da moral subjetiva da maioria. A Chun-Li, ao invés de ser tratada como uma personagem revolucionária por inserir uma figura feminina num ambiente tipicamente dominado por homens, acabou virando bode expiatório dos puritanos que prestavam mais atenção no comprimento do seu vestido, do que na eficiência dos seus golpes. É claro que os games daquela época tinham como público-alvo os homens, por isso uma mulher jovem e bela cairia melhor que outra que chamasse menos atenção. O grande paradoxo dessa história é que hoje há feministas que saem quase nuas nas ruas em protestos organizados e ninguém as acusa de machismo ou objetificação. Mas os trajes de lutadoras nos games – às vezes menos ínfimos que os das próprias manifestantes – são machistas e objetificadores segundo elas mesmas. Então o que me parece diferenciar se algo é objetificação ou não é se este algo atende aos interesses dessas feministas: se atender, não é; se não atender, é. Este critério arbitrário é que realmente tem me incomodado, ainda mais quando as roupas das lutadoras do jogo se parecem muito com as roupas usadas por mulheres comuns nas ruas.

Seria objetificação sexual se isso fosse nos games?

Portanto, essa história de que a sensualidade, as roupas ou as poses "degradam" ou "coisificam" as mulheres é um julgamento totalmente arbitrário, subjetivo e sexista. Querer impor os tipos de roupa que as mulheres devem usar em nome da sua ideologia é algo que só não soa machista na cabeça tendenciosa de machistas e feministas radicais abolicionistas. Portanto, pare e pense melhor antes de compartilhar nas redes sociais qualquer meme da Anita Sarkeesian. O mundo vai agradecer ao seu bom senso caso você faça isso.

sábado, 6 de fevereiro de 2016

Objetificação: Street Fighter e Globeleza



Quem nunca ouviu falar de "objetificação feminina" que atire a primeira pedra. Eu já escrevi uma penca de posts falando sobre esse assunto e já tinha até me cansado dele. Porém, me vi na obrigação de voltar a falar deste tema depois que as redes sociais se infestaram de pessoas reclamando da garota Globeleza e das roupas da lutadora Laura no game Street Fighter 5. Prometo ser breve desta vez, vamos lá:


Ok, eu concordo com muitos argumentos do pessoal que afirma que as mulheres são retratadas de forma inadequada pela mídia, pelos games, comerciais, quadrinhos, etc. Acho que as mulheres podem e devem reclamar da maneira com a qual as personagens são mostradas, até porque quase sempre quem decide como a mulher vai aparecer nessas mídias são os homens. Acho a reclamação exagerada, mas justa. O que eu não concordo são com as soluções propostas, especialmente por moralistas e feministas mais radicais que é, adivinhe o quê: a censura. Vejo gente por aí pedindo o fim da garota Globeleza, o fim de roupas sensuais em games, o fim da sensualidade em comerciais... Pedir o fim dessas coisas é uma solução radical demais e que vai contra a liberdade de expressão – além de ser contra a própria escolha das mulheres que gostam de usar sensualidade e pouca roupa. As minhas propostas para solucionar isso são polêmicas, mas não ferem a liberdade de expressão. E são:

No caso dos games
Censurar as roupas das lutadoras no Street Fighter 5 é uma grande tolice. O ideal seria que houvesse opções de customização de roupas e de poses de luta. Assim sendo, você poderia pegar uma personagem (tanto masculina quanto feminina) e colocar a roupa que quisesse. Se quisesse a Laura quase pelada e sensualizando, você poderia escolher essa opção; se você quisesse o Ryu quase pelado e sensualizando, poderia escolher também. E o oposto também vale: o jogador poderia optar por uma Laura ou um Ryu mais recatados, com mais roupa ou com poses comuns. Assim seria possível agradar a gregos e troianos.

No caso da Globeleza
Acho desnecessária a proibição, porque parece um moralismo muito contraditório. Ora, nós vivemos num país onde os nossos antepassados (os índios) andavam sem roupa, onde as pessoas usam pouca roupa por causa do clima e onde as mulheres andam quase nuas nos desfiles carnavalescos. Acho tosco e sem noção proibir. A minha solução para isso pode parecer incrivelmente gay, mas é a mais justa: deveria existir um garoto Globeleza também. O vídeo abaixo fez uma paródia disso, saca só que doideira:


 
 

Da mesma forma que nos primórdios do Pânico na TV existia a Mulher Samambaia e o Homem Bambu, o que era um exemplo de igualdade, poderia existir o mesmo com relação a todo o resto. Se assim fosse, apenas os moralistas teriam algo a argumentar, porque os masculinistas e feministas cairiam automaticamente em contradição diante de qualquer reclamação neste caso. Eu sou um defensor da igualdade, e não do moralismo.

Quanto ao exagero nas reclamações, eu prefiro indicar este texto maravilhoso de Bianca Freitas ao invés de repetir os argumentos dela.

Não gostou? Então desculpa, eu não emito opinião para agradar ninguém. Ainda bem.

quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

Vitimismo ou feminismo?

Não vou escrever absolutamente nada a respeito de feminismo neste post, ao invés disso, vou deixar um vídeo da vlogger americana June Lapine (Shoe0nHead) que faz críticas bastante precisas ao movimento. Saca só que gracinha:


Apesar de não concordar 100% com o que ela diz, a vlogger foi bastante concisa nas críticas às justiceiras sociais da internet (vulgo feministas). Sabe, é bom saber que eu não estou ficando louco por ver que mais pessoas normais estão enxergando os exageros desses movimentos sociais, seja o feminismo, o movimento negro, o LGBT, o ateu e até mesmo o vegano.

terça-feira, 22 de dezembro de 2015

Objetificação e moralismo: um não vive sem o outro


Convenhamos dizer: objetificação feminina realmente existe. Há campanhas publicitárias que tratam a mulher como se ela fosse uma coisa, uma mercadoria ou um objeto cenográfico para ser atrativo do público-alvo masculino. Isso é uma coisa. Outra coisa é confundir beleza, sensualidade, posturas corporais e pouca roupa com objetificação. Neste caso, estamos falando de moralismo – moralismo esse que tem sido usado com bastante frequência entre conservadores e feministas para tentar censurar qualquer mídia (publicidade, games, quadrinhos, filmes) que os desagrade. Inclusive, esse tipo de objetificação é denominado de objetificação sexual da mulher : termo esse que coloca a sexualidade (ou a sensualidade) feminina num patamar de opressão a ser combatido – quando ela deveria ser um fator empoderador da liberdade feminina para usar seu corpo como quiser.
Tá sensual demais ainda
Para os paladinos da moral e dos bons costumes, a mulher precisa passar a imagem de assexualidade (ou de feiura) para não ser objetificada e então o "meu corpo, minhas regras" (mantra feminista) aqui vira o "seu corpo, minhas regras" na substituição de um machista controlador por uma conservadora travestida de feminista – ou por uma feminista machista, se preferir. A objetificação está na maneira como a mulher é representada, e não no fato dela ser sexualmente atraente ou não. Infelizmente, já tem gente na política que adota essas distorções para criar projetos de lei baseados em moralismo subjetivo, como é o caso da deputada Luiza Maia, do PT. A proposta dessa deputada consegue ser mais sem noção que a esdrúxula Lei Antibaixaria da sua colega de partido Moema Gramacho. É curioso ver nessas horas como, às vezes, o progressismo exacerbado se parece com o conservadorismo puritano.
Enfim, foi exatamente este o problema que me fez criar uma tag neste blog (à direita, no menu) só para falar mais a fundo sobre esse assunto tão polêmico. E se alguém acha que eu estou exagerando sobre o tema, olha só o que o Conar (conselho que regula a publicidade brasileira) tem censurado sob a pressão desses grupos moralistas (sobretudo feministas exaltadas e religiosos reacionários) nos prints abaixo:






Note que a sensualidade foi a razão principal do Conar ter implicado com tais comerciais. É óbvio que é preciso ter o mínimo de juízo crítico para evitar exageros e não mostrar sexo explícito, nudez descontextualizada ou sexismo abusivo. Acontece que eu não vi nada demais nas campanhas que foram censuradas. Não acho que pouca roupa ou sensualidade seja machismo, até porque se fossem, as feministas teriam que começar a censurar mulheres sensuais e seminuas nas ruas e nas praias, coisa que elas não fazem por – quem diria – respeitar a liberdade delas. Porém respeitar a liberdade de se vestir em comerciais ou filmes não tem sido muito levado a sério pela ala feminista, mostrando uma hipocrisia que eu, sinceramente, não consigo entender.
Há quem diga que nunca viu uma mulher ser objetificada estando vestida "decentemente" ou sem apelar para sensualidade. Mas essa objetificação existe, basta ver as assistentes de palco que ficam segurando microfones para os homens falarem nos programas de televisão (geralmente em programas sobre futebol). A mulher nessa situação serve apenas como suporte humano para o microfone, já que ela se limita apenas a ser um rostinho bonito que só sorri e não dá nenhum opinião sobre o tema.

Charge de Gisa Castro

Competição sexual
Acompanhando o Vlog do Viade, do geneticista Eli VIeira, descobri algo interessante que pode explicar esse comportamento espalhafatoso de algumas feministas contra a tal objetificação sexual das mulheres. Eli Vieira citou um estudo chamado Intolerance of sexy peers: intrasexual competition among women, que seria algo do tipo: Intolerância de parceiros sexuais: Competição intrassexual entre mulheres (tradução livre), que mostra a existência de uma competição sexual das mulheres entre si. Isso pode não parecer ter a ver com o tema, mas quando conectei os dois pontos da causa e efeito, me fez bastante sentido. Esse artigo científico, publicado na Aggressive Behavior, mostra que as mulheres reagem de forma negativa diante de outras mulheres atraentes, que se vestiam de maneira sexualmente provocante ou dando a entender, no contexto social, que sexo com elas é ou está mais facilmente disponível. Ora, isso justifica muito dessa reação espalhafatosa dessas mulheres que combatem a tal objetificação na mídia. Elas possivelmente não estão preocupadas com a objetificação em si, mas sim com a beleza das modelos. Uma prova disso é que mulheres feias ou fora do padrão de beleza, por exemplo, mesmo com pouca roupa e fazendo poses eróticas, não despertam a revolta das feministas. Objetificação de homens ou de mulheres "feias", "gordas" ou com muita roupa nunca causa indignação nessa gente.
Isso explica, segundo o mesmo estudo, porque as mulheres não querem apresentar outras mulheres sexys aos seus namorados e também os ciúmes quando os mesmos veem pornografia. Além de outras coisas totalmente sem noção, como ocorreu recentemente de implicarem até mesmo com a beleza e o sorriso "sexy demais" da engenheira norte-americana Isis Wenger num anúncio que ela fez CONTRA o sexismo. As pessoas desavisadas acharam que a pobre Isis era uma modelo, e não uma engenheira por ela ser bonita demais. Olha a campanha e o cartaz que ela fez abaixo em resposta às críticas:

Bonita demais para ser engenheira...


"#EuPareçoComUmaEngenheira"

Isso explica, por tabela, porque há tanta implicância das feministas (especialmente as radicais) com BDSM, pornografia, prostituição, música funk, comerciais com mulheres sensuais, quadrinhos com mulheres sensuais, etc. Fora a tal síndrome da mulher mal comida, que citei neste post e, claro, resquícios da boa e velha moral cristã, que mutilou parte da nossa sexualidade desde os tempos medievais. Claro que essa competição intrassexual é inconsciente na maioria das vezes, por isso que dificilmente alguém vai admitir que está se sentindo incomodada pela beleza da "concorrência". Às vezes sou tentado a pensar que isso tudo é falta de autoestima misturada com falta de ter do que reclamar. Nem tudo é problema; e nem todo problema que afetas as mulheres é culpa do patriarcado. Esse mimimi todo é típico de uma geração de hipsters mimados que sempre tiveram tudo à mão e não sabem lidar com as frustrações e as adversidades da vida. Pena que reclamar é mais fácil que amadurecer e botar a cabeça para funcionar.
Enfim, cada um que julgue os fatos por si. Eu já tenho a minha opinião formada.


Notícias:
Folha de S.Paulo - Suspensa propaganda sensual demais da Itaipaiva
G1 - Schin tira do ar propaganda sobre mulheres de Blumenau
O Globo - Conar suspende propaganda de Motel
G1 - Conar suspende comercial provocante do Axe
Bom Dia Brasil - Comercial de lingerie de Gisele Bundchen
Catraca Livre: Isis Wenger cria campanha contra sexismo

Imagens:
Aventuras na Justiça Social 

Fontes:
Artigo sobre a competição sexual feminina (em inglês)
Competição intrassexual feminina absoluta! #vlogdoviade (Eli Vieira)
Bahia no Ar - PL da Propaganda Sem Machismo
Bahia Notícias - Lei Antibaixaria

sexta-feira, 18 de setembro de 2015

Nem as ginoides escaparam da objetificação


Ai, ai... Eu já estava ficando com saudade de abordar esse tema tão contraditório e subjetivo que é a tal da objetificação sexual (da mulher, neste caso). Mas como este post não tem a intenção de ridicularizar as justiceiras sociais que se inspiraram em tudo de mais moralista que houve na segunda onda feminista dos anos 70, então eu vou tentar fazer uma crítica sem envolver as feministas androfóbicas.

Olha aí o motivo da histeria: a mulher-robô Roxxxy

Pois bem, o que está pegando é que tem umas ativistas conservadoras por aí que criaram uma campanha para combater a criação de robôs sexuais femininos, alegando que essas ginoides podem "prejudicar as relações humanas". Além disso, para piorar o discurso, a ativista Kathleen Richardson insistiu que "esses robôs reforçam os estereótipos tradicionais das mulheres bem como a percepção de que o relacionamento entre duas pessoas não pode ir além do sexo". Em resumo: as bonecas sexuais estão "objetificando" as mulheres, de novo. Eu sei que isso parece uma piada, mas, infelizmente, não é. O link dessa pérola é esse bem aqui. E se você duvida da existência dessa militância antissexo que ora se mistura com os moralistas, ora se mistura com os anticapitalistas, basta lembrar que há muitas "ativistas" por aí que defenestram o entretenimento adulto masculino (a pornografia, a prostituição, o BDSM e qualquer outra atividade sexual masculina livre) com mais tenacidade que os cristãos mais bitolados. Proibir robôs sexuais é apenas mais um delírio psíquico dessa cambada ranzinza e desocupada.
Para quem não sabe, aqui no blog tem vários posts que falam sobre bonecas sexuais (vou até deixar uns links lá no fim dessa postagem para quem quiser conferi-los), mas em nenhum deles eu citei essa ideia maluca de se opor às sex dolls. Pelo visto, a popularidade delas tem crescido tanto que começou a incomodar os pseudo entendidos.

Davecat (à direita) ao lado da sua "esposa" de plástico

Sabe, às vezes eu acho que tem religioso infiltrado entre os justiceiros sociais. Viram que o papo de pecado tá perdendo força e estão apelando para sem-noçãozices como essa. Na minha opinião, essas reações contra tudo que mistura luxúria com tecnologia são uma total perda da noção do ridículo. Os tecnofóbicos nem me surpreendem com essa visão reacionária diante das máquinas, mas são as (pseudo) feministas que realmente passam dos limites neste aspecto, chegando a cair em contradição em seus argumentos toscos. Tem feminista que vê objetificação num robô, mas não vê essa mesma objetificação nos vibradores e pintos de borracha que elas usam quando não tem um macho por perto. A tal ativista Kathleen sei lá do quê quer proibir robôs e convenientemente deixa vibradores fora da discussão.
Libertação sexual feminina é massa, mas homem tem que continuar escravo da vontade da mulher. Na minha sincera opinião, isso é medo de perder o controle sobre os homens, já que elas sabem que o homo héterus é um gênero muito dependente de sexo. Tanto é que greve de sexo ainda é uma das armas mais eficientes de chantagem que uma fêmea pode impor a um macho mesmo no século 21. E como as robôs sexuais são verdadeiras sex machines, as ativistas não têm chance nenhuma de competir com elas para dar seus golpes do baú ou da barriga. Eu sei que isso tá parecendo papo de mascu, mas eu não vejo nenhuma vantagem num mascu ou machista qualquer se relacionar com uma mulher real. Para esses, é melhor que vivam com uma boneca inflável para sempre do que viver humilhando e manipulando as suas próprias mulheres de carne e osso. Aliás, essa ideia de criar doll robóticas é tão boa, que acho que eu vou começar a pensar seriamente em abrir uma empresa de robôs sexuais para enriquecer e fazer um monte de marmanjo feliz, rarará! Esperto era o Kuririn, que casou com uma robô no Dragon Ball Z!

Kuririn garantindo a sua robô namorada

Enfim, tentando falar (digo, escrever) um pouco mais sério, eu até concordo que o capitalismo é bastante cruel ao vender imitações de corpos femininos (ou masculinos) para lucrar em cima de uma carência humana que poderia ser resolvida de outra maneira. Mas pelo menos dessa maneira teremos menos brigas de casais, menos gente com DSTs e menos infelicidade sexual. As ginoides sexuais são uma evolução mecânica das Real Dolls, que, por sua vez, foram uma evolução necessária das bonecas infláveis. Talvez, no futuro, as próximas bonecas sexuais sejam holográficas ou mesmo inseridas em alguma realidade virtual que rode diretamente no cérebro. Mas como o ser humano, de um modo geral, é muito medroso com relação a mudanças, acho bastante plausível que as bonecas infláveis do futuro sofram bastante por criarem uma competição real com os prostíbulos. Mas enfim, acho que isso é algo para as futuras gerações se preocuparem. Por hora, vamos deixar a rapaziada se divertir com suas bonequinhas.

Selfie abraçadinho já é possível para os forever alones

Links:
-BBC - Contra reprodução de estereótipos, campanha pede proibição de robôs sexuais
-Extreme Tech - O mais sofisticado robô sexual hoje é um produto de saúde (site em inglês)
-Ideias Embalsamadas - Real Doll a Boneca para marmanjos
-Ideias Embalsamadas - Os amantes do futuro

quinta-feira, 30 de julho de 2015

Feminismo, radfems, mascus e temática do blog


Muita gente tem criticado essa minha insistência em assuntos envolvendo igualdade de gênero, mas eu reafirmo que essa teimosia têm um propósito justo. Realmente, parece muito injusto e sem noção você criticar uma ideologia que combate o sexismo, o feminicído, a misoginia, os abusos, a desigualdade e uma porção de outros problemas sociais, como é o caso do feminismo. Acontece que, como deixei claro em outras postagens, há pessoas que estão usando o feminismo como uma espécie de "escudo" para se defender dos contra-ataques de quem discorda de suas convicções pessoais, usando aquele argumento batido como defesa: "Se você está me criticando, você criticando o feminismo; e se você é contra o feminismo, então você é um machista-misógino-opressor." O que eu quero que as pessoas entendam é que o problema não é o feminismo: o problema são essas pessoas que se apropriam do nome e da história do movimento para disseminar insanidades que acabam servindo de munição para os reacionários atacarem o próprio feminismo. Então esse é o ponto central das minhas críticas: desconstruir os argumentos radicais, individualistas e sem qualquer ligação com o feminismo.

Charge por Gisa de Castro que resume meus argumentos

Lembro-me que respondi a um comentário, no último post sobre esse assunto, que questionava essa minha postura "obsessiva" sobre essa temática. Eu respondi que a minha insistência no tema é porque o mesmo é a bola da vez, porque dá mais pageviews e que o assunto tem dado muito pano para manga. Mas essas são razões secundárias, as verdadeiras razões foram que eu passei a ser atacado por supostas "feministas" ao defender o feminismo (ou ao criticar certos aspectos que discordo) e também por ver que esse movimento ser corrompido por pessoas totalmente sem noção, que mais servem para afastar simpatizantes, do que para combater as desigualdades de gêneros. A coisa me incomodou tanto que não tive outra escolha a não ser contra-argumentar. E no meio dessa história apareceram as tais RadFems, que são criaturas cheias de rancor que vivem intocadas em seus guetos virtuais na internet, destilando ódio e sendo constantemente ignoradas ou, quando muito, ridicularizadas pelos poucos que dedicam a elas mais que 30 segundos de atenção. Inclusive, qualquer pessoa que tenha o Q.I. oscilando entre o de uma ameba e uma ostra percebe que essas tais Rads são uma versão "fêmea" dos mascus, porque sentem ódio (ou fobia) pelo sexo oposto, acham que todas as pessoas do sexo oposto não prestam e vivem fechadas em suas realidades paralelas. Da mesma forma que os mascus devem ser contestados por suas insanidades travestidas de argumentos, as rads também devem. E radicais por radicais, todos são uns palermas carentes de umas boas doses de semancol.

Muita gente pensa que é assim...

Enfim, o objetivo deste post foi de esclarecer que este blog não é para atacar o feminismo e que também não vou insistir neste tema. Na fila para serem publicados, tenho outros temas bem interessantes envolvendo ciência, política, cultura, música, games, religião... É só esperar para ver.

quarta-feira, 15 de julho de 2015

Essa tal de objetificação...

Duplipensar feminista

Objetificação, hipersexualização, mansplaining, patriarcado, cagação de regra... Essas e outras palavras do gênero são bastante recorrentes no vocabulário feminista da internet e são usadas para defender a ideia de que as mulheres não são objeto. Sim, até aí tudo bem. Tratar as mulheres como humanas - e não como coisas - é um imperativo básico de respeito de qualquer cultura que se preze. O problema é quando essa concepção de "mulher-objeto" passa a fugir dessa linha de argumentação e começa a seguir por um lado moralista-conservador-religioso. As roupas que uma mulher usa, a sensualidade da mulher e até o que ela faz com o próprio corpo passam a ser vigiados não apenas por machistas, moralistas e religiosos fundamentalistas - mas por feministas também. E é aí que o bicho pega, porque ninguém - eu disse NINGUÉM - tem o direito de dizer o que uma mulher deve ou não fazer com o seu próprio corpo e sua própria vida.
Para entender melhor essa problematização, vou dar a seguir alguns exemplos de reações nesse sentido vindas de três tipos diferentes de pessoas em dois tipos de situação:

1. O machista
Situação A: Uma mulher andando com pouca roupa e sensualizando nas ruas:
- "Mulher não pode sair por aí com roupas curtas ou provocantes e nem sensualizar, porque mulher que faz isso é uma vagabunda que está dando mole para estuprador."
Situação B: Uma mulher com pouca roupa e sensualizando num comercial de cerveja:
- "Tem que sensualizar mesmo. Não tem nada demais uma gostosa vestir uma minissaia na tevê para vender cerveja."

2. A feminista
Situação A: Uma mulher andando com pouca roupa e sensualizando nas ruas: 
- "As mulheres tem o direito de andar nas ruas com a roupa que quiserem sem serem assediadas. Elas devem ser respeitadas independentemente do comprimento da minissaia."
Situação B: Uma mulher com pouca roupa e sensualizando num comercial de cerveja:
- "Que absurdo! Essa sociedade machista e patriarcal fica aí explorando a beleza da mulher, usando a mulher como objeto sexual para vender cerveja! Tinham que proibir mulher de ser explorada sensualmente nesses comerciais!"

3. O moralista
Situação A: Uma mulher andando com pouca roupa e sensualizando nas ruas: 
- "Que pouca vergonha! Que coisa imoral! Mulher deve se dar ao respeito ao invés de sair quase nua no meio da rua!"
Situação B: Uma mulher com pouca roupa e sensualizando num comercial de cerveja:
- "Que pouca vergonha! Que coisa imoral! Mulher deve se valorizar ao invés de sair quase nua na televisão!"

Agora vamos analisar com calma:
O machista é contra as mulheres sensualizarem nas ruas, mas na televisão pode. Já as feministas são justamente o oposto, pois são contra as mulheres sensualizarem na tevê e na publicidade, mas nas ruas pode. Parece que o único grupo que é coerente - olha só que ironia - é justamente o dos moralistas, porque eles são igualmente contra a sensualidade tanto nas ruas quanto na publicidade. Eu sou o extremo oposto de um moralista e acho que a mulher tem o direito de usar a roupa que quiser: seja nas ruas, ou na publicidade, ou onde quer que seja. Eu sou totalmente libertário. Esse povinho que é contra isso ou aquilo está notavelmente querendo exercer algum tipo de controle sobre as mulheres, ainda que de forma disfarçada de politicamente correto. Já o homem ninguém questiona o modo de vestir, seja nas ruas ou na tevê. Mas foi mulher, pronto, começa a polêmica!

Isso aí: só homem sensual pode aparecer na mídia!

Uma palavra sobre as feministas
É claro que nem toda feminista é contra a mulher usar roupa curta ou sensualizar na tevê. Mas as que são contra sempre usam aquele discurso de que "ah, mas a publicidade é formada por homens que exploram a mulher como objeto". A mulher, nesses casos, sempre é vista como a coitadinha, a indefesa, a ingênua, a explorada, etc - como se as mulheres não tivessem poder de escolha, não tivessem juízo ou inteligência para depender de um bando de feministas moralistas para defendê-las de suas próprias escolhas.
Um dia desse eu quase caí da cadeira quando li num post gringo no Facebook de uma feminista que era a favor de uma lei que proibisse as mulheres de fazer comerciais "sensuais" e que também proibisse as mulheres de participar de filmes pornográficos. Vejam só: proibir as mulheres de fazer algo. Isso me soa tão ridículo quanto um idiota querer proibir as mulheres de votar ou mesmo de trabalhar fora de casa. Eu discordo totalmente desse argumento tosco de que as mulheres são coitadinhas indefesas, sem discernimento de nada e que não sabem o que querem para depender de uma ditadora feminista para decidir por elas o que elas podem ou não fazer. É como se as mulheres fossem um bando de crianças retardadas incapazes de responder pelos seus atos e medir as suas consequências. Isso é fenomenalmente ridículo, porque isso é diminuir a mulher ainda mais diante do homem. E outra coisa: essas feministas reguladoras da sensualidade feminina têm uma mente muito poluída para verem sensualidade em tudo. É preciso ter uma mente muito poluída para ver sensualidade até onde ela não existe. No dia que inventarem uma máquina do tempo, eu vou empurrar essa cambada toda de volta para Idade Média para se juntarem à Igreja na tentativa de proibir tudo que é "feio" e "imoral". Lá eles vão ser felizes.

Mulheres: eternas coitadinhas indefesas para a patrulha moralista feminista

Enfim, pra mim, chega. Cansei desse assunto.


Uai! Não gostou?
Então...