domingo, 31 de janeiro de 2021

O capitalismo dá os anéis para não perder os dedos


Quando vi a notícia de que um subgrupo do Reddit havia dado um prejuízo bilionário aos grandes investidores ao comprar em massa as ações da GameStop, fiquei com um pé atrás. Isso porque o mercado de ações é um ecossistema fechado, controlado pelos homens mais poderosos do capitalismo. Ao assistir um vídeo esclarecedor do professor Humberto Mattos sobre esse assunto, minhas desconfianças então mostraram-se verdadeiras. 

Ao contrário do que a direita liberaloide imagina, não foram alguns milhares de nerds do Reddit apaixonados por games que se uniram, do nada, para revolucionar o mercado de ações e mostrar o poder dos gamers, salvando a tão querida GameStop. O que aconteceu foi que bilionários (mais uma vez eles) agiram por trás dessa jogada. Foram os próprios especuladores tradicionais que encenaram essa "revolução", porque foram eles mesmos que conduziram o processo, instigando a galerinha da internet a agir como se fossem suas marionetes teleguiadas. Afirmo isso porque é praticamente impossível que pessoas comuns tenham condições, mesmo em grande número, de realizar tal feito: elas não possuem capital suficiente e nem informações privilegiadas para realizarem algo assim em um timing perfeito. Não é possível causar um prejuízo dessa ordem de grandeza no mercado especulativo sem que haja alguém grande de dentro dele mesmo agindo por trás dos panos. 

O objetivo dessa manobra foi apenas de criar um pretexto para que o Estado regulamente esse mercado (logicamente a favor dos "tubarões" de Wall Street) e o torne inacessível a novos especuladores em um momento de crise. Isso serve para manter o jogo do ganha-ganha entre aqueles que tradicionalmente já estão podres de ricos sem correr risco algum nessa espécie de "jogo de azar" dos ricaços. Ou seja: o mercado de ações é tipo um cassino dos bilionários feito para que eles fiquem ainda mais ricos. Esse estratagema foi mais uma manobra do capitalismo financeiro que se fecha ainda mais para se proteger de si mesmo, ou melhor: é o capitalismo dando os anéis para não perder os dedos.

Não se iludam. Não será possível fazer revoluções comprando ações na Bolsa. Isso é uma piada de mau gosto para que mais idiotas percam o seu dinheiro e achem que estão revolucionando ou mudando alguma coisa. Revoluções, para nós, pessoas comuns, se fazem através de consciência de classe, de greves organizadas e de luta sem trégua contra o capital. Afinal, o que gera riqueza não é a especulação, mas, sim, o TRABALHO.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2021

Jair canta: "É de chocolate"

Apesar da indignação causada pelo escândalo envolvendo o superfaturamento de alimentos do governo Bolsonaro, há quem consiga ao menos tirar uma coisa boa dessa desgraça toda: os memes. A seguir deixo uma singela homenagem do Bruno Sartori ao maior corrupto do país. Aumenta aí o som:

terça-feira, 26 de janeiro de 2021

Bolsonaro e a farra do leite condensado


 

Segundo o Dicionário Online de Português, a palavra 'deboche' significa: "Ação ou efeito de debochar, de zombar, de algo ou de alguém. Zombaria insistente; escárnio, zoação, caçoada." É por isso que eu acho que a palavra deboche traduz bem o que o governo Bolsonaro fez com o povo brasileiro. Segundo o Portal Metrópoles, o governo Bolsonaro gastou, apenas em 2020, mais de R$ 1,8 bilhão em alimentos. Aí você, caro bolsominion, vai dizer: "Uau! O meu Mito é generoso mesmo! Gastou quase 2 bilhões de reais com alimentos para os mais pobres". Tsc, tsc, tsc. Negativo. Para um boçal que nunca sentiu empatia por outros seres humanos, que nega a continuação do auxílio emergencial e que tem um ministro da economia neoliberal nível hardcore, não existe chance dele se preocupar em matar a fome dos mais pobres. O que o governo do Bozonaro fez foi gastar valores exorbitantes em alimentos para desviar dinheiro público. Simples assim.

Para se ter uma ideia da palhaçada, foram mais de R$ 32 milhões com pizza e refrigerante, R$ 6 milhões com frutos do mar, R$ 16 milhões com batata frita, R$ 15 milhões com leite condensado, R$ 2 milhões com chiclete e só o ministério da defesa gastou R$ 2 milhões com vinhos. Sobre este último item, realmente, esses milicos devem beber em um dia mais vinho que eu bebi na minha vida inteira, mas enfim (e eu achando que a vida na caserna era dureza...). Isso sem falar em gastos com outros alimentos como biscoitos, sorvete, massa de pastel, geleia de mocotó, picolé, pão de queijo, bombom, chantilly, achocolatado, canjica, maionese, rapadura, sagu, etc, etc... Para você ter uma ideia, só no caso do leite condensado, com R$ 15 milhões daria para comprar 7200 latas por dia durante todo o ano de 2020. Vai me dizer que isso não te cheira estranho?

O Bolsominion sem noção pode até tentar defender esses gastos alegando que "saco vazio não se põe de pé" e que os ministros e os demais funcionários públicos "precisam comer bem para governar bem". Caro Bolsominion, o senhor sabe o que é R$ 1,8 BILHÃO em DINHEIRO PÚBLICO? Sabe o que é gastar R$ 15 MILHÕES só com leite condensado? Isso se chama superfaturamento. E superfaturamento é corrupção. Pare de defender esse governo que já está feio, caro Bolsominion. Esse ser abominável que preside o país é corrupto e mentiroso, porque se elegeu com o lema: "Me chama de corrupto, porra!" E olha a merd@ aí. O país quebrado com milhões passando fome, com mais de 200 mil mortos com a Covid-19 e esse escárnio governamental. Já imaginou quantos cilindros de oxigênio dariam para comprar com R$ 1,8 bilhão? Enfim, mais um motivo para impichar esse boçal imundo, racista, machista, macarthista, aporofóbico e CORRUPTO. Lembre-se que por muito menos Dilma e Collor foram impichados.

#ForaBolsomonstro

Jogos da minha vida #5: The King of Fighters '96


Após quase quatro anos de ausência, a série Jogos da Minha Vida está de volta neste bloguinho. O último título abordado foi o Halo Combat Evolved lá em 2017. Os outros jogos que também mereceram um lugar nesta série foram The Witcher 3, Life is Strange e Shadow of The Colossus. Neste post, vou mostrar a experiência inesquecível que tive com o jogo de luta mais marcante da minha vida, que foi o The King of Fighters '96 (ou simplesmente KoF 96, para os íntimos).


Como tudo começou
Dia 26 de dezembro de 1996: me recordo bem da data que tive meu primeiro contato com a série KoF. Eu tinha 13 anos de idade. Foi numa festa de aniversário realizada em uma famosa pizzaria da minha cidade que tive a oportunidade de conhecer o jogo de luta que me marcaria mais que clássicos como Mortal Kombat e Street Fighter. Tinha uma área nessa pizzaria cheia de máquinas de fliperama com jogos como Tekken, Cruis'n USA, Metal Slug, Samurai Shodown, Aero Fighters e um game de futebol bem louco. E no meio deles tinha um que o pessoal fazia fila para jogar por ser uma máquina nova. Esse arcade novo era um tal de The King of Fighters '96. Só de olhar para o game, eu já fiquei louco para jogar. Foi paixão à primeira vista. E não deu outra: gastei minha mesada inteira naquela noite comprando fichas para jogar o KoF 96. E como estávamos numa pizzaria, uni o útil ao agradável enquanto rolava um rodízio de pizza de respeito: ora era jogando, ora era comendo pizza. E depois ainda teve bolo, brigadeiro, refrigerante, mais pizza e mais KoF. Eu simplesmente viciei no jogo. E a paixão por aquele game durou por anos.


Todos os times do KoF '96.


Minhas impressões
O KoF '96 – que era a continuação cronológica dos KoFs '94 e '95 – diferentemente dos demais jogos de luta famosos, te dava a possibilidade escolher 3 lutadores para formar o seu time em um combate de 3 contra 3. E isso, por si só, já era incrível, porque uma fichinha durava mais, já que as lutas tinham, no mínimo, 3 rounds. Você podia adotar estratégias variadas ao montar o seu time, escolhendo personagens mais defensivos, mais ofensivos, mais técnicos, mais resistentes e ainda escolhia a ordem em que eles iriam lutar. Cada personagem daquele jogo era único e incrível, todos eram carismáticos e alguns deles eu conhecia de outros games como Terry e Andy do Fatal Fury e Robert e Ryo do Art of Fighting. A jogabilidade do game era rápida, fluida, fácil e dinâmica. As músicas foram as melhores da série KoF e os cenários eram bem vivos e bonitos. Uma coisa marcante neste KoF em relação aos outros games da série é que ele foi o único que teve um time de três chefes de outros games (Mr. Big, Geese e Krauser). Eu simplesmente adorei isso, porque eu achava esses chefes incríveis desde que assisti o US Mangá Corps na Rede Manchete com os desenhos do Art of Fighting e do Fatal Fury. E outra coisa apelona deste jogo é que quando seu personagem estava com a 'vida baixa', você podia soltar golpes super especiais infinitamente. Vocês não têm ideia do quanto eu apelava contra meus rivais usando isso.

O famoso trio de chefes do KoF '96.

Como este game marcou a minha vida
No ano seguinte, 1997, eu voltei a jogar este game numa galeria que tinha perto da minha casa que era cheia de fliperamas. Toda sexta-feira de tarde eu levava R$ 5 para a galeria e como a fichinha (no início) custava só 10 centavos, eu comprava logo umas 30. Eu enchia os bolsos de fichas e depois ainda gastava os R$ 2 que sobravam na pastelaria do lado do fliper onde o pastel de vento com refrigerante saia por R$ 2. Era uma alegria. Eu gastei horas e horas jogando vários jogos de arcade naquela galeria, em especial, o KoF 96, que nunca consegui zerar na máquina porque o boss final, um tal de Goenitz, apelava pra dedéu. Pena que alegria de pobre dura pouco e algumas semanas depois, a minha mãe tinha me proibido de ir ao fliperama, porque ela achava que lá só tinha marginal e era ponto de venda de drogas (obviamente não era nada disso). E isso foi um duro golpe para mim. Eu passei o ano de 1997 inteiro (e parte de 1998) louco para jogar este game. Infelizmente, só fui rejogá-lo em 2003, em um emulador para PC chamado Neo Rage X (que, aliás, uso até hoje). Enfim, a solução que encontrei para lidar com a saudade deste game durante os anos seguintes a 1997 foi escrever uma estória nos meus cadernos escolares envolvendo os personagens do jogo e também do meu anime favorito da época: Yu Yu Hakusho. Também fiz revistinhas caseiras baseadas na famigerada revista Herói onde eu fazia um compilado de todas as informações que achava nas revistas de games sobre a série KoF.

Agora imagine você ter 13 anos de idade, ser um apaixonado por games, não ter amigos, não ter nada bacana para fazer na vida e só poder jogar nos finais de semana seu console caseiro por até, no máximo, 1 hora seguida. Quando eu visitava os fliperamas, podia jogar por horas sem ninguém me irritar ou mandar parar (e ainda comia pastel no final, eheh). KoF 96 foi um marco na minha vida de gamer, porque me trouxe um pouquinho de alegria em uma época super difícil onde eu tinha perdido a minha avó, perdi meus amigos na escola, perdi meus amigos do bairro, estava meio deprê, não tinha hobbys, tinha saído do curso de inglês, minha família estava sem grana, tinha parado de fazer viagens... Minha vida estava um lixo e as minhas maiores alegrias na época foram justamente o anime Yu Yu Hakusho (que virei fã até hoje) e esse game maravilhoso chamado The King of Fighters 96. E adicione ao KoF coisas gostosas como pizza, pastel, refrigerante e outras delícias que sempre que falo sobre KoF 96 ativam a minha memória afetiva-sinestésica.


Mas a paixão pelo game não parou por aí. Lembra que eu falei que voltei a jogar o game em 2003 num emulador? Pois é, na virada de 2003 para 2004, já aos 20 anos de idade, eu rompi o ano jogando Neo Geo no emulador do meu primeiro PC que ganhei um dia antes. E foi uma festa, porque foi a família toda reunida (e minha família é grande) fazendo festa pela casa enquanto eu jogava KoF com primos, sobrinhos, amigos e visitantes lá dentro do meu quarto que virou uma verdadeira GameStation. Comecei a jogar na tarde do dia 31 de dezembro e só parei de jogar às 7h da manhã do dia (ou melhor, do ano) seguinte. Fora todas as outras vezes nos anos seguintes que joguei o KoF 96 e outros KoFs no emulador. Posteriormente, também joguei outros KoFs no Playstation e nas GameStations dos shoppings centers. Apesar do KoF 97 e do KoF 98 serem tecnicamente melhores que o 96, o carinho que eu tenho pelo KoF 96 sempre será maior, afinal, ele foi um jogo que marcou a minha vida.

domingo, 24 de janeiro de 2021

A única saída honrosa para Bolsonaro é a renúncia


Após analisar friamente todas as possibilidades, cheguei à conclusão que a melhor saída para a criatura abjeta que preside o país é a renúncia. Ora, a renúncia dispensaria um longo e desgastante processo de impeachment, manteria os direitos políticos do Bolsomonstro, deixaria os escândalos de corrupção de sua familícia em segundo plano e entregaria o todo caos econômico e sanitário do país nas mãos dos militares. Bastaria o inominável alegar um problema de saúde mais grave e ele sairia dessa turbulência de baixa popularidade, da derrota do ídolo Trump do comando dos EUA, de pandemia e de crise econômica sem maiores problemas. Um acordão por baixo dos panos com a burguesia, com os militares e com o centrão e pronto: problema resolvido. O problema da renúncia é que ela me parece uma solução superficial. Mesmo com a saída do miliciano genocida, os problemas continuariam praticamente os mesmos, só que com o general Mourão no comando. E como alguns já perceberam, Mourão é mais competente que a besta-fera miliciana em levar o plano econômico aporofóbico da plutocracia adiante.

sábado, 23 de janeiro de 2021

Uma aulinha básica de economia



Que tal refletir um pouco sobre a economia e a distribuição de riquezas dentro do sistema capitalista? Para não parecer que estou sendo parcial, vou deixar abaixo a opinião de dois grandes economistas, um de esquerda (Eduardo Moreira) e outro de direita (Delfim Netto), para que sirva de reflexão para o momento que estamos vivendo. A direita dogmática precisa ouvir o que estes dois homens têm a falar antes de defender as tolices neoliberais vindas da Escola de Chicago e da Escola Austríaca.




sexta-feira, 22 de janeiro de 2021

Quem vai tirar esses generais daí?


Se você, caro leitor, conhece um pouco mais a fundo a nossa história, deve saber que o Brasil levou mais de uma década após a redemocratização para desinfetar de vez os milicos do governo: fato que só se consumou no governo neoliberaloide de FHC. E após um breve período democrático relativamente "normal", tivemos o Golpe de 2016 e o partido fardado retornou em peso ao governo junto com o Bolsomonstro em 2018. Mas a pergunta que fica com isso é: como e quando esses milicos todos irão largar as tetas do Estado novamente? Quem irá tirá-los de lá dessa vez? Eu pergunto isso porque nenhum país desenvolvido do mundo tem militares infiltrados no poder. Somente repúblicas bananeiras de terceiro mundo é que ostentam gorilas fardados nos mais altos cargos públicos. Os militares, no meu entendimento, sempre tiveram a função de defesa: eles são funcionários públicos como qualquer outro sem direito a qualquer privilégio ou a chantagear outros poderes, como o legislativo e o judiciário, por exemplo. Da última vez que os militares estiveram no poder, entregaram um país quebrado com uma inflação que custou diversos planos econômicos para ser controlada. Isso sem falar da censura, dos "desaparecidos" e das maracutaias todas que ocorreram durante o regime militar. Até quando a caserna vai tutelar a nossa plutocracia democracia?

quinta-feira, 21 de janeiro de 2021

Não há solução fora da política


Cuidado, camaradas, estão oferecendo as soluções erradas para os problemas do nosso povo. As pessoas querem emprego, querem passar em concurso público, querem entrar numa faculdade, querem melhorar a renda, querem tratar suas doenças sem gastar uma fortuna, querem qualidade de vida, querem realizar seus sonhos e a solução apresentada pelos canais da burguesia, normalmente, ou passa pela "fé", ou passa pela "meritocracia". Isso é uma mentira para esconder a real solução dos nossos problemas. 

Na verdade, a solução passa pela POLÍTICA, porque é o ESTADO que deve oferecer educação para a formação básica, a redistribuição de renda para criar demanda e saúde universal gratuita para que você não vire estatística. É o Estado que deve cuidar desses investimentos públicos através de políticas inclusivas voltadas para a classe trabalhadora. Falta de emprego, de educação, de oportunidades, de saúde e de renda quase nunca é um problema individual das pessoas. Na verdade, esses são problemas estruturais do capitalismo. Esqueça essa balela de meritocracia, porque ela não existe dentro do sistema capitalista. Tudo no capitalismo é distorcido para favorecer as classes dominantes. Você não é pobre por ser burro, preguiçoso ou incapaz. Você é pobre porque o sistema foi construído para que você e a maioria dos seres humanos fosse saqueada e ficasse desse jeito. Culpar você individualmente pelo seu próprio fracasso é uma cortina de fumaça, porque a verdadeira culpada pelo seu fracasso é a estrutura hierárquica do sistema político-econômico em que vivemos.

Sem política, ninguém muda o mundo.


Entre as camadas mais populares da população é o neopentecostalismo que tem se aproveitado dessa ausência de políticas públicas para fazer lavagem cerebral nas pessoas. Mas é justamente a ausência de políticas públicas do Estado que gera violência, desigualdade, desesperança, desemprego, pobreza, miséria, doença, roubalheira e morte. A religião não resolve esse tipo de problema. As igrejas vendem a ilusão da prosperidade e cobram o dízimo. E aí que o pobre fiel tem uma sensação equivocada de que seus problemas resolver-se-ão com oração, ofertas e jejum. Não me levem a mal, eu entendo e respeito a sensação de acolhimento, de recompensa e de pertencer a um grupo em meio a nossa sociedade excludente e individualista que as religiões proporcionam, mas isso não é solução para os problemas da coletividade. Se ser religioso te faz feliz, então que tu sejas feliz assim. Mas os problemas da sua família, da sua comunidade e do seu país não cairão do céu através de uma graça divina. Eles só serão resolvidos através do engajamento político e da luta social. 

O mesmo alerta também vale para os progressistas que acham que irão acabar com as desgraças do mundo capitalista com pautas identitárias, lacração e memes. Não. Não irão. Para acabar com a pobreza e com a exploração da classe trabalhadora é necessária uma consciência de classe e uma insurreição coletiva contra o capital. Um espírito transgressor despolitizado é só um espírito de porco que serve de joguete para os plutocratas que mandam no mundo e fazem da nossa vida um inferno. É preciso entender a raiz dos problemas e jogar duro contra os reais donos do poder. Do contrário, seremos apenas pobres coitados correndo atrás do próprio rabo.


quarta-feira, 20 de janeiro de 2021

O machismo mutila os homens emocionalmente


Certa vez, me questionei por que os homens normalmente são tão possessivos e inseguros em seus relacionamentos. A conclusão a que cheguei após um tempo de inferência é que a maioria dos homens é extremamente imatura com relação aos seus próprios sentimentos porque foram ensinados, desde a infância, a reprimir suas emoções. As reações desproporcionais dos homens à traição ou ao fim dos relacionamentos é um sintoma claro da falta de saber lidar de forma sadia e madura com as perdas e com o luto. Os homens precisam aprender a chorar, a exprimir os próprios sentimentos e a extravasar suas angústias sem sentir medo: sem se sentirem menos homens por isso. E para piorar, ainda temos o maldito sexismo, que piora tudo, já que ele reforça a ideia de que as mulheres são objetos que pertencem aos seus namorados e maridos. Todos esses problemas estão invariavelmente ligados a uma cultura de supremacia de gênero tão estúpida quanto arcaica. E é por isso que combater a desigualdade entre os gêneros é uma luta de todos os seres humanos. Não podemos permitir que a mutilação emocional masculina continue a existir no século XXI. 

Homens, libertem-se! E lembre-se que chorar em tempos de machismo é um ato revolucionário.

terça-feira, 19 de janeiro de 2021

O Punk Rock me libertou


Apesar de não me identificar como um punk propriamente dito, muito do que sou hoje, com certeza, se deve a esse movimento cultural. O Punk Rock ajudou a definir a minha orientação política, a me libertar da timidez e a ter um ponto de vista crítico com relação a tudo na vida. Se hoje eu sou subversivo, progressista, secularista e livre pensador, com certeza, eu devo essas coisas ao punk. E no mundo capitalista decadente de hoje, com uma pandemia assassina, com violência racial, com feminicídio, com desemprego, com ameaças de guerra e com idiotas autoritários no poder, o punk se faz mais do que necessário mais uma vez. Precisamos de mais rebeldia, de mais vozes dissidentes e de ideias novas para construir um mundo novo. Todo esse lixo neofascista, essa mentalidade medieval dos reaças e o imperialismo norte-americano precisam ser chacoalhados. 

É hora de acordar, meu caro revolucionário! Essa merda tem que acabar!

segunda-feira, 18 de janeiro de 2021

Crer em deuses não é obrigatório



Certa vez, duas mulheres, não me lembro de que igreja (acho que eram Testemunhas de Jeová), me chamaram para conversar no portão da minha casa num domingo de manhã. As duas mulheres foram até bem simpáticas, mas quando eu disse a elas que não acreditava em deus (entenda como 'deus' o deus judaico-cristão), elas ficaram visivelmente escandalizadas. Imediatamente, elas se despediram e foram embora com um ar de indignação.
Essa não foi a primeira vez que vi pessoas indignadas ao se depararem com descrentes. Isso, diga-se de passagem, acontece com bastante frequência, porque as pessoas comuns – que são ignorantes em relação a outras crenças – não sabem lidar com a fé diferente devido ao pensamento dogmático imposto pelas religiões.

Infelizmente, ainda existe muito preconceito com pessoas que não são cristãs, especialmente os ateus, que são vistos por muitas igrejas como pecadores imundos ingratos com Jesus. As pessoas costumam ter uma falsa dicotomia muito perigosa com relação a suas crenças. Ou você crê no mesmo deus que elas, ou você é um ser maldito. Num mundo onde temos centenas (senão milhares) de religiões, é muito ingênuo e perigoso achar que só a sua religião é a única verdadeira. Eu mesmo já li bastante sobre diversas religiões, mas nunca me senti atraído ou encantado por nenhuma delas, muito pelo contrário. Sinto-me muito feliz e realizado sem ter crenças religiosas. Eu não preciso de uma religião para que a minha vida seja rica de sentido e felicidade.


No que eu creio?
Eu gosto de me definir como uma metamorfose ambulante, porque nunca gostei de rótulos e nunca me senti 100% convicto em nenhuma crença que tive ao longo da vida. Hoje, eu me considero um panteísta, que seria uma espécie de "ateísmo romantizado". O deus que acredito não é esse deus pessoal e humanoide que faz parte do imaginário popular das religiões abraâmicas. Os deuses pessoais, no meu ponto de vista, não passam de pura criação humana. Não há e nunca houve qualquer prova da existência de qualquer deus pessoal desde os tempos da antiga Pérsia (Zoroastrismo), da Babilônia (Enuma Elish) e da antiga Mesopotâmia (Epopeia de Gilgamesh). O deus judaico-cristão também segue na mesma linha dos deuses antigos. Não vejo qualquer verossimilidade nos textos supostamente sagrados atribuídos aos deuses atuais. Aliás, todos os deuses atuais são baseados em crenças mais antigas, em crendices ou em sincretismo religioso.

A minha crença é em um deus impessoal, inconsciente, sem aparência definida e sem ligação direta com nossos anseios existenciais. Deus, para mim, é o próprio cosmos e toda a energia que o permeia. E não crer nos deuses das religiões não me torna uma pessoa imoral ou má, porque a boa índole vem do caráter e o caráter vem de uma série de elementos não espirituais como educação, empatia, valores seculares (sociais), respeito e amor aos semelhantes. Não é necessário crer numa divindade para ser uma pessoa que respeita a ética e os valores humanos. É por isso que é preciso acabar com essa visão preconceituosa sobre os descrentes. Ninguém é melhor ou pior por ter ou não uma crença religiosa.


De onde vem a fé?
A crença numa religião ou seita específica é determinada, na grande maioria das vezes, pela pressão social que uma determinada cultura exerce no tempo e no espaço. Se você nascesse num país de maioria muçulmana, por exemplo, haveria muito mais chance de você ter sido muçulmano do que ter sido cristão. Se você tivesse nascido na Grécia antiga, havia uma grande chance de ser politeísta. A religião dos pais, neste caso, é o fator mais decisivo, porque são os pais que inserem a criança desde muito nova nos rituais de suas crenças.

Já a crença em algum deus, seja ela ligada a religião ou não, vem do que eu chamo de 'angústia espiritual'. Essa angústia espiritual existe diante de três aspectos: 1- da dúvida diante da origem de tudo que existe; 2 - dos sofrimentos da vida e 3 - do desconhecido que há após morte. Ou seja, a maioria das pessoas acredita ou no "deus das lacunas" (lacunas do conhecimento humano), que se chega através de perguntas como "de onde viemos" e "para onde vamos". Ou então no "deus da panaceia", que é aquele deus que serve como amparo para curar todas as dores, doenças e problemas da vida.
Quando você se torna um descrente, esses aspectos precisam estar bem resolvidos dentro de você, senão haverá sofrimento e até mesmo depressão, como aconteceu comigo quando caiu a ficha de que o deus judaico-cristão não passava de uma criação mítica humana. Uma pessoa só se torna uma descrente livre e feliz quando ela aprende a lidar com a dor, com as angústias e com as dúvidas de forma saudável e sem recorrer a muletas sobrenaturais.

Enfim, o que me torna feliz mesmo sem crer em um pai bondoso que criou o universo e que me ama muito é a capacidade que eu tenho de lidar de forma saudável com as intempéries da vida. Eu aprendi a ser forte e a tirar forças de dentro de mim mesmo diante das dificuldades. E sobre a origem do cosmos, o universo não precisa necessariamente ter uma causa: ele pode sempre ter existido de outras formas. E se teve uma causa, essa causa não necessariamente foi uma inteligência superior. O universo pode ter surgido de outros universos, de uma colisão de buracos negros pandimensionais ou qualquer outra causa física desconhecida. Como bem disse Christopher Hitchens, "depois da invenção do telescópio e do microscópio, a existência de Deus não serve mais para justificar nada". Diante dessa frase do Hitchens só me resta mesmo dizer "amém"!

Namastê!

domingo, 17 de janeiro de 2021

O lucro acima da vida

Dando uma olhada rápida nas notícias do país, eu pude constatar que empresas privadas de transporte público estão amontoando os trabalhadores em ônibus e metrôs lotados em pleno auge da segunda onda pandemia do coronavírus. O que acontece é que muitas empresas de ônibus – que já tinham dispensado os cobradores dos transportes para maximizar seus lucros – agora estão colocando menos ônibus ainda em circulação para economizar os gastos com manutenção e combustível. E com o auxílio emergencial extinto, infelizmente, não resta ao povo outra alternativa a não ser ter que se expor ao risco de contaminação, encarando esses transportes abarrotados para poder sobreviver. O resumo da ópera é que a classe trabalhadora está sendo forçada a ir para o abatedouro. É cruel, é desumano, é genocida – mas é assim que funciona a lei do lucro. 

Mas a tragédia não para por aí. Em Manaus, onde atingiu-se o colapso do sistema de saúde por falta de oxigênio, a polícia apreendeu 33 cilindros de oxigênio que estavam sendo vendidos acima do preço para atender a fins especulativos. Isso é, literalmente, o lucro sendo colocado acima da vida de milhares de pessoas. E ainda há quem justifique essa barbaridade (a turma do "imposto é roubo") alegando que os impostos são altos demais e que tem que vender oxigênio caro mesmo para compensar. Vale lembrar que esse tipo de prática é absolutamente trivial dentro do capitalismo, porque é a lei da oferta e da procura, ou como dizem os liberais: é o "livre mercado". E olha que eu nem mencionei a mercantilização da vacina contra a Covid-19, que provavelmente será adquirida primeiro pelas clínicas privadas brasileiras antes do governo começar a vacinar gratuitamente os grupos de risco. Aí eu te pergunto para reflexão: será que tem disso em Cuba?

É o capitalismo, baby.

Enquanto isso, a elite econômica (tanto nacional quanto mundial) enriquece cada vez mais sem trabalhar. Os bilionários estão mais ricos do que nunca e, no caso brasileiro, a casta rentista encabeçada pelos grandes bancos privados saqueia o Estado de todas as formas possíveis e imagináveis. Ao contrário do que o ministro Paulo Guedes disse certa vez, os verdadeiros parasitas não são os "servidores públicos", mas sim esse bando de bilionários que não trabalham, que herdaram fortunas incalculáveis, que não pagam quase nada de impostos e que lucram cada vez mais com sua influência e poder sobre a política nacional. O mundo não precisa de bilionários, o mundo precisa de políticas de redistribuição de renda, de justiça social, de pleno emprego e do fim dessa loucura autodestrutiva chamada capitalismo. E para completar o desastre ainda temos o imperialismo euroamericano para saquear nossas riquezas, roubar nosso povo e evitar o nosso crescimento econômico. A Operação Lava Jato, por exemplo, foi pensada e planejada pelas elites internacionais com o intuito de destruir nossas construtoras que concorriam com as empresas estrangeiras de engenharia no cenário internacional. O resultado disso é desemprego, desindustrialização e prejuízo econômico para toda a nação. Qualquer semelhança com o neoliberalismo não é mera coincidência.

Essa é a lógica insana do capital: o lucro acima da vida. Enquanto uma minoria parasitária fica podre de rica, a grande maioria que produz a riqueza é explorada, saqueada e assassinada. E depois neguinho não entende porque tem tanto comunista no mundo.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2021

Bolsonaro só cairá com grande pressão popular


Não sejam ingênuos. Não adianta achar que Rodrigo Maia ou que seu sucessor na presidência da câmara irá dar abertura ao processo de impeachment do miliciano genocida, porque isso não tem a menor chance de acontecer. Parte importante das Forças Armadas apoia Bolsonaro incondicionalmente e a elite financeira está satisfeita com o plano econômico do atual governo. Pronto, isso basta para que o inominável jamais seja impichado. É por isso que apesar das críticas e das notas de repúdio, Bolsonaro não sofrerá processo de impeachment. O presidente da câmara dos deputados é apenas um lacaio do real poder, ele nada pode fazer por conta própria. Então o único jeito para forçar a saída do ser abominável que brinca de presidir a república é através de uma grande pressão popular nas ruas. Se as pessoas não se indignarem e não colocarem pressão nos políticos, as coisas continuarão rigorosamente como estão com o psicopata negacionista desdenhando o caos sanitário que o país atravessa.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2021

Por que não creio em deuses?


Pois é, faz tempo que não escrevo sobre deuses e religiões. Eu tenho evitado escrever sobre esse assunto de forma crítica por duas razões básicas. A primeira razão é a falta de interesse mesmo, já que tenho pouco tempo para escrever e assuntos mais interessantes para tratar. E a segunda razão é para não desamparar espiritualmente os religiosos. Isso porque eu compreendo na essência o que leva as pessoas a seguirem uma religião/doutrina e a acreditarem em deuses. Afinal, já fui cristão um dia e sofri bastante quando perdi minha fé. Acho cruel tentar tirar dessas pessoas o único refúgio existencial que muitas delas têm diante das aflições da vida. Mas se as pessoas não se importarem em saber por que sou irreligioso, agnóstico e apateísta, então tenho que ser franco com elas.

Eu sou o que sou porque tudo que e vi e vivi ao longo da vida me levou à conclusão que, ao contrário do que as crenças espirituais pregam, não há verdades supremas no universo. Não há como haver certezas absolutas para nós, humanos, que temos uma percepção sensorial muito limitada da realidade e estamos em constante processo de aprendizagem e autocorreção. É precipitado, no meu entendimento, tirar conclusões definitivas sobre todas as coisas baseadas exclusivamente na fé ou em evidências anedóticas (pessoais). E as religiões são uma maneira de direcionar a fé das pessoas para uma percepção equivocada da realidade que se enquadre dentro dos padrões morais de uma sociedade. A religião serve, basicamente, para preencher o vazio existencial das pessoas e para tentar colocar uma ordem social e moral no mundo. Eu, hoje, creio em tudo aquilo que não contraria as evidências. E a existência de certas entidades sobrenaturais e seus dogmas me parecem contrariar muito todas as evidências racionais e científicas por violarem constantemente as leis da física e da lógica. Sem falar que eu não preciso seguir uma religião para entender a importância de ser uma pessoa ética, correta e generosa.
 
Eu acho absurda, por exemplo, a ideia de deus ser um velho de pele branca sentado num trono sobre as nuvens preocupado em fiscalizar a vida íntima das pessoas. Seria, no mínimo, sem sentido criar um universo com bilhões de galáxias para se preocupar com uma única espécie de um único planeta de uma única galáxia. É por isso que a minha visão de deus é uma visão panteísta. Ou, na pior das hipóteses, uma visão pandeísta que considera que o universo é, na verdade, um experimento: uma simulação criada por alguma super inteligência artificial pandimensional. Ainda que o mais provável, para mim, seja que o universo é apenas um entre infinitos universos de um multiverso infinito que nunca teve começo ou terá fim. As coisas não teriam um porquê. As coisas simplesmente são como são sem causalidade e ponto. O finito (nós) não pode compreender o infinito (multiverso). 

 
Pelo que tenho observado, para a maioria das pessoas, o deus de hoje (do século XXI) é um misto de "deus das lacunas" com o "deus da panaceia". Ou seja: é um deus que serve tanto para explicar coisas que não entendemos ou não conhecemos, tais como a morte e a origem de tudo; quanto para acalmar ou curar as nossas inquietações existenciais envolvendo a doença, o medo, a solidão, o desemprego, a dor e a angústia. Eu não preciso desse tipo de deus, porque acho que conviver com o desconforto da dúvida e a aflição do sofrimento é algo necessário para evoluirmos tanto como indivíduos quanto como espécie. Esse tipo de deus que é uma espécie de 'escapismo da realidade', uma 'muleta espiritual' ou um 'amigo imaginário' não é necessário para que a minha existência seja rica de significado. Viver é sofrer e a sabedoria está justamente em saber lidar com esse sofrimento. Uns buscam a religião para encontrar essa sabedoria, já outros buscam a sabedoria e a resolução de conflitos existenciais na filosofia, na ciência, a política, na filantropia ou mesmo no amor.
 

Outra coisa que me afasta da crença de um deus dogmático é que ele manda para o inferno (e por toda eternidade) quem segue uma religião diferente da que ele determina. É um absurdo uma pessoa passar e eternidade no inferno só porque não seguiu uma religião específica. Essa mentalidade medieval de vigiar e punir é por demais primata para soar como algo divino, ainda mais ligada a um ser supostamente "superior e perfeito". A ideia de um deus punitivo sempre me pareceu mera tentativa de controle social por parte das religiões com conteúdo ético. Deus, hoje, como mencionei anteriormente, virou uma fuga da realidade, um escape dos que estão desesperados atrás de emprego e saúde. Se há um deus preocupado com nós, certamente deveríamos procurar por ele não pelo desespero, mas pelas boas obras, tais como o amor, o respeito, a solidariedade, a gratidão, a alegria, o altruísmo, a empatia. Sem falar que um deus que se revela aos homens através de livros antigos em um mundo de analfabetos é, por si só, uma grande contradição.


Mas o grande problema mesmo na crença de entidades sobrenaturais é que essas crenças geralmente são alienantes e conflitantes entre si. Quase sempre essas crenças privilegiam grupos específicos e mantém o sistema dominante intacto. Enquanto muitas pessoas cristãs acham que o problema do mundo está no demônio e no pecado, o verdadeiro problema do mundo está nas questões práticas. Injustiça social, empobrecimento da classe trabalhadora, imperialismo, preconceitos, miséria e violência se resolvem com atitude, com conhecimento e com luta. Ficar dentro de um templo rezando e dando dinheiro pro pastor não vai mudar em nada o mundo. Essa coisa quase folclórica das religiões abraâmicas de enredar histórias fantásticas entre o bem e o mal foi copiada de religiões antigas e me soam por demais mitológicas e distantes da realidade. Elas já não servem mais para a realidade dos nossos dias.

Enfim, como eu sou um sujeito pragmático, cético e curioso, as crenças religiosas não têm nada a ver comigo. Ainda bem.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2021

Ou Bolsonaro cai agora, ou ficará para sempre


Acredito que a essa altura todo mundo já deve ter visto a tentativa destrambelhada de golpe de Estado que rolou nos EUA por parte dos apoiadores de Donald Trump. Esse ataque contra a democracia americana se deve ao não reconhecimento da derrota nas eleições por parte de Trump e também pelo crescimento da extrema-direita nos Estados Unidos. Ao contrário do que os imbecis despolitizados dizem por aí, não há mais risco de "golpes comunistas" desde a queda do Muro de Berlim nos anos 1980. O risco real que há no século XXI frente à crise do capitalismo financeiro é o do neofascismo, neonazismo e outras ramificações da extrema-direita. O empobrecimento de uma classe média despolitizada sempre leva ao fascismo. Contudo, ironicamente, a solução para que a classe trabalhadora tenha uma melhor qualidade de vida passa obrigatoriamente por políticas "esquerdistas" de redistribuição de renda e taxação justa de riquezas. Enquanto a classe média não se perceber como trabalhadora e que a esquerda é sua aliada, será sempre ignorante e fascista. E o resultado é sempre esse.

Enfim, o ponto crítico desta postagem é o alerta de que estamos correndo um risco muito sério de Golpe de Estado em 2022. As pesquisas já estão mostrando uma queda na popularidade do inominável e ela tende a piorar ainda mais com o agravamento da crise, do desemprego, da inflação, com o fim do auxílio emergencial e com o aumento assustador de mortes pelo coronavírus. Acho difícil uma reeleição do inominável em 2022 e é óbvio que ele irá imitar seu ídolo Donald Trump caso perca nas urnas. Se os militares ficarem do lado dele e suas milícias o apoiarem, pode ter certeza que o que sobrou da nossa frágil democracia irá para o beleléu até 2023.

É por isso que o psicopata que brinca de presidir a república precisa ser urgentemente impichado ou preso. Porque se nos EUA, que é "a maior democracia do planeta", teve o que teve, imagine então no bananão do sul aqui...


segunda-feira, 4 de janeiro de 2021

A tecnologia tornar-nos-á imortais?



Todo mundo viu o desastre que foi o lançamento de Cyberpunk 2077 em dezembro de 2020. Mas apesar do jogo ter vindo incompleto, bugado e quebrado, seu enredo salvou o game da decepção total. A história do game envolvia um tal chip da imortalidade que guardava a mente (consciência) digitalizada do falecido roqueiro Johnny Silverhand. Essa ideia de imortalizar alguém usando a tecnologia de backup não é nova, mas isso só pode ser possível, de fato, se o universo onde vivemos for uma simulação computadorizada. Se vivemos numa simulação fechada de um supercomputador do futuro, então significa que tudo é matemático e programável; e se tudo é matemático, toda informação então pode ser traduzida em código binário, copiada e emulada. Daí que emular uma consciência nessas condições é teoricamente possível.

Nosso universo, se for realmente simulado, certamente se trata de um experimento virtual de civilizações avançadas de outras realidades ultradimensionais inacessíveis. Se não existir um limite de avanço tecnológico para essas civilizações avançadas, isso significa que absolutamente qualquer coisa é possível para elas a depender apenas da quantidade de energia disponível. Civilizações do tipo 4 e 5 na escala de Kardashev com energia ilimitada seriam capazes não apenas de imortalizar consciências, mas também recriar universos inteiros a nível quântico. O que as religiões chamam de "deuses" seriam, nessa hipótese, seres inimaginavelmente mais inteligentes do que nós. Esses seres seriam 100% máquinas ou inteligências artificiais pelo simples fato de que os robôs dão saltos evolutivos maiores por dobrar sua capacidade de processamento muito mais rápido que a vida orgânica poderia fazer e eles também se adaptam muito mais facilmente aos ambientes inóspitos. Portanto, uma civilização milhões de anos mais avançada que a nossa seria capaz de criar qualquer coisa que se possa imaginar em um hiperespaço simulado, incluindo aí universos inteiros em supercomputadores neuromórficos do futuro. 

O que todas essas abstrações significam é que é bastante provável que um dia a morte seja algo superável. Talvez, seja justamente a imortalidade que nos separe das civilizações alienígenas avançadas que possam existir por aí. Eu não sei de que maneira seria possível fazer um backup da nossa mente e nem como isso implicaria nas questões legais e filosóficas. O fato é que se tudo que chamamos de cosmo não passar de uma série de simulações dentro de outras simulações, nem precisaríamos fazer upload das nossas consciências, bastaria apenas esperar para que o próximo universo idêntico ao nosso fosse recriado em simulação. Assim nasceríamos eternamente em novas vidas nesses universos, como uma espécie de matrioska cósmica sem fim.

sexta-feira, 1 de janeiro de 2021

Para que serve o capitalismo?



Recebi, há algum tempo, um texto interessante do teólogo Leonardo Boff onde ele refletia sobre a necessidade de revermos os nossos conceitos sobre o capitalismo frente à pandemia do coronavírus. A pandemia, como Boff explicou em seu texto, mostrou que o capitalismo é ineficaz para proteger as pessoas de catástrofes naturais e doenças. Mais do que isso: o capitalismo adoeceu o planeta e a todos nós. Vou deixar a seguir o texto do teólogo na íntegra para que cada um tire as próprias conclusões. Afinal, para que serve o capitalismo?


*O perfeito desastre para o capitalismo do desastre*
Por Leonardo Boff:

A atual pandemia do coronavírus representa uma oportunidade única para repensarmos o nosso modo de habitar a Casa Comum, a forma como produzimos, consumimos e nos relacionamos com a natureza. Chegou a hora de questionar as virtudes da ordem do capital: a acumulação ilimitada, a competição, o individualismo, a indiferença face à miséria de milhões, a redução do Estado e a exaltação do lema de Wallstreet:”greed is good”(a cobiça é boa). Tudo isso agora é posto em xeque. Ele tem dias contados.

O que agora nos poderá salvar não são as empresas privadas mas o Estado com suas políticas sanitárias gerais, sempre atacado pelo sistema do mercado “livre” e serão as virtudes do novo paradigma, defendidas por muitos e por mim, do cuidado, da solidariedade social, da corresponsabilidade e da compaixão.

O primeiro a ver a urgência desta mudança foi o presidente francês, neoliberal e vindo do mundo das finanças E. Macron. Falou claro: “Caros compatriotas, precisamos amanhã tirar lições do momento que atravessamos, questionar o modelo de desenvolvimento que nosso mundo escolheu há décadas e que mostra suas falhas à luz do dia, questionar as fraquezas de nossas democracias. O que revela esta pandemia é que a saúde gratuita sem condições de renda, de história pessoal ou profissão, e nosso Estado-de Bem-Estar Social não são custos ou encargos mas bens preciosos, vantagens indispensáveis quando o destino bate à porta. O que esta pandemia revela é que existem bens e serviços que devem ficar fora das leis do mercado”.

Aqui se mostra a plena consciência de que uma economia só de mercado, que tudo mercantiliza e sua expressão política o neoliberalismo são maléficas para a sociedade e para o futuro da vida.

Mais contundente ainda foi a jornalista Naomi Klein,uma das mais perspicazes críticas do sistema-mundo e que serviu de título ao meu artigo:”O coronavírus é o perfeito desastre pra o capitalismo do desastre”. Essa pandemia produziu o colapso do mercado de valores (bolsas), o coração deste sistema especulativo, individualista e antivida como o chama o Papa Francisco. Este sistema viola a lei mais universal do cosmos,da natureza e do ser humano: a interdependência de todos com todos; que não existe nenhum ser, muito menos nós humanos, como uma ilha desconectada de tudo o mais. Mais ainda: não reconhece que somos parte da natureza e que a Terra não nos pertence para explorá-la ao nosso bel-prazer, mas que nós pertencemos à Terra. Na visão dos melhores cosmólogos e dos astronautas que veem a unidade Terra e Humanidade, somos aquela porção da Terra que sente, pensa, ama, cuida e venera. Superexplorando a natureza e a Terra como se está fazendo no mundo inteiro, estamos nos prejudicando a nós mesmos e nos expondo às reações e até aos castigos que ela nos impõe. É mãe generosa, mas pode mostrar-se rebelada e enviar-nos um vírus devastador.

Sustento a tese de que esta pandemia não pode ser combatida apenas por meios econômicos e sanitários sempre indispensáveis. Ela demanda outra relação para com a natureza e a Terra. Se após passar a crise e não fizermos as mudanças necessárias, na próxima vez, poderá ser a última, pois nos fazemos os inimigos figadais da Terra. Ela pode não nos querer mais aqui.

O relatório do prof.Neil Ferguson do Imperial College of London declarou:” esse é o vírus mais perigoso desde a gripe H1N1 de 1918. Se não houver uma resposta imediata, haveria nos USA 2,2 milhões de mortos e 510 mil no Reino Unido”. Bastou esta declaração para que Trump e Johnson mudassem imediatamente de posição.Tardiamente se empenharam com fortunas para proteger o povo. Enquanto que no Brasil o Presidente não se importa, a trata como uma “histeria” e no dizer de um jornalista alemão da Deutsche Welle: "Ele age de forma criminosa. O Brasil é liderado por um psicopata, e o país faria bem em removê-lo o mais rápido possível. Razões para isso haveria muitas”. É o que o Parlamento e o STF, por amor ao povo, deveria sem delongas fazer.

Não basta a hiperinformação e os apelos por toda a mídia. Ela não nos move a mudar de comportamento exigido. Temos que despertar a razão sensível e cordial. Superar a indiferença e sentir, com o coração, a dor dos outros. Ninguém está imune do vírus. Ricos e pobres temos que ser solidários uns para com os outros, cuidarmo-nos pessoalmente e cuidar dos outros e assumir uma responsabilidade coletiva. Não há um porto de salvação. Ou nos sentimos humanos, co-iguais na mesma Casa Comum ou nos afundaremos todos.

As mulheres, como nunca antes na história, têm uma missão especial: elas sabem da vida e do cuidado necessário. Elas podem nos ajudar a despertar nossa sensibilidade para com os outros e para conosco mesmo. Elas junto com operadores da saúde(corpo médico e de enfermagem) merecem nosso apoio irrestrito. Cuidar de que nos cuida para minimizar os males desse terrível assalto à vida humana.