quinta-feira, 31 de julho de 2014

O antifeminismo


Uma pesquisa da Fundação Perseu Abramo mostrou, em 2010, que cerca de 31% das mulheres brasileira se consideram feministas. Considerando os dados do IBGE de 2012, temos no Brasil aproximadamente 100 milhões de mulheres. Fazendo um cálculo rápido, concluímos que, em valores absolutos, temos mais ou menos 31 milhões de mulheres feministas no Brasil. Uau! Se você acha que isso é pouco, esse total é maior que a população inteira de países como Noruega, Suíça, Finlândia, Dinamarca, Uruguai e Nova Zelândia somados! É feminista pra mais de metro nesse trem, uai! Inclusive, houve um aumento de 10% de feministas entre 2001 e 2010 – e a tendência é que esses índices continuem aumentando graças à internet e à adesão popular a diversos protestos, como as Marchas das Vadias.

O número de feministas não para de crescer

Nem tudo são flores...
A princípio, esse grande número de feministas pode parecer algo fantástico para quem deseja uma sociedade mais justa e igualitária – afinal de contas, o feminismo é o principal meio para combater o machismo, o patriarcado, a misoginia e a violência contra a mulher. Acontece que nem tudo são flores, pois todo movimento que cresce demais acaba lidando sempre com os mesmos problemas. E com o feminismo não é diferente. Movimentos que crescem demais acabam criando subdivisões internas entre os próprios integrantes, levando a desentendimentos, rivalidades, brigas, revanchismos, rupturas, radicalismos, fanatismos e perda do foco. Ainda que a maioria das feministas (especialmente as mais maduras) sejam coerentes, sempre há aquelas que perdem a noção e começam a confundir as coisas. E a ausência de uma liderança entre as feministas piora ainda mais a situação, porque cada uma decide por si o que é certo e o que é errado. Ao contrário do que algumas exaltadas pensam, o feminismo não é uma torcida organizada, não é uma seita e nem é um partido político: o feminismo é um movimento revolucionário cuja a ideologia almeja a igualdade entre os gêneros, simples assim.
Feministas radicais
Outro problema muito comum que há devido a banalização do feminismo é que muitas mulheres adolescentes descarregam na ideologia as suas frustrações pessoais, achando que o machismo é culpado por elas estarem obesas, por serem ciumentas, por não passarem no vestibular ou por não desencalharem. O machismo é culpado por muita coisa ruim, mas transformá-lo num bode expiatório de coisas que não tem nada a ver é latir para a árvore errada.

A não-adesão ao feminismo possui várias razões

Aversão ao feminismo
Infelizmente, existe muito ódio desproporcional direcionado ao feminismo. Isso é algo que à primeira vista pode parecer um absurdo total, porque, como já citei em outras postagens, o feminismo luta contra o estupro, contra a violência doméstica, contra o feminicídio, contra a misoginia e contra as atrocidades do patriarcado. Então, pela lógica, todos deveriam apoiar o feminismo, afinal, ele é bom para todos por se opor a todos esses verdadeiros crimes contra a humanidade, sendo uma ideologia praticamente filantrópica. Eu vou tentar resumir a seguir porque, apesar disso, tanta gente se junta para atacar o feminismo com todas as armas e com toda força.

Os pelotões antifeministas
Se você se interessa por discussões de gênero, certamente já deve ter ouvido falar do termo "feminazi" por aí. Essa palavra foi criada de forma absolutamente preconceituosa por um reacionário americano que não vou dizer nem quem é para não dar fama ao infeliz. Essa mistura heterogênea de feminismo com nazismo foi atribuída injustamente pelo tal reacionário a mulheres que reclamavam de uma lei nos EUA que não cobria o uso de anticoncepcionais nos planos de saúde. Acontece que esse termo de origem reacionária viralizou e passou a ser usado indiscriminadamente contra qualquer feminista. Eu mesmo já usei esse termo aqui no blog, mas foi por uma causa justa, porque eu estava a me referir sobre coisas totalmente desajustadas, como a misandria, o revanchismo, o femismo, o feminismo separatista e o feminismo abolicionista. E sim: infelizmente há uma minoria de pessoas dentro do feminismo que não está lutando por igualdade – mas sim por desigualdade, violência, ódio e separatismo. Essas pseudo feministas, sim, eu abomino, porque além de deturparem o movimento, elas acabam fazendo com que as pessoas ganhem ainda mais antipatia pela ideologia. E muita gente concorda comigo nesse quesito, só que por não conhecerem o lado justo do feminismo, acabam ficando com raiva de todo o movimento, achando que toda feminista é misândrica. Surge então, a partir disso, o primeiro 'pelotão' antifeminista.

Como se não fosse o bastante aturar essas hordas de misândricas e revanchistas desequilibradas dentro do movimento feminista, ainda temos que aturar as doidas varridas pró-censura. Essas são aquelas desmioladas que ainda não tiraram as fraldas e acham que temos que proibir uma série de coisas para tornar o mundo "menos machista". Entre essas coisas que estão na lista de proibições delas estão, anote aí:

-o futebol (porque é um esporte monopolizado pelos homens)
-os videogames (por eles só terem jogos machistas)
-as bebidas alcoólicas (por elas serem associadas à violência doméstica)
-a pornografia (por explorar e objetificar as mulheres)
-a prostituição (pelas mesmas razões acima)
-a publicidade "sexista" (entenda por "sexista" qualquer coisa que as ofenda pessoalmente)
-o cavalheirismo (porque não sabem a diferença entre cavalheirismo e gentileza)
-a linguagem "sexista" (pois consideram que a língua portuguesa é machista nos plurais e nos xingamentos)
-os cumprimentos (pois consideram que beijar as mulheres ao invés de apertar as mãos delas é machismo)
-a sensualidade de mulheres magras na TV (porque objetifica sexualmente as mulheres que não são gordas)
-o Kinder Ovo (porque ele usa a cor para separar brinquedos de meninos e de meninas)

Diante dessas pérolas todas, a reação de muita gente que curte tudo isso é, adivinhe qual? Repudiar o feminismo! Ao invés dessas feministas proporem censuras e proibições, por que não falam de uma contraproposta? De uma reformulação? De mais opções? De mais liberdade? Será que proibir soluciona algo? Com raiva dessa gente, surge então um segundo pelotão antifeminista.

Antifeminista encurralado
Não vou falar aqui dos machistas, reacionários e conservadores em geral, porque já é de se esperar que eles odeiem o feminismo pelo simples fato deles serem medrosos e pessimistas com relação a mudanças (mesmo as boas). Eles compõem o terceiro pelotão antifeminista juntamente com o pessoal que acha que já atingimos a igualdade entre homens e mulheres, logo, o feminismo não seria mais necessário, sendo ele uma mera "histeria".

O que acontece no fim das contas é que esse povo todo do contra, que não vê com bons olhos o feminismo, acaba unindo as suas forças para difamar e atacar o feminismo como um todo. É por isso, entre outras coisas, que o feminismo é tão odiado. Esses três pelotões (e outros mais) estão dispostos a travar uma verdadeira guerra ideológica contra o feminismo. E o pior é que parte da culpa pela existência desses pelotões são de mulheres que se acham feministas e fazem todas essas cagadas citadas anteriormente. Eu não sei qual seria a solução para isso, mas se informar corretamente sobre as verdadeiras causas do movimento certamente já ajudaria. Não adianta muita coisa o movimento crescer se ele mesmo acaba contruibuindo para ser mal visto.

Tipos de feministas segundo os reacionários

Minha postura diante do movimento
Eu já declarei em vários posts deste blog que sou igualitarista e, por tabela, também sou pró-feminismo, uma vez que o feminismo luta pela igualdade entre homens e mulheres. Não me considero feminista porque, como homem, não acho sensato protagonizar um movimento que tem as mulheres como foco (assim como acho que um muçulmano não deve protagonizar um movimento judaico, por exemplo). Creio que se dependesse apenas da boa vontade dos homens, as mulheres viveriam num mundo bem pior. Tirando a Campanha do Laço Branco, não me recordo de nenhum outro movimento de homens em defesa das mulheres. Por isso acho importante que as mulheres participem ativamente do movimento. Nós precisamos, sim, de mais feministas: mas de feministas conscientes. Digo conscientes porque se for depender de feminista imatura de rede social que acha que ser feminista é fazer topless numa passeada do Femen ou cantar "vou cortar sua pica", então a tendência é que as coisas piorem ao invés de melhorarem. Opiniões exacerbadas, tendenciosas ou agressivas em favor de qualquer ideologia sempre vai ser ruim. E se você acha que eu estou aqui, "cagando regra", lembre-se do que eu acabei de dizer: o protagonismo cabe às mulheres. Esse post propõe uma reflexão de quem acredita que o feminismo ainda é o melhor caminho para tonar o mundo mais justo para todos.

domingo, 27 de julho de 2014

O fim da infância

A programação infantil na TV está com os dias contados

Em abril de 2014, o projeto de lei 5921/2001 do deputado federal Luiz Carlos Hauly, do PSDB/PR, proibiu oficialmente no Brasil a publicidade e a propaganda para a venda de produtos infantis. O pretexto foi que essa medida serve para "proteger as crianças" do consumismo, já que elas são as maiores influenciadas pela propaganda. O documentário Criança, a alma do negócio e materiais como essa cartilha do Ministério do Meio Ambiente tentam mostrar como esse consumismo é prejudicial tanto do ponto de vista do desenvolvimento da criança quanto do ponto de vista da sustentabilidade e da saúde. Só que o que essa campanha toda não conta para você é que ela transformou a publicidade infantil num grande bode expiatório, sendo ela acusada por problemas como obesidade infantil, estresse familiar, conflito com os pais, criminalidade e até violência. Essa lei é extremamente autoritária, antilibertária, antidemocrática e anticapitalista.

Anticapitalismo: essa é a essência dessa lei

De quem é a culpa?
Entenda uma coisa: a culpa pelo consumismo desenfreado não é da publicidade! A propaganda não obriga ninguém a comprar. Os pais criticam as propagandas infantis porque elas fazem os filhos encherem o saco deles. O que os pais precisam, na verdade, é saber dizer NÃO, porque se uma criança tiver tudo que ela quiser, ela não terá limites. E não é para ficar com peninha da criança por ela não ter o brinquedo, porque a criança precisa saber lidar com a frustração. A culpa, pelo que quer que seja, não é da tevê, não é dos publicitários, não é dos atores, não é das câmeras e não é da propaganda: a culpa é dos próprios pais, que colocam filhos no mundo e querem jogar a responsabilidade de educá-los para o Estado. Terceirizar a criação dos filhos é uma medida típica de um Estado-babá que quer controlar a tudo e a todos sob o pretexto do "politicamente correto". Foi assim com a Lei da Palmada e é agora também com essa lei picareta – isso sem falar no Marco Civil, que é uma tentativa clara do Estado controlar a surface web sob o mesmo pretexto de "proteger o usuário das empresas malvadas". Um bando de deputados parasitas e corruptos (em sua maioria) não deveria decidir o que é melhor para os nossos filhos. Isso é uma afronta às liberdades individuais e é contra também à liberdade de expressão. Portanto, se você acha que a censura morreu junto com a ditadura militar, acho melhor abrir os seus olhos.

Como as coisas mudam...

Abaixo, deixo (com nostalgia) três tipos de comerciais que nunca mais veremos na televisão brasileira:







As consequências dessa medida
Kinder Ovo: só para +18
Eu acredito que proibir a publicidade infantil não adianta muita coisa. Os produtos vão continuar nas prateleiras, as pessoas vão continuar comprando e as crianças vão continuar desejando. Isso só funcionaria mesmo se proibissem toda e qualquer forma de publicidade ou se dessem um golpe comunista no país. Além disso, a publicidade infantil pode continuar a existir indiretamente através do merchandising editorial (tie-in), de mensagens subliminares, de propaganda boca a boca, de gincanas em escolas, de brindes promocionais e até mesmo de forma indireta através da própria publicidade para adultos. O problema mesmo é que com o fim oficial da publicidade infantil, só vamos ter publicidade voltada inteiramente para adultos e adolescentes. Isso leva, possivelmente, à 'adultização' precoce das crianças, que ao invés de pedirem doces e brinquedos aos pais, agora vão pedir bebidas alcoólicas, eletrodomésticos e produtos de beleza. Sem a publicidade infantil, tudo ligado ao universo infantil morre, porque sem poder anunciar seus produtos, as empresas de brinquedos, de gibis, de jogos e de alimentos industrializados vão desaparecer, afinal, como já dizia o ditado: "a propaganda é a alma do negócio". Sem a publicidade, ninguém vai conhecer que produtos a sua marca oferece e, consequentemente, você não vai vender o que precisa para se manter vivo no mercado. Quem já leu O Segredo de Luisa vai lembrar que sem a publicidade, vamos cair facilmente na "falácia da ratoeira". Ou seja: não adianta você ter o melhor produto se você não faz ele chegar até o seu público-alvo.

Sem a publicidade infantil, eles não teriam chegado ao Brasil

Outro problema evidente e mais grave é que os desenhos animados vão sumir de vez da televisão. Já temos pouquíssimos desenhos na tevê aberta e, com essa medida, eles não terão anunciantes para o seu público-alvo: as crianças. Como mostrei em outros posts, na minha época de criança (anos 80 e 90), a manhã inteira era tomada por programação infantil. Hoje, porém, a programação adulta tomou conta de toda a programação das emissoras abertas – principalmente por causa da queda na venda de brinquedos devido à concorrência com computadores e videogames. E agora, com essa lei esdrúxula, o golpe de misericórdia foi dado. Sem a publicidade infantil, não teremos mais desenhos, nem mais músicas infantis (saudades do Trem da Alegria) e nem brinquedos. Todos os profissionais do ramo (dubladores, produtores, fabricantes, músicos) sofrerão seriamente por falta de divulgação e de patrocínio. Toda a produção infantil será voltada exclusivamente para a tevê fechada e para a internet, onde o público é consideravelmente menor. Se o modelo de financiamento da tevê aberta viesse de outro meio ao invés da publicidade (como, por exemplo, através de algum débito extra na conta de energia elétrica), a programação infantil poderia continuar existindo mesmo sem publicidade. Mas esse não é o caso do Brasil.

Eis o significado da infância para quem foi criança nos anos 80 e 90

Saudades da infância
Qualquer um que pare para pensar um pouco vai perceber que essa lei deu uma verdadeira sentença de morte a tudo que a minha geração reconhece como sendo "infância de verdade". Eu assisti o Balão Mágico, a Xuxa, a TV Colosso, o Castelo Rá-Tim-Bum, os animes da Manchete, os tokusatsus, os filmes infantis, os Trapalhões... e é triste saber que tudo isso morreu. Foi um privilégio para mim ter vivido numa época onde a tevê não tinha esse tipo de barreira política, pois se assim tivesse sido, a minha infância teria sido muito sem sal, muito sem magia e muito sem encanto (oh, Disney). Acho que vivi na melhor época de todas para sermos crianças, onde quase tudo era voltado para o público infantil: música, tevê, brinquedos, jogos, revistas, gibis, lanches, etc. Essa lei de censura não passa de uma abominação que disfarça os ideais nefastos de uma esquerda política que tem se tornado excessivamente estatista, parcial, controladora, antilibertária e biruta.

Éramos felizes e não sabíamos...

Meio-termo em outros países
Em países como a Alemanha, por exemplo, ao invés da censura total, a publicidade de produtos infantis é mostrada depois das 21 horas, para que elas sejam direcionadas aos pais e eles decidam o que comprar para seus filhos. Há outros países que optaram por uma regulamentação que evitasse exageros e apelos para as crianças. Na Inglaterra, por exemplo, há um limite de preço para os produtos anunciados, evitando que famílias mais pobres sofram por não comprar produtos caros demais para seus filhos. Mas a censura total é algo extremamente radical e ditatorial. Nenhum produto lícito pode ter a sua propaganda proibida.

PS: Para ler mais detalhes sobre essa lei, o link do texto do projeto está completo neste link.

terça-feira, 22 de julho de 2014

E a objetificação saiu pela culatra

Finalmente estão objetificando uzomi... ou não?

Tem muita feminista por aí que adora dizer que a mídia malvadona só objetifica as mulheres – e que isso só ocorre porque vivemos numa sociedade machista e opressora. Só para contrariar, em uma matéria da Ego que era para "objetificar" o ator Alexandre Borges, mostrando ele de sunguinha na praia, quem acabou roubando a cena foi uma mulher desconhecida que aparecia em algumas fotos com o ator. Essas feministas que reclamam da tal objetificação da mulher na mídia se esquecem que o culpado pelos seus protestos de "mulher pelada não é notícia" não é exatamente o machismo, mas sim o capitalismo.
Ao dar uma lida nos mais de 120 comentários da notícia do site da Ego, o que se vê neles é uma maioria de homens que não param de falar da tal loira que aparece nas fotos. Ou seja, apesar do homem ser o objetificado da matéria, os comentários masculinos foram predominantes sobre a mulher, querendo saber quem ela era ou quando ela posaria nua. Para as desmioladas que não entendem porque as mulheres são tão objetificadas, vou responder curto e grosso: é porque há um público enorme (masculino) que é facilmente seduzido por mulheres atraentes. O capitalismo, esperto, apenas se aproveita disso mostrando ao público o que ele quer ver. As matérias, comerciais e páginas da web com mulheres sensuais estão aí para atender a essa demanda. Os homens ganham, vendo o que gostam – e o capitalismo ganha, com a publicidade e os acessos às páginas que aumentam o seu lucro.

Entendeu por que a beleza feminina vende tanto?

Mas se as bitoladas de plantão acham que tudo isso não passa de insensibilidade masculina e aquele blablablá vitimista todo, convido a lerem o post A beleza feminina como produto para entenderem porque as sensualidade feminina afeta o cérebro dos homens heterossexuais como se fosse uma droga. As feministas podem até exigir que os homens sejam mais objetificados, mas se isso não representar lucro para o capitalismo, então tem boas chances de não dar certo.
Não gostou? Então vire comunista, afinal, como já dizia a reversal russa: na União Soviética, as feministas objetificam VOCÊ!! Rarará!

sábado, 19 de julho de 2014

Hipersexualização: por que ela existe?


Sem-querer-querendo este blog acabou virando uma espécie de referência na web contra essa paranoia toda de objetificação sexual tão falada por aí. A objetificação, também chamada de "hipersexualização da mulher", já foi debatida aqui em diversos posts sob diversas óticas e eu tenho muito pouco a dizer além de tudo que já foi dito. Porém, alguns argumentos anti-objetificação usados por aí são ingênuos e não atacam a raiz do problema. E sabe qual é a raiz do problema?

As pessoas falam mais do que fazem...

A falta de sexo
Sexo vende... e muito!
Verdade seja dita: homens – com exceção de uma minúscula minoria privilegiada – passam muita fome de sexo. E o forte apelo sexual nas ruas e na mídia fazem com que os homens sintam-se ainda mais atiçados sexualmente e cedam facilmente diante de qualquer tentação visual. O capitalismo apenas explora essa 'fome sexual' masculina, colocando diante dos homens imagens de corpos femininos que despertem neles a libido e o desejo, sendo essa a isca perfeita para atraí-los para seus produtos. Se não fosse por essa sede sexual toda, talvez um cartaz com uma mulher sensual não chamasse tanta atenção. O capitalismo, a publicidade e os chefes do sistema sabem muito bem de tudo isso: tanto que exploram a sensualidade feminina à exaustão. Manter o acesso ao sexo (de qualidade) difícil e bombardear os homens desde a infância com estímulos sexuais é uma receita perfeita para transformar a beleza feminina num verdadeiro produto. Quando as feministas atacam a objetificação, elas estão atacando apenas a superfície desse problema. O problema está no capitalismo, na carência sexual, no moralismo, no sexismo, na castração psicológica das meninas e num mundo onde é preciso pagar para se ter sexo de qualidade.

E haja apelo sexual!
Claro que muitas mulheres (a maioria) também têm uma vida sexual horrível, mas devido a nossa sociedade ser machista e homofóbica (e talvez pelas mulheres serem menos visuais que os homens), o uso da sensualidade masculina seja muito pouco utilizada em campanhas publicitárias e na mídia em geral. Pessoas monogâmicas quase sempre vivem monotonamente as suas vidas sexuais, com experiências repetitivas, rasas e desgastadas que tornam o sexo burocrático e apático. Os solteiros, apesar da maior liberdade sexual, também sofrem, porque conseguir uma parceira para transar sem compromisso (e com qualidade) não é tão fácil quanto parece – exceto se estiverem dispostos a pagar por isso. Se as pessoas tivessem uma vida sexual mais saudável e mais livre, tenho plena convicção de que a pornografia, a prostituição e a objetificação não teriam todo esse glamour que possuem hoje. Não vou nem entrar na questão moralista e religiosa, que também ajudam a piorar as coisas, deixando a sexualidade humana sempre à margem da sociedade. Aliás, o sexo está tão à margem da sociedade que ele virou motivo de vergonha, bullying e até de vingança (pornô de vingança).

O sexo (ou melhor, a promessa de sexo) é uma arma de sedução do capitalismo

A paranoia feminista-moralista
A luta contra a objetificação se fortaleceu entre algumas feministas e grupos religiosos basicamente por duas razões: primeiro porque eles creem que isso seja nocivo para as mulheres e segundo porque se incomodam com isso de alguma maneira. Quanto à nocividade da objetificação, eu concordo apenas em três pontos, que são:

1- Quando os veículos de comunicação abusam do uso da imagem da mulher, mostrando a sensualidade de forma apelativa demais e descontextualizada.
2- Quando se insiste demais em um único tipo de padrão de beleza, excluindo outros tipos de beleza.
3- Quando somente as mulheres são objetificadas e não os homens.

Quanto ao resto das críticas à objetificação, elas me parecem uma mera síndrome de mulher mal comida ou então um subterfúgio de mulheres que querem controlar os homens sexualmente, sendo, por tabela, contra a prostituição, contra a pornografia e agindo de forma totalmente possessiva com os seus parceiros. Claro que entre essa gentalha há aquelas que são também contra o futebol (por considerá-lo machista), contra os videogames (também por serem machistas) e até contra a cerveja (porque ela é associada ao comportamento machista dos homens que bebem demais). Ou seja: tudo que os homens gostam sofre algum tipo de implicância ou tentativa de censura por parte dessas neofeministas revanchistas. Uma coisa é ser a favor de haver mais mulheres no futebol e menos machismo nos games ou na pornografia, mas censurar, querer proibir... Aí já é demais. Essa implicância toda não me parece nada igualitarista, mas, sim, uma vingancinha contra os homens. Pobres dessas revanchistas que não sabem que muita mulher ama futebol, adora cerveja, joga muito videogame e curte bastante pornografia.

Guia turístico oficial de 78
Ao contrário dos que são a favor da extinção da objetificação, eu acho que deve haver uma diversidade maior na forma de se mostrar na mídia os corpos de homens e mulheres. Não me parece saudável padronizar certos tipos físicos e mostrar mulheres exclusivamente de forma sensual. Mas ser contra qualquer forma de sensualidade é somente moralismo travestido de politicamente correto.
Claro que há casos onde o uso da sensualidade é contestável, como foi com os materiais de turismo oficiais dos anos 70 e 80 onde o corpo de uma mulher brasileira era colocado como um atrativo turístico. Mas temos que ter a maturidade e o discernimento para saber separar o joio do trigo para não fazer como certas paranoicas que acham que qualquer mulher de biquíni ou em pose sensual está, obrigatoriamente, sendo objetificada. Acho que há um limite saudável que separa o abuso da sensualidade natural.

Isso é democrático, mas... e a audiência?

Por que não objetificam os homens também?
A nudez masculina também vale
A objetificação masculina não é aproveitada porque ela traz prejuízo ao invés de lucro. A exibição pública da bunda masculina, por exemplo, é considerada "coisa de gay" e é tão imoral para a nossa cultura quanto é uma mulher mostrar os peitos. Imagine a cena: um grupo de homens está assistindo uma partida de futebol e, no intervalo, aparece um comercial com um monte de homens com a bunda de fora insinuando sensualmente para vender absorvente íntimo. Qual é a reação mais óbvia neste exemplo? Certamente os homens vão mudar de canal porque há uma intolerância muito grande diante da nudez masculina. E mudando de canal, outros patrocinadores e comerciais acabam não sendo vistos. Os homens héteros são muito autoritários nesse aspecto. Eu não acho que seja ridículo (como algumas castradas pensam) ver homens sensualizando num comercial. Eu acho natural. Claro que eu, como homem hétero, prefiro muito mais ver a mulherada sensualizando, mas não repudio que homens tenham o direito de fazer o mesmo. Se a mídia é democrática, então tem que agradar a todos os públicos, e não só ao masculino. O que deveria ser evitado, ao meu ver, são os exageros desnecessários e coisas fora de contexto, afinal, qual é a lógica de usar uma bunda para vender geladeira?

Anedotas sexuais com homens na publicidade também existe

O comercial abaixo faz uma paródia usando a objetificação masculina sendo colocada no lugar da feminina. Algumas coisas parecem meio sem noção justamente porque dessa vez, sim, há uma falsa simetria, uma vez que a sensualidade do homem não é rigorosamente igual a da mulher, logo deveria ser retratada de forma mesmos literal. Saca aí:



Objetificação ou beleza?
As mulheres (e homens homossexuais) podem (e devem) objetificar os homens também. O que tem de errado nisso? Ser contra isso é reforçar o sexismo e ir contra a liberdade feminina de expressar seus desejos. Eu discordo que uma mulher é julgada mais pela aparência do que por outros atributos não-físicos por causa da objetificação. Creio que isso ocorra porque o monopólio de opiniões do mundo geralmente é de homens héteros. A culpa é do machismo, e não da objetificação. Se fosse assim, o jogador Hulk (e outros bonitões da Copa de 2014 que foram objetificados) só teria valor pela sua aparência e beleza física. Desejar sexualmente não é objetificar – e se for, é uma objetificação saudável. Mas se você discorda disso, desculpa, mas acho que você será mais feliz vivendo num país de teocracia islâmica, como no Paquistão, por exemplo, onde a objetificação sexual simplesmente não existe. E nem queira saber o porquê...

Não gostou?

Sabe de nada, inocente!

quarta-feira, 16 de julho de 2014

A sexualidade entre adultos e adolescentes

Cena de O Leitor - romance entre um jovem e uma mulher adulta

No post As ninfetas e a hipocrisia do patriarcado eu mostrei porque é absolutamente natural sentir atração por adolescentes com o corpo já desenvolvido. Mas neste post aqui eu vou aprofundar um pouco mais sobre toda a hipocrisia sexista que há na nossa cultura com relação à sexualidade dos adolescentes. O foco deste post será a relação sexual entre adolescentes e adultos exatamente por ser este o ponto mais polêmico envolvendo o sexo na adolescência. Há vários filmes que tratam sobre relacionamentos entre adolescentes e adultos, tais como O Leitor, Diário de um Escândalo, Verão de 42, Lição de Amor e Lolita – todos eles mostram que relacionamentos (sexuais ou afetivos) entre adultos e adolescentes nem sempre devem ser encarados como um abuso ou como um desvio de conduta. O amor e a sexualidade humana são muito mais complexos do que sonha a nossa vã filosofia.

Sortudo ou azarado esse garoto?

Os contrastes entre meninos e meninas
Cena de Diário de um Escândalo
Todos sabem que no ocidente cristão existem valores diferentes para homens e mulheres que transam antes dos 18 anos. O homem precisa ser 'transão' desde muito jovem, porque para poder "virar homem", todo adolescente do sexo masculino precisa perder a virgindade o mais cedo possível. Isso tanto é verdade que durante décadas do século passado os pais levavam os filhos do sexo masculino para terem a primeira relação sexual com prostitutas. A idade média para ir ao bordel era de 15 anos, mas havia meninos de 14, 13 e até menos indo se iniciar com as meretrizes. Essa cultura patriarcal de iniciar um garoto com prostitutas permanece até hoje, de forma enfraquecida, é verdade, mas ainda persiste. Existe também uma pressão enorme entre os próprios garotos para que eles transem cedo. Na minha época de pré-adolescente, lá nos anos 90, o rapaz que perdesse a virgindade era respeitado pelos demais que ainda não tiveram a mesma oportunidade. Inclusive, o "chefe da turma" era sempre algum menino que já tinha "perdido o cabaço". Já com as mulheres, a coisa é praticamente o inverso. As meninas são ensinadas desde cedo a se "preservarem" e a se "guardarem". Sim, eu sei que estamos no século 21, mas ainda hoje xingam de vadia e piranha qualquer mulher (principalmente jovem) que saia transando por aí. Enquanto que para os garotos a virgindade é motivo de vergonha, para as meninas é motivo de orgulho. Essa visão bipolar traz consequências não apenas para o campo da moral, mas também para o campo das leis. Se a nossa lei fosse cumprida à risca, boa parte das prostitutas teria que ser presa por pedofilia por transar com garotos de menos de 13 anos, mas não é isso que ocorre.

Cartaz do Cine Parságada inspirado no romance de Mário de Andrade Amar, Verbo Intransitivo

Sexo entre adultos e adolescentes
Pode parecer um pouco démodé, mas o sexo entre um adulto maior de 18 com uma pessoa que tenha entre 14 e 17 anos – algo tão comum hoje em dia – ainda costuma ser visto como algo polêmico por dar a entender que pode haver aí pedofilia, corrupção de menores ou mesmo estupro. Embora a grande maioria das pessoas tenha perdido a sua virgindade com menos de 18 anos, ainda há esse tabu moralista em cima disso, principalmente quando a pessoa de menor é uma garota.
Xuxa em Amor Estranho Amor
Num dia desses, me deparei com uma notícia que divulgava que um garoto de 13 anos tinha transado com a sua professora de 30. Pelos comentários nos diversos sites que postaram a notícia, a gente percebe que há pouquíssima indignação com a professora. E o menino não é tratado como uma vítima, mas sim como um sortudo. Se fosse o contrário – um professor de 30 transando com uma aluna de 13 – seria um escândalo, o professor seria um tarado, um estuprador, um monstro, um pedófilo, etc. E o que me chama atenção nesse caso é que quem viu o vídeo da transa filmada pelo próprio garoto disse ter notado que tudo ali foi consentido e que havia até uma certa cumplicidade entre ele e a professora. Sob esse pretexto, não acho que a professora tenha sido culpada por nada – da mesma forma que eu acho que se fosse um professor (homem) na mesma situação também não seria. O problema é que se o professor nessa situação fosse homem, ele seria taxado imediatamente de molestador; enquanto que quando é com uma professora, a coisa é quase o oposto: como se os homens fossem todos tarados e as mulheres fossem sempre vítimas – mesmo quando não há nenhum abuso na história. Acho que o patriarcado, o machismo e a hipocrisia são os principais responsáveis por essa discrepância de opiniões entre o adulto da história ter sido um homem ou ter sido uma mulher.
Do ponto de vista do adolescente, ele pode perfeitamente ter sido molestado e abusado pela professora, mas como a nossa cultura acha que o garoto transar é sempre uma vantagem para ele, então até mesmo um possível abuso poderia passar despercebido. Já se fosse uma guria no lugar do guri, certamente teríamos uma comoção nacional e tentativas de linchamento ao professor que a "desvirtuou", mesmo se a garota tivesse consentido.

Verão de 42: mulher e garoto
O fato que não deveria ser negligenciado é que – se não houve mesmo abuso – provavelmente o tal garoto de 13 anos teve a sua primeira experiência sexual com alguém mais experiente, mais responsável, que sabia lidar com a sua imaturidade, com o seu nervosismo e com a sua inexperiência. Como já dizia o meu mestre José Ângelo Gaiarsa: é muito melhor que a nossa primeira experiência sexual seja com alguém mais experiente e que nos mostre que o sexo pode ser bem melhor e mais profundo do que os adolescentes aprendem com a pornografia. Provavelmente, o garoto vai se lembrar com carinho dessa professora para sempre por ela ter sido a primeira mulher da vida dele – fora o orgulho de mostrar para os colegas que não foi somente o lendário Chuck Norris que perdeu a virgindade antes dos 14 (dizem que o Norris perdeu a virgindade antes do próprio pai, mas isso carece de comprovação). Se tivesse ocorrido algum abuso, aí tudo bem: seria um crime. Mas ao que parece, tudo pareceu ser consentido, do contrário, o próprio garoto teria denunciado a professora. No fim das contas, o sexo entre adultos e adolescentes – sem nenhum tipo de coerção ou violência, claro – acaba ocorrendo às escondidas, em segredo e por baixo dos panos do nosso falso moralismo. Não há lei, diferença de idade ou patrulha moralista que possa evitar que duas pessoas que se gostem transem por amor ou por prazer. Acho que deve-se desmistificar a ideia de que todo adolescente está sofrendo um abuso ao transar com alguém de maior. E isso inclui também as garotas, afinal, a revolução sexual trazida pelas feministas e pela pílula anticoncepcional serviram para quê?

Lolitas: elas enlouquecem os moralistas

Os moralistas, sempre eles...
Antes que algum quadrúpede venha distorcer as minhas palavras, quero que fique bem claro que eu não escrevi este post para destruir a moral e os bons costumes ou para fazer qualquer ligação com a pedofilia (que é crime). Nada disso. O que eu estou propondo aqui é uma reflexão sobre esse tema tão cercado de tabus, moralismos e hipocrisia sexista. Eu sou totalmente contra a pedofilia (sexo de adultos com crianças ou adolescentes pré-púberes), mas adolescentes que já tenham passado pela puberdade deveriam ser inteiramente livres para transar com quem quisessem desde que fosse algo inteiramente consentido e seguro para eles.
Quanto à regulamentação judiciária que diz que a idade mínima para consentir o sexo é de 14 anos (sendo estupro de vulnerável com menos que isso), eu acho que ela é arbitrária. Se o adolescente já conhece o próprio corpo, usa preservativo e tem vontade de transar, não entendo porque considerar um crime. O grande problema para essa idade é o risco de gravidez e de contrair DST's. Sexo exige responsabilidade, e não maioridade. Enfim, não estou dando palavra final sobre nada, com já disse, estou apenas propondo uma reflexão.

terça-feira, 15 de julho de 2014

Como a religião pode ser divertida


Quem conhece este blog sabe que o seu administrador não se dá muito bem com religiões, mas sempre há exceções. A religião pode tornar o dia de todo mundo melhor, inclusive de ateus. Os vídeos abaixo mostram como a religião às vezes pode ser um remédio excelente contra o mau humor, se liga:











segunda-feira, 14 de julho de 2014

Boletim da copa: Final


A Copa das Copas chegou a fim e a Alemanha quebrou um tabu sendo a primeira seleção europeia a conquistar o título nas Américas. Além disso, este é o primeiro título da Alemanha unificada, porque até 1990 apenas a Alemanha Ocidental havia sido tricampeã. Essa conquista foi mais que merecida pelo desempenho, pela disciplina e pela tática da seleção alemã. Apesar de todas as dificuldades em se vencer uma Copa em outro continente, a seleção da Alemanha se superou.
A Argentina teve diversas chances de vencer o jogo e desperdiçou todas. Apesar do conjunto da Argentina ter sido mais fraco que a Alemanha, individualmente ela se destacava mais. No fim das contas, venceu quem teve mais competência para fazer um gol.


Essa Copa foi fantástica pelo grande número de gols, pelas partidas equilibradas e pela festa das torcidas. Outra Copa na América do Sul, talvez somente em 2030 no Uruguai para comemorar os 100 anos de Copa do Mundo. Até lá muita coisa vai acontecer e a seleção brasileira terá tempo de se reerguer. A próxima Copa, na Rússia, certamente terá uma campeã europeia e Brasil e Argentina vão ter que passar mais um longo jejum de títulos até terem reformulado seus times ou até ter outra Copa nas Américas. Enfim, quem viver, verá.

sábado, 12 de julho de 2014

Animes da TV Manchete: Cavaleiros do Zodíaco


Há vinte anos, em meados de 1994, a TV Manchete exibia pela primeira vez na televisão brasileira um desenho animado japonês adaptado dos mangás (também conhecido como anime). Esse desenho se chamava, nada mais, nada menos, que Cavaleiros do Zodíaco (ou CDZ). Foi o início da animemania no país – fato que criou uma verdadeira revolução na cultura jovem da época. O desenho fez tanto sucesso, mas tanto sucesso, que alavancou a venda de todos os tipos de produtos ligados aos Cavaleiros, desde chicletes até brinquedos. O sucesso dos defensores de Atena reinou absoluto até 1996, quando chegou o segundo anime no Brasil pelo SBT: o Dragon Ball. E nem mesmo a chegada de Dragon Ball conseguiu criar uma concorrência relevante frente aos CDZ.

Da esquerda para direita: Ikki, Shiryu, Seiya, Shun, Hyoga e Saori (Atena)

A fórmula para o sucesso
Os Cavaleiros do Zodíaco, conhecidos por Saint Seiya no Japão, fizeram sucesso no Brasil pelo pioneirismo e pela genialidade da série. Misturar armaduras (de ouro, prata e bronze), astrologia, mitologia grega, superpoderes absurdos e até um pouco de ciência foi uma receita espetacular para conquistar o público no país. Além disso, o anime sempre deu ênfase à lealdade e à amizade, ajudando a construir o caráter de muitos dos seus jovens espectadores. E o que não faltava também no desenho era o drama, a emoção, os sentimentos e a busca por ideais como a justiça e a paz. Já as músicas de fundo que tocavam durante o anime eram um espetáculo à parte por serem épicas, exuberantes e emocionantes, aumentando bastante a intensidade com que as emoções eram transmitidas nas cenas. Canções como Seven Senses, Sad Brothers, Kamus Death, Inside a Dream e Glide Pegasus estão entre as canções instrumentais mais belas que escutei em minha vida inteira.

Cavaleiros de Bronze com as armaduras de Ouro

As sagas do anime
Os CDZ tiveram diversas sagas. Na rede Manchete foram exibidas três delas: a Saga do Santuário, a Saga de Asgard e a Saga do Mar. A melhor delas, disparada em minha opinião, foi a Saga do Santuário, onde os cavaleiros de bronze atravessavam as 12 casas do zodíaco enfrentando os poderosos cavaleiros de ouro para salvar a vida da reencarnação da deusa Atena. Apesar da violência, nessa Saga do Santuário tivemos batalhas emocionantes, como a de Shiryu contra Algol de Perseu, de Hyoga contra Kamus de Aquário, de Ikki contra Shaka de Virgem e de Seiya contra Saga de Gêmeos. Tivemos ainda alguns longas metragens que fizeram grande sucesso nos cinemas do país e também em fitas de VHS. Posteriormente, por volta de 2010, a Saga de Hades (produzida em 2002) foi exibida também na TV, mas não teve a mesma visibilidade, principalmente devido à concorrência com a internet.

As 12 casas do Santuário

Como este anime marcou a minha vida
Sonho de infância...
Quando CDZ foi exibido pela primeira vez em 1994, eu devia ter uns 10 ou 11 anos. O primeiro episódio que assisti foi um em que os cavaleiros bronze enfrentavam os cavaleiros negros comandados por Ikki de Fênix. Já neste primeiro episódio que assisti eu fiquei curioso para entender a história do desenho e passei a assisti-lo diariamente – daí para virar fã foi um pulo. Eu fiquei tão fã do anime, que queria ter simplesmente todos os produtos relacionados aos cavaleiros. Aquelas propagandas dos bonecos dos cavaleiros da Bandai com suas armaduras me deixaram doidinho para ter pelo menos um deles, porém, como nessa época eu não recebia mesada e minha família andava meio sem grana, ter um brinquedo dos Cavaleiros do Zodíaco tornou-se um sonho impossível. Foi daí que tive uma das ideias mais maravilhosas da minha infância: resolvi criar os meus próprios brinquedos. Eu adorava desenhar e, graças a isso, eu desenhei os cavaleiros, as armaduras e até as casas do zodíaco, recortando-os e transformando-os em brinquedos. Aliás, ilustrações dos Cavaleiros do Zodíaco eram preciosidades naquela época sem internet. Quem sabia desenhar os personagens dos CDZ podia ganhar um dinheirinho vendendo os próprios desenhos.
Outra coisa bacana na época era a Revista Herói. Essa revistinha, como o próprio nome sugere, falava sobre heróis – e como a bola da vez na época eram os CDZ, então ela sempre dava preferência a eles em suas reportagens e matérias. Numa época onde não havia internet, o único meio de conhecer melhor os nossos heróis era através dessas revistas. Lembro-me que foi através da Herói que eu comecei a me interessar sobre os dubladores do anime numa reportagem que li sobre a Maralisi Tartarini (dubladora da Shina). Mal sabia eu que a série CDZ foi responsável por tornar os dubladores brasileiros mais conhecidos pelos fãs, dando uma maior relevância à dublagem no país.

Para finalizar, vou deixar abaixo um excelente vídeo do Canal Você Não Sabia contando diversas curiosidades sobre os CDZ.


sexta-feira, 11 de julho de 2014

Alemanha dá goleada dentro e fora de campo


Após a semifinal da Copa, onde a seleção Alemã fez um jogo-treino contra os fantasmas a seleção brasileira, ninguém contestou a supremacia futebolística dos germânicos. Mas engana-se quem acha que os alemães golearam apenas dentro do Mineirão.

Texto enviado por Lukas Podolski

Após o jogo, vimos um verdadeiro espetáculo de espírito esportivo, fair play, elegância, humildade, carisma e respeito por parte dos jogadores alemães e também da federação alemã. Apesar de terem sido muito superiores em campo, eles foram humildes e exigiram respeito pela nossa seleção. O meia Mesut Özil disse: "Vocês têm um país maravilhoso, um povo fantástico e jogadores incríveis - esse jogo não pode destruir seu orgulho!". O também meia Schweinsteiger respondeu numa entrevista depois de perguntarem se eles sentiram pena do Brasil: "Pena é (uma palavra) forte. Mas eu gostaria de me desculpar com o Brasil. Não esperávamos um placar desses. Tentamos ser respeitosos jogando futebol e fazendo gols. Para nós essa Copa é um sonho. Estamos gostando muito do povo brasileiro, e queria dizer que a seleção brasileira fez grande papel no torneio". E a federação alemã também se pronunciou no Facebook: "Caros Brasileiros. Primeiramente gostaríamos de agradecer pelo carinho que estamos sendo recebidos por todas as pessoas em cada momento da nossa estadia no Brasil. Fora isto desde 2006 sabemos como é doloroso perder uma semi-final no próprio país. Desejamos tudo de bom e o melhor para o futuro para vocês."

Perder faz parte do esporte

Isso sim é uma verdadeira goleada de espírito esportivo. Enquanto muitos brasileiros disseram barbaridades contra a nossa seleção e alguns chegaram ao cúmulo de queimar a bandeira nacional, os alemães nos deram uma aula de esportividade. Nunca imaginei que um dia nossos adversários nos respeitariam mais do que nós mesmos. Parabéns seleção alemã e obrigado por suas palavras.

quinta-feira, 10 de julho de 2014

Animes da TV Manchete: Yu Yu Hakusho


Se você foi criança ou adolescente na década de 90, certamente deve ter assistido muito a extinta TV Manchete. Além dos seriados japoneses de ação (Tokusatsus e Super Sentais) transmitidos pela emissora, tivemos também os animes, que eram os desenhos japoneses adaptados dos mangás. O primeiro anime a chegar no Brasil veio justamente através da Rede Manchete e ele foi, nada mais, nada menos, que o Saint Seiya, mais conhecido por aqui como Cavaleiros do Zodíaco. Lá no longínquo ano de 1994 tivemos a estreia nacional dos cavaleiros defensores de Atena munidos de suas armaduras lendárias e de sua poderosa cosmo energia na luta pela justiça. A série Cavaleiros do Zodíaco foi um marco na nossa televisão e na nossa cultura, pois os animes ganharam fama no Brasil justamente a partir deles. Não vou me aprofundar sobre os Cavaleiros do Zodíaco neste post, porque houve outro desenho fantástico que me marcou muito, quase tanto quanto os Cavaleiros, e esse desenho foi o inesquecível Yu Yu Hakusho.

A turminha do anime Yu Yu Hakusho

Como este anime marcou a minha vida
Hiei: o meu favorito
Não há como falar sobre Yu Yu Hakusho sem falar do contexto da minha vida na época e sobre como esse desenho foi importante para mim. Lá por volta de 1997, quando eu tinha entre 13 e 14 anos, eu tirava notas baixas na escola, eu havia perdido vários amigos na escola que mudaram de colégio, perdi amigos do curso de inglês por ter abandonado o curso, perdi os amigos do prédio por eu ter me mudado, perdi a minha avó que faleceu um ano antes, só podia jogar videogame em casa nos finais de semana, minha mãe me proibiu de ir aos fliperamas e uma crise financeira começou a se aprofundar dentro da minha família. Enfim, esse ano de 1997 foi um horror total para mim, porque eu me sentia sozinho, sem amigos e sem diversão. Foi aí que comecei a assistir o novo anime da TV Manchete, o tal Yu Yu Hakusho. E já no primeiro episódio que assisti, eu me encantei totalmente pelo anime. Para começo de história, os personagens principais tinham a mesma idade que eu na época (entre 13 e 15 anos) e viviam dilemas existenciais semelhantes aos meus, tendo que enfrentar os problemas da escola, os problemas da idade, as descobertas da adolescência e isso fez com que eu me identificasse inteiramente com o desenho. O anime Yu Yu Hakusho me serviu mais que um simples escapismo: me fez enxergar a vida com uma ótica mais otimista e me ajudou a superar várias dificuldades da época. Esse anime foi uma verdadeira terapia para mim. Inclusive, na época, eu comecei a escrever uma estória enorme paralela contando como seria se os personagens do desenho tivessem vindo morar no Brasil.

Koema: "Abaixa esse som, trapizomba!"

O mais carismático dos animes
"Ah, eu sou Toguro!"
Falando do desenho propriamente dito, uma coisa que me impressionava muito era o carisma dos personagens. Até mesmo os vilões eram carismáticos. O vilão Toguro Otouto, por exemplo, apesar de ser "mau", tinha carisma, caráter e lealdade. O clima de novela adolescente mostrando os problemas na escola e os romances tragicômicos dos personagens eram muito divertidos e cheios de momentos engraçados. E falando de coisas engraçadas, outra coisa incrível neste anime era a dublagem. Eu nunca vi até hoje uma dublagem tão informal, divertida e bem feita como a do Yu Yu Hakusho. Os personagens falavam usando gírias e expressões típicas do nosso dia-a-dia (com um divertido sotaque carioquês), dando a impressão que o desenho era brasileiro, e não japonês. E outra coisa muito marcante para mim foram as músicas de abertura e de encerramento do desenho. Na época, a rede Manchete não mostrava os encerramentos inteiros (cantados em português), mas, mesmo assim, eu adorava as músicas – inclusive, eu escrevi as letras das canções na minha agenda escolar para ficar as cantando no pensamento durante os momentos de tédio das aulas. Mais de uma década depois, por volta de 2009, eu achei todos os encerramentos cantados em português na internet cantados por completo. Quase enfartei de tanta felicidade por relembrar as canções. Eu até gravei alguns episódios e todas as músicas de encerramento numa fita VHS e em outra cassete, mas como perdi as fitas, tive que baixar os encerramentos da internet para guardá-los com muito carinho num CD. A seguir vou anexar dois vídeos. O primeiro mostra vários momentos hilários do anime e o segundo traz um compilado de todas as canções do desenho para que o pessoal da 'velha guarda' mate a saudade e que os que não viram o desenho entendam porque o negócio era tão bom.





Para sempre Yu Yu Hakusho
Claro que o desenho foi muito criticado pelo excesso de violência e por alguns personagens estimularem a delinquência juvenil (ah, Yusuke Urameshi!), tanto foi que canais como a Band e o Cartoon Network censuraram diversas cenas em episódios de luta. Houve também censura de uma cena onde o Yusuke apalpava os seios de um travesti e nem mesmo o beijo (gay) entre Yusuke e Kuwabara num pesadelo deste último escapou da censura. Apesar dessas bobagens, o desenho foi inesquecível, porque ele fez muita gente rir, chorar, torcer e se surpreender com uma história emocionante e digna de marcar as nossas vidas para sempre.