sábado, 26 de fevereiro de 2022

Não seja contra a guerra, seja contra o capitalismo


Essa esquerda namastê tem momentos que me dá nos nervos. Eu já estou farto de ver gente nas redes sociais que se declara de esquerda tratando a Rússia como a causadora do conflito na Ucrânia e ainda por cima defendendo uma paz impossível num momento de tensão do capitalismo financeiro. Coloquem uma coisa na cabecinha de vocês: não existem mocinhos e nem bandidos num mundo capitalista, porque o capitalismo simplesmente obriga as nações dominantes a serem expansionistas e a causarem guerras. Se por um lado a Rússia do "homofóbico, misógino e autoritário" Vladimir Putin deseja restabelecer suas áreas de influência perdidas com o fim da URSS, os EUA, por outro lado, querem ampliar o número de países europeus integrantes da Otan. O grande problema nessa história e que justifica a invasão militar na Ucrânia é que a soberania russa foi ameaçada quando a Ucrânia manifestou desejo de entrar para a Otan e de possuir armas nucleares. Isso fere o antigo acordo firmado entre Rússia e EUA no final da Guerra Fria onde ficou decidido que a Otan não seria expandida para o leste europeu. Sem falar do próprio protocolo de Minsk que foi desrespeitado inúmeras vezes pela Ucrânia e seus neonazis que perseguiam e matavam minorias russas no leste ucraniano.

Para quem não se lembra de situação similar, em outubro de 1962, a URSS colocou seus misseis nucleares em Cuba e isso quase gerou uma terceira Guerra Mundial por ameaçar a soberania dos Estados Unidos. E agora a Ucrânia fez parecido, ameaçando a soberania russa. Portanto, a Rússia apenas está se defendendo de agressões. 

A guerra é um jogo de apostas dos plutocratas.


É claro que a guerra é uma situação onde só quem sai perdendo é a população civil, porque é essa população que se torna vítima das bombas, da fome e da crueldade. Só quem ganha com a guerra são as oligarquias, os bancos e megacorporações que sancionam países rivais e financiam a construção de regiões destruídas pela guerra. É por isso que ao invés de ficar feito idiotas pedindo por uma paz utópica, temos que lutar contra a real causa de todas essas guerras: o capitalismo. Se não tivermos uma visão pragmática do mundo, iremos sempre cair nessas armadilhas ideológicas que a esquerda namastê vive caindo. Podemos e devemos nos solidarizar com o povo ucraniano – mas devemos também enxergar além do senso comum simplista. O mundo ideal é aquele onde não há países, não há dinheiro, não há exploração, não há desigualdades, onde todos se enxerguem como irmãos e onde todos respeitem a mãe Terra. Onde foi mesmo que já ouvi falar disso?

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2022

Quem vai conter o neonazismo ucraniano?


Já era de se esperar. A imprensa burguesa pró-ocidente tem feito malabarismos de todo jeito para distorcer os reais motivos dos ataques russos contra as bases militares ucranianas. Entre as narrativas rocambolescas vistas por Globo News, Jovem Klan e afins que contribuem para um senso comum midiotizado, fica no ar a ideia de que Vladimir Putin é um expansionista sanguinário que quer guerra a troco de nada e acabar com a paz do mundo. Obviamente, isso é uma mentira deslavada. Ninguém ataca outro país sem que haja uma razão muito forte para isso, ainda mais a Rússia que é conhecida por sua paciência e estratégia. Como já deixei claro em outras postagens, a Rússia está evitando que misseis nucleares da Otan sejam colocados debaixo de suas barbas na fronteira com a Ucrânia. Portanto, essa movimentação militar russa não é o começo de uma guerra, mas sim uma tentativa de evitar outra guerra mundial. Mas isso não é tudo.

Neonazistas ucranianos tomaram o poder em Kiev.

Apesar da Rússia ser um país capitalista com um conservador de direita no poder – conservador este que atende aos interesses da oligarquia nacional – é imperativo deixar claro que o que está ocorrendo na Ucrânia não é somente uma forma de defender a soberania russa, mas também de desinfetar os neonazistas que tomaram o poder naquele país. Há anos que paramilitares ucranianos neonazistas fazem constantes provocações, atacando russos residentes no país e ameaçando outras minorias. E, claro, é bom que se diga que o próprio governo ucraniano é neonazista e chegou ao poder com apoio dos Estados Unidos naquele golpe de Estado desferido em 2014. Portanto, se há um vilão nessa história, todo mundo já devia saber quem ele é.

Se você acha que o problema é a Rússia, está na hora de rever os seus conceitos. Pare de ouvir e ler essas análises distorcidas da imprensa hegemônica e preste atenção no que dizem os historiadores e cientistas políticos sérios. Fenômenos geopolíticos complexos não são tão fáceis assim de se entender.

Onde está a coerência do Tio Sam?


Uma coisa que eu acho curiosa é a hipocrisia das pessoas que condenam os ataques russos contra a Ucrânia, mas que, por outro lado, ou ficam indiferentes, ou então aplaudem quando os EUA fazem a mesma coisa em outros países. Os Estados Unidos invadem, pilham, dão golpes de Estado, promovem guerra híbrida, bombardeiam, jogam bombas nucleares e matam impunemente há mais de um século e quem é vista como vilã nessa história é a Rússia que está defendendo a sua soberania das ameaças militares da Otan. É óbvio que eu, como pacifista, condeno qualquer guerra. O problema é que esse conflito na Ucrânia está ocorrendo graças a mais uma expansão bélica norte-americana na Europa. Colocar mísseis nucleares de longo alcance na Ucrânia é a meta dos EUA desde o Golpe de Estado financiado por eles mesmos naquele país em 2014. E o resultado tinha que ser este. Será que a Casa Branca iria tolerar, por exemplo, misseis nucleares russos no México ou no Canadá? Lógico que não. A Rússia é caluniada, atacada, sancionada, proibida de disputar olimpíadas e tem seu território ameaçada sem o direito de se defender. Enquanto que os EUA como plutocracia promovem o caos pelo globo sem sofrer qualquer sanção ou medida restritiva contra si. Cadê a coerência de quem critica a Rússia nessas horas?

domingo, 20 de fevereiro de 2022

A Ucrânia é mais uma vítima do imperialismo


Toda essa tensão belicosa que está ocorrendo na fronteira da Ucrânia tem uma única causa: mais uma crise sistêmica do capitalismo financeiro. Sempre que a centralidade do capitalismo entra em crise, precisa resolvê-la aumentando a exploração nos países capitalistas em desenvolvimento via neoliberalismo ou fomentando guerras pelo mundo. O que ocorre na Ucrânia é justamente isso: os Estados Unidos estão forçando uma situação de conflito entre dois países que não querem guerra. Basta ver como a imprensa aqui no ocidente não para de dar tiro no escuro e a tratar a Rússia como pária do mundo. Ora, camaradas, os EUA estão provocando a Rússia há anos ao aproximar as bases da Otan cada vez mais do território russo. O que o Kremlin está a fazer é garantindo a soberania do país ameaçada pelo ocidente. A Rússia não quer guerra e a Ucrânia muito menos. Essa situação é apenas uma forçação de barra para justificar sanções contra a Rússia, a reconstrução da Ucrânia em caso de guerra e expansão das áreas de influência da Otan. Aliás, a Otan não passa de um entulho anacrônico da Guerra Fria que só serve para tumultuar a geopolítica europeia. 

Em todo caso, quem tem tudo para sair perdendo nessa brincadeira estúpida é a própria Europa, porque sem o gás natural russo, a Europa ocidental vai ter sérios problemas econômicos. E a Rússia não precisa vender seu gás para a Europa, já que tem uma parceria econômica forte com a China. Então a solução para resolver todos esses conflitos é uma só: um belo chute na bunda do capitalismo financeiro.

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2022

Eletromésticos dispensáveis


Desde que a pandemia se iniciou e o país como um todo entrou em crise que as pessoas precisaram aprender a economizar – especialmente quando falamos de energia elétrica cujas tarifas foram aumentadas devido à escassez de chuvas que afetou muitos reservatórios e hidrelétricas. Esse período difícil me fez refletir sobre a falta de necessidade do uso de diversos eletrodomésticos que, ao contrário do que eu pensava, são praticamente inúteis na minha vida. Eu percebi que não preciso de tantas quinquilharias ocupando espaço na minha casa para ser feliz e notei, consequentemente, que o minimalismo é um estilo de vida bem mais interessante que eu imaginava. Vou deixar a seguir alguns exemplos de aparelhos eletrodomésticos que não fazem a menor falta na minha vida:

Fogão
Eu nunca gostei de cozinhar, além disso, sempre preferi alimentos crus. Frutas e verduras, que são a base da minha alimentação, não necessitam de serem fritos ou cozidos para me alimentarem. E como eu pretendo me tornar vegano futuramente, nem mesmo ovos eu vou fritar no fogão. Fora que alimentos enlatados e industrializados podem ser opções adicionais para quem não quiser ter um fogão em casa. Adicione a isso o fato do gás de cozinha estar cada dia mais caro e do risco de haver explosões e incêndios com ele. Imagine o quanto você não economizaria por ano com gás caso abolisse o fogão a gás. Ainda há opções de micro-ondas, fogão a lenha ou elétrico, mas acho todos igualmente caros e inúteis para mim. Se eu quiser uma comida cozida ou quentinha, sempre haverá a opção de comprar pronta. Em último caso, só é construir um desses fogões solares que a gente aprende a fazer no YouTube com papel alumínio.


Geladeira
A geladeira é o único eletrodoméstico que fica ligado 24 horas por dia devorando implacavelmente energia elétrica. Bom, água gelada eu sempre evito tomar para não prejudicar minha voz e não me dar dor de garganta. Para outras bebidas, como sucos, eu também prefiro em temperatura ambiente e feitos na hora. Quanto aos alimentos de origem animal, já que eu não pretendo comer carne, ovos, leites e derivados, então a geladeira se torna um objeto totalmente desnecessário para mim. Tudo que eu compro é para o consumo imediato ou então não necessita de refrigeração para ser conservado. Se um dia eu quiser tomar um sorvete ou comer algo gelado, basta ir a um restaurante ou sorveteria, de modo que a geladeira é um eletrodoméstico inútil para mim. 



Ar condicionado e chuveiro elétrico
Eu moro há décadas numa capital onde faz calor o ano inteiro e a amplitude térmica é mínima. O resultado disso é que eu sou tão acostumado com o calor que eletrodomésticos como ar condicionado e chuveiro elétrico tornam-se desnecessários. Um ventilador simples para mim basta para me refrescar do calor e economizar muita energia elétrica. 


Ferro elétrico
Este eletrodoméstico é um dos maiores vilões no consumo de energia elétrica ao lado dos já citados chuveiro elétrico e ar condicionado. Eu considero o ferro elétrico dispensável porque as roupas que eu uso são quase todas feitas de materiais que não necessitam serem desamassados no calor após a lavagem. Roupas de poliéster, poliamida e outros materiais sintéticos nos ajudam a economizar energia elétrica e tempo, além de serem bonitos e confortáveis. Para roupas mais formais, sempre há lavanderias pagas para deixá-las impecáveis ou então locais para alugá-las.


Televisão
A televisão é um eletrodoméstico inútil na minha vida desde o início dos anos 2000. Detesto tevê aberta e a tevê paga não tem nada que me desperte interesse. Como eu só assisto YouTube e jogo videogame, para mim basta um monitor de vídeo decente (IPS de preferência) ligado ao meu PC que todas as minhas necessidades de entretenimento serão atendidas. 


Micro-ondas
Se eu só como alimentos a temperatura natural e nem guardo nada gelado, qual é a lógica de usar um micro-ondas? Sem falar que micro-ondas tiram parte dos flavonoides dos alimentos.


Máquina de lavar roupas
Para fechar a lista, eu coloco a máquina de lavar por ela ser um treco caro, grande, pesado, complicado de fazer manutenção e que gasta bastante energia. Eu prefiro lavar minhas roupas à mão porque elas ficam muito mais limpas e cheirosas, fora que lavar roupas na munheca gasta mais calorias e nos ajuda a manter a forma.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2022

Comunismo é o oposto do nazismo


A esta altura do campeonato todo mundo já está saturado da repercussão daquela fala absurda do ex-apresentador do Flow Podcast sobre a legalização de um partido nazista. É desnecessário dizer que a proibição da existência de um partido nazista existe para proteger a própria democracia e a vida de milhões de pessoas que seriam vítimas de uma ideologia racista. Mas o ponto que eu quero destacar nisso tudo é a falsa equivalência que foi feita durante o podcast do nazismo com o comunismo. Partidos comunistas não são proibidos porque eles se fundamentam na igualdade – justamente o oposto do nazismo que cria um sistema de estratificação social baseado em raça. O que o comunismo quer é superar as desgraças do capitalismo e estabelecer uma sociedade sem Estado. Já o nazismo quer eliminar grupos étnicos e tornar o Estado um agente de controle supremo. Aliás, é bom que se diga que o nazismo foi uma forma que a burguesia encontrou de lutar contra o comunismo que crescia na Europa do início do século XX. Quem equipara nazismo com comunismo não entende nada de política e ainda fortalece teorias conspiratórias como o negacionismo do holocausto.


Enfim, nada mais me surpreende desde que o Brasil escolheu um neofascista para presidente da República.

Imagens falam mais que mil palavras.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2022

A monogamia não é natural


Não tem jeito. Esse povo não aprende mesmo. Tem um mundaréu de gente simplista por aí que acha que os problemas sexuais da humanidade são todos oriundos de uma única causa: a pornografia. Tsc, tsc, tsc... Ledo engano. A pornografia só mostra como estamos todos frustrados, frígidos e reprimidos sexualmente. A maioria de nós recorre a ela como uma válvula de escape sexual, afinal, o sexo nosso de cada dia é sim burocrático, castrado e superficial. Esses grupos antipornografia que têm surgido de uns tempos para cá querem tapar o sol com uma peneira jogando a poeira para debaixo do tapete. Não é a pornografia que causa problemas sexuais, é exatamente o contrário na maioria das vezes. A pornografia é que é uma consequência da nossa infelicidade sexual. É o pseudo moralismo cristão, a imposição da monogamia como única forma de amor e o sexismo heteronormativo que, de fato, estão ferrando com a nossa sexualidade. Aliás, a monogamia precisa ser urgentemente revista, porque ela não é natural. Ao longo de toda a história do homo sapiens sobre a face da Terra nós fomos – homens e mulheres – livres de amarras monogâmicas. Todos eram livres para ter quantos parceiros quisessem sem essa ideia idiota de fidelidade e de posse do outro. Depois que veio o patriarcado e a propriedade privada foi que começou essa imposição monogâmica que nos impediu de amar livremente quem (e quantos) a gente quisesse. Evoluímos biologicamente para ter a maior variabilidade genética possível como forma de aumentar a probabilidade de sobrevivência da espécie. Portanto, somos geneticamente poligâmicos. E aí tem gente que acha que a monogamia é que é natural e que a poligamia/poliandria é errada. Está tudo errado. Monogamia é um fetiche sexual que só dá certo para uma minoria. É por isso que eu defendo o poliamor e a solitude. Se você está com problemas no seu relacionamento, talvez você não tenha nascido para isso e precise rever seus conceitos. E pelamordedeus, parem de latir para a árvore errada. Pornografia só é problema quando vira escola sexual ou vício. Fora isso é ado-a-ado cada um no seu quadrado. Ou você quer virar piada ou meme como ocorreu com aquele deputado paladino que bombou com aquele projeto antimasturbação? Acorda, cambada!

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2022

Idade cronológica não quer dizer nada


É praticamente impossível encontrar alguém cuja idade física seja idêntica à idade mental. Isso porque o desenvolvimento do corpo ocorre num compasso diferente da nossa mente. Pegue duas pessoas de 40 anos de idade, por exemplo. Uma delas viajou o mundo inteiro, conheceu várias culturas, interagiu com milhões de pessoas, fez várias faculdades, casou duas vezes, teve filhos, trabalhou em diversas áreas, leu centenas de livros e fala cinco idiomas. Muito bem. Agora pegue outra pessoa com os mesmos 40 anos de idade que passou seus últimos 20 anos preso em uma solitária. Essa segunda pessoa tem dificuldade para falar o único idioma que sabe, tem problemas para reconhecer rostos e não sabe de quase nada do mundo ao seu redor. É como se ela tivesse parado no tempo quando tinha 20 anos. Apesar de ambas pessoas citadas terem os mesmos 40 anos, a diferença de experiências vividas faz com que uma seja mentalmente muito mais "velha" que a outra. E levando isso para a humanidade como um todo, após a chegada da internet banda larga, essa diferença entre "idade vivida" e "idade aprendida" ficou ainda mais gritante. Um adolescente de 15 anos de idade hoje pode saber muito mais sobre a vida do que eu com quase 40 anos. Isso porque os jovens de hoje (geração z em diante) nasceram em um mundo onde a internet de alta velocidade já estava estabelecida. A velocidade da informação é muito maior do que era na minha época de adolescente. Ou seja: a idade cronológica não influencia tanto no nosso conhecimento. 


Com relação às potencialidades físicas, pode-se dizer quase o mesmo. Isso porque apesar da idade cronológica ser um fator que limita o nosso desempenho em quase todos os esportes, ela não impede que possamos adotar um estilo de vida saudável ou bater nossos recordes pessoais. Eu, hoje, por exemplo, consigo correr e pedalar muito mais longe e mais rápido do que quando tinha 15 ou 18 anos. Depois que virei uma pessoa ativa e passei a cuidar da alimentação, tem dias que eu me sinto como se fosse um leão que voltou para reinar, é impressionante. Isso porque eu nem falei dos idosos que praticam esporte e me deixam perplexo com tanta saúde. No parque onde eu faço meus treinos de calistenia e corrida tem um senhorzinho que corre muito mais rápido que eu e já correu inúmeras maratonas. Se você vê o velhinho correndo, nossa, parece uma pessoa de 30 anos performando. E o pior é que ele não fica sequer ofegante nos treinos, mesmo correndo com máscara.

Enfim, acho que precisamos repensar sobre a (ir)relevância da nossa idade cronológica. O que vale é a nossa bagagem e o que fazemos da vida.