quinta-feira, 30 de junho de 2016

Que governo é esse?


Temer é Cunha e Cunha é Temer. Os dois são como unha e carne, como cara e coroa: um existe politicamente graças ao outro. Ambos são uma obscenidade política e um câncer para o país. Eles representam tudo que há de mais corrupto, retrógrado, elitista e antidemocrático neste país. Como se não bastassem os ataques à aposentadoria, às leis trabalhistas e à soberania nacional, vimos também uma falsa bondade do governo interino golpista ser divulgada como algo maravilhoso pela mídia chapa branca. O fato é que um governo fruto de um golpe de Estado mal disfarçado não foi planejado para o bem do país ou do povo. Se não houver pressão popular, Temer só sairá da presidência – isso se não der outro golpe – em 2019. Até lá o país terá sido quebrado e vendido por corruptos e por uma elite predatória que só pensa em si mesma e em seus dividendos. Se cair Cunha, Temer cai junto. Se cair Temer, Cunha perderá seu principal aliado e terá grandes chances de ser condenado. Mas nenhum dos dois cairá sozinho. Mas só por precaução, é melhor começar derrubando o mal maior: Temer.

É este o governo que você quer?

quarta-feira, 29 de junho de 2016

Nem tudo que voa é disco voador

Isso não é o que você gostaria que fosse

Se fizéssemos uma viagem no tempo para a Idade Média, notaríamos que sempre que as pessoas olhavam para o céu e viam algo inexplicável, as respostas eram as mesmas: sinais dos deuses, anjos, dragões, maus presságios, estrelas caindo do céu, pássaros de fogo e coisas do tipo. Hoje, em pleno século 21 e com todo o conhecimento científico que temos, as pessoas insistem em rotular qualquer coisa que veem de estranho nos céus de naves alienígenas, seres espaciais, seres intraterrestres, seres extramensionais, discos voadores, etc. As suposições mudaram de lá para cá, mas uma coisa permaneceu exatamente a mesma: a nossa necessidade de encontrar explicações imediatas para o que não conseguimos explicar. Sim, o cérebro humano odeia a dúvida. E por isso nos vem sempre a explicação que mais está na moda na nossa época ou que nos parece mais confortável ou extraordinária. Um simples balão pode ser tratado como um disco voador por uma pessoa menos cautelosa e com sede de respostas fáceis e imediatas. Mas para descobrirmos a verdade, para sabermos do que realmente se tratam as "coisas estranhas no céu", precisamos sair do senso comum e passar a usar o ceticismo, o pensamento científico, cauteloso e curioso de quem não se rende a respostas fáceis.
Pela própria Navalha de Occan, podemos deduzir que a probabilidade de uma luz no céu se tratar de uma nave extraterrestre é quase nula, dada a imensa distância que nos separa de outros sistemas solares e a ausência absoluta de evidência de vida fora da Terra. Não que extraterrestres não existam ou que eles não possam aparecer por aqui, mas o fato é que com um pouco de lógica, conhecimento e observação podemos facilmente identificar que não estamos lidando com um OVNI e sim com objetos bem conhecidos. Balões, drones, aeronaves, estações espaciais, satélites, cometas, raios globulares, estrelas e até lixo espacial podem ser confundidos com naves alienígenas. O gráfico abaixo ajuda a explicar isso melhor:


Essa mania de "Não sei o que é, logo, é um disco voador" é de uma inocência pueril típica de quem não se dá ao trabalho de pensar. Quando não é possível identificar do que se trata, então apenas podemos dizer que não sabemos o que é. É claro que explicações fantásticas são muito mais atraentes. Ninguém se sente atraído quando dizem que um balão meteorológico sobrevoou a cidade, mas quando falam que uma nave misteriosa cortou os céus, a audiência está garantida. É por isso que livros sobre alienígenas e deuses astronautas vendem muito mais que livros de ciência, porque a maioria das pessoas quer algo fantástico e inusitado para fugir da realidade monótona e dura que vivemos. Mas se você quiser ir além dessa visão simplória e ver a realidade como realmente ela é, vai ter que encarar o fato de que a realidade nem sempre é do jeito que gostaríamos que ela fosse. Escolha a pílula vermelha e se deixe ser levado pela razão ao invés da imaginação.

terça-feira, 28 de junho de 2016

Menos imposto não é a solução


Sim, eu sei muito bem que a carga tributária do Brasil não está entre as menores do mundo e que existe a sensação de que o dinheiro dos nossos impostos não está sendo bem investido, ou pior ainda: está indo para o bolso dos corruptos. É lógico que isso é motivo para insatisfação geral e com razão. Mas a solução de menos impostos não me parece ser uma saída plausível. Uma redução da carga tributária diminuiria, como consequência, os investimentos em saúde, em educação e em programas sociais. Não é possível ter educação e saúde pública de qualidade com uma carga tributária baixa. Países como Suécia, Finlândia, Noruega, Islândia, Dinamarca, França, Alemanha, Itália e Bélgica possuem um serviço público de qualidade e referência no mundo inteiro. E ao contrário do que dizem os neoliberais, a carga tributária desses países é de mais de 40% do PIB, maior que os 34% do Brasil. Carga tributária baixa você vê em países como Coreia do Norte, Angola, Congo, Chade, Afeganistão e Guiné Equatorial, onde mal se chega aos 8% do PIB. E nesses países não há um serviço público decente, porque não há dinheiro para se investir nisso. É uma incoerência querer serviço público da Suécia com a carga tributária da Guiné Equatorial.
Reduzir a carga tributária só dá a falsa sensação de que estamos sendo "menos roubados". Porém há de lembrar que não existe país sem corrupção. O que existe são países que combatem melhor a corrupção. Reduzir imposto – além de não servir para combater a corrupção – ainda dá um motivo a mais para os corruptos roubarem mais para compensarem o "déficit". E o dinheiro continua indo para o ralo do mesmo jeito, seja pela corrupção, pelos gastos públicos irresponsáveis ou pelos juros da dívida interna.

Tem gente pagando imposto de menos e ganhando juros demais

O que precisamos fazer para resolver esse problema são duas coisas. A primeira é combater a corrupção de forma eficiente e aprender a votar em políticos que sejam competentes. E antes que algum sem noção venha dizer que é tudo "culpa do PT", lamento informar que tanto a corrupção quanto a incompetência são males que afligem todos os partidos políticos. É uma tolice ingênua achar que apenas os partidos que não gostamos são corruptos. E a segunda coisa a ser feita é uma reforma tributária que simplifique o sistema de impostos e o torne proporcional à renda de cada um.
Temos que reduzir ou acabar com esses impostos sobre os produtos e os redirecionar proporcionalmente para a renda. Não é justo viver em um país onde os pobres e a classe média sejam sobrecarregados por impostos e os mais ricos paguem muito pouco. E pior que isso é o pobre pagar o mesmo imposto que o rico que vem embutido nos produtos. É preciso haver uma justiça, uma proporcionalidade na cobrança de impostos. Isso porque eu nem mencionei que a maior parte dos impostos vai pagar a dívida pública para encher os cofres de rentistas e bancos. Isso significa, na prática, que a maior parte dos impostos que pagamos está voltando em forma de juros para a nossa elite econômica ao invés de ir para saúde, educação e demais serviços públicos que trazem bem estar social. No final das contas, o Estado brasileiro é uma espécie de Robin Hood ao contrário, porque tira dos pobres para dar para os ricos.

Enfim, essa história de "imposto zero" é coisa de quem vive de fábulas anarcocapitalistas. E também não há como privatizar tudo, porque nem tudo gera lucro e para isso existe o Estado: para cuidar de um bem comum e essencial a todos.

segunda-feira, 27 de junho de 2016

Tio Rei vira motivo de piada na câmara


Tudo bem, eu sei que ser colunista da Veja nunca foi motivo de orgulho para ninguém, mas você virar motivo de piada por isso já é humilhação demais. Pois foi exatamente isso que aconteceu com o "tio Rei".
Em audiência conjunta de três comissões da Câmara, realizada no dia 21 de junho para discutir os rumos da Empresa Brasileira de Comunicação (EBC), o deputado federal Arthur Oliveira Maia (PPS-BA) citou em sua fala o colunista da Veja Reinaldo Azevedo, que classificou como “renomado jornalista”. E adivinhe qual foi a reação das pessoas ao redor...


Esse é o grande problema dos coxinhas: eles se fecham numa realidade paralela onde só ouvem as mesmas bobagens das mesmas pessoas e acabam ficando retardados sem perceber. Não perceber o quanto o tio Rei é um excelente comediante em matéria de jornalismo não é o forte de quem todo os dias sofre lavagem cerebral do PIG. Se não quiser passar por um vexame desse, recomendo que comece a ler coisas um pouco diferentes antes de formar sua opinião.

domingo, 26 de junho de 2016

Nem toda direita é fascista


Há uma mania muito clichê da esquerda política de rotular qualquer pessoa que pense diferente de "fascista" ou de "coxinha". Com coxinha eu até concordo, mas com fascista, nem sempre. Sim, há fascistas dentro da direita política, assim como há fascistas enrustidos dentro da própria esquerda. Porém, temos que parar de rotular de fascistas as pessoa de direita que defendem liberdade econômica e que não concordam com essa visão ultranacionalista, esquerdofóbica e de culto a um líder da extrema direita. Xingar um neoliberal ou anarcocapitalista de fascista é de uma ignorância política vergonhosa. Vamos primeiro abrir a mente antes de abrir a boca, porque senão pareceremos, com razão, um bando de esquerdomaníacos acéfalos que são tão sem noção e ruins para a militância quando os verdadeiros fascistas.

É preciso relevar também que nem toda crítica ao PT, ao Lula ou à esquerda é uma critica fascista, neoliberal ou elitista. Eu vi um sujeito no Facebook comentar algo a esse respeito que me fez parar para refletir. Claro que há um ódio de classe enrustido contra o PT por causa dos programas sociais e da redução das desigualdades. Mas existem pessoas sensatas que criticam o PT pelo fato dele se utilizar desse bem que fez aos mais pobres como escudo para se blindar contra as acusações de corrupção. E essa crítica faz todo sentido, porque muitos estão protegendo o PT pelos seus feitos a favor do povo, mas fecham os olhos para o fato de que Lula, por exemplo, tem uma estranha ligação com o sítio de Atibaia. É preciso ser justo neste aspecto, porque não devemos defender um corrupto só porque ele é de um partido que simpatizamos. Isso é tão estúpido quanto a blindagem descarada que a Globo faz ao PSDB. E a crítica ao lado oposto também vale, porque há pessoas que atacaram, xingaram e caluniaram Dilma Rousseff mesmo quando ela nunca foi acusada de corrupção: fato este que nos leva a crer que eles fizeram isso ou por ódio reacionário, ou por ignorância.

Outro fato interessante é que ao contrário do que eu havia imaginado, há, sim, uma parte da direita conservadora que abomina os juros exorbitantes que enchem os cofres de banqueiros e rentistas. As taxas de juros no exterior não são tão exorbitantes quanto as que vemos no Brasil e isso nos torna um paraíso para os que vivem de renda sem investir em produção e sem trabalhar. E há pessoas na direita que também condenam o financiamento empresarial sem limites de campanha eleitoral. Esta direita, apesar de ter forte divergência ideológica comigo, é coerente e compreende os problemas básicos do sistema. Essa direita entende também que pior que ter um presidente incompetente é ter todo um sistema político que favorece a corrupção e a impunidade. Esta direita também compreende que o sistema de presidencialismo de coalizão favorece o clientelismo e impede a nomeação de nomes técnicos para os ministérios. Por questões de decência, sou obrigado a respeitar todos os meus opositores que pesam assim.


Portanto, independente de lado, se focarmos nos problemas que identificamos como sendo nocivos para todos nós, o Brasil finalmente terá a chance de crescer de verdade e de deixar de ser o paraíso de uma elite parasitária e golpista.

sábado, 25 de junho de 2016

Os discos de rock nacional mais importantes da minha vida


No post Os discos de rock mais importantes da minha vida, tive o prazer de listar os dez álbuns de rock internacional que mudaram e marcaram a minha vida. E como eu havia prometido, decidi publicar também um post com a devida homenagem aos discos do rock brasileiro.
O primeiro disco de rock nacional que eu ouvi na vida foi o Legião Urbana Dois que o meu irmão tinha em vinil lá pelo final dos anos 80. Apesar de achar o Dois um disco chato na época, quando cheguei à adolescência, consegui perceber a beleza, a riqueza sonora e a poesia das canções deste álbum. Isso tanto foi verdade que o Legião Urbana Dois foi o primeiro CD de rock que tive e não me arrependo até hoje de ter o escolhido de presente de aniversário quando tinha meus 15 anos. Mas o disco que realmente me fez gostar de rock veio antes do Dois. Aos 12 anos, eu virei um fã dos Mamonas Assassinas e comecei a gostar e a ouvir mais canções de rock justamente por causa das músicas mais pesadas deles. A partir daí, não parei mais de gostar de rock e senti que finalmente havia encontrado a minha 'tribo'.

Antes de listar meu top ten dos álbuns mais importantes da minha vida, preciso deixar algumas menções honrosas, tais como:

- Longe Demais das Capitais - Engenheiros do Hawaii (1986)
- Krig-ha, Bandolo! - Raul Seixas (1973)
- Bocas Ordinárias - Charlie Brown Jr. (2002)
- Õ Blésq Blom - Titãs (1989)
- Legião Urbana (1985)
- Afrociberdelia - Chico Science & Nação Zumbi (1996)
- As Aventuras da Blitz 1 (1982)
- Roots - Sepultura (1996)
- Ventura - Los Hermanos (2003)

Pois bem, vamos lá para as dez mais:

10º - Ave Sangria (1974)

A Ave Sangria foi uma banda de rock pernambucana surgida nos anos 70 e que desafiou a moral e os bons costumes da época com posturas de palco pouco convencionais e com músicas que desafiavam a censura da ditadura militar. Apesar do pouco apuro instrumental da banda, eles conseguiram produzir um disco criativo e com melodias que fazem sucesso até hoje entre os velhos e novos fãs, tais como O Pirata, Seu Waldyr, Georgia, a Carniceira e outras. Teve uma época que eu fiquei tão fã deste disco que eu passei a considerá-lo como o melhor do rock pernambucano de todos os tempos, melhor inclusive que os discos da Nação Zumbi. E continuo o considerando o melhor até hoje e não apenas por ter marcado uma fase importante da minha vida, mas também por ser muito divertido de ouvir.

9º - Transpiração Contínua Prolongada - Charlie Brown Jr. (1997)

Já no primeiro disco, o Charlie Brown Jr. resolveu mostrar a que veio com canções como O Coro Vai Comê, Tudo que Ela Gosta de Escutar, Sheik, Quinta-Feira e Proibida pra Mim que formaram a identidade da banda. Apesar de instrumentalmente ser o álbum menos apurado do grupo, as músicas deste disco imortalizaram a banda no coração dos fãs. No meu caso, as canções deste disco marcaram uma fase única da minha vida.

8º - O Papa É Pop - Engenheiros do Hawaii (1990)

Foi graças a este disco que eu comecei a gostar do Engenheiros do Hawaii. As primeiras músicas que escutei da banda pelo rádio me tornaram um fã logo de cara. Engraçado que só mais tarde percebi que quase todas elas estavam presentes no mesmo disco: O Papa é Pop. Com isso, não tinha como deixar essa obra prima do rock nacional de fora desta lista.

7º - O Passo do Lui - Paralamas do Sucesso (1984)

O segundo disco mais antigo que eu ouvi de rock pop depois do Legião Urbana Dois foi este aqui. Músicas como Óculos, Meu Erro, Romance Ideal e SKA fizeram parte da minha infância e da minha vida. Diferentemente da seriedade do Legião Urbana Dois, a animação e o ritmo dançante de algumas músicas deste disco me marcaram desde criança. Por essas e outras que eu considero O Passo do Lui como o melhor disco dos Paralamas.

6º - Ideologia - Cazuza (1988)

Dizem que o rock brasileiro possui uma santíssima trindade que é formada por Raul Seixas, Renato Russo e Cazuza. Este disco é a prova de que Cazuza foi um dos maiores gênios da música brasileira, tornando-o parte da tal santíssima trindade. Já as músicas deste disco serviram de fundo musical para vários momentos que passei na vida, bons e ruins. Canções como Faz Parte do Meu Show, Ideologia e Blues da Piedade sempre me trazem recordações sinestésicas de outrora.

5º - Capital Inicial (1986)

Este disco traz canções que eu simplesmente não tinha como não gostar por causa da influência que elas sofreram do Aborto Elétrico (embrião da Legião Urbana). Algumas músicas importadas do Aborto Elétrico também estiveram presentes de forma marcante neste disco. O fato é que este álbum é uma síntese do que houve de melhor no rock oitentista surgido na capital federal. A mistura de punk, pop e rock alternativo foi que consagrou o Capital Inicial através deste disco e o colocou entre os gigantes do rock brasileiro. Além de tudo isso, este álbum foi um dos que mais me incentivou a gostar de rock, o que o tornou obrigatório nesta lista e em minha coleção.

4º - Gita - Raul Seixas (1974)

O pai da santíssima trindade do rock brasileiro não poderia ficar de fora. Raul Seixas foi mais que um gênio para mim: ele foi um terapeuta, um professor, um psicólogo. As canções do Raulzito serviram para me consolar, para refletir e para animar meu astral. Boa parte do que sou hoje recebeu influência das canções de Raul. E este disco foi, na minha opinião, o melhor dele e com mais canções que tocaram a minha alma.

3º - Dois - Legião Urbana (1986)

Não havia como deixar de fora desta lista o meu primeiro disco de rock e também o melhor álbum da Legião Urbana. Toda vez que escuto esta obra prima, sinto como se voltasse para a época que o ganhei, como se tivesse o escutando pela primeira vez. Falando do disco, o Dois é um álbum sublime, musicalmente caprichado e com letras líricas e poéticas. Não foi à toa que este foi também o disco mais vendido da banda, apesar de não ter nenhuma característica propriamente pop. Este disco foi o que mais teve músicas boas que não tocaram nas rádios. Vale a pena conferir.

2º - Cabeça Dinossauro - Titãs (1986)

Tecnicamente falando, este é o melhor disco de rock cantado em português de todos os tempos. É um dos poucos que não possui músicas ruins. O som pesado, agressivo, punk e de protesto conseguiu ser pop o suficiente para transformar os Titãs na mais representativa banda brasileira dos anos 80. Eu comecei a curtir rock mais barulhento graças a este maravilhoso disco – fato que acabou me servindo de inspiração para compor minhas canções mais pesadas posteriormente.

1º - Mamonas Assassinas (1995)

Sim, Mamonas Assassinas – apesar de não ser considerado um disco sério para os mal humorados – é rock, sim: e rock do bom! É verdade que os caras parodiavam diversos estilos, mas na essência deles sempre esteve o rock. A prova disso é que em quase todas as músicas havia uma guitarra distorcida.  Mas a coisa foi muito além: eles tinham carisma, alegria, irreverência, criatividade, inteligência e muita qualidade musical: atributos estes que faltam a muitas bandas atuais. Foi este disco que me fez gostar de rock e é exatamente por isso que ele está no topo desta lista. Ele foi um divisor de águas na minha vida. Até hoje eu nunca vi nenhum artista com o talento dos Mamonas. É por isso que para mim eles sempre serão imbatíveis.

sexta-feira, 24 de junho de 2016

Faremos contato com civilizações extraterrestres?


Após pensar um pouco sobre esse assunto, cheguei à conclusão de que provavelmente nunca faremos contato com vida extraterrestre inteligente. Há quem discorde e diga até que os aliens já estão por aqui nos observando, mas eu nunca vi uma única evidência sequer que me convencesse de que a humanidade entrou, entra ou entrará em contato com civilizações alienígenas. Além disso, como já disse Neil DeGrasse Tyson: "somo estúpidos demais para os aliens". Ora, que civilização superior teria interesse em fazer contato com um bando de primatas territorialistas, egocêntricos, agressivos e que destroem o próprio planeta através de um capitalismo predatório? Acrescente a isso o fato de que também não temos nada de interessante para oferecer a inteligências maiores que a nossa. Não somos interessantes para os extraterrestres. Isso porque eu não estou nem levando em consideração a possibilidade de não haver qualquer civilização com quem possamos fazer contato. Já imaginou se não houver nenhuma vida inteligente lá fora? A própria Equação de Drake mostra o quão improvável é ter alguma civilização próxima de nós na galáxia. E mesmo que exista vida inteligente lá fora, o problema é que as distâncias absurdas, a baixíssima quantidade de civilizações e o desinteresse por parte dos ETs são determinantes para que nunca façamos qualquer contato.
É claro que a possibilidade de contato existe, mas acho ela muito remota e também perigosa. Stephen Hawking já alertou sobre os riscos de fazermos contato com aliens predadores, hostis ou indiferentes a nós. Então talvez seja realmente melhor que nunca façamos contato com ninguém. Se nós mal fazemos contato com outras espécies inteligentes do nosso planeta, por que esperar algo melhor com seres muitas e muitas vezes mais avançados tecnologicamente e intelectualmente que nós? Seríamos, na melhor das hipóteses, tratados como seres irracionais por eles.
Creio que o nosso primeiro contato com vida extraterrestre, se ocorrer, será com seres unicelulares. A vida unicelular se forma rapidamente em condições adequadas, o que aumenta teoricamente as nossas chances de achá-la. Mas devido a grande escala de tempo que leva para a vida unicelular se desenvolver para multicelular e o risco razoável de extinções em massa, talvez o mais provável mesmo seja que venhamos a encontrar bactérias fossilizadas em alguma lua de Júpiter. 

quinta-feira, 23 de junho de 2016

A Terra agora tem a forma que qualquer um quiser (SQN)


Examinar evidências, compreender como funciona o método científico e estudar o básico sobre ciências da natureza se tornou um feito heroico nos dias atuais, fato. A maior prova disso são essas teorias conspiratórias absurdas que propõem formatos inusitados para o planeta Terra. Seja por ma fé ou por trollagem gratuita, muita gente vem reproduzindo impunemente pela internet ideias sem o menor senso de realismo como a da Terra plana, convencendo alguns incautos desse disparate. Para muitos conspiracionistas, a ciência é uma espécie de "seita" controlada pelos illuminati para manter as pessoas longe da "verdade". Daí que tudo que a ciência afirma é tratado como mentira ou conspiração. O que esse bando de doidos se esquecem de dizer é que ciências naturais não são ciências políticas onde cada um pode dar uma interpretação subjetiva  para os fatos. Ciências como física, química, biologia e astronomia se fundamentam em evidências testadas e comprovadas por décadas de estudo árduo e de método científico. Contestar fatos científicos consolidados com hipóteses que contrariam a si mesmas é apenas uma forma estapafúrdia de demonstrar ignorância e prejudicar a credibilidade da ciência. Mas enfim, este post aqui é para rir, e não para ler textão.

Concepção artística de um delírio psíquico

Já que cada um pode "escolher" o formato que quiser para a Terra, então vou deixar que o caro leitor escolha o formato que quiser para a Terra entre as opções abaixo. Só não se esqueça que a realidade não é do jeito que você quer que ela seja, a realidade é do jeito que ela é e pronto.

Formatos que a Terra tem, escolha já o seu:

Terra quadrada

Terra oval

Terra em forma de coração

Terra geoide

Terra piramidal

Terra plana

Terra cônica

Terra convexa

Terra em forma de pera

Terra em formato de sorvete

Ou será que a Terra tem forma de bunda?

quarta-feira, 22 de junho de 2016

Ser criança em 1996


Há 20 primaveras atrás tivemos a oportunidade de vivenciar um ano que foi marcante para a vida de muitos de nós: o fabuloso ano de 1996. Quem era criança teve ainda mais motivos para gostar daquele ano, porque tínhamos a TV Colosso, a TV Manchete, brinquedos nostálgicos, videogames ícones de uma geração e a internet que estava dando os primeiros passos no Brasil.
Naquele ano de 1996, eu já nem era tão criança assim porque já tinha meus 12/13 anos de idade e estava praticamente na pré-adolescência. Mas a verdade é que na época eu ainda era uma criança do ponto de vista da minha maturidade, tanto é que os fatos mais marcantes para mim nessa época também foram marcantes para a maioria das crianças mais novas que eu que vivenciaram esse período. Mas enfim, vamos listar os principais fatos que o correram em 1996.

Vai me dizer que não se lembra deles?

Música
Foi em 1996 que Claudinho e Buchecha tornaram-se conhecidos com o primeiro álbum deles onde a canção Conquista virou sucesso e alavancou a carreira dos dois. Aliás, Claudinho e Buchecha mostraram que o funk carioca pode ser sim bacana, belo e até romântico. Além dessa dupla, tivemos também o auge do sucesso do grupo É o Tchan e de incontáveis bandas de axé que juntamente com o pagode foram os estilos que predominaram nos anos 90. A banda Akundum também estourou com seu polêmico sucesso Emaconhada, que caiu na boca da criançada. Em fevereiro, o mega star Michael Jackson veio até Salvador gravar o clipe de They Don't Care About Us: um fato histórico para as terras tupiniquins. Outro sucesso que emplacou em 1996 foi o hit Macarena do Los Del Rio. Sem falar nos sucessos internacionais dos Backstreet Boys e das Spice Girls. Este também foi o ano de lançamento do meu álbum favorito do Sepultura, o Roots.
Mas nem tudo foram flores, porque tivemos o auge do sucesso dos Mamonas Assassinas interrompido por uma tragédia que chocou o país. Em outubro de 1996 morreu o líder da Legião Urbana, Renato Russo, um mês depois do lançamento do álbum A Tempestade, deixando uma legião de fãs de luto. No rock internacional, Slash deixou o Guns N' Roses após desentendimentos com Axl Rose (mas em abril de 2016 parece que os dois voltaram a se entender).

Este game foi ícone de uma geração

Videogames
Em 1996 tínhamos videogames consagrados que já eram amados há anos pelos gamers da época, tais como Super Nintendo, Mega Drive, Playstation, Sega Saturno e Neo Geo. Mas o que realmente marcou este ano no mundo dos games foi a chegada do inesquecível Nintendo 64. Alguns jogos de videogame que foram lançados neste ano também fizeram história, como Donkey Kong Country 3, Street Fighter Alpha 2, Ultimate Mortal Kombat 3, Tomb Raider, Resident Evil, Metal Slug, Mario 64, Mario Kart 64, Wave Race e o inesquecível King of Fighters '96. Aliás, foi neste ano que conheci as séries KOF e Metal Slug nos fliperamas de Neo Geo de uma pizzaria famosa da minha cidade. A paixão foi tão grande por esses dois games que eu ainda os jogo vez por outra no emulador.
Outro game que não poderia ter ficado de fora foi o saudoso Dungeons and Dragons: Shadow Over Mystara que fez sucesso nos arcades. Eu só conheci este último game no emulador e o considerei um dos melhores do gênero lançados até hoje.

O super sentai americano fez sucesso no Brasil

Televisão
Neste ano tivemos a Rede Manchete dando seus últimos suspiros com tokusatsus e animes que marcaram uma geração. A Manchete já estava pensando em substituir os Cavaleiros do Zodíaco por outro anime e tentou, a partir desse ano, uma série de animes como Shurato, Samurai Warriors e séries de lutas e artes marciais como Super Catch e WMAC Masters. Mas nenhuma dessas alternativas realmente decolou. Lembro que nesse ano o Grupo Imagem & Teleshop (a Polishop da época, com seu famoso número 011 1406) estava indo mal com a venda dos seus produtos 'espetaculares' que eram insistentemente exibidos nos intervalos da Rede Manchete. Só aquele esfregão Smart Mop tomava mais de meia hora da programação diária da emissora. A Manchete também trouxe novelas respeitadas na época como Xica da Silva e Tocaia Grande.

Na Globo, tanto a TV Colosso quanto o Angel Mix traziam os Power Rangers e o VR Troopers. A novela global mais popular na época foi a famosíssima O Rei do Gado, que era satirizada semanalmente no Casseta e Planeta Urgente que, nessa época, ainda era engraçado e original. Também tivemos a estreia das séries Sai de Baixo e A Vida Como Ela É, de Nelson Rodrigues – série esta devidamente parodiada pelo Café com Bobagem, na Transamérica, com a engraçadíssima A Bicha Como Ela É. Nesse ano, a Globo também inventou o tal Intercine, onde os telespectadores votavam pelo 0800 em qual filme queriam assistir no dia seguinte. No fim deste ano também tivemos na Globo o Festival James Bond, que contava com uma coletânea de filmes do 007.

Já na Band, tínhamos o Cine Trash com o inesquecível Zé do Caixão e também os Contos da Cripta que fizeram relativo sucesso na época. Mas o grande astro da televisão e da cultura pop brasileira em 1996 foi o famigerado ET de Varginha. Anos depois decobriu-se que não se tratava de um ET, mas sim de um homem deformado.

Will Smith salvou a humanidade mais uma vez

Filmes
O ano de 1996 teve quatro filmes que marcaram a história do cinema para sempre, que foram: Independence Day, Missão Impossível, Space Jam e Coração de Dragão. Missão Impossível e Space Jam ganharam jogos de videogame e ficaram conhecidos por suas trilhas sonoras. Já Independence Day virou referência até hoje quando se fala sobre filmes de alienígenas. Coração de Dragão, apesar de ser menos exuberante que os demais, foi marcante para várias pessoas, como para mim, por exemplo.

Robert Scheidt: ouro na vela

Esportes
Neste ano tivemos os grandiosos Jogos Olímpicos de Atlanta. O que mais me chamou atenção nessas olimpíadas foi, claro, o futebol, afinal, o ouro olímpico no futebol é algo com que sonhamos até hoje. No fim das contas, o Brasil perdeu por 4 a 3 para a Nigéria e foi disputar a medalha de bronze. O nigeriano Kanu fez o gol de ouro no Brasil durante a prorrogação com apenas 4 minutos de jogo após um empate duro de 3 a 3.
No fim da Olimpíada, os EUA foram mais uma vez os recordistas de medalhas e o Brasil terminou em 25º com três ouros, sendo que um deles veio da inusitada final entre Brasil e Brasil no vôlei de praia feminino onde adivinhe só quem venceu... o Brasil, claro.

Carl Sagan deixou os entusiastas da ciência órfãos em dezembro

Enfim, tirando as tragédias (como aquela do Fokker 100 da TAM) e as pessoas que morreram, podemos dizer que 1996 foi "anão" e tanto. Quem viveu naquela época certamente terá boas histórias para contar para seus filhos e netos.

terça-feira, 21 de junho de 2016

Arma de fogo pra quê?


Sinceramente, eu não consigo entender o porquê de tanto drama e tanta discussão com relação à liberação ou não das armas de fogo. Armas de fogo devem ser vendidas legalmente? Sim, mas não qualquer arma e nem para qualquer um. Imagine o problema que estamos criando ao permitir que um psicopata compre uma M249 com um pente de 800 tiros... Numa sociedade onde tantos ódios são alimentados, cultivados e tolerados, é inaceitável que todos possam ter acesso a armamento de guerra. Até mesmo uma simples briga de trânsito pode terminar em tragédia com a presença de uma arma letal por perto, mesmo se for de pequeno calibre. O único tipo de armamento que deveria ser vendido para qualquer um seriam as armas não-letais, tais como tasers, sprays de pimenta e armas de curto alcance que parem um agressor, mas que não tenha poder suficiente para matar. Armas de fogo só poderiam ser vendidas para pessoas treinadas, qualificadas, adultas, aprovadas em exames psiquiátricos e cuja a profissão dependesse do uso de armas. Os cidadãos comuns só deveriam usar armas não letais e apenas para defesa pessoal. Não existe nenhuma necessidade de carregar fuzis de guerra e granadas para ir a um passeio no parque. Se quer ter uma arma de fogo, vire esportista, colecionador, entre para a polícia ou então compre réplicas realistas da Airsoft. Isso sem falar nos bons jogos de videogame que simulam o uso de armas de fogo.

Eu sei que vivemos num clima de guerra civil não declarada no Brasil entre Estado e bandidos (principalmente traficantes), mas isso é não um problema que se resolve armando ainda mais a população. É preciso resolver isso investindo em segurança pública, em educação e em políticas realmente eficazes no combate ao tráfico de drogas. Armas de fogo não dão uma real proteção a ninguém, elas apenas nos dão a falsa sensação de mais segurança. Qualquer um que seja surpreendido por um bandido não terá tempo de sacar sua arma – e mesmo que assim faça, o bandido terá bons motivos para te acertar antes que você puxe o gatilho e ainda vai roubar a sua arma.

Então vamos deixar de repetir inconsequentemente os mantras sagrados da bancada da bala que só está aí para alimentar os bolsos dos barões da indústria armamentista e ganhar voto de eleitor fascista. O mundo precisa de mais racionalidade e menos balas perdidas. Pense nisso.