segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Refutando o "Vai ler a biblia!"


Eu confesso que adoro debater sobre religião com cristãos, porém, a discussão nem sempre termina de forma cordial. E mesmo nas vezes em que a conversa acaba civilizadamente, vez por outra ela é encerrada com um sonoro "Vai ler a Bíblia" vinda por parte dos cristãos. Essa expressão "Vai ler a Bíblia" funciona, na verdade, como um ad hominem eufemístico que ressalta a minha "burrice" com relação a assuntos bíblicos. Mandar-me ler a Bíblia soa, notavelmente, como um complexo do pombo enxadrista, uma vez que esse "argumento" dá ao interlocutor um subterfúgio para que ele saia ileso pela tangente no debate. O "Vai ler a Bíblia" é um mero sofisma que serve de pretexto para tentar dar sustentação a uma argumentação fraca ou inexistente. Mas eu vou além, pois quero usar esta postagem para refutar definitivamente essa 'tática' que só escancara a ignorância de quem a usa num debate.

É pra isso que serve a Bíblia?

Existem quatro motivos pelos quais ler a Bíblia não é algo necessário para debater sobre religião. Vou citar esses motivos a seguir:

Primeiro: A Bíblia é um livro de mitologia
No Novo Testamento, as palavras de Jesus foram distorcidas por causa dos erros de tradução e pelos remendos mal feitos no Concílio de Niceia. O cristianismo, para quem não sabe, foi montado através de um rocambolesco sincretismo religioso com cópias descaradas da mitologia persa e suméria. O próprio judaísmo foi uma cópia descarada do zoroastrismo. O Concílio de Niceia, como acabei de citar, serviu, basicamente, para usar a religião como meio político de manipulação das massas e, dessa forma, criou esse 'Frankenstein religioso' que é o atual cristianismo. Para quem duvida, este vídeo aqui PROVA que a Bíblia veio do politeísmo sumério. Preste atenção na Epopeia de Gilgamesh e no Enuma Elish e note as coincidências.


Segundo: Deus não se comunica através de livros
Não é necessário um livro para que Deus se comunique com as pessoas. Basta imaginar alguém que tenha nascido cego, surdo e mudo e assim viveu por décadas antes de morrer. Como uma pessoa nesse estado, que viveu anos e anos na escuridão e no silêncio absolutos, poderia ter a percepção da existência de Deus se ela nunca leu ou ouviu versículos bíblicos? Se há mesmo um deus que interfere na realidade objetiva, este deus fala de modo particular com cada um. Não é necessário um livro antigo escrito por humanos passíveis de erro para tal. É ridículo que num mundo com milhões de analfabetos, Deus se comunique justamente através de um livro velho escrito há cerca de dois mil anos.


Terceiro: Livros não provam nada
A Bíblia não prova coisa alguma, porque livros não provam nada. O que prova alguma coisa são as evidências e os fatos. Da mesma forma que o Alcorão ou o Bhagavad Gita não provam nada, a Bíblia também não prova coisa nenhuma. Eu vejo a Bíblia mais como um guia espiritual – e não como uma "verdade suprema". Além disso, a Bíblia foi escrita por homens, e não por Deus.


Quarto: Exegese e hermenêutica são falácias
Ler a Bíblia não torna ninguém mais sábio ou moralmente superior. Eu até tentei ler a Bíblia inteira quando era mais jovem, mas desisti logo no primeiro livro. Tem tantos absurdos no Gênesis, que é impossível levar aquela historinha infantil a sério. É preciso intepretar tudo que seja errado, violento ou antiquado e levar ao pé da letra somente as cosias boas. Ou seja: é necessária uma interpretação seletiva que não faz o menor sentido. Na verdade, todo o Velho Testamento é repleto de monstruosidades, como pude constatar posteriormente. Então, esse livro "Sagrado" de sagrado não tem nada.


Portanto, chega de usar esse argumento ridículo mandando os outros lerem a Bíblia.


sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Dezembro: o melhor mês do ano


Se o mês de março é, de longe, o pior de todos os meses do ano (por não ter feriados e por sair da ressaca do carnaval), por outro lado, o mês de dezembro é disparado o melhor. Dezembro é o mês das férias escolares, do décimo terceiro salário, das viagens, das casas de veraneio, dos presentes, do comércio aquecido, do verão tropical, das praias lotadas, das árvores de Natal, das festas de fim de ano, das ceias suntuosas de Natal, das cidades enfeitadas com luzes, da família toda reunida... O mês de dezembro sempre foi o melhor para mim desde criança. Eu simplesmente adorava ver a cidade toda enfeitada, adorava esperar o Papai Noel, adorava montar o presépio, adorava correr para abrir os presentes de Natal...

Na boa: se você não gosta do mês de dezembro, me desculpa, mas você é um ser muito esquisito! Rarará!

E viva o mês de dezembro!

quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

A importância da alfabetização política


Se ligarmos a televisão em qualquer canal da tevê aberta, não importa o dia ou a hora, nós praticamente nunca vemos programas que abordem políticas públicas. O que reina na tevê brasileira atualmente é, basicamente, a tríade: 'novela - programas de auditório - futebol'. E mesmo em espaços mais "intelectuais" da grande mídia, como em algumas reportagens e debates, os temas raramente abordam política. Só vemos política na tevê quando estoura algum escândalo ou em propagandas partidárias obrigatórias. Aliás, as discussões políticas na mídia se limitam muito a questões envolvendo políticas partidárias – só que a política não se limita a partidos.

Alienação política dá nisso
Pois bem: por conta dessa alienação involuntária induzida pelos meios de comunicação é que temos pessoas despolitizadas, que acham a política algo desprezível e que não sabem votar na época de eleição. Ao contrário do que alguns espalham por aí, política é algo que pode e deve ser debatido, sempre! Essa conversa de que "política não se discute" é uma desculpa para alienar as pessoas e mantê-las dominadas e distraídas pelo sistema. Precisamos jogar fora essas ideias estúpidas sobre a política e passar a enxergá-la como uma necessidade social, afinal, o ser humano é um ser político. Praticamente todas as relações entre seres humanos são políticas, logo, é indispensável discutir sobre essas nossas relações, sejam elas privadas ou públicas. É a nossa vida e o nosso bem-estar que estão em jogo nessa discussão.

O bom da política é que pelo fato dela não ser uma ciência exata, ela abre espaço para debates, troca de ideias, abordagens filosóficas, evoluções dialéticas, enfim: a política nos torna mais inteligentes porque nos faz pensar, refletir, ler, pesquisar e aprender. E para você ter uma opinião mais fundamentada, imparcial e ampla sobre a política, você precisa procurar ler o máximo possível para não se tornar um fanático ou um extremista cego. Os liberais, por exemplo, devem ler Marx – e os marxistas, por sua vez, devem ler Adam Smith para fundamentarem melhor as suas opiniões e saber refutar quando os autores 'opositores' forem citados num debate.

Isso NÃO  é política, é politicalha!

O entrave à politização das massas
JAMAIS faça isso!
O grande empecilho à nossa alfabetização política é que não interessa aos políticos corruptos e aos oligarcas do poder econômico que o povo ganhe consciência política. Por isso que geralmente a política é mostrada por aí como sendo algo chato e asqueroso. E a mídia tende a reforçar essa visão ainda mais usando a desculpa da "demanda" para mostrar apenas "aquilo que o povo quer ver" e, assim, não debater sobre política nos meios de comunicação, alegando que "o povo não gosta de política". O retorno e o lucro que se obtém com futebol e novelas realmente é maior do que o obtido com programação política, e isso alimenta ainda mais o ciclo vicioso que mantém o povo alienado e despolitizado. Desse modo, o povo é mantido manipulado por ter uma péssima educação básica, por não ser estimulado a debater sobre política e por viver excessivamente apegado a coisas fúteis. Se esse ciclo não é quebrado, apenas os mais ricos se beneficiam dentro do sistema.

Voto NÃO é brincadeira!

Habilitação política
Quem viveu nos Anos de Chumbo da ditadura militar sabe perfeitamente sobre a importância e a conquista que o voto e as eleições diretas representam para os brasileiros. Mas as gerações que não participaram das Diretas Já e que não conheceram a Lei da Anistia talvez não tenham plena consciência dessa importância. Talvez, por isso, muita gente anule o voto, venda o voto ou faça tantos votos de protesto. O problema do voto é que ele não é encarado com a devida seriedade por grande parte dos eleitores. É por isso que eu sou a favor de uma Carteira de Habilitação Eleitoral. Essa 'Carteira Eleitoral' seria similar a uma Carteira de Motorista, pois exigiria conhecimento e formação política de quem quisesse votar. Todos que quisessem se tornar eleitores deveriam fazer um cursinho preparatório para, se aprovados, receber a carteira e o título de eleitor. É absolutamente perigoso dar o direito ao voto para pessoas que não sabem da existência dos Três Poderes, que não sabe o que faz um senador ou que não sabe o que é uma democracia. O voto de analfabetos políticos é um prato cheio para demagogos e corruptos. Por isso, também, que eu sou a favor do voto facultativo, mas isso é assunto para outro post. O que quero que fique claro aqui é a importância de se difundir a alfabetização política. Enquanto não houver uma consciência maior com relação à política, escolher nossos representantes vai continuar se limitando a ter certos "favores" em troca do voto.

quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

Os hinos nacionais mais belos do mundo


Vou listar a seguir os dez hinos nacionais mais belos (tanto na letra quanto na melodia) na minha opinião.

Hino de Taiwan


Hino da China


Hino da Nigéria


Hino de Senegal


Hino da Rússia


Hino do Brasil


Hino de Portugal


Hino da Itália


Hino do Uruguai


Hino da França

segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Homenagem aos "heróis" de 1964


Em diversos fóruns e páginas de redes sociais há grupos que estão se preparando para fazer uma megafesta no dia 1º de abril de 2014 em comemoração aos 50 anos do Golpe Militar de 1964. Não, isso não é uma mentira e nem uma brincadeira: realmente há um grupo razoável de pessoas que vão prestar homenagens aos "heróis de 1964".

Heróis de quê?
Quem acompanha as minhas postagens sobre política neste blog sabe perfeitamente que eu tenho uma repulsa enorme por qualquer tipo de ditadura. Defender ditaduras demonstra apenas fanatismo, extremismo, loucura e ignorância. E no caso do Brasil – ao contrário do pensam os ingênuos e fascistas – a ditadura representou vinte um longos anos de retrocesso. Ouvir as lamúrias de velhos latifundiários e de políticos de extrema direita pelo fim do regime militar é compreensível, mas ouvir jovens de 20 e 30 anos de idade falando em "heróis de 64" é algo absolutamente aterrador. Esses jovens não viram o horror que foi a ditadura e sequer pegaram num livro de história antes de virem falar de "heróis". Esses tais "heróis" destruíram a nossa liberdade, destruíram a nossa democracia, condenaram o nosso povo à injustiça social, causaram um grande atraso econômico e torturaram e mataram milhares de pessoas impunemente. Eles não salvaram a nossa democracia: eles destruíram a nossa democracia. Se não fosse pela pressão social pelo fim da ditadura e pelas Diretas Já, possivelmente, não teríamos retornado à democracia tão cedo. Portanto, defender o regime militar é um atestado de ignorância e fascismo extremados.

A ditadura foi um crime contra a humanidade

Quem foram os "heróis"?
Se alguém acha que os "heróis" de 1964 foram os militares, me desculpa, mas quem pensa assim está mal informado. Quem arquitetou, conspirou e executou o golpe militar no Brasil não foram os oficiais das Forças Armadas: quem aplicou o golpe foi a nossa elite burguesa conservadora com o apoio político, financeiro, militar e logístico do governo dos Estados Unidos da América. A nossa nação, ou melhor, a América Latina inteira, era vista e tratada como quintal dos EUA. O que atiçou os ânimos na época foi o belíssimo discurso do então presidente João Goulart na Central do Brasil em defesa da democracia e do povo. Para os paranoicos de direita da época, o comício de João Goulart não foi um discurso democrático, mas sim um discurso "comunista". Na linguagem do imperialismo americano, defender o povo era o mesmo que defender o comunismo. Os EUA viram esse discurso como uma ameaça e decidiram deflagrar o Golpe de Estado como precaução. Toda uma campanha difamatória contra João Goulart foi criada para manipular o povo através da mídia e fazê-los aceitar o golpe. Porém, é bom que se diga que a União Soviética e a China nunca "patrocinaram" o Brasil para implantar o socialismo aqui. Portanto, nunca ia haver um regime socialista no Brasil. Essa paranoia comunista nunca passou de um wishful thinking capitalista. A dura verdade foi que não tivemos heróis em 1964, só tivemos vilões e vítimas, muitas vítimas.

Uma imagem vale mais que mil palavras

Por que os EUA financiaram o golpe?
Castelo Branco e Lincoln Gordon
Nos anos 60 e 70 vivíamos no auge da Guerra Fria. Era o capitalismo norte-americano contra o socialismo soviético. Os EUA já tinham enfrentado um risco eminente de ataque nuclear com a Crise dos Mísseis Cubanos em 1962. Ter mais um país "contra" eles naquele período representava não apenas o risco de ataques nucleares, mas também o risco de perderem mercado e influência, pois o Brasil era (e ainda é) o país mais influente e importante da América Latina. Perder o Brasil para os "comunistas" seria uma ameaça econômica e militar, daí que os EUA se viram forçados a investir alto numa ditadura. Nós fomos, simplesmente, massa de manobra na mão da CIA e do Governo norte-americano.
Por conta dessa paranoia ianque, discursos como de João Goulart foram tratados como "ameaça comunista". Na verdade, creio eu, que se as pretensões de Jango fossem colocadas em prática, a América hoje provavelmente teria duas superpotências: os Estados Unidos e o Brasil. Aliás, o discurso de Jango foi tão contundente e comovente, que eu faço questão de anexá-lo no vídeo abaixo.



O verdadeiro herói de 1964, para mim, foi o presidente João Goulart e também toda a massa que o apoiou e acreditou que poderíamos transformar o Brasil num país melhor e mais justo para todos.


domingo, 22 de dezembro de 2013

Para os que defendem a ditadura...


A beleza de uma democracia é que nela todos têm direito à liberdade de expressão. Mas há algumas pessoas que, por alguma deficiência cognitiva ou patológica, preferem uma ditadura. E para esses que querem a volta de uma ditadura, deixo um discurso espetacular feito por Dilma Rousseff em resposta ao senador Agripino Maia que serviu para aumentar ainda mais as minhas convicções na defesa da democracia:




Ditadura NUNCA MAIS!

sábado, 21 de dezembro de 2013

Crítica à direita


No post passado, eu fiz uma crítica a alguns grupos de esquerda com os quais tenho algumas divergências. Neste post, por sua vez, a crítica vai ser direcionada aos grupos de direita. Primeiramente, vou fazer uma crítica geral à direita e, em seguida, vou criticar especificamente três tipos de direita, que são a direita libertária, a direita conservadora e a extrema direita.

Ideal da direita: abusos na mais-valia

Crítica geral à direita
Os membros da direita que se autorrotulam de "liberais econômicos", possuem, na essência, um senso de individualidade maior do que o senso de empatia. Eles estão mais preocupados com o indivíduo, do que com o grupo como um todo. Por conta disso, a direita quase sempre defende o Estado mínimo, a meritocracia, o livre mercado, a redução da carga tributária, as privatizações, a grande mídia corporativa, o acúmulo de capital sem limites, as megacorporações, a má distribuição de renda e a exploração indiscriminada da mão de obra assalariada.
Existem basicamente dois grandes grupos que defendem esse tipo de discurso, que são aqueles se beneficiam diretamente com os seus resultados – ou então aqueles não possuem maiores preocupações com os outros seres humanos mais necessitados. No fim das contas, quem sai ganhando com as ideologias de direita são os oligarcas do poder econômico, os especuladores financeiros, os grandes proprietários, os grileiros, os magnatas, os grandes empresários e a elite burguesa. O povo sempre sai perdendo nesse tipo de sistema. Vou explicar isso melhor a seguir.

Não vai me dizer que você acredita nisso, acredita?

As falácias da direita
Vou refutar alguns argumentos defendidos pela direita como sendo "bons" e que só mostram a desonestidade intelectual desse grupo.

Estado mínimo: Defender o "Estado mínimo" é querer que o Estado dê liberdade para que as classes dominantes explorem de forma livre e impune a classe proletariada. Se o Estado não regular direitos como férias, décimo terceiro, salário mínimo e jornada de trabalho, a burguesia vai manipular a mais-valia como bem entender e o trabalhador assalariado vai sofrer com a terrível escravidão do salário. A desculpa da direita aqui é a da "burocracia excessiva": só que sem essa burocracia, o trabalhador estará totalmente desprotegido da coerção e da exploração capitalista.

Meritocracia: Sim, a meritocracia existe. O problema é que os liberais distorceram o seu conceito para usá-la em seu benefício próprio. É absolutamente grotesco falar de meritocracia num país repleto de desigualdades sociais e onde há muita sensação de injustiça econômica. Um pobre favelado nunca vai ter as mesmas chances de um membro da elite econômica. Quem nasce pobre não tem condições de competir de igual para igual com quem nasce rico. Ainda que haja exceções, os liberais gostam de fazer dessa exceção uma regra, transformando a meritocracia em 'meritocovardia'.

Livre mercado: O livre mercado dos liberais é a busca desenfreada e sem regras para se obter lucro, tendo, assim, o direito de passar por cima de todas condutas éticas para enriquecer. Daí nascem os holdings, trustes, dumpins, cartéis, monopólios e oligopólios. O mercado precisa ter, sim, uma certa autonomia, mas o Estado deve se intrometer para evitar abusos e também para proteger o próprio sistema capitalista de colapsar sobre si mesmo, como ocorreu na Grande Depressão de 1929.

Redução da carga tributária: É outra ilusão típica dos neoliberais acreditar que o sistema vai melhorar com a redução dos impostos. Não, não vai. Os impostos servem para atender aos bens e serviços coletivos administrados pelo Estado, que podem ser estradas, pavimentação, coleta de lixo, distribuição de energia elétrica, cartórios, ensino público, segurança, saúde, etc. Além disso, há a questão importante da distribuição de renda. Vivemos num país desigual onde muita gente passa fome, mora em condições subumanas e não tem como sustentar os filhos. Negar a distribuição de renda é condenar à barbárie e à selvageria essas pessoas mais pobres. Enquanto não houver uma redução considerável das desigualdades entre ricos e pobres, a distribuição de renda pelo Estado será absolutamente necessária.

Privatizações: Algumas privatizações são boas, porque nós tiramos uma empresa mal administrada das mãos de um Estado corrupto para entregá-la a um setor privado. Sim, o nosso Estado é corrupto e isso interfere na qualidade de seus serviços. Nesse aspecto eu concordo com algumas privatizações. O setor das telecomunicações foi um exemplo bom de privatização, porque houve melhorias e barateamentos nos bens e serviços. Mas não se pode privatizar tudo. Privatizar setores fundamentais da nossa economia pode ser algo catastrófico, como é o caso de alguns bancos, dos Correios ou da própria Petrobras. Se, após privatizados, eles estiverem à beira da falência por má administração ou qualquer outra crise, o país teria que reestatizá-los para evitar um colapso econômico. Isso tudo sem contar, claro, com a privatização dos recursos naturais, que é uma verdadeira aberração. Se uma floresta for privatizada, quem garante que – no caso de uma grande valorização da celulose no mercado – não vamos ter um desmatamento em massa?

Acúmulo de capital: Ninguém é proibido de juntar o seu dinheirinho e guardá-lo numa caderneta de poupança. O acúmulo de capital é útil e necessário para garantir a nossa segurança e o nosso futuro. O problema é que os liberais querem acumular capital através de especulação econômica e mobiliária. Só que a especulação não é trabalho e não gera riquezas para o país: ela apenas aumenta, "do nada", o dinheiro dos especuladores. E dinheiro não se faz do nada, pois esse acúmulo de capital está vindo do suor do trabalho de outras pessoas. E deveria, sim, haver um limite para se acumular capital. É absolutamente insano que uma única família tenha um patrimônio que seja comparável ao PIB anual de algum país de economia pequena. Se você duvida disso, por favor, assista a esse vídeo.

Religião: Defender a religião é quase um imperativo para aqueles que querem controlar algum sistema. Não foi à toa que Marx disse certa vez que "a religião é o ópio do povo". Isso porque a religião é um produto do sistema usado frequentemente como instrumento de manipulação social das massas. A religião mantém as pessoas alienadas ao sistema para que elas não se revoltem e aceitem a sua pobreza como uma condição divina. Qualquer cristão já cansou de ouvir versículos como o citado em Mateus 19:24, que diz "que é mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha do que entrar um rico no reino de Deus". Porém, esse conformismo com a condição social não é privilégio do cristianismo, pois ele também é visto no islamismo e, principalmente, no hinduísmo (para justificar a sociedade de castas). A promessa de uma vida após a morte faz com que as pessoas renunciem qualquer felicidade 'material' nesta vida.

Os liberais precisam urgentemente ler Marx

Críticas a grupos específicos:
Feitas as críticas gerais e também a desconstrução de certas falácias usadas pela direita, eu vou falar especificamente sobre três grandes subgrupos dentro da direita, que são:

Direita Libertária: Dentre todos os grupos ligados à direita política, a direita libertária – conhecida também por ser "liberal e libertária" – é, de longe, a que possui menos pontos de discordância com minhas ideias. Apesar de defenderem todo o discurso liberal citado no tópico das falácias acima, eles possuem uma qualidade: são a favor das liberdades individuais. Essa direita compreende a necessidade de sermos livres para beber o que quisermos, fumar o que quisermos, casar com quem quisermos (desde que todos sejam adultos) e de falar o que quisermos. Além disso, há alguns que são a favor também da igualdade racial, da igualdade de gêneros, da igualdade entre homens e mulheres, do respeito à diversidade de crenças (e de descrenças) religiosas e do respeito às diferenças. Esse pessoal entendeu que não precisa ser conservador para ser liberal. Como eu sou libertário social, neste aspecto, estou de acordo com eles.

Direita Conservadora: São os famosos reacionários que defendem a família tradicional, a propriedade privada, a religião como meio de controle das massas e o domínio da elite econômica. Derivados do integralismo, são tradicionalistas, ultraconservadores, retrógrados, moralistas, machistas, homofóbicos e sentem saudades da ditadura militar. A esta facção pertencem nomes como Jair Bolsonaro, Olavo de Carvalho, Marco Feliciano, Padre Paulo Ricardo e Rachel Sheherazade. Eu não tenho o mínimo apreço por pessoas que gostariam de dar um novo golpe militar no Brasil. O único ponto em comum que tenho com esse pessoal é o da propriedade privada, pois acho impraticável viver num planeta onde tudo seja coletivizado.

Extrema Direita: Esse pessoal representa tudo que há de mais desprezível na direita, porque repete as ideias sociopatas de sujeitos como Auguste Comte e Adam Smith. Conseguem ser piores que a direita conservadora, porque têm simpatia pelo nazifascismo, são nacionalistas extremados, xenófobos, racistas e fundamentalistas religiosos. Na minha opinião, esses aqui são caso de polícia.

Alguém duvida que a direita seja capaz disso? (vide o massacre de Eldorado)

Tópico bônus: o anarcomiguxismo
Entre os movimentos de direita existe também o anarcocapitalismo, que se sustenta na ideia de que o Estado deve ser dissolvido e que o capitalismo deve se autorregular através do livre mercado e do princípio da não-agressão. O anarco-capitalismo me parece uma mera fantasia de pessoas que cansaram da corrupção do Estado. Acho ingênuo e infantil que alguém consiga achar que esse sistema se sustente na prática, mas enfim, o direito de sonhar com utopias é livre.

Reação típica da direita ao ler este post

Para concluir, se você duvida que exista gente que seja de extrema direita ou que tenta usar mentiras absurdas para defender o conservadorismo retrógrado, por favor visite o link abaixo:
60 pérolas de páginas de direita no Facebook

sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Crítica à esquerda


Politicamente falando, eu me considero como sendo esquerda moderada, ou, se preferirem: social-democrata. Já explanei sobre isso em outros posts e acho desnecessário ficar repetindo os meus porquês. E apesar da minha posição ideológica ser de esquerda, isso não me impede de fazer críticas a outros movimentos também de esquerda.
Existem três tipos de esquerda com as quais eu tenho fortes divergências, que são a esquerda conservadora (ou esquerda retrógrada), a extrema esquerda e a esquerda fanática. Vou mostrar a seguir a impressão que tenho de cada uma delas:

Esquerda Conservadora: Apesar de defenderem a redução das desigualdades econômicas e o fim da opressão das classes dominantes, esse pessoal tem um problema sério: são antilibertários. Eles são quase sempre moralistas, tradicionalistas, machistas, homofóbicos, intolerantes e indiferentes às minorias. Muitos se dizem ateus, mas, na verdade, são cristãos enrustidos e são a favor do controle de todas as liberdades individuais, querendo que o Estado controle até os pensamentos dos cidadãos. Essa ala da esquerda quer que o Estado continue mantendo proibidos a maconha, o aborto e a eutanásia – além de serem a favor do controle total de tudo aquilo que podemos ver, ouvir, cheirar, assistir e falar. Essa esquerda conservadora só não é fascista porque defende Stalin ao invés de Mussolini.

Extrema Esquerda: Essa é aquela esquerda tirana que defende a revolução armada, a luta de classes, os golpes de estado e cuja cabeça ainda não 'descongelou' da Guerra Fria. Esse pessoal tem o péssimo hábito de defender ditaduras comunistas e de ignorar fatos que os contradizem. Entre esses fatos – que eles distorcem a seu favor – está o mito de que Stalin e Mao Tsé-Tung mataram milhões de inocentes "em nome da justiça" e de que Cuba e a Coreia do Norte são países maravilhosos para se viver. Ora, todo mundo que tem um mínimo de conhecimento sabe que os ditadores comunistas matavam por qualquer motivo fútil e que os atuais países comunistas possuem uma economia ridícula e que seus povos vivem à beira da miséria. Além disso, eu não gosto de extremismos, porque eles são prova de imaturidade e desequilíbrio emocional.

Esquerda Fanática: Tem gente que perde a noção e acaba tratando a política como se fosse futebol. É desse grupo sem noção que acabam nascendo grupos e partidos mais exaltados que se comportam como se fossem uma torcida organizada. Entre os socialistas sempre há aqueles que querem reconstruir o Muro de Berlim e implantar o Stalinismo no Brasil. Além de terem uma visão distorcidas dos liberais – achando que eles querem escravizar todo mundo, que todos são fascistas ou que querem destruir o Estado – essa subdivisão radical da esquerda tirou o deus bíblico do altar para adorar o deus Estado. Identificar esses fanáticos é bem fácil, pois muitos deles querem a estatização de tudo, querem coletivizar tudo, defendem o comunismo utópico (ô pleonasmo), depredam o patrimônio privado em manifestações, adotam Che Guevara como um mascote, cantam a Internacional Comunista como se fosse um hino nacional, vociferam contra dissidentes cubanos e muitos acreditam em teorias conspiratórias: como a de que o homem não foi à Lua, por exemplo.

Além desses três tipos de esquerda, tem também a tal "esquerda caviar", que foi 'catalogada' pelo economista liberal Rodrigo Constantino. Essa tal esquerda caviar é, a meu ver, uma esquerda hipócrita que ataca com unhas e dentes o capitalismo e o liberalismo econômico, mas que, ironicamente, usufrui de tudo que o "capitalismo selvagem" oferece. Esses sujeitos são neoliberais travestidos de socialistas e muitos são intelectuais que apenas fazem pose para fazer os demais camaradas de trouxa.

PS: Se você está desesperado para me xingar de direitalha, fascista ou reaça, leia também esse post onde eu critico a direita.

quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Devemos imitar outros países?


Acho engraçado e preocupante o depoimento de alguns brasileiros que vão morar no exterior e ficam comparando a cultura de outros países com a nossa. Eu vejo poucas pessoas falarem dos aspectos positivos do Brasil nessas comparações. Muitos brasileiros que viajam para o exterior tratam o Brasil com desdém, como se a sua pátria-mãe fosse um país pobre, aculturado e detestável. Eu até concordo que o Brasil não é um país das maravilhas, mas tem certas comparações que eu acho que não possuem o menor cabimento. Acho ridículo comparar um país multirracial, tropical e diversificado culturalmente como é o Brasil com países como o Canadá, a Austrália ou com países escandinavos. Acho que cada país é estruturalmente diferente e, por isso, cada um deles precisa de ações políticas e sociais diferentes para resolver os seus problemas. Copiar o modelo de transporte russo para o Brasil, por exemplo, não é viável, pois o Brasil não tem a estrutura ferroviária e nem a morfologia de relevo da Rússia. O uso massivo de termoelétricas é outra coisa que eu acho desnecessária no Brasil, porque temos uma hidrografia privilegiada em relação a outros países e as hidrelétricas são capazes de gerar uma energia muito mais "limpa" do que as termoelétricas. Enfim, existem muitas outras comparações entre o Brasil e os demais países que me parecem puramente apaixonadas.

Nossa diversidade é única

Não existe "cultura superior"
Viva a nossa culinária!
De todas as comparações que fazem do Brasil com o exterior, a que mais me deixou preocupado foi a questão cultural. Tem pessoas que viajam para o exterior e que passam a enxergar a cultura brasileira como um verdadeiro lixo. Eu entendo que nem todo mundo gosta de feriados religiosos, nem todo mundo gosta de funk carioca, nem todo mundo compactua com o jeitinho brasileiro, porém, acho ridículo execrar o país por ele não ser igual a um Canadá ou a uma Suíça. Tem coisas boas que são típicas do Brasil, como a nossa culinária, o nosso calor humano, as nossas festividades, as nossas vestimentas, as nossas formas de se divertir, os nossos esportes populares, etc. Acho indecente querer impor valores estrangeiros sob a desculpa de que eles são "moralmente superiores" ou "melhores" que os nossos. Essa xenofobia invertida não é boa para ninguém.
Acho que existe um relativismo cultural que precisa ser observado para que essas desculpas de "melhor e pior" não sirvam para alimentar mais preconceitos contra nós mesmos, o que recai naquele velho "complexo de vira-lata".

Calor humano é 'com nóis mermo'!

Respeito ou cultura da frieza?
Muita gente que viaja para o exterior costuma notar que em muitos países, especialmente os mais setentrionais, as pessoas tendem a ser mais 'frias' umas com as outras. Quando eu digo 'mais frias', me refiro ao comportamento meio distanciado, indiferente e contido. A desculpa para tal comportamento é que agindo assim, as pessoas se "respeitam" mais. Não estou dizendo com isso que os estrangeiros não são camaradas ou carismáticos – o que eu estou tentando apontar é que na cultura de muitos países esse "distanciamento" (especialmente físico) é algo natural. Encostar numa pessoa ao cumprimentá-la, por exemplo, pode causar estranheza e repulsa – diferentemente de muitas regiões do Brasil, onde tocar o outro pode ser um gesto de afetividade ou simpatia. Eu acho um absurdo que algumas pessoas queiram, seja lá por qual for a razão, que essa coisa fria de outros países seja incorporada ao Brasil. Um dos diferenciais do Brasil é justamente esse toque, esse calor humano, essa maior proximidade física. Eu mesmo já vi turistas vindos do Japão sentirem essa diferença aqui. A nossa forma de nos cumprimentarmos e de nos abordarmos é muito invasiva para algumas etnias que são culturalmente mais reprimidas, por isso essa comparação e estranheza. O bacana é que, por outro lado, muitos turistas gostam do Brasil justamente porque somos menos reprimidos socialmente e mais abertos nesse aspecto. Acho que respeito e distanciamento são coisas bem diferentes.

Brasileiros unidos jamais serão vencidos

Momento ufanista
É óbvio que o Brasil tem problemas, não nego isso. Mas a solução para os nossos problemas é algo para ser resolvido de acordo com as nossas necessidades e dentro do nosso próprio contexto social. Como citei antes, não acho que imitar as medidas de outros países vá resolver o nosso problema. Devemos trilhar o nosso próprio caminho para chegar aos resultados que necessitamos.
Nós, brasileiros, temos uma mesma identidade e um sentimento de brasileirice que não há em nenhum outro lugar. Eu não acho possível desfrutar da nossa boa música, da nossa culinária, da nossa sabedoria popular, do nosso folclore, da nossa riqueza dialética, da nossa televisão, do nosso clima e da nossa camaradagem em nenhum outro lugar do mundo. Por isso, acho que estamos longe de sermos "vira-latas" ou de qualquer outro rótulo pejorativo que nos inferiorize. Somos um povo independente que tem uma cara própria – e não precisamos importar aquilo que temos de melhor: a nossa identidade.

quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Para que liberar a maconha?

Desenho feito por supostos ETs numa plantação de trigo

Pode parecer um absurdo total à primeira vista alguém ser a favor da liberação de mais uma droga, no caso, a maconha. Mas pense bem: quem você acha que está ganhando deixando as coisas como estão?


Para o narcotráfico funcionar, são necessárias quatros peças fundamentais: o fornecedor, o varejista, o financiador e o corrupto. Se uma dessas peças envolvidas não funcionar, o tráfico emperra. Os fornecedores são aqueles que fazem o plantio e produzem as drogas. As drogas só são produzidas porque existe uma demanda, e essa demanda vem justamente do financiador, que é o usuário que consome a droga. Para fazer a ligação entre o fornecedor e o financiador, surge a figura do varejista, que é o traficante que vende a droga para o usuário. Mas para tudo isso funcionar, ainda é necessário o corrupto, que geralmente é algum representante do Estado que ganha dinheiro do tráfico para permitir a entrada da droga no país. Os corruptos são representados pelos policiais corruptos, pelos falsos pastores que financiam o tráfico só para "salvar" os dependentes na sua igreja e também pelos políticos que participam do transporte da droga (o helicóptero da família do senador Zezé Perrella apreendido com mais de 400 kg de pasta-base de cocaína é um exemplo disso).

Até os ETs curtem a erva
Não adianta tentar combater o tráfico, porque o sistema está totalmente corrompido e o personagem base do tráfico, que é o financiador (usuário) está disposto a pagar o que for necessário para ter a sua droga, seja ela legal ou não. O único jeito de quebrar esse ciclo é através da legalização de algumas drogas, no caso deste post, a maconha. Com a droga legalizada, o pilar central que sustenta o tráfico – que é o usuário – passará a comprar a droga legalmente. Isso vai desmantelar todo o tráfico, porque o traficante não vai ter para quem vender, o fornecedor não vai ter para quem distribuir e os corruptos vão ficar de bolsos vazios. E sem tráfico, toda a violência gerada por ele desaparece. O narcotráfico, nesse caso, simplesmente quebra. Foi por isso que a maconha foi legalizada no Uruguai. Os reacionários, seja por ignorância ou por fascismo, acabam indo contra a legalização e defendem, assim, os traficantes, os corruptos e os fornecedores. E ainda há pessoas como a conservadora Rachel Sheherazade que dizem barbaridades como a do vídeo abaixo em rede nacional:


Não é nenhuma surpresa para mim ver Rachel Sheherazade proferir asneiras reacionárias na televisão. Em outros posts também tive a oportunidade de desconstruir alguns de seus argumentos paleolíticos e religiosos. Como formadora de opinião, ela prova ser uma grande desinformadora. Se alguém acha que a educação ou a repressão resolvem o problema das drogas, como sugere a Sheherazade, então por que esse modelo nunca funcionou em nenhum lugar do mundo?

Santa ignorância, hein, Sheherazade?

É claro que a liberação da maconha deve ser acompanhada de uma regulamentação forte e rigorosa, pois estamos lidando com uma droga psicoativa. Clínicas de reabilitação e campanhas de orientação devem ser criadas juntamente com a legalização. Apesar de existirem vários benefícios em descriminalizar a maconha, a redução do tráfico ainda é a sua maior vantagem. Com isso, outras drogas também deixarão de ser consumidas, porque a maconha quase sempre é a primeira droga que os usuários compram das mãos dos traficantes. E é justamente o traficante que apresenta as drogas mais pesadas aos usuários de maconha. Com o fim do contato entre o usuário de maconha e o traficante, o tráfico como um todo vai enfraquecer.
Reprimir o tráfico com violência e proibição só serve para gerar mais violência e mais tráfico. Então, antes de entoar o coro dos conservadores, faça a análise dos prós e contras para fundamentar da forma mais racional possível a sua opinião.

terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Os pacifistas e a censura

Eis o verdadeiro pacifismo

No meu vocabulário, pacifista é aquele que defende uma posição ideológica contrária à guerra e à violência. Sendo assim, eu me considero um pacifista. Acontece que há graus de pacifismo entre os pacifistas. Há aqueles que defendem apenas o não intervencionismo militar, há outros que são contra qualquer forma de violência e há aqueles que perdem a noção e vão além. Esse pessoal que perde a noção de até onde o pacifismo deve ir é que me incomoda. E da mesma forma que eu critiquei os moralistas no post passado, vou criticar também os pacifistas fanáticos neste post aqui.

Counter Strike: game vítima da censura pacifista

Videogames e desenhos animados
Eu cansei de ver censuras a jogos de videogames com o argumento de que os games eram muito bárbaros ou que faziam apologia à violência. Abaixo, vou deixar uma lista de nove jogos que foram literalmente proibidos no Brasil por causa da sua violência:

Blood (Banido por impacto de alta violência)
Carmageddon (Banido por impacto de alta violência)
Counter Strike (Banido por impacto de alta violência)
Doom (Banido por impacto de alta violência)
Duke Nukem 3D (Banido por impacto de alta violência)
Mortal Kombat (Banido por impacto de alta violência)
Requiem: Avenging Angel (Banido por impacto de alta violência)
Postal (Banido por impacto de alta violência)
Bully Scholarship Edition (Banido por influenciar o Bullying nas escolas)

Já os games da franquia Grand Theft Auto, Street Fighter e God of War escaparam por muito pouco da censura aqui no Brasil. Ao invés de simplesmente darem uma classificação etária aos jogos, os burocratas do Estado-babá e os pacifistas birutas tiveram a deplorável ideia de proibir tudo que fosse considerado "estimulador de violência". Essa mesma censura bizarra também ocorreu com filmes, livros e até desenhos animados! E é com relação aos desenhos que eu fico realmente preocupado.
Tom e Jerry: proibido no Brasil
O desenho Tom & Jerry, por exemplo, foi censurado e praticamente banido do Brasil. O canal Cartoon Network tirou 27 curta-metragens clássicos do ar e os declararam “politicamente incorretos”. Como se não bastasse a palhaçada que fizeram algumas emissoras de tevê ao cortar as cenas violentas de desenhos como Cavaleiros do Zodíaco, Yu Yu Hakusho e Dragon Ball, agora vem essa censura total a muitos desenhos absolutamente inocentes, como Popeye, Papa Léguas, Tiny Toon, South Park e o já citado Tom e Jerry. Ainda que a desculpa dos censores tenha sido mais generalizada (como a desculpa do "politicamente incorreto") a violência foi o fator preponderante para o banimento de alguns episódios ou de todos esses desenhos citados.

O público-alvo e a catarse
Classificação, sim. Censura, não.
Eu duvido muito que os pacifistas, moralistas e reguladores de conteúdo em geral conheçam os princípios básicos da psicologia cognitiva. Sim, é verdade que crianças pequenas são imitadoras naturais, e por isso, podem repetir gestos e atitudes que veem em jogos ou desenhos. E é exatamente por isso que há a classificação indicativa. Games e desenhos são criados pensando-se em um público-alvo específico. Não é porque eles não se adequam ao público A ou B, por exemplo, que os públicos C, D e E também não poderão ter acesso a eles. Censurar é uma decisão radical e inútil, pois, em tempos de internet, não há como evitar que alguém baixe e assista online o conteúdo proibido. Outro fator importante é o exagero nessas censuras. Será que uma criança que vê um gato tentando pegar um rato com um martelo vai sair por aí esmagando ratinhos com um batedor de carne? Eu acho isso bem difícil, hein?
Para provocar esse pessoal que quer censurar tudo, a faixa Adult Swim (de desenhos para o público acima de 14 anos) do Cartoon Network resolveu fazer um protesto pacífico tirando uma onda com a cara desses pacifistas malucos. Olha o que o carismático Zorak, do Space Ghost, resolveu cantar para esses apedeutas na vinheta do Adult Swin:


Por fim, algo que eu estou cansado de citar aqui no blog que é a catarse. A catarse é justamente a exteriorização de forma saudável dos nossos instintos e impulsos. Reprimir os nossos impulsos de violência nos leva, fatalmente, a liberá-los em lugares e situações erradas, como em estádios de futebol, por exemplo. Já quem assiste um filme violento ou joga um game violento exterioriza essa violência guardada de forma saudável no meio virtual. Portanto, a censura é sempre burra e estúpida. Chega dessa ditadura do politicamente correto e de moralismo e pacifismo exacerbados.

A Lei da Palmada
Tramita no Senado a polêmica Lei da Palmada, que visa proibir os castigos físicos na educação de crianças e adolescentes. Eu acho uma covardia sem tamanho um adulto bater numa criança e sou defensor ferrenho da ideia de que a melhor surra é um bom diálogo. Mas acho que alguns tipos de repreensão, como as famosas palmadas no bumbum, não são nocivas ao desenvolvimento das crianças. Praticamente todas as crianças da minha geração (e de outras mais antigas) foram educadas com palmadas e não tiveram problemas por conta isso. Claro que sou contra surras e o uso da força para "educar" as crianças, mas também acho um exagero proibir uma simples palmada ou um puxão de orelha. Além disso, não creio que seja dever do Estado decidir como os pais devem educar os seus filhos. Essa Lei da Palmada é mais uma prova do radicalismo que os pacifistas estão tentando impor ao mundo. Sei que falando assim estou parecendo um reacionário maluco, mas o pacifismo, para mim, não deveria ser tão fanático a ponto de propor leis abusivas como essas.
Enfim, tem pacifista que está precisando mesmo de umas boas palmadas para aprender a ficar de boca fechada e a não sair por aí propondo essas besteiras.


Ah, não gostou?
Então vem censurar isso aqui, vem!