sábado, 30 de maio de 2020

Socialismo e racismo não se misturam

Fidel Castro e Malcolm X em 1960

Acho terrivelmente controverso que em um país conhecido por ser a maior "democracia" do planeta, a violência racista seja uma das suas maiores máculas. Já são décadas e mais décadas de assassinatos e crimes brutais contra a população negra dos Estados Unidos. E quando surgiu um movimento de libertação, os Panteras Negras, ele foi prontamente tratado como terrorista (uma espécie de Ku Klux Klan de sinal trocado). O assassinato de George Floyd por um policial branco foi mais um capítulo dessa sangrenta história no coração do capitalismo.
No Brasil, as coisas não mudam muito. Todos os dias são dezenas de negros e pardos assassinados brutalmente, fora os que são espancados, humilhados e sofrem todo tipo de preconceito. A morte do jovem João Pedro foi o último caso enfatizado pela imprensa, mas diariamente são dezenas de Joãos Pedros que têm perdido suas vidas de forma cruel e covarde.

Enquanto isso, em Cuba, o assassinato de negros é praticamente zero. Vários afro-americanos se refugiaram por lá (incluindo ex-membros dos Panteras Negras) para fugir da violência racista dos EUA. Apesar de ainda haver resquícios de racismo na ilha caribenha, não se vê a violência etnofóbica e fascista existente em todos os países capitalistas. O povo cubano é um povo capaz de tratar os outros como irmãos devido à cultura democrática e à educação trazidas pelo pós-revolução. Seria somente uma mera coincidência o fato do racismo não encontrar terreno fértil no socialismo? 

domingo, 24 de maio de 2020

Aperte os cintos, porque o pior está por vir


A Lei de Murphy já previa que se algo pode dar errado, esse algo não só dará errado do pior jeito possível, mas também na pior hora possível. E é exatamente isso que nos espera daqui para frente. Quando essa pandemia passar, teremos que lidar com o aprofundamento das políticas neoliberais para compensar os "gastos" com a pandemia. Junto com isso teremos uma crise econômica que não se vê desde o século passado e o aumento da violência como forma de manter a "ordem" burguesa. Tudo isso com Bolsonaro no poder e com um governo totalmente militarizado como nunca se viu antes na história, nem mesmo nos tempos da ditadura. A eleição presidencial de 2022 corre o risco de nem acontecer e, mesmo se acontecer, será totalmente inútil. Se um PT, um PSDB ou mesmo um PDT vencer as eleições presidenciais, quem vai mandar no governo eleito são os militares. Os milicos não sairão do poder tão cedo. Foram mais de 20 anos para desinfetá-los do poder depois de uma longa ditadura. Mas com a nossa atual ditadura "branda", eles podem se perpetuar indefinidamente no Estado. Uma democracia tutelada por fuzis está condenada a ser uma república bananeira sem qualquer perspectiva de se tornar uma grande nação.

terça-feira, 12 de maio de 2020

Governo Bolsonazi é genocida e eugenista


Qualquer semelhança do atual governo com o nazismo não é mera coincidência. No ano passado, o exército brasileiro fez uma homenagem macabra a um major alemão que foi condecorado por Adolf Hitler. Depois, em janeiro deste ano, o ex-secretário da cultura do governo Bolsonaro, Roberto Alvim, fez um claro plágio de um discurso nazista de Joseph Goebbels. Mais recentemente, a Secom copiou um lema do nazismo gravado no portão do campo de concentração de Auschwitz: "o trabalho liberta" (arbeit macht frei). E agora, no meio de toda essa pandemia do Coronavírus, o facínora que virou presidente defende insistentemente o fim da quarentena, decretando, com isso, a morte de milhares de brasileiros.

Qualquer pessoa que tenha mais neurônios que uma ameba sabe que o afrouxamento do isolamento social vai trazer uma mortalidade muito maior para as pessoas mais vulneráveis: hipertensos, cardiopatas, diabéticos, idosos, pobres e negros. Sobre esses últimos dois grupos, os gráficos com a proporção de mortos mostra que negros e pardos são os que mais têm perdido a vida pela Covid-19. Isso se deve essencialmente à desigualdade social. O que Bolsonaro e parte da burguesia querem é "salvar" a economia ao custo de sacrificar os mais "fracos". O nome disso é eugenia: a eliminação racial dos "mais fracos" para que tenhamos uma geração "saudável". Isso soou familiar?

Se você acha que isso é algum exagero, basta ver o desdém que o presidente da XP investimentos teve com os mais pobres ao declarar que o Brasil "está bem" porque o pico da pandemia nas classes altas já passou. Isso porque eu nem estou levando em consideração a política de extermínio racial que sempre houve no Brasil dentro das comunidades mais pobres.

Qualquer semelhança com o nazismo não é mera coincidência. Essa é a face da extrema-direita em qualquer lugar do mundo e em qualquer época.

segunda-feira, 11 de maio de 2020

Somos 200 milhões de trouxas


Em uma videoconferência promovida pelo Itaú BBA no último sábado, 9 de maio, o ministro da economia Paulo Guedes acabou cometendo um sincericídio ao soltar a seguinte pérola:

"Em vez de termos 200 milhões de trouxas sendo explorados por seis bancos, seis empreiteiras, seis empresas de cabotagens, seis distribuidoras de combustíveis; em vez de sermos isso, vai ser o contrário. Teremos centenas, milhares de empresas."

Quem me conhece sabe o desprezo que tenho por Guedes e por seu dogmatismo neoliberal, mas é preciso reconhecer que dessa vez o ministro da economia foi surpreendentemente honesto. Apesar de ter tentado se corrigir alegando que ele defendia uma maior concorrência, o estrago já estava feito.

Para quem não entendeu, Guedes descreveu aquilo que o Brasil de fato é: uma oligarquia. Somos 200 milhões de palermas sendo roubados por uma minoria que controla o poder. Meia dúzia de bancos e empresas ficam com a maior parte da riqueza produzida por 99% da população e todo mundo acha isso super natural. E a maioria das pessoas ainda acha que o maior problema do Brasil é a "corrupção". Não. Não é a corrupção. O maior problema do Brasil e de todo o capitalismo é a DESIGUALDADE injusta e criminosa que ele gera. Mesmo se TODOS os políticos do Brasil (e do mundo) fossem honestos, ainda assim a desigualdade brutal prevaleceria e causaria pobreza e violência. Isso porque a desigualdade é um mal sistêmico.

Quem diria que um dia eu diria que o Paulo Guedes teria razão...

É o capitalismo, baby!

terça-feira, 5 de maio de 2020

10 mudanças positivas trazidas pelo coronavírus


2020 está sendo um ano apocalíptico. Estamos no início de maio e já tivemos ameaças de guerra nuclear, vulcões entrando em erupção, ovnis sendo revelados oficialmente pelo Pentágono, Bolsonaro ameaçando mais um autogolpe junto com os militares e, não menos grave, a terrível pandemia do coronavírus que já dizimou centenas de milhares de vidas.
Mas como dizem que os sábios são aqueles capazes de ver o lado bom das coisas ruins, então eu resolvi listar dez aspectos benéficos para a humanidade trazidos pelas mudanças causadas pela pandemia da Covid-19.

1. Menos acidentes
A quarentena imposta pelo coronavírus reduziu em mais de 30% os acidentes de trânsito em São Paulo e em 46% nas rodovias do estado. Estima-se que valores parecidos ocorreram no resto do Brasil e também no mundo. Inclua nessa conta também os acidentes aéreos que, apesar de serem mais raros, caíram literalmente a zero desde o início da pandemia.

2. Redução de poluentes
Devido à menor circulação de veículos e à redução da atividade industrial, a poluição também caiu significantemente, trazendo a possibilidade das pessoas voltarem a enxergar paisagens antes escondidas pelos gases poluentes. Como o ar está mais puro, os problemas respiratórios na população, como consequência, também foram reduzidos.

3. Redução de outros vírus em circulação
O isolamento social não reduz apenas o risco de contaminação pelo coronavírus, mas também o de várias outras doenças infecto contagiosas transmitidas pelo contato, sejam gripes, resfriados e até mesmo DSTs.
 
4. Conscientização de medidas de saúde pela população

A maior parte da população não tem cultura de prevenção a doenças por falta de uma educação de qualidade e também pelo acesso escasso a programas de saúde. Porém, com a chegada da pandemia, as pessoas estão aprendendo a importância de lavar as mãos, de usar máscaras e de ter mais cuidado com a higiene na prevenção de doenças.

5. Preparação para lidar com futuras pandemias
A Gripe Espanhola, por ter ocorrido há mais de um século, deixou poucas lições de prevenção e tratamento a pandemias devastadoras. Com a nova e terrível realidade trazida pela Covid-19, o mundo terá que se adaptar a uma nova rotina para estar mais preparado para enfrentar outras pandemias iguais ou piores que esta no futuro.

6. Aproximação das famílias
Muitos pais e mães que antes da quarentena não tinham tempo para ficar junto com seus filhos agora têm a oportunidade de ficar mais tempo ao lado dos pequenos. Com a família toda confinada, pais e filhos não têm mais desculpas para deixarem de desfrutar juntos momentos antes negligenciados de diversão e carinho.

7. Mudança na filosofia de vida
O medo da morte e da perda de entes queridos trazidos pela pandemia nos leva a reflexões profundas sobre a vida, sobre o que realmente é importante e indispensável. O que temos feitos de nossas vidas? Será que devemos guardar mágoas de pessoas queridas? Será que vale a pena sair comprando coisas que não precisamos? Será que temos que valorizar mais os gestos de carinho e as pessoas que amamos?

8. Reversão de políticas neoliberais
Com o desemprego em massa trazido pela pandemia, as pessoas não podem viver desamparadas pelo Estado. O auxílio emergencial de R$ 600, a estatização de hospitais privados e as medidas de proteção social do Estado trarão uma reflexão sobre a necessidade permanente dessas medidas. Se as pessoas já tivessem acesso a uma renda mínima universal antes da pandemia, não teríamos tantos problemas. A redistribuição de renda e a maior presença do Estado no enfrentamento de problemas sociais é o extremo oposto do ultraliberalismo defendido pela direita hegemônica.

9. Ganho de tempo útil
Quem reclamava de falta de tempo para iniciar algum projeto pessoal, para fazer uma faxina ou mesmo para se divertir em casa agora tem tempo de sobra para isso. As pessoas que podem ficar em casa estão vivendo uma espécie de férias forçadas onde é possível dormir na hora que quiser, acordar na hora que quiser e uma porção de outras coisas bacanas que citei nesse outro post.

10. Empatia com os presos
Se muita gente acha insuportável ficar um mês em casa, imagine alguém ter que ficar preso por décadas numa penitenciária... Essa quarentena, queira ou não, vai causar em muita gente um pouco mais de empatia com a nossa população carcerária.