terça-feira, 31 de agosto de 2021

Jogos da minha vida #9: Sonic 3 & Knuckles


O ano era 1994. Eu era fã absoluto do Sonic e já tinha os cartuchos do Sonic 1 e do Sonic 2 para o meu Mega Drive. Foi aí que vi num anúncio do SBT a propaganda do novíssimo Sonic 3. Bastou aquilo para eu ficar desesperado para por as mãos naquela fita. Por sorte, como estava perto do meu aniversário, acabei ganhando o cartucho do game no meu niver de 11 anos. E aí foi só alegria. Mas como alegria de pobre dura pouco, pouco tempo depois, o cartucho do jogo deu algum problema bizarro e nunca mais voltou a funcionar. Não foi possível trocar o game porque a loja que o vendeu também havia falido poucos dias depois da compra. E aí então fiquei um tempão louco para voltar a jogar o game que eu sequer havia zerado. Foi aí que veio 1995 e ganhei de natal o Sonic & Knuckles. O game era muito parecido com o Sonic 3, sendo que ele trazia duas novidades. A primeira é que o Knuckles retornou como personagem jogável e a segunda é que o cartucho tinha um encaixe em cima dele para acoplar com os Sonic 2 e 3. O S&K foi um game que joguei bastante, mas que não era tão bom quando o Sonic 3. O tempo passou mais um pouco e eu só voltei a jogar o Sonic 3 em meados de 1997 quando aluguei numa locadora antiga, numa tacada só, o Sonic 3, o Streets of Rage 3 e o Ultimate Mortal Kombat 3. Aluguei numa sexta-feira para devolver na segunda-feira, mas acabei ficando quase uma semana com os cartuchos. Paguei uma pequena multa pelo atraso, mas joguei o suficiente para matar a minha saudade e conhecer o fabuloso game Sonic 3 & Knuckles que ocorria quando se conectava o Sonic 3 ao meu Sonic & Knuckles. Depois disso, só voltei a jogar esses games sensacionais juntos em 2004 num emulador.

Modo lock-on ativado entre os cartuchos.

Sobre o game
Sonic 3 & Knuckles seria, na verdade, um jogo só que acabou saindo dividido em dois cartuchos separados por motivos de atraso na produção. Então o S&K era, na verdade, um Sonic 3 parte 2. De novidades em relação ao Sonic 2, no Sonic 3 agora tínhamos o fato de que Tails podia voar quando controlado; houve a estreia de um personagem novo, o Knuckles; a introdução de power ups novos (raio, fogo e bolha) com que o Sonic conseguia interagir com um pulo duplo; novos bonus stages; fases maiores e mais dinâmicas; cutscenes de transição entre as fases; bateria para salvar o progresso, modo competition e músicas incríveis: as melhores da história do Mega Drive. Já no Sonic 3 & Knuckles em modo lock-on, tínhamos, além das sete esmeraldas normais, as sete grandes esmeraldas; o super Tails, e os Hiper Sonic e Hiper Knuckles. Além disso, tínhamos um número recorde de fases, 14 ao total, incluindo aí uma fase extra secreta (Doomsday Zone) com o final verdadeiro caso pegássemos todas as 14 esmeraldas. Outro grande diferencial deste game é que ele tinha uma história legalzinha de pano de fundo. Era uma história simples, onde Robotnik enganou o Knuckles para roubar a grande esmeralda (Master Emerald) que mantinha a Angel Island segura. Então Sonic, Tails e Knuckles se uniram na luta contra o big boss para recuperar a esmeralda.

O colorido vivo deste game era muito bonito.

Como este game marcou a minha vida
Sonic 3 & Knuckles foi, de longe, o melhor game da história do Mega Drive. Ele fechou a saga do Sonic no console com chave de ouro. Os gráficos eram belíssimos para época, as músicas – que tiveram participação secreta em sua composição do astro Michael Jackson – eram maravilhosas e o desafio estava na medida com aquela velha e simples jogabilidade dos games do porco-espinho azul. A única coisa que me tirou do sério neste game foi um maldito barril que tinha na Carnival Night Zone que eu demorei muito tempo para descobrir como se passava. Tirando isso, eu considero o jogo simplesmente perfeito. Lembro que eu tinha ficado tão craque nele que sempre o zerava pegando todas as 14 esmeraldas e mais de cem vidas (sem contar os continues). Aliás, nem sem dizer quantas vezes já finalizei esse jogo até hoje tamanha foi minha paixão por ele. Lembro que quando eu ia para escola, ficava fazendo desenhos do Sonic no caderno durante as aulas chatas e cantava no pensamento a trilha sonora inteira do game. Era mais que paixão, era amor mesmo. Tanto é que sofri por anos quando o meu Sonic 3 quebrou e tive momentos de êxtase quando pude rejogá-lo. S&K foi a prova de que podemos nos apaixonar por jogos de videogame também, a ponto de perder o sono, perder o apetite e sonhar acordado.


Os games do Sonic, em especial este aqui, foram parte indissociável da minha infância e adolescência. S3&K, especificamente, foi um jogo que superou as minhas expectativas e entrou definitivamente na galeria dos melhores que joguei até hoje. Existe uma versão Complete Edition (uma hack rom) deste game criada por fãs cuja análise mais detalhada foi feita no site Alvanista. Se você nunca jogou este game, recomendo que se dê uma chance de desfrutar da maior obra-prima produzida para o 16 bits da Sega.

segunda-feira, 30 de agosto de 2021

O capitalismo é uma máquina de desigualdades


Saiu recentemente na Forbes a nova lista de bilionários brasileiros que, não por acaso, ganhou 40 novos integrantes durante a pandemia do coronavírus. O homem mais rico do Brasil atualmente é o cofundador do Facebook Eduardo Saverin, de apenas 39 anos, com uma fortuna média estimada em R$ 97,5 bilhões. Os demais bilionários são velhos nomes conhecidos ligados a bancos e empresas do setor produtivo. O que me chama atenção lendo essa notícia nos portais de comunicação da burguesia tradicional é que apesar de mais da metade da população brasileira estar em situação de insegurança alimentar, os bilionários são colocados como um símbolo de vitória do capitalismo: como se eles fossem um termômetro de que o Brasil está "indo bem". Essa, infelizmente, é a lógica do neoliberalismo, onde a riqueza de um país é medida pelo que os ricos possuem, já que, segundo essa doutrina econômica, há um "efeito cascata" (trickle down) onde a riqueza dos mais ricos "transborda" para as classes mais baixas. A atual situação do país mostra claramente que essa doutrina neoliberal falha miseravelmente em tornar uma nação mais rica. Estamos, na verdade, criando um país que gera ricos cada vez mais ricos ao invés de gerar riqueza. E a solução encontrada pelo nosso governo fascistoide é combater o pobre ao invés de combater a pobreza. Num dia desses, por exemplo, o ser repugnante que preside o Brasil aconselhou comprar fuzil ao invés de feijão. Esse pensamento armamentista é um breve resumo do desdém das classes dominantes com relação ao povo. Afinal, que tipo de pessoa pode comprar um fuzil que custa mais de 10 mil pilas?

E para completar a manipulação, os capitalistas adoram fazer da exceção uma regra. Eles gostam de mostrar como alguém muito pobre saiu da miséria e "venceu na vida" com muita superação e trabalho. Esse raciocínio é uma forma cruel de naturalizar as desigualdades impostas pelo sistema e as injustiças sociais com o velho discurso mentiroso da "meritocracia". Nenhum capitalista te conta que todos esses bilionários são homens, brancos, nascidos em berço de ouro, que herdaram fortunas, que possuem diversas isenções fiscais e que sempre tiveram tudo na vida. Achar que um sem-teto ou trabalhador braçal vai virar bilionário com o "trabalho duro" é apenas mais uma forma de manter a classe trabalhadora totalmente ludibriada e alheia às reais causas de sua pobreza. Qualquer pessoa que conheça as quatro operações fundamentais da matemática sabe que é impossível ficar bilionário apenas trabalhando. O clubinho dos bilionários é muito restrito e não permite integrantes que apenas trabalhem duramente. Na realidade, trabalhar NÃO é requisito para ser bilionário. Além disso, a riqueza do mundo não é infinita e a maior fatia dela vai ficando cada vez mais concentrada nos cofres desses caras que acumulam cada dia mais poder. 


É por isso que eu sou anticapitalista. Não há como viver em um planeta onde um punhado de homens têm tudo sem fazer quase nada e a grande maioria luta diariamente para não morrer por inanição – mesmo se matando de tanto trabalhar – só para sustentar os luxos desses parasitas bilionários.

domingo, 29 de agosto de 2021

O Halloween é a minha festa favorita


Eu nunca gostei muito de festas, mas existem algumas datas comemorativas que eu abro exceções, tais como natal e réveillon, por exemplo. Isso porque apesar da bebedeira e da falsidade das pessoas nessas festas, eu tenho uma sensação de expurgo e de renovação de um ciclo. Porém, a única festa que eu gosto de verdade e que – por ironia do destino – tradicionalmente não se comemora no Brasil é o Halloween.

O meu primeiro contato com o Halloween foi quando tinha 12 anos de vida e estava estudando na Cultura Inglesa. Avisaram antecipadamente por lá que teríamos uma tal de festa do dia das bruxas, coisa que eu nunca tinha visto até então. No dia do evento, eu achei exótico e ao mesmo tempo divertido todo aquele clima soturno e macabro com aquela decoração meia gótica que foi feita na Cultura Inglesa no dia das bruxas. E o melhor foi que a gente podia ir fantasiado e ainda tinha comida de graça. Como eu não tinha fantasia, usei somente uma máscara, mas deu pra me divertir bastante junto com meus colegas de classe. Daí em diante, passei a amar o Halloween.

Ainda aos 12 anos, fui conhecer a tal Noite do Terror do Playcenter. Ela tinha inspiração no Halloween e era um evento bastante popular na época. O Playcenter era um parque de diversões que tinha em algumas cidades brasileiras e ele por si só já era uma atração com todos aqueles brinquedos, atrações e fliperamas. E com um monte de atores vestidos de monstros e personagens de filmes de terror dando susto no povo é que as coisas ficavam divertidas mesmo. Pena que só fui a este evento naquela vez e nunca mais.

Nos anos seguintes, eu passei a frequentar todas as festas de Halloween da Cultura Inglesa e adorei todas elas. Já adulto, na faculdade, eu fiz alguns projetos com temática no Halloween e até nos jogos de videogame as minhas fases favoritas geralmente eram as inspiradas no dia das bruxas. E o engraçado é que minha novela favorita foi a sombria Vamp, minhas sessões de filmes favoritas foram os Cine Trash e o Contos da Cripta, o meu game favorito é o repleto de monstros The Witcher 3 e até canções escatológicas como One (Metallica) e Heart-Shaped Box (Nirvana) estão entre as minhas favoritas de toda a vida. É impressionante como eu tenho uma propensão natural a gostar dessas coisas mais "dark".

É por essas e outras que às vezes eu penso que nasci no país errado. Nunca curti festas juninas, páscoa e menos ainda o carnaval. Mas nada impede que eu comemore sozinho o meu dia das bruxas.


quinta-feira, 26 de agosto de 2021

Nenhum ser humano deveria mais trabalhar


 

Já cansei de repetir neste bloguinho que o trabalho NÃO dignifica. Trabalho cansa, adoece e estressa. O que dignifica é o caráter. De nada adianta uma pessoa trabalhar se ela tem atitudes deploráveis como ser humano. E não é porque uma pessoa não trabalha que ela fica impedida de ter atitudes dignas, respeitáveis e humanistas. Essa ideia de divinizar o trabalho é uma visão antiga imposta pelos exploradores da mão de obra alheia. Foi assim durante a escravidão e continua a ser durante o capitalismo. Não foi à toa que, diga-se de passagem, frases como "o trabalho liberta" (arbeit macht frei) estavam estampadas na entrada de campos de concentração nazistas.

É por esse tipo de coisa que eu defendo a automação total da mão de obra de modo que nenhum ser humano precise mais trabalhar. Ao invés de vivermos como escravos assalariados de um sistema, basta nós colocarmos as máquinas autônomas para trabalharem por nós. Na verdade, eu acredito que se a humanidade não se destruir a médio prazo, certamente teremos um cenário onde mais de 90% da mão de obra será realizada por robôs e inteligências artificiais. Afinal de contas, robôs rendem muito mais, não adoecem, não sentem dor, não sofrem, não precisam de descanso, não precisam de leis trabalhistas, não exigem salário, não fazem greve e eles sempre estão sendo aprimorados tecnologicamente. Acho que trocar humanos por máquinas é uma realidade que cedo ou tarde virá. E o único jeito de lidarmos com isso de forma a não colapsar a sociedade é manter uma renda básica universal para todos. Os robôs trabalham por nós e nós ficamos com os salários deles. Genial, não?

Com mais tempo livre poderemos aproveitar melhor a vida, dedicar mais tempo a quem amamos, passar mais tempo com nossos hobbys e ter uma qualidade de vida muito superior. Quem quiser trabalhar poderá fazê-lo sem problemas, mas apenas por prazer e engajamento. Não precisaremos mais ser "prostitutos". Trabalho, só por prazer.

domingo, 22 de agosto de 2021

Nunca se curve diante do medo

 

É muito triste a gente deixar de fazer algo por medo. Mais triste ainda é a gente ser desestimulado por pessoas que supostamente querem o nosso bem-estar a desistir de seguir nossos sonhos e desejos para nos manter numa anedônica zona de conforto.

Quando alguém diz que um homossexual deve ficar "no armário", vivendo de forma clandestina sua afetividade para evitar ser atacado na rua, acho que estamos contribuindo para um mundo mais triste e homofóbico com essa atitude. Quando alguém diz que uma mulher não deve sair de casa à noite para ela não correr o risco de ser atacada, estamos contribuindo para um mundo mais cruel e misógino. Quando alguém diz que um negro não deve ir a certos lugares para não ser confundido com um bandido, estamos contribuindo para um mundo mais violento e segregacionista.

Não digam às pessoas o que elas NÃO devem fazer. Digam às pessoas o que elas DEVEM fazer. Digam para que elas sejam corajosas. Digam para que elas desafiem as regras dogmáticas. Digam para que elas não tenham medo de serem quem são. Digam para que elas lutem por seus direitos, por sua liberdade, por seus amores. Digam apenas que elas vivam sem abaixar a cabeça para injustiças e opressões. De que vale viver a vida enclausurado no autoexílio protetor do medo? Viver sem seguir a direção do coração é o mesmo que não viver. E vivam, crianças. Vivam! Nunca deixem te dizerem o que você não deve fazer. É você quem deve decidir o que precisa fazer para ser feliz. Vença o medo. É o medo que realmente nos aprisiona e nos ameaça. Viver é arriscar. Viver é lutar. Viver é sentir-se vivo.


O Medo Ameaça

Se você ama, terá Aids.
Se fuma, terá câncer.
Se respira, terá contaminação.
Se bebe, terá acidentes.
Se come, terá colesterol.
Se fala, terá desemprego.
Se caminha, terá violência.
Se pensa, terá angústia.
Se duvida, terá loucura.
Se sente, terá solidão.
 

(Eduardo Galeano)

quinta-feira, 19 de agosto de 2021

Lutar apenas contra os preconceitos não basta


Aqueles que querem um mundo mais justo para todos precisam encarar o fato de que o racismo e o machismo são projetos estruturais para a manutenção do poder de minorias privilegiadas. As elites econômicas, políticas, militares, intelectuais e religiosas, como todos sabem, é formada 99% por homens brancos. E são justamente essas minorias que mandam no mundo capitalista. Abaixo dessas elites estão as pessoas comuns que para se sentirem superiores às demais, usam como distinção os únicos elementos em comum que possuem com as elites que são justamente a cor da pele e o sexo biológico. E quem está na parte mais baixa dessa pirâmide social são as mulheres, negros e pessoas LGBTQIA+: grupos esses que além de não estarem inseridos nas elites, são também os mais estigmatizados, perseguidos, violentados, assassinados e reprimidos. E isso não é por acaso. 

Esse sistema de hierarquização social baseado em raça e gênero é fruto da manutenção dos privilégios dentro da estrutura racista-patriarcal do capitalismo. O mundo capitalista que vivemos usa mulheres, negros, homossexuais, imigrantes e até deficientes como "bois de piranha" para ocultar o verdadeiro problema que é a alienação da classe trabalhadora. Ou seja, enquanto o homem branco pobre se sentir superior à mulher negra pobre, ele nunca vai perceber que ele também é reprimido e explorado pelo sistema, e pior: que ele contribui para piorar ainda mais a situação ao se impor pelos únicos elementos de superioridade que ele julga ter que são a cor da pele e o sexo biológico. 

A moral da história é que o racismo e o machismo são pensados propositalmente para manter os trabalhadores uns contra os outros numa realidade de exploração do capital contra todos. Só quem ganha com misoginia, feminicídio, afrocídio e capacitismo é aquele 1% mais rico que mantém seu poderio econômico com base em rentismo, lobby, sonegação fiscal, exploração, baixos salários, desemprego, tributação regressiva, pilhagem do dinheiro público e mamatas históricas. Portanto, lutar contra machismo e racismo isoladamente não irá resolver os nossos problemas. Temos que atacar também a origem desses problemas que está neste modo de produção assassino que privilegia os exploradores ao invés de privilegiar e enriquecer aqueles que produzem toda a riqueza do mundo: os trabalhadores.

quarta-feira, 18 de agosto de 2021

O Brasil está virando um Evanjeguestão


Institucionalmente falando, nós temos três poderes: executivo, legislativo e judiciário. Porém, em nossa semidemocracia representativa burguesa há mais poderes que esses. Temos também os poderes dos militares, da plutocracia, da imprensa, das igrejas e das milícias. O que mais tem crescido no Brasil nos últimos anos tem sido o poder das igrejas, especialmente das igrejas evangélicas. O curral eleitoral que uma igreja representa hoje pode decidir uma eleição. É por isso que tantos políticos, mesmo os progressistas, acabam cedendo certas pautas em troca de apoio dos (pastores) evangélicos. E os pastores são muito eficientes em demonizar uns candidatos e partidos e endeusar outros. Infelizmente, muitas igrejas evangélicas deixaram de focar na fé e no amor cristão para virar um balcão de negócios. Também é cada vez mais comum o envolvimento de muitas igrejas com o crime organizado e as milícias, formando uma base de apoio poderosa para muitos políticos pilantras bem conhecidos. 

Por tudo isso, a tendência é que a laicidade do Estado seja cada vez mais depenada e a política vire cada vez mais refém de pastores com retórica ultraconservadora e autoritária. Se as forças democráticas não reagirem a isso, o Brasil irá virar a médio prazo um Talibã neopentecostal, ou se preferir, um Evanjeguestão.

terça-feira, 17 de agosto de 2021

O Afeganistão de hoje é o Brasil de amanhã


A imagem acima é do ex-presidente norte-americano Ronald Reagan com os guerrilheiros Mujahidin em 1983. Os Mujahidin foram financiados pelos EUA para lutar contra o governo socialista do Afeganistão e contra a União Soviética. Os Mujahidin, posteriormente, formaram o Talibã. Para quem não sabe, o Talibã é um grupo de extrema-direita que voltou ao poder em 2021 com a conivência dos EUA. Não é mera coincidência que tanto o governo Talibã quanto o governo miliciano brasileiro sejam tolerados pelo Tio Sam. Ambos são extremistas, misóginos, negacionistas, fundamentalistas religiosos e armamentistas. E tem "jente" que acha que os fascistas daqui são diferentes dos de lá. Tsc, tsc, tsc...


domingo, 15 de agosto de 2021

Tanqueciata foi cortina de fumaça

 

O desfile de tanques blindados do último dia 10 de agosto foi muito comentado mundo afora por colocar o Brasil como uma autêntica república das bananas. Mas a intenção era essa mesma. Ao colocar os holofotes sobre a "tanqueciata" no dia da decisão sobre o voto impresso na câmara, as atenções foram desviadas da temível MP 1045/21 que foi aprovada pela câmara no dia 12 com o intuito de agradar ao deus mercado. Essa MP tem como objetivo permitir a contração de jovens sem vínculo trabalhista (férias, FGTS e 13º salário), além de reduzir o valor das horas extras de várias categorias e dificultar a fiscalização do trabalho escravo. Uma MP dessa jamais seria apresentada por nenhum candidato durante a eleição, porque por mais reaça que seja o trabalhador, ele não votaria em alguém que quer tirar todos os seus direitos explicitamente. Então para atender ao lobby da burguesia, os parlamentares do "centrão" (direita tradicional) e os liberais engomadinhos resolveram unir suas forças para passar mais essa boiada contra os trabalhadores. E esse é o tom da política brasileira do pós Golpe: enquanto um te distrai com bravatas estapafúrdias, outros vêm pelas costas e te apunhalam sem dó.

terça-feira, 10 de agosto de 2021

Bananão vira piada no exterior

A imprensa do mundo inteiro está estupefata com o desfile de veículos blindados obsoletos na Esplanada dos Ministérios como forma de intimidar a Suprema Corte e os congressistas justo no dia da votação sobre o voto impresso. Se o Brasil fosse um país minimamente sério, Bolsonaro tinha que ir preso por atentar contra a democracia com essa manobra golpista. Mas, como todos sabem, nada irá acontecer, porque a elite econômica e as milícias não querem que nada seja feito. E assim seguirá até que estejamos dentro de uma ditadura sem perceber. A cada tensionamento que Bolsonaro causa no país com essas provocações antidemocráticas, ele vai conseguindo naturalizar o absurdo. Se seus anseios fascistas são atendidos sempre que ele ameaça, então já podemos considerá-lo praticamente como um ditador. Esse é o perigo real. É como naquela história do sapo que morreu cozido num caldeirão por não perceber que a água esquentava aos poucos. Para quem não sabe, golpes ocorrem aos poucos até atingirem um ponto sem volta de ruptura. E Bolsonaro nunca escondeu que seu sonho era destruir a democracia. 

Dizem que se conselho fosse bom, não se dava, se vendia. Mas como eu prezo muito pelos meus compatriotas, receio dizer que uma mudança de país pode ser inevitável para quem quer manter a sanidade mental e a própria vida. Duvido que as coisas melhorem daqui para frente.

segunda-feira, 9 de agosto de 2021

Ser adolescente em 2002


 

O ano de 2001, como bem explanei neste post da série, foi um ano bem porcaria. Já o ano de 2002 também foi outra porcaria, mas uma porcaria um pouco menos pior. Afinal de contas, o Brasil foi pentacampeão no futebol, a crise energética chegou ao fim e a esperança venceu o medo durante as eleições daquele ano. Tivemos também a criação da cédula de R$ 20, o auge do sucesso do Dragon Ball Z no Brasil e o lançamento de uma porrada de filmes inesquecíveis. Quer saber mais o que aconteceu em 2002? Então chega mais.

Pessoalmente falando, o ano de 2002 foi bem complicado para mim. Apesar de ter completado saudáveis 19 primaveras naquele ano, eu estava vivendo uma crise existencial que me deixou meio deprê, tinha sido reprovado em dois vestibulares, não tinha PC, meus videogames estavam quebrados e estava sem dinheiro. Mas a partir da metade do ano, as coisas foram melhorando. O que me animou naquele ano foram os episódios da saga de Majin Boo nas manhãs da Globo, as revistas caseiras da Sociedade do Rock que eu mesmo produzia, a Copa do Mundo de 2002 no Japão e Coreia e uma locadora de videogames que descobri pertinho da minha casa. Além disso, como eu estava sem videogame em casa na época, criei um futebol estilo RPG com dezenas de times e jogadores fictícios para me divertir um pouco. Falando nisso, eu fiz diversos campeonatos desse "futebol de mesa" e dava para jogar tanto sozinho quanto com outras pessoas. E era um barato. Eu, inclusive, pretendo escrever mais sobre esse futebol RPG em outra postagem.

Alguns cards do tal futebol RPG de mesa.

Televisão
2002 foi um ano bem chatinho em matéria de TV aberta. Eu confesso que praticamente só assistia MTV, Dragon Ball Z na Globo, o Interligado Games na Rede TV e os jogos da Copa do Mundo. O SBT e a TV Cultura repetiam rigorosamente a mesma programação do ano anterior, exceto pela volta do Gol Show, do SBT, que tinha saído do ar em 1998. Na Emissora do homem do Baú da Felicidade, eu só curtia mesmo a Casa dos Artistas que já estava na sua segunda edição. E melhor que a Casa dos Artistas eram as crônicas que eu lia diariamente do jornalista José Simão onde ele criticava jocosamente os programas da tevê e as notícias políticas do país. Mas só quem trouxe mudanças significativas neste ano foi mesmo a Globo.

Na emissora da família Marinho, o Bambuluá saiu do ar no final de 2001 e aí ficaram no seu lugar a TV Globinho e Sítio do Picapau Amarelo pela manhã. E era justamente na TV Globinho que passava o único desenho que me interessava, que era o já citado Dragon Ball Z que já estava na Saga de Majin Boo. Durante o Globo Esporte, tínhamos os comentários ácidos e divertidos do inesquecível Gato Mestre sobre os times e jogos da Copa de 2002. Eu achei uma pena que a Globo tenha tirado o Gato Mestre do ar, porque ele era melhor que muitos comentaristas por aí e falava as coisas que pensava sem medo de ofender. Pela noite, tivemos a estreia da série O Quinto dos Infernos, a exibição do primeiro Big Brother Brasil em janeiro e a exibição do segundo Big Brother em maio. Tivemos também o Linha Direta e o Intercine, este último ficou no ar até 2010. Mas o grande barato naquele ano foi mesmo a Copa do Mundo de 2002 que era transmitida durante a madrugada e a manhã.

Essa Copa do Mundo foi inesquecível.
 

Copa do Mundo
Aquela Copa do Mundo do Japão e Coreia de 2002 foi o maior evento esportivo do ano. Devido ao fuso horário, os jogos começavam de 3h, 6h e 8h da manhã aqui no Brasil. Eu lembro que fiquei muito feliz com a derrota da nossa carrasca de 98, a França, para Senegal na abertura da Copa. Melhor que isso foi a estreia nervosa contra a Turquia onde a nossa seleção venceu no sufoco com uma ajudinha do juiz. Mas aquela Copa foi muito bacana, a minha favorita depois da de 94. Apesar de ter virado zumbi assistindo aos jogos de madrugada, valeu muito a pena. Eu anotava os resultados dos jogos numa tabelinha e acho que foi a única Copa que assisti a todos os jogos transmitidos. No final das contas, como todos sabem, o Brasil foi pentacampeão batendo por  2 a 0 a Alemanha. Isso porque o técnico Felipão foi chamado de burro antes da Copa por não levar o Romário que chegou a chorar pedindo para ser convocado. Agora tão bom quanto ter visto o Brasil campeão foi ter visto as favoritíssimas Argentina e França dando adeus à Copa ainda na primeira fase.

O bom e velho Nokia.

Tecnologia
2002 foi o ano onde vivenciamos o auge da venda dos CDs de áudio, onde ter um Nokia 3310 era moda, onde a internet banda larga começava a ser introduzida no país, onde demorávamos quase uma hora para baixar uma música em MP3 pelo Kazaa e onde as gigantes tevês de tubo ainda eram predominantes nos lares brasileiros. No mundo da informática, CPUs com Amd Duron, Amd Atlhon, Intel Celeron e Intel Pentium 4 eram as mais vendidas na época. O Windows XP estava no seu auge e o uso da internet discada era o que predominava na maioria das conexões. Para quem não tinha PC, a saída eram as gloriosas lan houses que estavam vivendo o seu auge naquela época. Infelizmente, para mim, como eu não tinha PC e nem lan houses perto de casa, não cheguei nem perto de um computador naquele ano.

Halo Combat Evolved: título que mais joguei naquele ano.


Games
Aquele ano foi um marco na minha vida em matéria de games. Isso porque eu tive a oportunidade jogar pela primeira vez videogames com CPUs de 128 bits, como foi o caso do Xbox e do Playstation 2 na locadora perto da minha casa. E foi uma loucura, porque eu gastei até o último centavo do troco da passagem e do pão para passar horas curtindo Halo, GTA 3, Tekken 4, Crazy Taxi, Medal of Honor, Mortal Kombat e muitos outros títulos. E como a maioria da galera na locadora só jogava games de futebol, eu quase sempre acabava jogando sozinho mesmo. Eu não curtia muito jogos de futebol porque além de estar meio enjoado de jogos de esporte, eu ainda era ruim à beça nos Fifas e Winning Elevens da vida. Daí que eu era um jogador bem solitário. De novidades gamísticas lançadas naquele ano, podemos citar os títulos:

Mafia
Kingdom Hearts
Warcraft 3
Age of Mythology
Hitman 2
Battlefield 1942
GTA Vice City
The King of Fighters 2002
Metal Slug 4
007: Nightfire
Super Mário Sunshine
Medal of Honor Frontline
Medal of Honor Allied Assault
Unreal Tournament 2003
Tony Hawk Pro Skater 4
Need For Speed Hot Pursuit 2
Animal Crossing

O Tribalistas Carlinhos Brown, Marisa Monte e Arnaldo Antunes.


Música
Sendo bem sincero, eu achei o ano de 2002 bem fraco musicalmente falando, tanto que a única canção que me lembrei de cara que tocou muito naquele ano foi a Vai Rolar a Festa da Ivete Sangalo. Tivemos também a chegada dos Tribalistas e o auge do sucesso do álbum A Melhor Banda de Todos os Tempos da Última Semana dos Titãs, com canções que tocavam todos os dias nas rádios. E falando em rádio, fui dar uma pesquisada rápida e vi que algumas das músicas mais tocadas nas rádios da época foram:

Festa – Ivete Sangalo
Já Sei Namorar – Tribalistas
Wherever You Will Go – The Calling
My Sacrifice – Creed
Whenever, Wherever – Shakira
Epitáfio – Titãs
Carla – LS Jack
O Mundo é Bão, Sebastião – Titãs
Que Nem Maré – Jorge Vercilo
Deixa a Vida Me Levar – Zeca Pagodinho
A Sua Maneira – Capital Inicial
O Calibre – Paralamas do sucesso
Papo Reto – Charlie Brown Jr.
Só Por Uma Noite – Charlie Brown Jr.
Green Hair (Japa Girl) – Supla
Namorar Pelado – MC Pelé

Tom Cruise em Minority Report.

Filmes
O que realmente salvou 2002 foi a sétima arte. O que tivemos de filmes bons sendo lançados naquele ano não foi brincadeira. Além dos clássicos Senhor dos Anéis, Star Wars e Harry Potter, alguns filmes foram muito marcantes, como o incrível Minority Report, o tenso Sinais, o surpreendente O Mistério da Libélula e o clássico Conde de Monte Cristo. Isso sem falar do Cidade de Deus que foi um dos melhores filmes nacionais que assisti até hoje. Vou deixar uma lista abaixo de alguns dos principais títulos de sucesso daquele ano.

O Senhor dos Anéis - As Duas Torres
Star Wars: Episódio 2 - Ataque dos Clones
Harry Potter e a Câmara Secreta
Minority Report - A Nova Lei
O Mistério da Libélula
O Conde de Monte Cristo
MIB: Homens de Preto 2
007 - Um Novo Dia Para Morrer
Gangues de Nova York
Sinais
O Pianista
O Chamado
Blade 2
Cidade de Deus
Dragão Vermelho
Fomos Heróis
A Máquina do Tempo
A Era do Gelo
Scooby-Doo
Resident Evil - O Hóspede Maldito
Triplo X
O Escorpião Rei
 

Enfim, este foi o meu resumo do ano 2002 na minha época de adolescente. Para quem quiser saber a minha opinião sobre outras épocas que vivi, a seguir deixo vários links dessa série para você se divertir, conhecer ou matar saudades:

Ser criança em 1986
Ser criança em 1988
Ser criança em 1990
Ser criança em 1991
Ser criança em 1994
Ser criança em 1995
Ser criança em 1996
Ser criança em 1997
Ser criança em 1998
Ser adolescente em 1999
Ser adolescente em 2001

domingo, 8 de agosto de 2021

Brincar de boneca é coisa de macho


Vamos constatar um fato: todo homem já brincou de boneca quando criança, ponto. Se não brincou na frente de outras pessoas, com certeza brincou escondido. Um homem que nega este fato ou tem memória fraca, ou então está escondendo alguma coisa. Eu mesmo, por exemplo, já brinquei de boneca, de casinha, de família, de cozinhar, de cabeleireiro, de dono de casa e nunca deixei de ser homem ou de gostar de mulher por isso. Aliás, brincar dessas coisas era tão divertido quanto brincar de luta, de guerra ou de qualquer outra brincadeira mais "masculina". Faz parte do desenvolvimento natural de toda criança saudável brincar de tudo envolvendo o universo infantil. Inclusive, acho que muitos homens hoje seriam pais muito melhores – especialmente os que são pais de meninas – se tivessem brincado mais de boneca. Mas esta postagem vai além disso, porque após descobrir que os maiores colecionadores de Barbies são homens e ver o crescimento ano após ano de vendas de bonecas realísticas estilo Real Doll, fica claro uma coisa: os homens precisam brincar mais de boneca!

Novo sonho de consumo masculino.

As bonecas sexuais hiper realistas, conhecidas como Real Dolls ou Sex Dolls, foram projetadas inicialmente para servirem de bonecas infláveis sofisticadas para homens solitários. O problema é que a maioria dos homens que compram essas bonecas (que, diga-se de passagem, são quase idênticas a uma mulher de carne e osso) tem como finalidade cuidar delas, vesti-las, perfumá-las, arrumar o cabelo, maquiar, fazer as unhas... Tem muitos homens casados e com filhos que compram essas bonecas para colecioná-las. É claro que elas também são vendidas para atender aos anseios sexuais de muitos, mas pelos documentários que assisti e por tudo que li a respeito, a maioria dos homens que compram essas bonecas as tratam como um brinquedo de criança que nunca puderam ter.

Até quem você menos espera brinca de boneca.

Eu dei uma olhada em algumas dessas bonecas ultra realistas no site especializado Safe Sex Dolls e admito que fiquei boquiaberto com a aparência delas, porque elas são MUITO parecidas com uma mulher de verdade. Algumas são tão perfeitas que eu me questionei se realmente eram bonecas ou mulheres fingindo ser bonecas. Para impressionar mais ainda, algumas delas possuem inteligência artificial, se movem sozinhas, fazem expressões faciais, falam, gemem e até conversam! Todas possuem dimensões reais, cyberskin hipoalergênica (TPE), pesam entre 20 kg e 40 kg e são customizáveis. Segundo os fabricantes, as mucosas e os orifícios possuem lubrificação artificial e o corpo pode ser esquentado com água morna ou por um sistema elétrico. Confesso que me apaixonei pela Catherine, mas outras como a Laura, Kayla e a Kayleigh me deixaram impressionados com tamanha beleza e formosura. O preço, apesar de bem salgado (cerca de 2000 doletas), não é empecilho para quem realmente sonha em ter uma amante, companheira ou brinquedo de adulto mesmo. Algumas Sex Shops aqui no Brasil revendem bonecas do gênero, mas o preço de uma belezinha dessa costuma sair por mais de 8 mil pilas. Se eu não fosse um pobretão, acho que compraria umas duas ou três para animar minha vida de ermitão. Fora que uma boneca é bem melhor que aguentar mulher chata, ciumenta, insegura e infiel. Saca o visual de algumas delas abaixo:


Um brinquedo que todo marmanjo gostaria de ter.

Então, caro homem moderno do século XXI, vai me dizer que você nunca sonhou em brincar de boneca?

sábado, 7 de agosto de 2021

Comparar Eneas com Bolsonaro é um absurdo


Muitas pessoas, especialmente as mais conservadoras, gostam de comparar Jair Bolsonaro com o falecido líder do Prona Dr. Enéas Carneiro. Mas ambos são quase uma antítese um do outro. É verdade que Enéas era um conservador de direita, mas ele era radicalmente contra a venda das estatais a preço de banana, ele não simpatizava com neonazistas e nem era a favor da volta do autoritarismo. Bolsonaro, por sua vez, é um criatura totalmente repulsiva e degenerada, porque ele é conspiracionista, negacionista, miliciano, neonazista, fascistoide, genocida, entreguista, corrupto, preconceituoso, mentiroso e uma série de outros adjetivos que dariam para encher um livro de terror inteiro. Aliás, não foi à toa que um site australiano o considerou como sendo o político mais abominável do mundo ainda em 2016. Bolsonaro é a negação da política em pessoa. Quem votou nesse traste ou o fez por ser da mesma laia dele, ou então por preguiça de se informar sobre quem ele é. Todo mundo minimamente sensato avisou desde muito antes de 2018 que ele era esse monstro e, mesmo assim, ele venceu as eleições que, curiosamente, ele mesmo alega terem sido fraudadas. Então por mais que não queiram admitir, cada brasileiro que digitou 17 na urnas é corresponsável por todo esse filme de terror que estamos vivendo atualmente. E, por favor, respeitem o Dr. Enéas. Não comparem aquele homem com esse lixo que se apossou da presidência da república.

quinta-feira, 5 de agosto de 2021

Bolsonaro é um bufão do Tio Sam

 

As recentes ameaças golpistas do presidente miliciano contra as instituições e contra as eleições só mostram o desespero do nosso protoditador. Após perder apoio popular e de parte das FFAA, o que resta a ele é tentar intimidar a democracia na base do grito. Mas tudo não passa de blefe barato. Se realmente estivesse falando sério, o governo federal não teria vendido a alma ao "centrão". Toda essa palhaçada não passa de desespero por ver que a reeleição está se tornando cada vez menos plausível. E para piorar a situação do genocida, até parte da elite rechaçou qualquer possibilidade de tumulto contra as eleições de 2022. O que fica claro até aqui é que Bolsonaro não fará nada contra ninguém e nem ninguém fará nada contra Bolsonaro. O que estamos vendo são palavras ao vento que durarão até o ano que vem onde, espero eu, que o atual ocupante do Palácio do Planalto seja varrido da disputa eleitoral ainda no primeiro turno. Enquanto isso, o bufão fascistoide irá continuar a fazer suas ameaças estúpidas para atender aos interesses econômicos do país que ele mais ama no mundo depois de Israel: os Estados Unidos.

quarta-feira, 4 de agosto de 2021

A solução para a "objetificação sexual"


Toda sociedade humana ao longo da história teve os seus próprios padrões de beleza. Durante a pré-história, por exemplo, onde tínhamos longos períodos de escassez de alimentos, uma pessoa gorda era considerada muito atraente. Isso se mostra verdade nas esculturas e pinturas daquele período. Ser gordo ou gorda naquela época era atraente justamente por ser difícil conseguir estocar energia em forma de gordura numa época de miséria. Se você olhar para algumas culturas africanas do século passado, as pessoas mais atraentes fisicamente eram as mais barrigudas justamente por ser difícil engordar vivendo apenas de caça e coleta. Já no ocidente contemporâneo, o padrão de beleza está ligado ao físico magro e atlético. Isso porque ser magro e ter o corpo sarado numa época de comodidade e alta oferta de alimentos é algo que exige esforço e custa caro. Obviamente, se aproveitando disso, os capitalistas passaram a vender tudo quanto é tipo de produto para emagrecer, ser fitness e ganhar músculos. No caso das mulheres, essa exigência é ainda mais cruel, porque celulites, estrias e até marcas de expressão são tratadas como "imperfeições". A insatisfação com o corpo é uma estratégia de venda capitalista. O nosso padrão de beleza prova isso o tempo todo e ele tende a ser cada vez mais implacável. E, nesse contexto atual, temos a publicidade e a moda explorando à exaustão corpos que reforçam esses estereótipos quase inalcançáveis de beleza. É justamente daí que nascem os principais problemas ligados a "objetificação" e "hipersexualização".

Ser tratado APENAS como um corpo a ser desejado não é empoderador.

Mas a coisa ainda piora um pouco, porque a nossa sociedade é machista e racista. Se duvida disso, basta olhar para as nossas elites. A elite econômica é formada por 99% de homens brancos. A elite intelectual também é formada em sua maioria por homens brancos. Você olha para os altos oficiais das Forças Armadas, a tal elite militar, e 99% deles são de homens brancos. Olhe para a elite política e está lá a maioria formada por homens brancos. A elite religiosa, seja ela católica ou evangélica, 99% é de homens brancos no alto escalão. Ou seja, nos cargos de poder quase não há mulheres e negros. Agora junte o padrão de beleza inalcançável com essa ausência de negros e mulheres no topo da pirâmide social que o problema da objetificação sexual vira motivo de discussão recorrente nas redes sociais. Afinal, ser tratado exclusivamente como um corpo a ser desejado não traz justiça social. Por mais que homens brancos também tenham seus corpos sexualizados, eles, como classe, possuem privilégios que os permitem nãos erem vistos apenas como corpos a serem "consumidos".

Eis aí a raiz do problema.

Agora pare e pense um pouco. Mulheres negras não podem se tornar presidentes ou oligarcas, mas podem dançar seminuas na televisão. Homens negros não podem ser bilionários ou generais, mas podem expor seus corpos sarados em outdoors de filtro solar. Isso gera uma indignação por parte de muitas pessoas, porque sentem que mulheres e negros só servem para isso. E mesmo que homens brancos sejam objetificados, como citei anteriormente, isso não gera tanta revolta por não ser algo exclusivista para eles. Então o problema todo envolvendo a objetificação e hipersexualização não é a sensualidade e nem a beleza, mas a padronização de corpos e a desigualdade social que negros e mulheres sofrem. Ou seja, o problema real são o machismo e o racismo. E no caso das mulheres há um ingrediente a mais que é a cultura de assédio sexual contra elas. A exploração da sensualidade feminina de forma excessiva acaba reforçando em mentes mais imaturas a ideia de que as mulheres não passam de seres exclusivamente sexuais.

Qual é o limite saudável da sexualização?

A caçada de muitas pessoas contra essa sexualização exagerada faz sentido quando se apresenta o contexto social e cultural da situação, mas às vezes alguns protestos passam do limite. Ficar procurando qualquer sinal mínimo de sensualidade em todo canto para criticar é um exagero desnecessário e paranoico. E é claro que há muito moralismo cristão barato por trás de muitos argumentos anti-objetificação. A 'liga das senhoras católicas' infiltrada em movimentos progressistas está sempre denunciando a conspiração diabólica de corpos seminus e posições provocantes, porque, creio eu, que aquela conversa de "pecado contra a pureza" não cola mais há muito tempo. O ponto que eu discordo e que me faz comprar briga com essa galera é que o grande problema não está nem na objetificação e nem na hipersexualização. O problema, como deixei claro anteriormente, é a desigualdade que há entre homens, mulheres, brancos e negros. Além, claro, do padrão de beleza inalcançável e da cultura de assédio. Então a minha solução para isso serve para separar os moralistas cristãos dos progressistas que atuam nessa causa. A solução nada mais é que promover uma maior ocupação de mulheres e negros nas elites e a exposição de MAIS corpos fora do padrão de beleza. Ou seja: combater o machismo, o racismo e o assédio, além de mostrar todos os tipos de corpos sensualizando e mostrando seus atributos na tevê e na publicidade. Pessoas fora do padrão de beleza também precisam se sentir representadas e atraentes. Isso ajuda a trazer autoestima e diminui a sensação de injustiça.

Objetificação sexual ou emancipação? Você decide.

E, por favor, vamos deixar de hipocrisia também. Ninguém normal é contra as pessoas irem de sunga e biquíni para a praia ou dançar sem roupa íntima em baile funk, então não faz sentido algum ser contra uma publicidade inclusiva com corpos seminus, danças sensuais ou uma sexualização natural em filmes, games e revistas. Se todos os tipos de corpos são mostrados de forma igual e não há desigualdade social entre as pessoas, ficar implicando com sensualidade é pura idiotice moralista. Esses argumentos contra toda essa coisa do corpo sexualizado foram muito usados pela igreja católica na Idade Média e também durante a ditadura militar no Brasil. Se você se considera progressista, por favor, fuja disso e lute contra os problemas certos. Mas se mesmo assim você continuar sendo contra peito, bunda e barriga de fora, te recomendo ir morar em países muçulmanos radicais, porque lá não há nenhum espaço para sexualização de ninguém, especialmente das mulheres.

Representatividade de corpos "normais" é a palavra chave.

domingo, 1 de agosto de 2021

Adeus a duas lendas da dublagem brasileira


Essa semana passada foi de luto para a dublagem brasileira. No dia 27 de julho faleceu o centenário Orlando Drummond e, três dias depois, foi a vez do Mario Monjardim. Ambos ficaram famosos por dublar inúmeros personagens, entre eles, os inesquecíveis Scooby-Doo e Salsicha. A minha infância nos anos 80 e 90 foi marcada pelas vozes dessas duas lendas da dublagem em personagens inesquecíveis como Pernalonga, Gargamel, Vingador e Popeye. Inclusive, eu tenho escutado a voz do Drummond diariamente nos NPCs do Witcher 3 que estou rejogando há algumas semanas. É difícil acreditar que esses meus dois ídolos morreram. A sensação que dá é de que perdi alguém próximo, mesmo nunca tendo os conhecido pessoalmente. Enfim, descansem em paz e muito obrigado por terem feito a minha vida e as de milhões de outros brasileiros mais divertida.