quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

Vitimismo ou feminismo?

Não vou escrever absolutamente nada a respeito de feminismo neste post, ao invés disso, vou deixar um vídeo da vlogger americana June Lapine (Shoe0nHead) que faz críticas bastante precisas ao movimento. Saca só que gracinha:


Apesar de não concordar 100% com o que ela diz, a vlogger foi bastante concisa nas críticas às justiceiras sociais da internet (vulgo feministas). Sabe, é bom saber que eu não estou ficando louco por ver que mais pessoas normais estão enxergando os exageros desses movimentos sociais, seja o feminismo, o movimento negro, o LGBT, o ateu e até mesmo o vegano.

sábado, 26 de dezembro de 2015

O feminismo é necessário, já o radicalismo, nem tanto


Se alguém me dissesse em 2006 – ano que comecei a militar inconscientemente a favor do feminismo – que um dia as feministas seriam como os conservadores as descrevem (ou seja: radicais, intolerantes, misândricas e revanchistas), eu JAMAIS acreditaria. Pois bem, quase dez anos depois, infelizmente, aqueles estereótipos antifeministas usados como espantalhos pelos reacionários acabou se tornando uma realidade. Hoje nós temos uma ala radical no feminismo que odeia homens, que acha que todo homem é estuprador, que rejeita transexuais, que é heterofóbica, que é moralista, que é anticientífica e que não aceita homens nem como aliados. Ou seja, para algumas pessoas, o feminismo virou uma espécie de Clube da Luluzinha revoltada que serve para acolher mulheres vítimas dos traumas do patriarcado e que desejam algum tipo de revanche contra os homens. Alguns chamam essas integrantes radicais de RadFems, outros de femistas ou mesmo de feminazis, mas para não cair na falácia do escocês de verdade, vamos considerar que elas são feministas mais exaltadas.
Aqui no blog já dediquei vários posts para falar delas e mostrar como esse posicionamento radical é ruim para o movimento feminista como um todo. Engraçado que alguns conservadores que descobrem meu blog por postagens criticando as feministas acham que eu sou um reacionário de direita – e quebram a cara depois quando leem os meus posts sobre política. E o contrário também ocorre: quando alguma feminista mais exaltada descobre meu blog por meio dos posts políticos, acaba quebrando a cara e me xingando de "esquerdomacho" quando descobrem meus posts criticando as feministas. O lado bom disso é que eu estou longe dos extremos, mantendo-me distante dos radicais.


Lamentavelmente, as radicais do feminismo torcem desesperadamente para que eu (como qualquer outro homem) morra ou tenha um câncer, porque se eu falar algo A FAVOR do feminismo, elas me atacam dizendo que eu "não tenho vivência pra dar pitaco na luta alheia", ou que elas não precisam de "pirocos" (vulgo homens) para "roubar o protagonismo delas", ou então que "o movimento feminista é autossuficiente e que elas não precisam de macho para cagar regras". E se eu CRITICAR o feminismo então, aí é que a vaca vai para o brejo, me xingam de tudo, até de estuprador. Ou seja: querem proibir qualquer opinião de alguém do sexo oposto sobre o tema, fato este que é justamente o conceito de sexismo. Mas como eu não tenho medo de Radfem e nem de conservador machista, vou dar o papo reto: sou totalmente a favor do feminismo, porém, sou contra o radicalismo. Aliás, sou contra qualquer radicalismo, venha ele de onde vier.
O mais bizarro disso tudo é que o radicalismo vindo do feminismo se parece demais com o conservadorismo cristão, tornando ambos quase indistinguíveis um do outro em certos aspectos. A tirinha abaixo exemplifica bem isso:


Essa semelhança com o conservadorismo vem de preconceitos típicos de pessoas medrosas e ignorantes que elegeram bodes expiatórios em comum para disfarçar os seus receios e estigmas psicológicos. Como bem se sabe, é mais fácil criticar o que nos assusta do que assumir os nossos medos e tentar superá-los. As feministas radicais, ao que me parecem, pegaram tudo de mais reacionário e moralista que tivemos na segunda onda feminista para tentar combater o machismo. E não achando isso suficiente, várias dessas feministas passaram a repetir ideias tresloucadas e preconceituosas das feministas birutas radicais da terceira geração como se essas ideias fossem dogmas de alguma seita sagrada. Vamos a alguns exemplos dessas ideias que ganharam ainda mais força dentro do radicalismo anônimo da internet:

Heterofobia: Para as defensoras do lesbianismo político, mulheres heterossexuais não existem – ou, pelo menos, não deveriam existir. A heterossexualidade seria uma "construção social" para que o homem domine a mulher em relacionamentos machistas e abusivos. Pesquisas fajutas, como essa, que seriam a "prova" de que a heterossexualidade feminina é um mito, já foram refutadas. Eu até concordo que relacionamentos homoafetivos são mais igualitários e saudáveis que os heteroafetivos, mas a orientação sexual – como o pastor Malafaia também insiste em duvidar – não é uma escolha. Muitas mulheres héteros têm sido acusadas de "dormirem com o opressor" ou de "erotizar a própria opressão", carregando culpa simplesmente por serem o que são. Se duvida da heterofobia dentro do feminismo, procure ler o livro da Daphne Patai chamado Heterophobia: Sexual Harassment and the Future of Feminism. Esse pensamento dogmático e autoritário só gera fundamentalistas e pessoas que seguem uma ideologia como se ela fosse uma seita.


Homofobia: Se por um lado ser lésbica é empoderador, ser gay masculino é sinônimo de misoginia para algumas radicais. O simples fato de achar a genitália feminina feia já é motivo de sobra para você ser um misógino-lesbofóbico. Gosto ou falta de atração sexual por mulheres NÃO é misoginia – da mesma forma que achar o pênis algo feio ou fedido também não é misandria. Se está duvidando, dê uma olhada neste link e também nos comentários deste outro, onde feministas e seguidores da tríade Malafaia-Bolsonaro-Marisa Lobo convergem suas opiniões de que se não é possível curar os gays, que pelo menos eles mudem seus discursos de autoafirmação "gayzistas-opressores".


Transfobia: É praticamente uma regra dentro das adeptas do Radfem que mulheres transexuais são "machos" e todo macho é estuprador, é inimigo e precisa ser afastado do movimento feminista. Na cabeça oca e preconceituosa dessas feministas, ter pênis ou vagina é que define se alguém é homem ou mulher, quando, na verdade, a figura social de homem e mulher são construções sociais. Além disso, a identidade de gênero não está no que você tem entre as pernas, mas, sim, entre as orelhas. Esse preconceito é o que chamamos de transmisoginia.


Objetificação sexual: Pouca roupa ou sensualidade na tevê, nos anúncios, nas revistas, nos quadrinhos ou nos games ganhou tanto de conservadores cristãos quanto de feministas radicais o apelido de "objetificação". As tais "mulheres objeto" são um rótulo sexista dado exclusivamente a mulheres atraentes que usam de sua liberdade para expor seus corpos como quiserem. Alegações desprovidas de autocrítica como: "ela (a mulher) só serve como objeto de apreciação" ou "ela só serve como instrumento para deixar os paus dos homens duros" são argumentos incorporados pelos moralistas de ambos os lados. Há evidências que essa história de objetificação sexual não passe de uma competição intrassexual entre as próprias mulheres que culpam, como sempre, o patriarcado pelas mulheres usarem poucas roupas ou serem "sexys demais". Também há quem diga que essa paranoia toda contra a objetificação é inveja ou até ciúmes de seus homens, como eu citei no post Objetificação e a síndrome da mulher mal comida e, mais recentemente, no post Objetificação e moralismo: um não vive sem o outro. Se nem o ex-presidente Jânio Quadros conseguiu impor seu moralismo proibindo o uso de biquínis através da lei, o que dizer então de uma ala radical do feminismo? Se querem reclamar, reclamem da imposição de padrões de beleza cruéis e para que corpos de todos os tipos sejam objetificados – e não apenas as "magras". Só resta saber se o capitalismo acharia isso lucrativo.


Moralismo: Movimentos antipornografia, antiprostituição, antifunk, antibaixaria e antibdsm dentro do feminismo possuem resquícios de moral cristã e se baseiam em uma visão unilateral e generalizante da realidade que elas enxergam com os óculos da ideologia delas. Ao invés de combaterem a exploração e as coisas erradas por trás da indústria pornô e da prostituição, por exemplo, elas combatem a pornografia e a prostituição em si, mesmo quando as mesmas são realizadas com o consentimento e a vontade das mulheres independentes envolvidas. Fora toda aquela papagaiada de que a pornografia promove a cultura do estupro, a pedofilia e outras associações forçadas típicas de carolas. Slogans como “Pornografia é a teoria, estupro é a prática” são disseminados sem a menor responsabilidade como se tivessem algum amparo acadêmico psicológico ou sociológico. Será que produtoras feministas de pornografia concordariam com essa censura que estão querendo impor, tais como Petra Joy, Erika Lust e Anna Span? Nem toda pornografia é sexista, violenta ou reforça estereótipos. Pobres radicais que não sabem nem que a pornografia pode ter fins filantrópicos e até mesmo ambientais. Nunca é demais dizer que essa guerra moralista contra o entretenimento sexual é uma guerra perdida. A Igreja Católica queimou e perseguiu os hereges adoradores da luxúria durante séculos e mesmo assim a pornografia e a prostituição nunca foram extintas. As Leis da Sodomia, na Era Vitoriana, também foram um fracasso total em tentar controlar as pessoas sexualmente. Fora que essa atual perseguição é um ataque à liberdade de expressão. Todo mundo tem o direito de filmar ou escrever as suas safadezas e divulgar na internet. Nem a Igreja e nem as feministas radicais serão capazes de deter isso.


Intolerância: Em 2013, em uma manifestação pelo aborto e pelos direitos dos homoafetivos na Argentina, um grupo de feministas cuspiu, atirou fezes e usou tinta em spray contra jovens que defendiam a catedral de San Juan de Cuyo. Na ocasião, também queimaram uma imagem do Papa Francisco, que é argentino. Há um vídeo que mostra o contraste entre a agressividade das feministas com a sobriedade pacífica dos cristãos agredidos com insultos e também fisicamente. Será que essa intolerância raivosa e vingativa pega bem para o movimento? Sei que muitas vão pensar: "Quem é que esse piroco opressor pensa que é para dizer como nós, mulheres, devemos atuar no feminismo? Vai cagar regra pra cima dos teus machos, seu misógino!" Evidentemente que esse argumento delas é contraprodutivo, mas outras pessoas normais que veem esse tipo de discurso dogmático provavelmente hão de entender que é necessário se posicionar de alguma maneira com relação a esse ativismo histérico.


Medo: Se você acha que a ameaça de estupro como método de controle das mulheres é exclusividade da misoginia patriarcal, pode se preparar para rever os seus conceitos. Tenho visto com uma frequência cada vez mais preocupante mulheres supostamente feministas dizendo a outras mulheres que não concordam com as ideias delas coisas do tipo: "Continue confiando no opressor (homens) para que um dia ele acabe te estuprando", ou: "Quando uma mulher trans te estuprar, aí você vai ver", ou ainda: "Todo homem é um estuprador em potencial, cuidado". Isso são ameaças da mesma estirpe que é usada há milênios pelos religiosos para manter seus fiéis obedientes à seita através do medo. Cria-se um pânico moral que só pode ser tratado pelo feminismo. Essa ameaça de estupro terceirizado pelas radicais deve ser denunciada como crime de violência contra a mulher. Ameaças de estupro, sejam elas diretas ou indiretas, são sempre gravemente criminosas. Isso sem falar que a falácia da composição (generalizar que todos os homens são perigosos) é irresponsável por se tratar de puro terrorismo psicológico.


Racismo: Num dia desses eu vi uma treta entre feministas negras e feministas brancas no Facebook. O lado "negro" acusava o lado "branco" de racismo, elitismo e por colocar sempre os holofotes do movimento sobre as mulheres caucasianas. Já lado "branco" acusava as outras de segregacionismo, racismo invertido e até de vitimismo. Enfim, uma discussão que nunca deveria existir entre grupos oprimidos. As mulheres deveriam se unir independentemente da cor da pele, mas parece que a força do racismo é tão grande que afeta até mesmo o feminismo. Dizem que se conselho fosse bom não se dava, se vendia, mas eu aviso mesmo assim que feministas brigando entre si é tudo o que o patriarcado quer para enfraquecer e fragmentar o movimento. Se acha que é implicância ou invenção minha, por favor, deem uma lida neste post e neste outro também.


Olhares: Olhar não é assédio. Olhar de forma natural para pessoas nunca foi assédio. O que poderia ser considerado assédio seriam aqueles olhares tarados e persistentes que alguns homens lançam sobre algumas mulheres, como se nunca tivessem visto uma mulher na vida. Se bem que, neste caso, eu não consideraria assédio, mas sim falta de educação mesmo: um atestado de babaquice. Mas as que se sentem mal com todo e qualquer olhar masculino, recomendo que procurem acompanhamento psicológico, pois isso pode ser algum tipo de fobia social, e o feminismo – até onde eu aprendi – não é terapia de grupo.


Anticiência: Se qualquer afirmação ou teoria científica contrariar os dogmas do feminismo radical, automaticamente a ciência passa a ser desqualificada como um todo por ela ser uma "fortaleza do patriarcado", reforçando, por isso, o machismo. A ciência só vale quando atende aos interesses delas (veja o caso da transfobia das Rads e da heterofobia, por exemplo). Ativismo cego que idolatra pseudociência só pode ser diarreia mental.


Campos de Concentração: A feminista britânica Julie Bindel defendeu que deveriam existir campos de concentração para homens. Não é à toa que algumas feministas são chamadas de feminazis pelos gaiatos.



Apesar desses extremos, reitero o título do post dizendo que sem feminismo, a humanidade será um lugar muito pior para se viver não só para mulheres, mas para todos. Ainda há muita violência contra a mulher, muita misoginia, muita desigualdade e muitos outros problemas que precisam ser combatidos incansavelmente. E não podemos desqualificar um movimento inteiro só porque há radicais maniqueístas infiltradas nele. Crimes contra a humanidade, como o feminicídio, precisam ser combatidos não só por uma questão de direito das mulheres, mas, sobretudo, por questões de direitos humanos.
O que as radicais precisam entender é que: o que precisa ser combatido não é o homem, mas sim o machismo – até porque há mulheres machistas e homens feministas. E elas também precisam entender que igualdade (ou equidade) não é falsa simetria. Portanto, se não houver uma luta pela justiça e pela igualdade (e não por privilégios), qualquer feminista será capaz de fazer seu próprio julgamento arbitrário do que é certo ou errado, fazendo com que um movimento que era uma vertente do igualitarismo brigue por vingança e valores individuais.
Enquanto isso, grupos conservadores ampliam seu discurso político e jurídico, interferindo no Estado para criar leis e políticas públicas que reduzem direitos para mulheres e ampliam discriminação de gênero. Onde estão as radicais nessas horas? Ah, claro, xingando os homens...

É por isso que o feminismo é tratado como religião por algumas pessoas

PS 1: Eu não escrevo posts criticando o feminismo por ser um piroco-opressor-misógino querendo cagar regra. A minha preocupação é que o movimento se fragmente e a luta pelas verdadeiras causas do feminismo sejam deixadas de lado por revanchismo, individualismo e fanatismo. Não gosto de criticar o feminismo, assim como também não gosto de criticar a esquerda ou o ateísmo, mas isso às vezes precisa ser feito.

PS 2: Pode ser paranoia minha, mas às vezes tenho a forte impressão que conservadoras cristãs estão se infiltrando no feminismo para combater todo tipo de coisa "imoral" e "indecente". Já faz tempo que eu digo que essa história de "pecado contra a pureza" não cola mais, especialmente entre os não crentes. Ou como já dizia o velho ditado: "se você não pode derrotar um inimigo, se alie a ele". Ou então, se não é isso, pode ser que o próprio feminismo esteja começando a virar uma religião, já que há empreendedores morais dentro do mesmo e pensamentos dogmáticos sendo disseminados por aí sem o menor recato. A maior prova disso são os comentários hostis e as tentativas de censura que as justiceiras tem feito pela internet idênticas aos cristãos fundamentalistas, derrubando páginas do Facebook, vídeos do Youtube e até blogs. Torço para estar enganado.

Imagens e prints da página Aventuras na Justiça Social.

terça-feira, 22 de dezembro de 2015

Objetificação e moralismo: um não vive sem o outro


Convenhamos dizer: objetificação feminina realmente existe. Há campanhas publicitárias que tratam a mulher como se ela fosse uma coisa, uma mercadoria ou um objeto cenográfico para ser atrativo do público-alvo masculino. Isso é uma coisa. Outra coisa é confundir beleza, sensualidade, posturas corporais e pouca roupa com objetificação. Neste caso, estamos falando de moralismo – moralismo esse que tem sido usado com bastante frequência entre conservadores e feministas para tentar censurar qualquer mídia (publicidade, games, quadrinhos, filmes) que os desagrade. Inclusive, esse tipo de objetificação é denominado de objetificação sexual da mulher : termo esse que coloca a sexualidade (ou a sensualidade) feminina num patamar de opressão a ser combatido – quando ela deveria ser um fator empoderador da liberdade feminina para usar seu corpo como quiser.
Tá sensual demais ainda
Para os paladinos da moral e dos bons costumes, a mulher precisa passar a imagem de assexualidade (ou de feiura) para não ser objetificada e então o "meu corpo, minhas regras" (mantra feminista) aqui vira o "seu corpo, minhas regras" na substituição de um machista controlador por uma conservadora travestida de feminista – ou por uma feminista machista, se preferir. A objetificação está na maneira como a mulher é representada, e não no fato dela ser sexualmente atraente ou não. Infelizmente, já tem gente na política que adota essas distorções para criar projetos de lei baseados em moralismo subjetivo, como é o caso da deputada Luiza Maia, do PT. A proposta dessa deputada consegue ser mais sem noção que a esdrúxula Lei Antibaixaria da sua colega de partido Moema Gramacho. É curioso ver nessas horas como, às vezes, o progressismo exacerbado se parece com o conservadorismo puritano.
Enfim, foi exatamente este o problema que me fez criar uma tag neste blog (à direita, no menu) só para falar mais a fundo sobre esse assunto tão polêmico. E se alguém acha que eu estou exagerando sobre o tema, olha só o que o Conar (conselho que regula a publicidade brasileira) tem censurado sob a pressão desses grupos moralistas (sobretudo feministas exaltadas e religiosos reacionários) nos prints abaixo:






Note que a sensualidade foi a razão principal do Conar ter implicado com tais comerciais. É óbvio que é preciso ter o mínimo de juízo crítico para evitar exageros e não mostrar sexo explícito, nudez descontextualizada ou sexismo abusivo. Acontece que eu não vi nada demais nas campanhas que foram censuradas. Não acho que pouca roupa ou sensualidade seja machismo, até porque se fossem, as feministas teriam que começar a censurar mulheres sensuais e seminuas nas ruas e nas praias, coisa que elas não fazem por – quem diria – respeitar a liberdade delas. Porém respeitar a liberdade de se vestir em comerciais ou filmes não tem sido muito levado a sério pela ala feminista, mostrando uma hipocrisia que eu, sinceramente, não consigo entender.
Há quem diga que nunca viu uma mulher ser objetificada estando vestida "decentemente" ou sem apelar para sensualidade. Mas essa objetificação existe, basta ver as assistentes de palco que ficam segurando microfones para os homens falarem nos programas de televisão (geralmente em programas sobre futebol). A mulher nessa situação serve apenas como suporte humano para o microfone, já que ela se limita apenas a ser um rostinho bonito que só sorri e não dá nenhum opinião sobre o tema.

Charge de Gisa Castro

Competição sexual
Acompanhando o Vlog do Viade, do geneticista Eli VIeira, descobri algo interessante que pode explicar esse comportamento espalhafatoso de algumas feministas contra a tal objetificação sexual das mulheres. Eli Vieira citou um estudo chamado Intolerance of sexy peers: intrasexual competition among women, que seria algo do tipo: Intolerância de parceiros sexuais: Competição intrassexual entre mulheres (tradução livre), que mostra a existência de uma competição sexual das mulheres entre si. Isso pode não parecer ter a ver com o tema, mas quando conectei os dois pontos da causa e efeito, me fez bastante sentido. Esse artigo científico, publicado na Aggressive Behavior, mostra que as mulheres reagem de forma negativa diante de outras mulheres atraentes, que se vestiam de maneira sexualmente provocante ou dando a entender, no contexto social, que sexo com elas é ou está mais facilmente disponível. Ora, isso justifica muito dessa reação espalhafatosa dessas mulheres que combatem a tal objetificação na mídia. Elas possivelmente não estão preocupadas com a objetificação em si, mas sim com a beleza das modelos. Uma prova disso é que mulheres feias ou fora do padrão de beleza, por exemplo, mesmo com pouca roupa e fazendo poses eróticas, não despertam a revolta das feministas. Objetificação de homens ou de mulheres "feias", "gordas" ou com muita roupa nunca causa indignação nessa gente.
Isso explica, segundo o mesmo estudo, porque as mulheres não querem apresentar outras mulheres sexys aos seus namorados e também os ciúmes quando os mesmos veem pornografia. Além de outras coisas totalmente sem noção, como ocorreu recentemente de implicarem até mesmo com a beleza e o sorriso "sexy demais" da engenheira norte-americana Isis Wenger num anúncio que ela fez CONTRA o sexismo. As pessoas desavisadas acharam que a pobre Isis era uma modelo, e não uma engenheira por ela ser bonita demais. Olha a campanha e o cartaz que ela fez abaixo em resposta às críticas:

Bonita demais para ser engenheira...


"#EuPareçoComUmaEngenheira"

Isso explica, por tabela, porque há tanta implicância das feministas (especialmente as radicais) com BDSM, pornografia, prostituição, música funk, comerciais com mulheres sensuais, quadrinhos com mulheres sensuais, etc. Fora a tal síndrome da mulher mal comida, que citei neste post e, claro, resquícios da boa e velha moral cristã, que mutilou parte da nossa sexualidade desde os tempos medievais. Claro que essa competição intrassexual é inconsciente na maioria das vezes, por isso que dificilmente alguém vai admitir que está se sentindo incomodada pela beleza da "concorrência". Às vezes sou tentado a pensar que isso tudo é falta de autoestima misturada com falta de ter do que reclamar. Nem tudo é problema; e nem todo problema que afetas as mulheres é culpa do patriarcado. Esse mimimi todo é típico de uma geração de hipsters mimados que sempre tiveram tudo à mão e não sabem lidar com as frustrações e as adversidades da vida. Pena que reclamar é mais fácil que amadurecer e botar a cabeça para funcionar.
Enfim, cada um que julgue os fatos por si. Eu já tenho a minha opinião formada.


Notícias:
Folha de S.Paulo - Suspensa propaganda sensual demais da Itaipaiva
G1 - Schin tira do ar propaganda sobre mulheres de Blumenau
O Globo - Conar suspende propaganda de Motel
G1 - Conar suspende comercial provocante do Axe
Bom Dia Brasil - Comercial de lingerie de Gisele Bundchen
Catraca Livre: Isis Wenger cria campanha contra sexismo

Imagens:
Aventuras na Justiça Social 

Fontes:
Artigo sobre a competição sexual feminina (em inglês)
Competição intrassexual feminina absoluta! #vlogdoviade (Eli Vieira)
Bahia no Ar - PL da Propaganda Sem Machismo
Bahia Notícias - Lei Antibaixaria

domingo, 20 de dezembro de 2015

O PT não tem oposição


Desde que Luís Inácio Lula da Silva assumiu a presidência da República, em 2003, que o Brasil deixou de ter oposição. Não que a oposição do PT ao PSDB fosse grande coisa, mas ela ao menos tinha alguma coerência e confiança popular. O problema hoje é que a maioria dos políticos que se opõem ao PT ou são oportunistas, ou são interesseiros, ou são ignorantes, ou são golpistas. Quando a gente vê Bolsonaros, Olavos de Carvalhos, Rachel Sheherazades e Felicianos se declarando a única e verdadeira oposição ao PT, aí, por medo dessa gente, uma parcela razoável dos eleitores acaba sendo forçada a votar no PT por falta de opção. Daí que o PT acaba ficando no poder indefinidamente até esses malucos pró-ditadura, pró-bancada evangélica e pró-fascismo baixarem o tom dos seus discursos, coisa que duvido muito que ocorra em menos de meio século.

Muita gente tem deixado de seguir este blog por me achar um petralha safado, antipatriota, alienado, esquerdopata, esquerdomacho e conivente com a roubalheira porque nunca tentaram entender que qualquer pessoa minimamente coerente está entre a cruz e a espada. De um lado está a corja do PMDB que se juntou com a banda podre do PT para assaltar o país. Do outro lado estão um teocrata, um homofóbico, um fascista, um pilantra reacionário e outra que defende um moralismo ingênuo e amorfo. Todo mundo está vendo as burradas e sujeiradas do PT que tornaram esse país uma merda, mas quando a oposição desastrada não mostra competência nem pra dar um golpe, aí que a coisa piora (Aécio mesmo abandonou seus eleitores nas passeatas pró-impeachment, fazendo deles bobos-alegres). E daí que se a oposição não chega ao poder pelo voto e nem por meios "jurídicos", de que maneira ela pensa em chegar? O PT precisa de uma oposição séria, decente, que respeite a democracia, mas que também respeite o povo e que tenha compromisso com o crescimento do país.

Eu gostaria muito que o PT perdesse nas próximas eleições, mas tirar o PT para colocar os conservadores lunáticos ou então a direita recalcada do PSDB não vale a pena. Precisamos de uma terceira via que represente os ideais dos trabalhadores, que arrume a nossa economia e que, claro, seja honesta. Essa briga entre PT e PSDB para ficar no poder está destruindo o país e ameaçando a democracia. Se o PT se corrompeu e sacrificou parte dos seus ideais para agradar a elite, o PSDB, por sua vez, brincou de vender o país e também nunca representou a grande massa. Os dois partidos são oportunistas e corruptos. Mas enfim, o meu medo é que as pessoas só queiram destronar o PT quando já for tarde demais (imagine que tragédia seria se a Veja e a Globo passassem a defender o Partido dos Trabalhadores).


Recomendo que as pessoas busquem novos partidos e novos políticos que deem um sangue novo a essa velha política que sempre dependeu de parte da banda salafrária do PMDB para governar o país. As coisas precisam mudar. Mas como a Dilma não vai cair, então nos resta pressioná-la para que ela possa, enfim, começar o seu segundo mandato de verdade, dando prioridade às promessas de campanha que a reelegeram. Ao menos isso.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

Não vai ter Golpe


É isso mesmo: o PT não vai cair. Os esforços da oposição, de parte da classe média e de movimentos como o MBL não foram (e nem serão) suficientes para causar o impeachment de Dilma Rousseff. E a isso devemos algumas razões, tais como:

1 - Pedaladas fiscais, ao contrário do que defende a Veja e juristas como Hélio Bicudo, não são crimes. Não existe nenhum artigo na Lei de Responsabilidade Fiscal que defina que as tais "pedaladas" são crimes. Derrubar um Presidente da República por razões econômicas - ao invés de criminais - não é uma atitude sensata dentro de um Estado democrático. Além disso, a grande maioria dos prefeitos e governadores fazem essas pedaladas e nem por isso as pessoas estão defendendo a queda deles também. É uma moral seletiva.

2 - Golpes só funcionam quando a maioria do povo está a favor do mesmo, porque não é possível imputar crime onde não há sem adesão popular. É por isso que os golpes quase sempre são orquestrados pela mídia para enfraquecer um governo e ter o apoio do povo para derrubá-lo. E numa sociedade onde temos a UNE, o MST, a CUT, a OAB, artistas, juristas, professores universitários e uma parcela da população e dos políticos contra o impeachment, realmente dar um Golpe de Estado não daria certo. Caso houvesse um golpe "na marra", anarquia ou guerra civil seria o mínimo que poderia ocorrer.

3 - O impeachment perdeu a força e o apoio popular, até porque, na linha de sucessão presidencial temos Michel Temer, Eduardo Cunha e Renan Calheiros - que sempre geraram desconfiança com relação às suas condutas políticas. Fora que Aécio Neves, que foi visto como esperança da oposição antipetista, não quis participar das manifestações pró-impeachment e está em silêncio com relação ao seu (ex)aliado Eduardo Cunha. Ficou provado que a oposição que pede o golpe é tão podre quando o próprio governo. É o sujo exigindo a queda do mal lavado.

4 - A plutocracia não vê vantagem num impeachment. Os banqueiros, magnatas, grandes especuladores, grandes proprietários, megaempresários, megaempreiteiros, grandes investidores, grandes rentistas e a alta burguesia em geral não vê vantagens práticas em tirar o PT para colocar o PSDB ou o PMDB em seu lugar. Na verdade, a instabilidade do pós-impeachment pode acabar prejudicando parte dos negócios dos ricaços. E isso não seria interessante para eles. Mesmo que as pedaladas fiscais fossem crime, esses ricaços dariam um jeito de que elas fossem julgadas como legais para que a interrupção da agenda democrática não prejudicasse o lucro deles. Aliás, manter o PT é mais negócio para eles do que manter o PSDB, porque os tucanos não têm simpatia da esquerda (CUT, MST, UNE), enquanto que o PT subalterno à plutocracia consegue manter essa esquerda relativamente quieta, mesmo que o PT apenas finja ser de esquerda.

Portanto, volto a afirmar: Dilma não vai cair. Se ela caísse, o mundo nos veria apenas como palhaços da velha República das Bananas, onde não há democracia estável e onde investir não compensa. Por pior que esteja o governo do PT, pior que está, ainda daria para ficar.

domingo, 13 de dezembro de 2015

Comportamento de torcida na política 2


Plagiando o post homônimo sobre este tema, veja como a torcida do Fluminense recebeu seu time campeão em 2012 no aeroporto:



Agora veja como o deputado Jair Bolsonaro foi recebido no aeroporto de Manaus:


Será que alguém ainda tem dúvida que a política tem sido tratada com o mesmo furor que as torcidas tratam seus times do coração?


Engraçado que até a Dilma vencer o seu primeiro mandato, todo mundo estava relativamente quieto, incluindo a oposição. Muitos diziam que política e religião não se discutem, que brasileiro é despolitizado mesmo e etc. Aí, bastou o PT vencer em 2014 que todo mundo ficou politizado da noite para o dia e passou a defender de forma fanática o seu partido do coração. É claro que isso tem que terminar de forma desastrosa. Ou não.

sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

Cada partido tem o golpista que merece


Extra! Extra!

Mais um partido político entrou na onda do golpe! E dessa vez é um partido de esquerda. Como se não bastasse Ronaldo Caiado (DEM), Agripino Maia (DEM), Aécio Neves (PSDB), Roberto Freire (PPS), Eduardo Cunha (PMDB), Michel Temer (PMDB) e Jair Bolsonaro (PP), agora temos mais um (ou melhor: mais uma) querendo a saída da Presidenta Dilma: Luciana Genro, do PSOL.
Está circulando na mídia alternativa (vulgo internet) desde o dia 10/12 as declarações da ex-candidata à presidência da República, Luciana Genro, onde ela defende a renúncia da chapa Dilma/Temer para que ocorram eleições gerais em 2016. Segundo ela, o clima de instabilidade e insatisfação geral pela falta de apoio popular seria a razão para a saída do atual governo. Dessa forma, o partido dela captaria os eleitores insatisfeitos do PT para votar no PSOL e, como as eleições não teriam financiamento empresarial, seu partido teria grandes chances de protagonizar essas eleições.
Na minha opinião, essa é uma proposta à esquerda de golpe, porque interrompe a agenda democrática em um momento de crise. Eu até entendo os seus motivos, mas discordo desse método. Em um país divido entre "coxinhas" e "petralhas", uma fragmentação política a mais seria uma tragédia. O país precisa se unir para resolver os problemas que todos precisam: inflação, alta do dólar, desemprego, Zica Vírus, Microcefalia, educação e saúde caindo aos pedaços... E isso cabe à atual presidente resolver. Temos que pressionar para a Dilma cuidar disso ao invés de propor a sua queda.
Não estou atacando a Luciana Genro, até porque eu a respeito, votei nela em 2014 e concordo com muita coisa que ela diz. Mas essa proposta dela é, no mínimo, bisonha: um ataque moral à democracia.


Essa proposta de eleições gerais, assim como a de impeachment, não é democrática. Insatisfação popular não é motivo para derrubar um(a) presidente. Presidentes precisam cair por CRIMES e não porque vários espertinhos querem se aproveitar disso para chegar ao poder. Isso aqui não é um campeonato para ver quem dá o golpe primeiro, isso aqui ainda é uma democracia. E sabe o que acontece quando a democracia não é respeitada?

1-Anarquia: quando um governo não é reconhecido como legítimo, tudo sai do controle e o país fica ingovernável em meio a um caos.
2-Sucessivos golpes de Estado: quando nenhum lado se conforma em ter sido golpeado.
3-Ditaduras: para tentar restabelecer a ordem.
4-Guerra civil: quando a disputa pelo poder não respeita mais nenhuma regra política.

Como seres humanos são complicados, instáveis e imprevisíveis, é estatisticamente impossível saber o que aconteceria no caso da democracia cair do Brasil. Talvez as opções acima sejam apenas um wishful thinking, mas é certeza de que teríamos uma instabilidade que duraria, no mínimo, uns 20 anos. E não, o país não precisa disso. Respeitem a democracia que nos custou tão caro.

#NãoVaiTerGolpe

quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

Brincando de golpinho na República das Bananas


Era uma vez um país latino-americano com grandes desigualdades sociais, com uma grande classe trabalhadora empobrecida e com plutocratas comandando a política, a mídia, os negócios e os militares. Esse país tropical, politicamente instável e saqueado desde o seu "achamento", sempre foi submisso a um país rico e governado por quem sempre manteve o status quo. Aí, após 502 anos de sua "descoberta", finalmente um governo popular, progressista e democrático chegou ao poder. Então as desigualdades diminuíram, a fome foi quase erradicada, os pobres passaram a ter oportunidades que antes eram privilégios exclusivos dos mais abastados, o poder de compra aumentou, a dívida externa foi liquidada, privilégios começaram a se tornar direitos, tudo ia bem...
Mas após 13 anos desse governo popular, a nova classe média começou a achar que era rica, os ricos de verdade viram a oportunidade de ficar mais ricos novamente, os pobres começaram a acreditar que só os governos progressistas são corruptos e a República das Bananas estava pronta para voltar a ser o que sempre foi. Pessoas sem compromisso com a democracia e com sede de poder se aliaram aos despolitizados e regressistas, buscando desesperadamente uma maneira de destituir a chefe de Estado desse governo progressista do cargo – mesmo quando nenhum crime doloso havia contra a mesma. Então os espertalhões pensaram: "Hmm, e se a gente der um ar de legitimidade a um golpe de Estado? A gente usa os nossos papagaios midiáticos para repetir a mesma mentira muitas vezes até ela se tornar verdade!" E pronto: achavam eles que bastava isso para dar um golpinho e transformar o país no que ele sempre foi: na velha República das Bananas.

Mas é claro que você sabe de que país estamos falando. E não: não estou falando da Venezuela.



Mas será mesmo que nós devemos deixar esse país voltar a ser o que sempre foi através de um golpe só porque os saudosistas da República das Bananas estão cansados e enfurecidos? Romper com a democracia vai gerar uma grande instabilidade política-econômica, fuga de investidores, o lado golpeado não aceitando a legitimidade de um governo ilegítimo. Ou será que algum idiota acha que tudo vai virar um mar de rosas depois que o golpe for deflagrado? A democracia não é um jogo, não é uma brincadeira. O cenário de hoje é muito diferente daquele que envolvia o impeachment de Collor, porque ele estava absolutamente isolado. Mas a Dilma não está isolada. E isso torna as coisas muito mais perigosas. Por que você acha que o presidente do maior banco privado do país e até mesmo o "caçador de petistas" Joaquim Barbosa estão preocupados com essa interrupção da agenda democrática?
Crises passam e governos mudam. O que não pode acontecer é esse comportamento de torcida na política, porque ele é irresponsável e perigoso. A democracia está acima de qualquer partido. Devemos lutar pela democracia, e não por partidos. Mas como, infelizmente, os antipetistas e anticomunistas preferem ver o país ir para o buraco do que esperar até 2018 para ter novas eleições, parece que somente um lado está disposto a defender a democracia. E sim: esse lado a defenderá com unhas e dentes.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

Comportamento de torcida na política


Por favor, antes de fazermos uma pequena reflexão, assista ao vídeo abaixo que mostra como a torcida do Vasco recebeu seu time no aeroporto:


Agora compare com o vídeo abaixo e veja como uma legião de pessoas ignorantes e agressivas (sejam elas de direita ou despolitizadas) receberam o líder do MST também num aeroporto:


Agora eu pergunto: que diferença esses comportamentos agressivos e fanáticos possuem entre si? Será que alguém duvida que política no Brasil é tratada como futebol, com direito a virada de mesa e tapetão para tirar uma presidente democraticamente eleita? Infelizmente, somos um povinho mal educado e que não entende nada de política ou democracia.
Enquanto não tratarmos a política de forma adulta e sensata, o Brasil continuará sendo um país de maniqueístas fanáticos. Acorda, Brasil!


sábado, 5 de dezembro de 2015

E a justiça social virou mais uma religião


Algumas pessoas acharam exagero quando eu falei que o feminismo havia virado religião para as extremistas do movimento, mas talvez eu realmente tenha exagerado... só que para menos, porque todos esses movimentos de igualdade e de minorias têm se comportado como religião nos seus casos mais extremos, e não apenas o feminismo. Além do feminismo, foi assim também com o veganismo, com o movimento negro e agora até uma ala do movimento LGBT tem se comportado de maneira messiânica.
Como estou sem tempo para provar que não estou delirando ou sendo desonesto, resolvi então dar um "copiar + colar" no site do geneticista Eli Vieira onde ele faz uma comparação semelhante à que fiz com o feminismo, provando que há algo errado com as ideias propagadas pela justiça social. Saca só:


-Pecado original - "você foi socializado como..."
-Isso é pecado - "isso é ofensivo"
-Não blasfeme - "respeite meu lugar de fala"
-Não questione - "não roube meu protagonismo"
-Você precisa ter fé - "você precisa ter vivência"
-Pague pelos seus pecados, você sempre será pecador - "você é racista/machista/LGBTfóbico em desconstrução, jamais será feminista/inclusivo/ético/correto"
-Amaldiçôo sua família até a quarta geração - "Você tem que pagar porque seu povo oprimiu o meu povo, é dívida histórica"
 
Eu não larguei uma religião para entrar em outra. Vade retro, Satanás da "justiça" social.
Texto original tirado do site Elivieira

Isso me lembrou de um comentário do Facebook que debochava dessa seita neofeminista que transformou o patriarcado numa espécie de entidade diabólica que encarna nos homens e que precisa ser combatida pelo feminismo e pelas santíssimas mulheres. Veja só se o comentário abaixo não daria uma boa introdução para uma Bíblia feminista:

"Oh! Você ainda não entendeu? Mulheres são seres celestiais, puros e naturalmente bons, e antes dos homens surgirem, nós costumávamos viver peladas, dançando felizes, uivando pra lua e cavalgando unicórnios (ainda peladas). Aí chegaram os homens, selvagens, e corromperam a utopia feminina, fazendo com que as mulheres odiassem umas às outras, cuidassem de casa e usassem sutiãs. Ódio é invenção do patriarcado."

Para quem quiser saber mais sobre os extremismos dos justiceiros sociais, recomendo a página Aventuras na Justiça Social do Face. Muito boa, por sinal.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

O problema do individualismo na política


Há quem diga por aí que direita e esquerda política não existem mais ou que são conceitos ultrapassados. Mas não é isso que eu tenho notado, especialmente no caso do Brasil. Há pessoas com pensamento claramente de direita e outras com uma visão de mundo fundamentalmente de esquerda. Um exemplo bem simples disso é o critério para se votar num político. As pessoas de direita normalmente pensam: "Se ele é bom para mim, é bom para todo mundo". Enquanto que as pessoas de esquerda pensam exatamente no oposto: "Se ele não for bom para todo mundo, não vai ser bom para ninguém". A direita é, por excelência, individualista e focada nos seus próprios problemas.
Entendeu o problema?
Um cidadão de classe média que acha que está pagando impostos demais para sustentar os "vagabundos" que sobrevivem do Bolsa Família acha, invariavelmente, que o mundo gira em torno do seu próprio umbigo. Quase sempre esse tipo de gente defende o liberalismo econômico, achando que menos Estado e menos impostos são a solução rápida e mágica para resolver os problemas do país. Ledo engano. O liberalismo econômico não é uma ideia ruim em si, o problema é que os liberais brasileiros querem dar um passo maior que a perna. O liberalismo econômico só engata bem mesmo em países onde já há uma relativa igualdade econômica. Em um país de grandes desigualdades, como é o caso do Brasil, a proposta liberal é uma ideia totalmente surrealista porque vai acentuar ainda mais as diferenças. Primeiro é preciso pensar em diminuir significantemente as desigualdades brutais entre pobres e ricos - algo que requer pelo menos três grandes reformas: reforma na educação, reforma tributária e reforma política. Só depois dessas reformas é que podemos falar em liberalismo.
Já essa meritocracia de araque que a direita defende atualmente nada mais é que uma forma de manter as injustiças sociais e econômicas, porque é exatamente isso que menos intervenção estatal vai gerar num país de contrastes criminosos como o nosso. Outro problema típico dos liberais é que eles só conseguem enxergar os resultados e ficam cegos diante dos processos envolvidos, esquecendo dos danos à natureza e da exploração humana na busca sem fim pelo lucro.



Meritocracia burguesa
É preciso tomar cuidado com os discursos pseudo democráticos e neoliberais que estão crescendo cada vez mais por aí, tanto na grande mídia quanto na internet. Se não começarmos a pensar antes no coletivo, na população como um todo, estaremos fadados a morrer competindo uns contra os outros por migalhas: exatamente como querem os plutocratas e magnatas que comandam o país às nossas custas. Os políticos não são o problema: eles são apenas parte do problema. O problema começa de cima para baixo na pirâmide social. Temos que nos unir pelo povo ao invés das nossas próprias causas egoístas e das nossas necessidades individuais.