terça-feira, 29 de setembro de 2015

O "inimiguismo"


Conta-se que Albert Einstein teria dito ser mais fácil desintegrar o átomo do que acabar com os ódios na sociedade. E não é para menos, além das brigas irracionais entre as torcidas organizadas e essa polarização política exacerbada que citei no post passado, ainda temos que aturar veganos odiando carnistas, carnistas odiando veganos; Ku Klux Klan odiando negros, Panteras Negras odiando brancos; mascus odiando mulheres, radfems odiando homens; terroristas odiando os EUA, os EUA odiando os terroristas; israelenses odiando palestinos, palestinos odiando israelenses e assim o ciclo de ódio sem fim se perpetua geração após geração. Isso precisa de um basta, pois como Gandhi já dizia: "olho por olho e o mundo vai acabar cego". Não podemos mais continuar usando ódio para combater ódio. Temos meios melhores para resolver os nossos conflitos.

Parece, pelo menos aos meus olhos, que o ódio é uma respostas instintiva e irracional que acaba sendo criada e alimentada pelo ambiente em que estamos imersos. Toda cultura tem seus preconceitos e rivalidades odiosas que são passadas de geração para geração como se fossem um herança maldita. Penso que é como se tivéssemos uma propensão inata, como se fosse uma espécie de "gene não ativado", para odiar algo - e esse ódio é "ativado" quando somos alimentados e compelidos pela cultura para sentir raiva contra algum grupo humano específico. O racismo, a misoginia e a homofobia são grandes exemplos disso. Não existe nenhum motivo racional plausível para odiarmos pessoas por seu sexo, por sua cor de pele, por sua orientação sexual ou pelo que quer que seja. Mas mesmo assim esses ódios são naturalizados e vistos cotidianamente por aí em quase todos os lugares. E, infelizmente, não estou falando de neonazistas, mascus ou qualquer grupo mais radical. Estou falando de pessoas comuns que agem de forma preconceituosa e raivosa simplesmente porque esse se tornou o modus operandi da sociedade. E é exatamente este o problema: o ódio se tornou tolerável ou, pior ainda, virou uma regra. A cultura do ódio desperta rancores desnecessários e nos faz enxergar inimigos imaginários em pessoas que não são nossas inimigas, fato este que eu chamo de inimiguismo. Mas, para nossa sorte, eu acho que esse inimiguismo tribal e ancestral que retroalimenta preconceitos e rixas tem cura. E a cura para ele é a sua força exatamente oposta: o amor.


Parafraseando um tal de Nelson Mandela, eu afirmo sem medo de errar que ninguém nasce odiando. As pessoas APRENDEM a odiar. E se as pessoas aprendem a odiar, elas também podem aprender a amar. Precisamos de mais altruísmo, mais solidariedade, mais respeito, mais empatia e mais amor. Ódio não gera outra coisa que não seja ódio. Só o amor pode mudar o mundo. E como já dizia também o tal Mahatma Gandhi: "Nunca perca a fé na humanidade, pois ela é como um oceano. Só porque existem algumas gotas de água suja nele, não quer dizer que ele esteja sujo por completo". Temos que parar de combater pessoas e passar a combater as verdadeiras causas dos preconceitos, injustiças e desigualdades, que são a violência, o egoísmo e a intolerância. Devemos parar de odiar e passar a amar as pessoas. Só assim teremos alguma chance de sobrevivermos a nós mesmos como espécie neste planeta. Mas se isso tudo estiver muito confuso, basta apenas se lembrar de amar: amar as pessoas como se não houvesse amanhã. Isso basta.


quinta-feira, 24 de setembro de 2015

Coxinhas e petralhas: será mesmo que merecemos isso?


Para quem não entende muito de antropologia, história e biologia evolutiva, gostaria de informar que os seres humanos são animais tribais travestidos de seres civilizados. Sabemos que a nossa espécie é naturalmente gregária porque ela passou a maior parte dos seus 200 mil anos de existência reunida em pequenos bandos, clãs ou tribos que, na maioria das vezes, mal chegava aos 150 indivíduos. Esses pequenos aglomerados populacionais foram formados desde os tempos das savanas para aumentar as chances de sobrevivência diante das intempéries e adversidades da natureza. E entre as muitas adversidades estavam as disputas contra grupos rivais por alimento, território ou outros recursos. Sempre tivemos essa inclinação tribal de nos sentir parte de um grupo específico e de hostilizar outros. Aí viramos sedentários, veio a revolução agrícola, a propriedade privada, a produção de excedentes, as indústrias e o resto você já sabe. Só que da Revolução Neolítica para cá se passaram menos de 10 mil anos. Ou seja, dos 200 mil anos de existência do homo sapiens, a nossa espécie passou apenas 10 mil anos como civilização propriamente dita. Sabe qual é o resultado disso? É que nós usamos até hoje os nossos instintos tribais para nos dividir em grupos afins e arrumar confusão com grupos opositores. Os exemplos disso são muitos: bairrismo, xenofobia, racismo, brigas de torcidas, intolerância religiosa, fanatismo ideológico, fanatismo musical e, claro, a polarização política.
O problema da militância política no Brasil é que ela ganhou uma rivalidade típica de torcidas organizadas. Nós somos o país do futebol e da herança classista colonial, daí que levamos esses (e outros) comportamentos tribais da nossa cultura para a política e o resultado é esse desastre que aí vemos. É petralha agredindo coxinha e coxinha agredindo petralha em nome do quê? Em nome de convicções políticas que não são representadas pelas pessoas que elegemos nas urnas. É ridículo ver gente achando que o PSDB é de direita, mesmo quando os tucanos apoiaram (e apoiam) os regimes de Hugo Chávez e Fidel Castro. E é triste ver gente achando que o PT é de esquerda, mesmo quando o PT está pouco se lixando para reforma agrária e para o lucro exorbitante dos banqueiros. O que estamos fazendo é projetando as nossas aspirações e idealizações políticas em candidatos e partidos que não nos representam. Estamos votando e defendendo fanaticamente o que, aos nossos olhos, é "o menos pior". Mas será que é isso mesmo que a gente merece? Óbvio que NÃO!


Essa polarização equivocada e picaresca que vemos na política é fruto de uma política de coligação onde quem governa não é um partido, mas, sim, uma chapa. E só temos duas grandes chapas com possibilidade vitória: a liberal, defendida pelos tucanos; e a progressista, atrelada aos petistas. Mas nenhum desses dois partidos realmente é o que se propõe a ser. Os partidos são verdadeiras marionetes de algo maior: a plutocracia. Os ricaços, os grandes proprietários e as mega corporações são que mandam nos partidos, porque financiam suas campanhas direta ou indiretamente. Em resumo, é que como se o sistema fosse um grande circo: nós somos a plateia, os políticos são os artistas do picadeiro e os donos do circo são os magnatas que financiam essa grande armação. Os impostos são o ingresso desse circo que vão, em grande parte para os donos do circo através da dívida pública. Na verdade, quem está sendo feito de palhaço somos nós, o povo. Daí que colocam dois grupos de palhaços fingindo que têm lados opostos e nós - como bons manipulados que somos - começamos a torcer para um lado ou para o outro, mas no fim das contas dá tudo na mesma porcaria. O PT está fazendo a mesma coisa que o PSDB teria feito se tivesse vencido as eleições. O povo é sempre quem se ferra. Enquanto isso, os donos do circo estão faturando bilhões e bilhões às custas da nossa alienação.


É claro que temos uma preferência com relação ao modo pelo qual o país é governado. O modelo semi-keynesiano do PT e o modelo meio-liberal do PSDB são opções diferentes que interferem de forma sutil no sistema como um todo. Mas o principal continua: a falta de aderência e de transparência. Veja o meu caso por exemplo: eu, que sou keynesiano, nutro mais simpatia pelo PT, mas nem brincando que o PT me representa. E eu nem vou falar de corrupção, porque isso aí é um mal generalizado não só para os partidos políticos, mas também para toda a sociedade do "jeitinho brasileiro".
Temos que fazer uma reforma política para acabar com essa politicagem de coligação nefasta que há no país. Nesse sistema de coligação partidária somos obrigados a passar a eternidade tendo que escolher o menos pior entre os mesmos de sempre e sempre dando evidência ao maior vácuo ideológico da política brasileira que é o PMDB. Infelizmente, não existe governo nesse país sem os parasitas do PMDB, porque a bancada deles é sempre a mais numerosa. E quem tem maioria no legislativo é que manda no país. Por isso precisamos de mais partidos que realmente nos representem e atendam os nossos anseios.
Outra coisa indispensável a ser feita é acabar com a doação de valores exorbitantes para campanhas eleitorais. Isso é um mal que corrompe a política, porque obriga os políticos de rabo preso a fazer trocas de favores através de superfaturamentos e especulação mobiliária. Se houver doação para campanhas, ela deve ser feita por pessoa física e com um limite acessível à maioria da população para, dessa maneira, não servir para financiar exclusivamente essa plutocracia escrota que rouba o país desde o seu descobrimento.
A única coisa que não pode acontecer é ver brasileiros se colocando uns contra os outros como se estivéssemos numa espécie de guerra civil ideológica do "bem" contra o "mal", onde cada lado é tão diferente um do outro quanto o seis é da meia dúzia. O PT só está há doze anos no poder com ameaça de levar uma puxada de tapete do PSDB porque esses dois partidos são os que monopolizam o debate político de apenas duas frentes. Se tivéssemos pelo menos uns seis partidos com chances reais de eleição, duvido que as coisas estivessem tão centradas neste maniqueísmo tribal onde os únicos que lucram são os próprios políticos e, claro, a pequena minoria lá de cima da pirâmide social que coleciona fortunas às custas do suor, do sangue e das lágrimas de todos os trabalhadores.

Este é o circo que você sustenta

terça-feira, 22 de setembro de 2015

Sim, sou de esquerda e repudio o Fascismo no Brasil


Algumas pessoas não gostaram dos meus últimos posts sobre política, alegando que eu estou sendo parcial e estou defendendo ideias "distorcidas" para atacar a direita. Eu já disse em outros posts e volto a afirmar que sou um homem de esquerda e, naturalmente, a minha opinião contrasta com a de quem pensa diferente. A realidade, independente da nossa opinião, é uma só. Todo o resto são versões: e esta é a minha versão. Apenas isso. Se discorda, o espaço nos comentários está aberto para um debate cordial.

Eis aí bons motivos para ser de esquerda ou, pelo menos, humanista

Por que sou de esquerda?
Certa vez, me perguntaram por que eu não me preocupo em ficar rico ao invés de perder tempo e dinheiro defendendo os pobres. Eu defendo os pobres e os trabalhadores porque eu penso primeiro no coletivo, nas pessoas como um todo - depois é que eu penso nos indivíduos isoladamente. Ser egoísta e ostentar com o nosso consumismo capitalista desenfreado não é a minha praia. Prefiro que os mais pobres tenham uma vida digna do que passear de Ferrari em Miami. Não tem sentido ser feliz sozinho num mundo cão. Além disso, eu não gosto do elitismo e da competição; eu prefiro a cooperação, porque ela nos une a uma causa comum pelo bem de todos. Pode ser até uma conclusão equivocada minha, mas acho que ser de esquerda é mais uma questão de empatia do que uma questão política propriamente dita.
Outro raciocínio incrivelmente besta vindo da direita é o de que eu tenho que dar tudo que eu tenho para os pobres para ser coerente com a minha ideologia. Esse pensamento é uma piada, porque além dele ser muito mais cristão do que socialista, dar dinheiro aos pobres não resolve problema algum, porque o sistema continua o mesmo. De que adianta viver num mundo onde eu sou podre de rico se existem tantas pessoas morrendo de inanição e dependendo da boa vontade dos outros para poder ter um prato de comida? Dar dinheiro aos pobres não resolve o problema. Seria necessário mudar o sistema inteiro para que cada pessoa pudesse, ao invés de receber o peixe, aprender a pescar e a ganhar um salário justo por isso. 
Não sou individualista. Não posso viver em sociedade ignorando o sofrimento da maioria que sequer faz duas refeições por dia. Como progressista, eu defendo o fim das injustiças sociais e que ninguém confunda isso com fazer voto de pobreza.

Raio X do reacionário típico que adere sem perceber ao fascismo

Sim, o Fascismo cresce no Brasil
Outra coisa que algumas pessoas podem ter se incomodado foi quando eu disse que precisamos tomar cuidado com o fascismo no Brasil. E quando eu disse isso, não estava exagerando ou distorcendo o conceito de fascismo. Quem distorce o significado real do fascismo é a direita reacionária e seus "filósofos" (Olavo e Pondé são bons exemplos). Eles dizem que o fascismo, assim como o nazismo, era de esquerda, sendo que todos os grupos fascistas e neonazistas que existem hoje no mundo sentem uma aversão brutal por Marx, pelo socialismo, pelo comunismo, pelo Foro de São Paulo e por qualquer movimento que tenha qualquer ligação com a esquerda política. Inclusive, isso me lembra uma frase:

 "Os fascistas do futuro chamarão a si mesmos de antifascistas."
(Winston Churchill)

Se alguém duvida que o fascismo é de extrema direita, basta ver os cartazes anticomunistas que foram colados nas ruas de Niterói com mensagens nazifascistas e ataques a minorias. Neles há várias mensagens ameaçadoras que foram espalhadas num ponto da cidade, como mostra esta reportagem. Fora sujeitos como Jair Bolsonaro, por exemplo, que são verdadeiras aberrações fascistas. Muitas pessoas ingênuas têm sido levadas pelo discurso fascista sem perceber e isso é extremamente perigoso não só para democracia, mas para todos que forem minimamente diferentes dessa escória racista, preconceituosa e xenofóbica de ultradireita.

Cartaz inspirado no nazismo e na Ku Klux Klan em Niterói

Fontes das notícias:
-Cartazes de grupo inspirado na Ku Klux Klan fazem ameaças a minorias em Niterói
-Bolsonaro vê imigrantes como “ameaça” e chama refugiados de “a escória do mundo” 


sexta-feira, 18 de setembro de 2015

Nem as ginoides escaparam da objetificação


Ai, ai... Eu já estava ficando com saudade de abordar esse tema tão contraditório e subjetivo que é a tal da objetificação sexual (da mulher, neste caso). Mas como este post não tem a intenção de ridicularizar as justiceiras sociais que se inspiraram em tudo de mais moralista que houve na segunda onda feminista dos anos 70, então eu vou tentar fazer uma crítica sem envolver as feministas androfóbicas.

Olha aí o motivo da histeria: a mulher-robô Roxxxy

Pois bem, o que está pegando é que tem umas ativistas conservadoras por aí que criaram uma campanha para combater a criação de robôs sexuais femininos, alegando que essas ginoides podem "prejudicar as relações humanas". Além disso, para piorar o discurso, a ativista Kathleen Richardson insistiu que "esses robôs reforçam os estereótipos tradicionais das mulheres bem como a percepção de que o relacionamento entre duas pessoas não pode ir além do sexo". Em resumo: as bonecas sexuais estão "objetificando" as mulheres, de novo. Eu sei que isso parece uma piada, mas, infelizmente, não é. O link dessa pérola é esse bem aqui. E se você duvida da existência dessa militância antissexo que ora se mistura com os moralistas, ora se mistura com os anticapitalistas, basta lembrar que há muitas "ativistas" por aí que defenestram o entretenimento adulto masculino (a pornografia, a prostituição, o BDSM e qualquer outra atividade sexual masculina livre) com mais tenacidade que os cristãos mais bitolados. Proibir robôs sexuais é apenas mais um delírio psíquico dessa cambada ranzinza e desocupada.
Para quem não sabe, aqui no blog tem vários posts que falam sobre bonecas sexuais (vou até deixar uns links lá no fim dessa postagem para quem quiser conferi-los), mas em nenhum deles eu citei essa ideia maluca de se opor às sex dolls. Pelo visto, a popularidade delas tem crescido tanto que começou a incomodar os pseudo entendidos.

Davecat (à direita) ao lado da sua "esposa" de plástico

Sabe, às vezes eu acho que tem religioso infiltrado entre os justiceiros sociais. Viram que o papo de pecado tá perdendo força e estão apelando para sem-noçãozices como essa. Na minha opinião, essas reações contra tudo que mistura luxúria com tecnologia são uma total perda da noção do ridículo. Os tecnofóbicos nem me surpreendem com essa visão reacionária diante das máquinas, mas são as (pseudo) feministas que realmente passam dos limites neste aspecto, chegando a cair em contradição em seus argumentos toscos. Tem feminista que vê objetificação num robô, mas não vê essa mesma objetificação nos vibradores e pintos de borracha que elas usam quando não tem um macho por perto. A tal ativista Kathleen sei lá do quê quer proibir robôs e convenientemente deixa vibradores fora da discussão.
Libertação sexual feminina é massa, mas homem tem que continuar escravo da vontade da mulher. Na minha sincera opinião, isso é medo de perder o controle sobre os homens, já que elas sabem que o homo héterus é um gênero muito dependente de sexo. Tanto é que greve de sexo ainda é uma das armas mais eficientes de chantagem que uma fêmea pode impor a um macho mesmo no século 21. E como as robôs sexuais são verdadeiras sex machines, as ativistas não têm chance nenhuma de competir com elas para dar seus golpes do baú ou da barriga. Eu sei que isso tá parecendo papo de mascu, mas eu não vejo nenhuma vantagem num mascu ou machista qualquer se relacionar com uma mulher real. Para esses, é melhor que vivam com uma boneca inflável para sempre do que viver humilhando e manipulando as suas próprias mulheres de carne e osso. Aliás, essa ideia de criar doll robóticas é tão boa, que acho que eu vou começar a pensar seriamente em abrir uma empresa de robôs sexuais para enriquecer e fazer um monte de marmanjo feliz, rarará! Esperto era o Kuririn, que casou com uma robô no Dragon Ball Z!

Kuririn garantindo a sua robô namorada

Enfim, tentando falar (digo, escrever) um pouco mais sério, eu até concordo que o capitalismo é bastante cruel ao vender imitações de corpos femininos (ou masculinos) para lucrar em cima de uma carência humana que poderia ser resolvida de outra maneira. Mas pelo menos dessa maneira teremos menos brigas de casais, menos gente com DSTs e menos infelicidade sexual. As ginoides sexuais são uma evolução mecânica das Real Dolls, que, por sua vez, foram uma evolução necessária das bonecas infláveis. Talvez, no futuro, as próximas bonecas sexuais sejam holográficas ou mesmo inseridas em alguma realidade virtual que rode diretamente no cérebro. Mas como o ser humano, de um modo geral, é muito medroso com relação a mudanças, acho bastante plausível que as bonecas infláveis do futuro sofram bastante por criarem uma competição real com os prostíbulos. Mas enfim, acho que isso é algo para as futuras gerações se preocuparem. Por hora, vamos deixar a rapaziada se divertir com suas bonequinhas.

Selfie abraçadinho já é possível para os forever alones

Links:
-BBC - Contra reprodução de estereótipos, campanha pede proibição de robôs sexuais
-Extreme Tech - O mais sofisticado robô sexual hoje é um produto de saúde (site em inglês)
-Ideias Embalsamadas - Real Doll a Boneca para marmanjos
-Ideias Embalsamadas - Os amantes do futuro

quarta-feira, 16 de setembro de 2015

Massacre


Vou deixar um vídeo para mostrar uma pequena crítica à imprensa brasileira, que mais uma vez repete com as mesmas falácias de 1964 toda a sua parcialidade e controle sobre as massas na tentativa desesperada de derrubar o atual governo.




Não entendeu? É que a televisão te deixou burro, muito burro demais. E agora você vive dentro dessa jaula junto dos animais. Isso, não sei por que, me lembrou uma música dos Titãs chamada "Massacre".


terça-feira, 15 de setembro de 2015

É preciso tomar cuidado com o fascismo


Antes de começar este post, eu quero deixar, mais uma vez, duas coisas bem claras: a primeira é que todo brasileiro tem a obrigação moral de se indignar com a corrupção, venha ela de onde vier. E a segunda é que o PT não me representa por ser uma "esquerda" corrupta, reacionária e populista que só pensa em se manter no poder a todo custo. Todos devemos criticar o que nos deixa indignados, o que não podemos é cair na armadilha de transformar as nossas críticas e indignações num petardo para arrombar a porta da democracia.
Feita essa consideração inicial, vamos ao que interessa.

A extrema direita brasileira está de volta

O medo da burguesia
A elite burguesa brasileira, que domina o país desde que ele ainda era colônia, está se sentindo acuada. Com os líderes progressistas da América Latina chegando à presidência em vários países vizinhos e com a consciência política e social sendo difundida paulatinamente através da educação e da internet, a velha elite burguesa está se sentindo ameaçada. A internet - que não possui o monopólio de informação da grande mídia - abriu um espaço perfeito para que a atual frente progressista pudesse ter voz ativa. E como não é possível calar e corromper todos os internautas de esquerda, a direita golpista começa a ter seus dogmas contestados à vista de qualquer um que tenha acesso à web.

Primeiramente, as religiões foram contestadas com a onda ateísta na web, depois foram as minorias oprimidas que ganharam voz, e agora é a vez da esquerda que está desmascarando essa política corrupta e elitista que sempre esteve aí. A corrupção do PT, como todos sabem, aparece à exaustão em todos os grandes jornais do país, mas só a internet mostra sem eufemismos e sem pudores a sujeira do PSDB e dos demais partidos financiados pela alta burguesia, que, notavelmente, abomina ideologias de esquerda. Ainda bem que as pessoas não são tão burras quanto a burguesia reacionária pensa, pois, desse modo, as fortunas (e os privilégios) de uma elite individualista e arrogante estão sob o risco de serem tributadas pelo povo que cansou de ser roubado explorado por ela. A direita monopolista, pela primeira vez na história desse país, vem sendo expressivamente contestada. E como as mudanças progressistas fazem eles se borrarem nas calças, como resposta, eles convocam - através de uma persistente lavagem cerebral - milhares de membros da classe média despolitizada a irem às ruas para protestar a favor de pautas antidemocráticas e notavelmente fascistas. A suposta luta deles "contra a corrupção" é um engodo, uma desculpa, para mascarar as verdadeiras causas pelas quais odeiam o PT: assistencialismo, redução de desigualdades e apoio aos trabalhadores. 

"Toda vez que o Capitalismo se sente ameaçado, ele abre a porta do canil e sai para passear com o Fascismo." (Mauro Santayana)

Benvenuti al fascismo
O discurso dessa direita reacionária e truculenta é sempre o mesmo: Estado mínimo; privatização de setores base da economia; redução da maioridade penal; pena de morte; bordão de que bandido bom é bandido morto; menos escolas, mais prisões; financiamento empresarial sem limite de campanha eleitoral; considerar o aborto (de blástulas) assassinato; que o comércio de drogas deve ser monopólio dos traficantes; que armas devem ser comercializadas livremente; enfim... Tudo isso, embora faltem outros itens, é o pacote ideológico completo que a direita golpista usa para manter a sua hegemonia sobre a população. O progressismo, a tributação justa sobre os ricos e a justiça social são um pesadelo para essa turma. E a resposta imediata desses burgueses assustados é canalizar a insatisfação popular de crises momentâneas para o pseudonacionalismo, o antiesquerdismo, o conservadorismo, a pseudo luta contra a corrupção, a mudança desesperada das regras do sistema, a defesa leviana de um único partido (ou coligação), a tirania, a perseguição de minorias, a violência e o militarismo - tudo isso através da mídia e de seus cães de guarda ideológicos que pirateiam (de forma adaptada para a realidade atual brasileira) a propaganda nazista. Ou seja: eles estão fazendo uma defesa descarada do fascismo.



Lutar pela educação ninguém quer, lutar contra a desigualdade ninguém quer, lutar pelos trabalhadores ninguém quer, lutar pela democracia ninguém quer: o que esses protofascistas querem é uma solução à curto prazo para que o domínio e a exploração da elite sobre o povo nunca acabe. O que a nação definitivamente não precisa são de velhas prostitutas arrotando bons costumes. E o fascismo, ao contrário do que pregam os "filósofos" da direita retrógrada, é justamente um golpe para que a burguesia continue no poder, mantendo qualquer ideologia que tenha consideração pelos mais pobres no calabouço de suas mentiras. É por isso que temos que preservar e respeitar a democracia, ao invés de apoiar esse jogo sujo e golpista para anular os 54 milhões de votos que o PT obteve ao vencer as eleições presidenciais de 2014.

 "E o fascismo é fascinante
Deixa a gente ignorante e fascinada
É tão fácil ir adiante e se esquecer
Que a coisa toda tá errada"
(Toda Forma de Poder -
Engenheiros do Hawaii)

A juventude precisa saber que TODOS os partidos possuem corruptos. Mas também precisa saber que TODOS os partidos possuem políticos honestos, ainda que eles sejam minoria. O que nós temos que fazer é parar de achar que o PT é totalmente corrupto e que o PSDB é a única salvação para combater a corrupção. O PSDB, hoje (diferentemente do antigo PSDB social democrata), está sendo financiado e apoiado por gente que não tem o menor compromisso com a classe trabalhadora e que criou um fetiche mórbido por privatizações e submissão econômica ao capital estrangeiro. Fora os neonazistas, masculinistas, integralistas e as viuvinhas da ditadura militar que colocaram os tucanos no colo e os alimentaram com tudo de mais reacionário que há nas Américas. Se os tucanos tivessem uma preocupação mínima com o país, com a hombridade e com o povo, um de seus mais notáveis fundadores, o cientista político Bresser Pereira, não teria acusado o PSDB de golpismo ao se aliar com corruptos como Eduardo Cunha.
Temos que parar de achar que os candidatos apontados pela mídia são o elo perdido da salvação da pátria e passar a beber de diversas fontes diferentes para formar a nossa própria opinião. Digo isso porque as bases da corrupção ficam escondidas pela grande mídia e só são mostradas quando há algum interesse econômico elitista em exibi-las para o povo. O petrolão é só a ponta do iceberg da corrupção multipartidária desse país.

Já vi esse filme em algum lugar...

A luta desregrada contra a esquerda
É fato: muita gente, mas muita gente mesmo, está indo na onda do "fora PT" sem prestar atenção nas coisas que estão acontecendo ao seu redor. Uma classe média que desconhece a história, que se informa somente pela Veja, pela Folha e pela Globo e que só lê conspiranóicos como Olavo de Carvalho não pode ter um juízo crítico livre de distorções. Tem muita gente, especialmente nessas manifestações anti-PT convocadas pelo tucanato, que acha que keynesianismo é socialismo, que social democracia é comunismo, que o Nazismo era de esquerda, que o Papa Francisco é marxista e que qualquer outra coisa que pense diferente deles é comunista por causa dessa lavagem cerebral alienante que receberam da burguesia destropata. O mau, para eles, é o que pensa diferente dos ricaços, ou seja: "os comunistas". Eu até escrevi um post debochando disso chamado Dicionário Olavético (link aqui). E esse pensamento anticomunista e unipartidário que eles estão defendendo é típico dos regimes totalitários. E o totalitarismo é, como já sabem os que passaram da quarta série, a ciência da destruição da democracia.
Esse pessoal anticomunista, por razões de lavagem cerebral coletiva e de indignação seletiva, acha que a corrupção vai deixar de existir magicamente no país quando o PT cair. Até porque eles aprenderam na Escolinha do Professor Olavo que o PT é comunista e que só comunistas são ladrões. Milagrosamente, na cabeça oca deles, tudo e todos tornar-se-ão maravilhosos e honestos instantaneamente com a saída da Dilma. E o PSDB e o PMDB, campeões de corrupção nacional ao lado do DEM, sairão impunes de todas as suas maracutaias, assumindo o papel ridículo de "salvadores da pátria". É simplesmente insano ver um sujeito inescrupuloso como Aécio Neves - ou pior ainda, o tal do Bolsonaro - se tornar o il Duce brasileiro, já que muitos neonazistas, integralistas, militaristas e reacionários de extrema direita em geral os veem como heróis nacionais que irão nos salvar do ""comunismo petista"". Pode contar que coloquei oito aspas em comunismo petista, porque o PT precisou fazer o jogo da elite direitista para chegar ao poder, chegando ao ponto de ser defendido por banqueiros na cara dura. E mesmo assim essas antas zoológicas continuam associando o PT a chavismo, bolivarianismo, stalinismo, "cubismo" e outros "ismos" que nada têm a ver com essa posição de planície que o Partido dos Trabalhadores tomou. Como bem disse a blogueira Lola Aronovich em seu post Meritocracia, o Problema é o Naufrágio: "Às vezes, a histeria anti-comunista beira o ridículo, parece para alguns que a desigualdade é fruto de anos e anos de políticas socialistas. Sinto informá-los, mas é justamente o contrário." A culpa pelos problemas do Brasil, na visão dos reaças, não é a miséria ou a injustiça social, mas o Estado, o esquerdismo, o marxismo cultural, o foro de SP, o BRICS, a Venezuela, Cuba e o caribe a quatro. Como se de 1500 até 2002 o país nunca tivesse sido explorado por grupos larápios e individualistas que sobrevivem no poder até hoje.

Se o PT é corrupto, imagina o resto...

Infelizmente, sobrevivemos numa pátria de pessoas abastadas que vivem fechadas em seus privilégios, que acham que não há desigualdade no Brasil ou que, simplesmente, ignoram qualquer sinal da realidade. Essas pessoas acham que pobre é preguiçoso e que é justo que as 71.440 pessoas (em um país com mais de 200 milhões de habitantes) do topo da pirâmide social pague muito menos imposto que o resto da população. Essa massa de manobra pueril da classe média está defendendo uma plutocracia gananciosa que sabota a democracia, que trata seu próprio país como uma republiqueta passível de ser ludibriada para a perpetuação de privilégios e mamatas ancestrais, e, claro, que defende a manutenção e ampliação do maior câncer social: a desigualdade. Esse tipo de coisa, definitivamente, não é justa.
Por tudo isso, é vital a união dos progressistas contra as manobras dos golpistas, pois além de estarmos presenciando o congresso mais reacionário desde 1964, a corrupção dos partidos de oposição sequer é investigada. Baixa popularidade, crise e governo ruim não são razões constitucionais para impeachment.



Se o PT sair, quem entra?
É aqui que está o 'x' da questão. Os ricaços donos do PIB nacional não vão descansar enquanto o PT não cair e o PSDB (ou o PMDB, tanto faz) chegar ao poder. Se o PT sair, quem vai entrar é um pau mandado qualquer fingindo que é honesto, mas cujo partido vai roubar tanto quanto (ou mais que) o seu antecessor. Não faz muita diferença, pois todos os partidos financiados por empreiteiras estão fadados à corrupção e a manter os privilégios (especialmente os fiscais) dos 0,05% mais ricos do país.
Como foi bem dito no excelente blog Padrão e Pobres: "O pessoal que vive da usura e do rentismo vai deitar e rolar quando essa onda fascista-golpista vencer a queda de braço e voltar a falir o país com governos larápios, pilantras, corruptos e que pouco se lixam para tudo, exceto para aumentar impostos, manter as desigualdades, privatizar e, claro, botar a culpa nos outros. Um povo que CONCORDA em ser roubado por políticos de direita mas defenestra a roubalheira da esquerda, definitivamente não é um povo sensato, que mereça qualquer coisa melhor do que já tem. Ao invés de aproveitar o momento que vivemos e ORDENAR o fim de TODA corrupção, parece que o zé povinho quer mais é continuar sendo estuprado pelos boquirrotos que o estupraram desde 1500 até 2003". Tirar Dilma Rousseff - que é honesta (apesar de incompetente) - para colocar homens comprovadamente corruptos no seu lugar é um disparate total, é, como disse o ator Gregório Duvivier numa emissora portuguesa: "Limpar o chão com bosta", pois querem tirar os honestos para que os pilantras tenham o caminho livre para roubar mais.



Por que também não investigam o Aécio e as contas da sua campanha? Por que não falam do tucanoduto, do trensalão, da Lista de Furnas e da privataria tucana? Por que não investigam as contas do governo FHC e do governo de Aécio em Minas? Por que não cobram impostos sobre os mais ricos e poupam a classe média e os pobres de serem os burros de carga do país? O Brasil tem jeito. Basta deixar de ser preguiçoso, ignorante e parcial. Mas quem disse que é fácil fazer uma deslavagem cerebral em seres ignorantes, violentos e incapazes de discernir o joio do trigo?

O Brasil só tornar-se-á uma nação de primeiro mundo quando o brasileiro deixar esse colonialismo político de classes e parar de ser ignorante e egoísta. Parafraseando o artigo do blog Padrão e Pobres, eu assino embaixo que quando o brasileiro começar a pensar no coletivo, a ver que se não vai ser bom pra todos, não poderá ser bom pra nenhum, aí sim mudaremos. Quando ele começar a ver que não é vantagem ser roubado por político tucano, do mesmo jeito que não é vantagem ser roubado por político petista, aí, sim teremos possibilidade de nos tornar uma nação de verdade com condições práticas de ingressar no primeiro mundo.
Enquanto isso não acontece, teremos que aturar essa onda fascista da classe média que é inocente (ou talvez nem tanto) e manipulada pelas elites - elites essas que os exploram e os explorarão sem dó enquanto eles não acordarem desse verdadeiro estado de letargia política.

Para encerrar, vou deixar um videozinho para provocar os salientes:



Leituras recomendadas para ajudar na deslavagem cerebral:
-Tudo em Cima - Quando o fascismo cresce, silenciar é ser cúmplice 
-Padrão e Pobres - Sim, Dilma vai cair.
-Padrão e Pobres - Brazil: Game Over. O último a sair, que apague a luz
-Mauro Santayana - A mula e os vermes
-Blog do Miro - "Meninas do Jô" amam os ricaços
-Inverso do Contraditório - As fortunas que não pagam Imposto de Renda 
- BR29 - Papa: "Estar do lado dos pobres é Evangelho, não comunismo"
-Brasil247 - Bresser: "PSDB quer derrubar presidente honesta aliando-se a um corrupto" 
-ISTOÉ - Fim do Rentismo

sexta-feira, 11 de setembro de 2015

O capitalismo é o sistema mais desumano que existe


Primeiramente, vamos aos fatos: o que gera riqueza em um sistema é o trabalho: todo o resto é exploração, ganância, especulação, corrupção ou parasitismo. Em resumo: o trabalho é a real medida de riqueza. Se alguém está ficando rico sem trabalhar, este enriquecimento, obviamente, não está vindo do nada: a riqueza de quem não trabalha está vindo do esforço dos que estão trabalhando. Para uma pessoa ficar cada vez mais rica sem trabalhar é preciso haver uma distorção no sistema. E como no capitalismo distorções como essa são bastante recorrentes, então praticamente só é possível enriquecer nele de maneiras que não priorizam o trabalho, tais como: aplicações financeiras, especulações, aluguéis, dividendos, ações, corrupção, heranças, loteria, manipulação do sistema ou, claro, através da exploração da mão de obra dos trabalhadores. Com juros altíssimos e taxação mínima, esses verdadeiros "donos do capital" ficam cada vez mais ricos a cada ano que passa, fazendo dinheiro "do nada" sem trabalho, sem esforço e sem contribuir para o país. A renda reunida desses ricos, só no Brasil, chega na casa dos trilhões de reais. Aí eu te pergunto: será que é justo que esse pequeno grupo de ricos (composto por menos de 1% da população), que não trabalha, concentre 50% da riqueza do mundo enquanto que os 99% restantes tenham que brigar pelo que resta de forma totalmente desproporcional? Se você não concorda com essa injustiça, meus parabéns, você é de esquerda.


Antigamente, no modo de produção primitivo, todos eram produtores e trocavam os produtos dos seus trabalhos. Se eu fizesse uma cadeira naquela época, por exemplo, podia trocá-la por comida com quem plantasse ou pescasse. Trabalho era trocado por trabalho, mostrando que para as coisas serem justas, o trabalho é que deve ser medida de riqueza. Se você trabalhasse muito, você ficaria mais rico. Mas hoje são as pessoas que não produzem as que ganham mais, seja através da exploração, da corrupção ou da especulação. Investidores e acionistas não geram riquezas, pois o que alimenta as pessoas é o peixe, e não as expectativas do anzol. Se perdermos isso de vista, os ricos são capazes de nos transformar em seus verdadeiros escravos, porque vamos trabalhar a maior parte do nosso tempo somente para sustentá-los.


A alienação como método de controle
Se você trabalha e precisa desse trabalho para sobreviver, então eu te pergunto: você acha justo ter que trabalhar vários meses por ano só para sustentar os ricos e os parasitas do Estado? Se você faz parte da grande maioria que acha isso injusto, então já deve ter se questionado por que todo esse pessoal indignado com essa situação não se junta para acabar com essa exploração. E sabe por que isso não acontece? Simples: porque os mandantes desse sistema fazem de tudo para que você e todo o resto não saibam desses fatos, mantendo a grande maioria das pessoas alienada através de uma educação ruim e de uma mídia que só serve para fazer lavagem cerebral. A direita reacionária, que cada vez mais ganha mais adeptos, é que mais se interessa com essas distorções e enganações do sistema, afinal, é ela que lucra mantendo você conformado, achando que o consumismo é um ideal de felicidade, que juros abusivos são normais e escondendo de você as injustiças do sistema.
Com a mídia fazendo lavagem cerebral, a educação sucateada, as igrejas dizendo que a felicidade está em outra vida e com os trabalhadores ganhando consolos migalhas como salário, tudo fica mais fácil. Ou seja: um ciclo vicioso está formado aí com base no pão e circo. Enquanto você está distraído com futebol, novelas e bundas, os políticos e a elite plutocrata estão vivendo às suas custas. Enquanto eles vivem, você apenas sobrevive. Você é escravo do seu salário e precisa pagar caro para ter benefícios que deveriam ser gratuitos, como saúde, segurança, educação, moradia, comida, água e até sexo.



O lado mais estarrecedor do capitalismo
Você fica chocado quando vê gente jogando comida no lixo quando se lembra das milhões de crianças esfomeadas e desnutridas que morrem de inanição pelo mundo? Então deixa eu te perguntar uma coisa: o que você acha que os grandes produtores de alimentos fazem com a comida excedente no estoque? E o que você acha que os supermercados fazem com a comida que está prestes a estragar e que ninguém compra? Simples: eles incineram, queimam, esses alimentos. Quando se produz alimentos a mais em uma safra, o preço deles cai por haver mais oferta que procura, logo, para subir os preços e manter os lucros, é preciso reduzir os alimentos e vendê-los na quantidade e no valor que eles compensem ser vendidos. Os grandes agricultores não estão nem aí para atender às demandas e matar a fome das pessoas, o interesse deles é apenas lucrar. E os supermercados queimam os alimentos para que ninguém vá catá-los no lixo ou comprá-los a um preço mais baixo por estar perto de estragar. Você é forçado a comprar comida cara para dar lucro a essa gente. Mas o que dói mais nisso tudo é que o mundo tem condições suficientes para produzir comida de sobra para todos, mas enquanto existir o capitalismo sem regulação estatal, a fome vai continuar a existir.


Se você ficou chocado com isso, deixa eu contar mais. Sabe as vacinas que o Estado nos fornece ou que você mesmo paga para se proteger de alguma gripe perigosa que surge quase repentinamente no mundo? Pois é, não há evidências de que as doenças atuais sejam criadas em laboratório, mas sabe-se que hoje há tecnologia de sobra para criar armas biológicas (vírus) que sejam capazes de contaminar e exterminar rapidamente populações inteiras. E o mesmo sistema que cria esse tipo de vírus também cria as vacinas para combatê-los. Ou seja, é o capitalismo criando problemas para vender soluções, mesmo que esses problemas custem a vida de milhões de pessoas. Para se ter uma ideia da busca desenfreada pelo lucro, tem uma lâmpada aí que já está acesa há mais de 110 anos e as pessoas até cantam parabéns para ela em seu aniversário. E adivinhe por que as lâmpadas das nossas casas queimam tão rápido: por causa dele mesmo, o lucro. Empresas investem grana alta em tecnologia para criar lâmpadas que queimam rapidamente só para vender mais. O capitalismo não prioriza a eficiência, mas o lucro.
O capitalismo lucra simplesmente com tudo que puder, criando feiuras imaginárias para você gastar com produtos e cirurgias estéticas; com tinturas para cabelo, mentindo alegando que os homens preferem as loiras; com a violência, vendendo armas e sistemas de segurança privada, etc. Eu poderia passar horas escrevendo vários exemplos aqui, porque a única coisa que o capitalismo quer é o lucro. E, para piorar, com a dívida pública brasileira crescendo infinitamente devido às distorções do sistema, a iniciativa privada precisa crescer também infinitamente para poder pagar essa dívida impagável que só serve para enriquecer os banqueiros e os ricos que investem em títulos públicos do Tesouro Direto. Ou seja, o capitalismo financeiro exige um crescimento infinito da economia para se manter, mas como a natureza é finita, nós estamos cavando a nossa própria cova desse jeito. Estamos num sistema insustentável e que, para piorar, ainda usa o petróleo, que é poluente e não renovável, como combustível e matéria prima para quase tudo. E quando o petróleo começar a acabar - fato que está bem próximo de acontecer - aí é que tudo vai virar um caos. Algumas guerras podem ocorrer por causa disso e nem quero dizer quem é que vai mandar você ir à guerra morrer para defender os ideais deles. Se você já jogou xadrez, deve perceber muito bem que o povo não passa de um peão que sofreu lavagem cerebral para dar a vida em troco de nada, ou melhor: em troco da manutenção do poder da plutocracia. E na guerra não é diferente.



Criação de humanos para mão de obra
Sei que é meio assustador dizer isso, mas você está sendo literalmente cultivado pelo sistema como se fosse um animal que procria para gerar lucros. Note que cirurgias de vasectomia e laqueadura só podem ser feitas com um monte de restrições previstas na lei, como, por exemplo, ter mais de 25 anos, ter capacidade civil plena e com pelo menos dois filhos vivos. Se você não for filho de um magnata, pode esquecer a ideia de se esterilizar antes dos 25 anos - faixa etária essa onde, normalmente, os hormônios estão em ebulição, aumentando as chances de você ter uma relação sexual durante essa fase.
Mas aí você pode sugerir o uso de preservativos para evitar a gravidez... Pois bem: Primeiro que pobre não tem renda nem para comprar comida direito, como que vai sobrar grana para eles comprarem camisinha? Isso sem falar que a Igreja Católica continua insistindo na ideia de que usar camisinha é pecado, condenando todos os métodos contraceptivos e condenando até a homossexualidade, afinal, como disse um certo reacionário "aparelho excretor não reproduz". Daí que você pode argumentar que existe camisinha de graça nos postos de saúde. Pois bem, com o machismo e o moralismo dominando a sociedade, as meninas pobres sentem vergonha de ir a um posto de saúde pegar uma camisinha de graça, pois todos vão saber que ela começou a sua vida sexual. E para piorar o quadro, a educação sexual nas escolas ainda é tratada com um tabu moralista-reacionário gigantesco, o que dificulta o conhecimento dos métodos contraceptivos. O resultado disso é o aumento de gravidezes indesejadas e, como o aborto é crime no Brasil (e os reacionários de direita defendem a sua proibição até a morte), então isso gera um aumento populacional de pessoas mais pobres que só servem como mão de obra barata para sustentar os ricos e políticos. Isso tudo mantém a população pobre alta, o que torna a mão de obra abundante e barata, já que há muita gente para poucas vagas. Esta estratégia ajuda a aumentar as exigências para ocupar os cargos e, consequentemente, diminui os salários. Os pobres (especialmente os negros e menores de idade) que "sobram" - e que não se submetem a essa escravidão do sistema - são caçados pelo Estado através da redução da maioridade penal (também aprovada pelos reacionários) - isso quando não são mortos pela polícia, afinal, como adoram dizer os reacionários: "bandido bom, é bandido morto".
Moral da história: o capitalismo quer que a população pobre aumente porque são as pessoas mais carentes que vão formar a base da pirâmide social e sustentar os parasitas que estão no topo dela. Como já dizia a Bíblia logo no primeiro livro: "Sede fecundos, crescei vos, multiplicai-vos e enchei a terra". Só que esse aumento populacional irresponsável tem um preço. E sabe quem vai pagar caro por isso, ela mesma...


Só existe uma Terra
Os recursos naturais do planeta Terra são finitos, ponto. Além disso, a natureza é uma ditadura: ou você se adapta às suas leis, ou morre. Só que a lógica do capitalismo é crescer infinitamente para gerar lucro sem se preocupar com o planeta. Acontece que as penalidades para essa irresponsabilidade já começaram faz tempo: escassez ou excesso de chuvas; extinção da fauna e da flora; poluição e aquecimento global. E o pior de tudo é que o próprio capitalismo lucra com essa bagunça toda, porque o capitalismo, como citei anteriormente, é especialista em criar problemas para vender soluções. Rios poluídos te obrigam a comprar a água limpa para consumo; atmosfera poluída te obriga a fazer tratamentos caros contra doenças respiratórias; comidas gordurosas te obrigam a comprar remédios caros para tratar do seu colesterol; alimentos industrializados cheios de sal e de açúcar te obrigam a comprar remédios para pressão e diabetes. Fora o consumismo desenfreado de produtos que não foram feitos para durar, te obrigando a comprar novos produtos assim que eles quebram (lembra da lâmpada acesa há 110 anos que citei lá em cima?). O capitalismo é insustentável e vai destruir o meio ambiente em velocidade exponencial. O meio ambiente cresce em progressão aritmética, já o capitalismo precisa crescer em progressão geométrica. O resultado é que em algum momento isso vai acabar destruindo o planeta e também, por ironia do destino, o próprio capitalismo.
Infelizmente, não há outro planeta para onde possamos ir quando o nosso estiver em colapso. Fazer a terraformação de Marte pode levar vários séculos e mesmo assim falhar. Ou cuidamos do nosso planeta mudando esse sistema, ou estaremos caminhando a passos largos rumo à extinção em massa.
Apesar dessa previsão apocalíptica, os magnatas talvez se salvem, pois eles podem soltar os supervírus por aí ou mesmo provocar guerras para reduzir a população. Assim eles ganham tempo para pensar no que vão fazer antes que o caos tome conta de tudo.

O capitalismo gera crises naturalmente e a pior delas vem até 2030

Mudanças no sistema
O sistema ideal, na minha opinião, não é baseado em concorrência, mas, sim, em cooperação. A ideia de concorrência é egoísta e gera vários males sociais - principalmente em um sistema onde os mais ricos podem acumular riquezas sem limites. Um dos grandes problemas do capitalismo é que se beneficia mais dele quem tem menos empatia e mais tendências psicopatas. Isso porque o psicopata não se importa com o sofrimento alheio e, por isso, é capaz de fazer as pessoas sofrerem o quanto for necessário para que seus negócios cresçam cada vez mais. Toda essa desumanidade do capitalismo fomenta diferenças que não são naturais e distorcem o valor do dinheiro, fazendo ele virar medida de exploração ao invés de ser medida de trabalho.
Já a ideia de meritocracia burguesa é totalmente distorcida, porque ela considera que o esfomeado que nasceu debaixo da ponte tem as mesmas chances de virar um empresário de sucesso que o filho de um usineiro.

Quem disse que domesticar o capitalismo é tarefa fácil?

Democracia de verdade
Para o capitalismo conseguir se manter sem colapsar, várias mudanças são necessárias. Se quisermos manter os políticos, precisamos de leis que só permitam doações de pessoas físicas para campanhas políticas e com limite máximo de financiamento. O que temos hoje é a doação de valores ilimitados, valores esses que são pagos, normalmente, por mega empreiteiras e mega empresários que exigem trocas de favores aos políticos depois que eles são eleitos, tornando o sistema naturalmente plutocrata. E aí que os banqueiros, acionistas e especuladores acabam conseguindo um jeitinho de ficar ainda mais ricos pagando quase nada de impostos com esse sistema de favores que beneficia os mais ricos. E o dinheiro dessa elite plutocrata vem justamente da mais-valia extraída dos trabalhadores. Então, se quisermos as coisas mais justas, temos que fazer com que os políticos parem de governar para os bilionários. Com um limite de doação para campanhas sendo acessível a, digamos, 80% da população (no caso de pessoas físicas), as coisas tornar-se-iam mais democráticas.
Outra possibilidade seria a democracia direta, onde o próprio povo cria as suas leis sem a participação dos parlamentares corruptos, parasitas e manipulados pelas elites. Essa super democracia eliminaria os gastos obscenos com os salários dos políticos e seus assessores nepotistas e, de quebra, reduziria os lucros exorbitantes dos 0,2% mais ricos do país. Um governo sem políticos seria bem mais interessante porque visaria o povo - e não os financiadores das campanhas.

Desde quando os políticos te representam?

O futuro pode ser diferente
Muitas pessoas têm ojeriza da palavra 'estatizar', principalmente a turminha da direita. Mas há setores que precisam ser estatizados para não gerar distorções absurdas que mantém uma minoria rica lucrando em cima dos cadáveres dos desnutridos. O setor de alimentos básicos (agricultura e extração) e de energia precisam ser estatizados, porque assim eles não teriam como objetivo o lucro e, assim, teriam condições de produzir comida e energia mais barata em grandes quantidades, o que reduziria a fome e o risco de apagões sem ficar apelando para assistencialismos. E com a energia estatizada, opções de energia renovável e limpa poderiam competir sem maiores problemas com termelétricas e usinas nucleares.
Se houver democracia de verdade no legislativo em conjunto com a estatização de recursos básicos para se criar eficiência ao invés de lucro, boa parte dos problemas gerados pelo capitalismo vai diminuir. Também seria muito útil investir no cooperativismo para reduzir os impactos ambientais e problemas naturais do capitalismo financeiro. Mas para deixar as coisas realmente mais justas, os 1% mais ricos precisam pagar impostos proporcionais, reduzindo o rombo das dívidas públicas no orçamento do Estado.
Com limite no financiamento de campanhas eleitorais, com comida e energia baratas, com empresas baseadas no cooperativismo e com os ricos pagando impostos, teremos uma melhoria considerável no nosso sistema.

Os pobres são os que mais pagam impostos

Há também possibilidades bem interessantes de cidades e sistemas sustentáveis, como o Projeto Vênus, por exemplo, onde tudo funciona na base da cooperação, ao invés da competição. No Projeto Vênus não há políticos, a comida e a energia são de graça, não há dinheiro para corromper o sistema e as pessoas só precisam trabalhar três dias por mês. Sistemas como o open source (código aberto) são a prova de que a cooperação pode funcionar melhor que a competição. Precisamos urgentemente de uma saída sustentável para não destruir a natureza e nem a nós mesmos.

Mas se você não estiver convencido e acha que as coisas devem continuar como estão, é bom que saiba que a automação nas fábricas não para de crescer e, em breve, quase todos os trabalhos serão executados por robôs. Isso vai aumentar o desemprego e, consequentemente, destruir o mercado - já que o mercado precisa de pessoas com renda para poder fazê-lo funcionar. Mudanças são necessárias não apenas por uma questão de justiça social, mas por uma questão de sobrevivência da nossa espécie. Temos que mudar, seja por bem ou por mal. O futuro está em nossas mãos.



Fontes:
-Tecmundo - O fim da humanidade em 2030
-Carta Maior - Como você financia a fortuna dos super ricos
-Carta Capital - Imposto sobre grandes fortunas renderia 100 bilhões por ano
-Folha de S Paulo: Papa Francisco prega mudanças estruturais no capitalismo
-TCU com a proposta de proibição de incineração de alimentos (pg 14)
-Tecmundo - Vírus feito em laboratório pode dizimar metade da humanidade 

-G1 - Lâmpada "misteriosa" está acesa há 110 anos nos EUA
-Leandro Zayd: Os caras que mandam no mundo (vídeo)
-Leandro Zayd: O futuro da humanidade (vídeo)