sábado, 29 de janeiro de 2022

Proibir o BBB é o fim da picada


Da mesma forma que existe uma cruzada moralista contra a pornografia, existe também outra cruzada moralista contra outras formas de entretenimento, como é o caso do Big Brother Brasil. O que tem de gente chata, moralista e sem noção criticando o BBB todos os anos não está no gibi. Na minha opinião, perder tempo atacando o reality show é um misto de falta de assunto com falta de ter o que fazer. Se não gosta, não assista e pronto. Vai ser feliz fazendo o que você gosta. Mas até aí tudo bem, o problema é quando começa a aparecer gente assinando petição para tirar o programa do ar e sugerindo projetos de lei para proibir esse tipo de programa. Aí tenha dó...

E antes que venham me acusar de ser telespectador do programa, eu não assisto BBB. Os únicos BBBs que assisti foram os BBB 3, 4 e 5. Depois disso, não consegui mais gostar daquele programa e nunca mais assisti ou tive qualquer interesse. Só que uma coisa é não gostar, outra coisa é pagar de pseudo intelectual, dizendo por aí que o programa é tudo o que não presta. Apesar de ter minhas críticas a esse tipo de reality show, uma coisa é você criticar pontos específicos, outra coisa é entrar para a seita anti-BBB e agir de forma completamente fanática e alienada só para dizer que é "do contra". Se não gosta, beleza, mas ofender a quem assiste alegando que a pessoa é burra ou que fica mais burra com o programa é de uma diarreia mental que me dá pena. Quem assiste o BBB não quer ficar mais inteligente, quer apenas entretenimento, quer ter assunto para conversar ou simplesmente se distrair com o programa. Se você parar para pensar, até músicas, séries na Netflix e jogos de videogame também "emburrecem", já que muitos deles não ensinam nada de útil. Outra coisa que me incomoda é que muita gente que critica o BBB e que quer proibir o programa, o critica sem sequer assisti-lo. E se critica e o assiste, é um hipócrita, porque está dando audiência a um programa que diz odiar.

Enfim, se não quer nem ouvir falar do programa, bloqueia tudo ligado a ele ou ande com pessoas que não falem de BBB. Eu sei que é um saco esse monte de feeds envolvendo notícias do programa, mas tudo isso é bloqueável. Agora, vir com esse papinho de proibir, censurar e tirar do ar. Sinto muito, não vai funcionar. Aliás, isso iria incentivar mais as pessoas a assisti-lo, pois como já dizia aquele velho ditado, "tudo que é proibido é mais gostoso".

Ainda bem que eu nasci feio


Todo dia eu agradeço a Deus – mesmo não acreditando Nele – por Ele ter me feito feio deste jeito. A minha feiura sempre me afastou das mulheres, especialmente das complicadas. Isso me salvou dos perrengues de muitos relacionamentos monogâmicos desastrosos e de mulheres difíceis de se conviver. Hoje, estou solteiro e feliz e quero morrer assim, porque ninguém merece uma pessoa insuportável, chata, ciumenta, agressiva, possessiva, vingativa, infiel, golpista, interesseira e que ainda exige fidelidade. Isso sem falar dos problemas pós separação envolvendo mentiras, pensões, guarda dos filhos e perseguições. É por isso que estilos de vida como o MGTOW têm crescido tanto por aí. O bom da vida é a gente ser livre, independente, saudável e feliz. Relacionamento desgasta, estressa, adoece e nos faz perder muita coisa boa na vida. Se quer companhia, recomendo que tenha amizades verdadeiras, um pet e um bom livro de cabeceira. Amor próprio também é uma forma de amor, por isso que ter sorte no amor é saber amar a si mesmo e ser capaz de cuidar de si mesmo. E isso não vale só para homens, vale para mulheres também.

Se você é um homem feioso, pobre, sem grandes habilidades sociais e nenhuma mina dá bola para você, dê graças a Deus e saiba que você é um sortudo, um privilegiado. Esse negócio de ficar correndo atrás de mulher e se considerando um fracassado por não conseguir (incel) é uma imposição sexista que diz que todo "homem de verdade" tem que ser pegador, macho alfa, etc. Tudo bobagem. A verdadeira felicidade não mora dentro dos outros: ela mora dentro de nós mesmos.

Entendeu ou quer que eu desenhe?

Pronto, desenhei!

sexta-feira, 28 de janeiro de 2022

Refletindo sobre os argumentos antipornografia

 

Já tem um tempo que tenho notado que as pessoas agem de maneira muito apaixonada quando a pornografia é colocada em discussão na internet. Nessas discussões acaloradas, muita gente acaba defendendo opiniões superficiais sem qualquer embasamento acadêmico ou científico. Parece que a necessidade de problematizar as coisas chegou num ponto que se ignora totalmente as causas reais dos problemas para se debater sobre algo que está na esfera da ficção, do lúdico e do devaneio. Infelizmente, há muito falso moralismo enrustido e conclusões precipitadas movidos por desinformação e descontentamento pessoal nesses debates. Apesar de eu mesmo ter várias críticas à pornografia massiva, acho que muitas críticas feitas na "lacrosfera" não ajudam em nada por serem simplistas, simplórias, rasas e dogmáticas, ou seja: carentes de uma visão mais abrangente dos problemas que afligem a sexualidade humana como um todo. 

Vou explanar a seguir sobre muitos argumentos antipornografia que têm tomado as redes sociais para desmistificar erros de abordagem e premissas equivocadas que acabam atrapalhando mais do que ajudando quando falamos de sexualidade numa esfera mais ampla. Algumas coisas eu irei concordar e outras irei discordar fortemente. Vamos lá!

Atenção, atenção, que vai começar uma baixaria!

A pornografia precisa ser proibida para proteger as nossas crianças.
Proibir não adianta, porque sempre haverá um mercado ilegal para materiais proibidos, especialmente em épocas onde a deep web e a dark web têm se tornado cada vez mais acessíveis. Proibição gera tráfico, que gera violência, que gera mais problemas. Não resolve. Essa ideia de proibir nunca deu certo. A pornografia virou o grande bode expiatório dos problemas ligados à sexualidade porque, como já mencionei em outros artigos, ela é um reflexo dos nossos preconceitos, recalques e frustrações. Dizer que ela precisa ser proibida porque crianças a assistem só mostra a irresponsabilidade dos pais e responsáveis em deixar que seus filhos acessem conteúdos que claramente são voltados para adultos. O que precisaria ser criado seria um sistema digital que garantisse que o usuário que tentasse acessar sites adultos fosse realmente adulto.

 
A pornografia deseduca sexualmente.
Concordo. Mas a proposta da pornografia nunca foi educativa. Tanto a indústria pornográfica quanto a pornografia amadora sempre visaram o lucro. O que educa sexualmente é a educação sexual que os reaças vivem lutando para que nunca ocorra nas escolas. O pornô, na realidade, não ensina coisa alguma, porque ele é, simplesmente, um entretenimento sexual barato para adultos. Se as pessoas estão aprendendo a transar imitando a pornografia, elas estão fazendo isso totalmente errado.

Deixem as crianças fora disso.
 

A pornografia não inclui o prazer feminino.
Mas é lógico. 99% da pornografia é voltada para o público masculino heterossexual. Os homens que assistem só querem ver mesmo o famoso roteiro "1, 2, 3, 4" (oral, vaginal, anal e ejaculação) para satisfazer sua tara durante o "triatlo" no banheiro (cocô, masturbação e banho) antes de ir pro trabalho ou relaxar antes de dormir – e o pornô cai como uma luva nessas horas, porque é objetivo e vai direto ao ponto. Aí uma mulher vê esse tipo de filme e acha aquilo tudo abusivo e tal porque não entende a proposta, o público-alvo e nem a facilidade que os homens têm de se excitarem com o visual. Junte tudo isso à fidelidade idealizada da monogamia, ao falso pudor religioso que permeia a sociedade e o fato de que a maioria das mulheres é reprimida sexualmente e não consegue enxergar qualquer tipo de estimulante sexual naquilo. É aí que começam os problemas e as acusações de que o pornô é misógino e tal.


A pornografia é uma agressão contra as mulheres e estimula o estupro.
Muitas mulheres enxergam o filme pornô como uma encenação sem prazer, dolorosa, violenta, exploradora, humilhante, insultante e desrespeitosa onde o homem é colocado como predador sexual e a mulher como vítima a serviço do seu prazer. Isso, teoricamente, dessensibilizaria os homens ao estupro por tornar aceitável essas situações. Mas, na realidade, não. Simplesmente porque aquilo é um filme. Filme é ficção, é encenação, é mentira, é faz de conta. Se eu vejo assassinato em filmes, isso não me torna insensível ao assassinato no mundo real. Filmes adultos tratam de taras, fetiches, coisas sujas e inconfessáveis. Não existe lição de moral ou maniqueísmo em filme pornográfico. Pornografia limpinha, cheirosa e politicamente correta é uma quimera, porque ela não é rentável por ser desinteressante para o público-alvo. Aliás, o pornô tradicional não é agressivo só contra mulheres, basta ver que o pornô gay segue na mesma linha.

Calma lá que não é bem assim.

 

A pornografia causa estupros sim porque está ligada à excitação sexual. Estudos comprovam isso.
Ao contrário do que muita gente pensa, nenhum estudo sério concluiu que a pornografia causa estupros. Todos os estudos feitos com essa intenção são inconclusivos. O que ocorre é que muitas pessoas interpretam esses estudos de maneira totalmente enviesada para atender seus interesses ideológicos. Quanto à maior disposição a cometer crimes sexuais por eles estarem ligados ao desejo sexual, isso é uma afirmação perigosa e irresponsável. Há inúmeras parafilias envolvendo coisas criminosas como torturas, assassinatos e acidentes – e usar a desculpa da excitação sexual para justificar crimes desse tipo é isentar os culpados. Isso seria o equivalente a um assassino matar uma pessoa usando um revólver e colocar a culpa na bala. Armas e balas não matam sozinhas. Filmes não matam e nem estupram ninguém. O único causador do estupro é o próprio estuprador. É muito leviano dizer que a pornografia causa estupro, porque ninguém normal que vê pessoas transando sente vontade de sair estuprando por aí. Mesmo ela envolvendo excitação sexual, isso não dá o direito às pessoas de usarem isso como desculpa para sair cometendo crimes, porque desejo sexual é algo controlável. Outro fator a ser observado é que estupros ocorrem no mundo inteiro até mesmo em países onde a pornografia é proibida e banida. E, claro, a violência sexual sempre existiu desde os primórdios, muito antes da pornografia moderna surgir.


A pornografia é sobre machismo e opressão.
Pornografia é sobre tara, fetiche e desejos proibidos da mente masculina. O fato da pornografia mainstream ser machista só mostra que ela é um reflexo da sociedade que vivemos. Taras e fetiches nesse tipo de sociedade são, obviamente, envolvendo dominação masculina. A pornografia mainstream, como tudo mais na vida, é um espelho da nossa sociedade que é machista, violenta e misógina. E essa pornografia industrial, ao contrário do que muitos pensam, não cria machismo e misoginia. Ela apenas os absorve, sendo ela uma consequência e não uma causa. Claro que isso se retroalimenta mutuamente no caso de mentes em formação (crianças), o que acaba piorando esse cenário de sexismo. Mas o que a gente tem que fazer não é aderir desmioladamente a uma cruzada antipornografia. O que a gente precisa pensar é no que torna a pornografia mainstream essa coisa sexista e evitar que crianças a assistam.

Ser pró amor não é ser antipornô.

Pornografia não é natural.
Teatro adulto, música com apelo sexual, brinquedos de sex shop, baralho de mulher pelada, games pornôs, hentai, literatura erótica, Kama Sutra, filmes, revistas, pornochanchadas, realidade aumentada sensual, metaverso adulto, óculos VR com roupa tátil... Sexo está em tudo e suas representações são naturais da espécie humana. O que eu vejo é uma cruzada moralista totalmente sectária na busca de controlar a sexualidade humana tal como ocorreu na Idade Média e na Era Vitoriana, por exemplo. É muita infantilidade, hipocrisia e fanatismo que eu vejo nesses manifestos antipornografia internet afora. E o maior problema é que, na grande maioria das vezes, eles mal conseguem definir o que é pornografia. Não existe um consenso.
 

Há escravidão, estupro, uso de drogas e mortes na indústria pornográfica.
Sim, de fato há coisas pavorosas que ocorrem nos bastidores dos sets de gravação de várias produções, como uso de drogas ilícitas, abusos, exploração, tráfico humano, doenças, lesões, etc. O problema dos grupos antipornografia é a generalização que eles fazem sobre o que é pornografia e como ela é produzida. Se eu e minha parceira maior de idade, por exemplo, decidirmos consensualmente colocar nossas transas na web, isso é um problema nosso. Não há abuso, coerção, violência, tráfico humano ou sofrimento para ninguém neste caso. E colocar nossos vídeos amadores no mesmo patamar da indústria machista é errado e desonesto. Se quer combater a pornografia exploratória, se foque nela ao invés de sair dando tiro cego para todos os lados. É um absurdo que um fanático religioso ou um moralistazinho qualquer de rede social tire a nossa liberdade de produzir nosso próprio conteúdo erótico. Aliás, se me acusarem de abuso por isso, meto na mesma hora um processo por injúria, calúnia e difamação.

Ok, mas evite generalizações.


Vários estupradores disseram ter assistido filmes pornôs antes de estuprarem.
Essa coisa de colocar relatos de estupradores em que eles disseram se inspirar na pornografia é uma falácia post hoc ergo propter hoc. Porque é como um serial killer que curtia games estilo shooter culpar o jogo por ter praticado um massacre com arma de fogo, por exemplo. Pessoas violentas sempre irão preferir conteúdos violentos. Além do mais, se pornografia causasse estupro, todos os homens seriam estupradores e não haveria estupros em países onde a pornografia é proibida. O que causa a cultura do estupro não é o filme pornô, mas sim a relativização do estupro e a impunidade.
 

Quem consome pornografia está sendo cúmplice de estupros.
Colocar culpa nas pessoas que consomem pornografia é uma estratégia antiga usada pela igreja. Aliás, eu desconfio seriamente que a Igreja tenha cooptado grupos progressistas com argumentos pseudo seculares para que as pessoas deixem de assistir pornografia. E sendo honesto, me dá pena ouvir gente supostamente progressista ousando a mesma retórica babélica de sites de apologética cristã. Mas enfim, se uma pessoa quiser boicotar algo por haver supostos crimes em sua produção, essa pessoa terá, por coerência, que morar longe da civilização por ter que boicotar tudo. Afinal, quem garante que os componentes do seu celular, suas roupas, sua comida e seus bens de consumo não foram produzidos através de mão de obra escrava? Seria você um escravagista por usar um produto que foi produzido por trabalho escravo mesmo sem saber? Além do mais, estupro ocorre em todos os lugares, até dentro do "sagrado" matrimônio. E você vai fazer campanha contra o casamento também, santa?

Nunca sei se essas campanhas são feitas pela igreja ou por lacradores.

Mais de 10 milhões de vídeos foram removidos do Pornhub após denúncias por mostrarem menores de idade, pornô de vingança e casos de estupro real.
Essa fixação doentia e forçada em associar pornografia com estupro já encheu o saco e mostrou que ela não passa de um argumento circular recalcado em apelo à ignorância. Só por curiosidade, sabe quantos vídeos foram removidos do YouTube por conterem crimes que vão desde cyberbullying até assassinatos? Zilhões e zilhões. Será que as pessoas que acessam o YouTube estariam financiando esses crimes? Claro que não. Eu mesmo já denunciei vídeos de pessoas sendo queimadas vivas, sendo torturadas e até decapitadas no próprio YouTube. Será que temos que banir todos os vídeos da internet ou boicotar serviços de streaming pelo fato de coisas ilícitas estarem sendo exibidas ilegalmente neles? É óbvio que não. O que temos que fazer é denunciar os crimes que forem exibidos nessas plataformas. O que não se deve é fazer da exceção uma regra, uma vez que vídeos criminosos são uma minoria nesses sites.

 
Não é possível saber se o que está sendo exibido num filme pornô é uma simulação de estupro ou um estupro real.
A gente precisa parar de achar que se combate estupro boicotando pornografia. Estupro se combate quando lutamos contra machismo, misoginia, relativização do estupro e impunidade. A pornografia é uma janela do que existe no mundo real. E filmes com estupro ocorrem à exaustão até fora da pornografia. Um exemplo clássico disso é o filme Irreversível, onde a personagem da atriz Monica Bellucci sofre uma longa cena de estupro. E ninguém boicota filmes não-pornográficos por isso.

Tá bom de maniqueísmo, né?

 

Filme pornô padroniza corpos, objetifica pessoas e trata seres humanos como se fossem máquinas sexuais.
Mas é lógico, porque a pornografia é performática e visa o lucro. Ela não foi criada com o intuito de tornar a nossa vida sexual melhor. Além disso, como já deixei claro trocentas vezes, a pornografia funciona como uma catarse que reflete os recalques da maioria da população e o tipo de cultura sexista no mundo em que ela está inserida.


Pornografia não é sexo.
Eu sou contra essa coisa taxativa de que sexo tem que ser feito assim ou assado. Sexo a gente faz do jeito que quiser. Nem pornografia, nem feministas e nem a igreja possuem autoridade sobre o que devemos fazer de nossas vidas sexuais. Esse policiamento da nossa sexualidade é de um moralismo nauseabundo.

Essa Gail Dines é a Dona Bela (Escolinha) do feminismo.

A pornografia é violenta, sexista e antiamor.
Esse pode ser o estilo predominante da pornografia mainstream, mas nem toda pornografia segue esse comportamento. As feministas que produzem pornografia, como a cineasta sueca Erika Lust, por exemplo, mostram coisas totalmente opostas a essa dominação agressiva masculina. Erika Lust prova que sexo e amor podem andar juntos, que o prazer pode ser democrático e que ninguém precisa ser diminuído. Ela tem outro foco e outro público-alvo. O problema é que os fanáticos não conseguem enxergar isso devido ao seu pensamento sectário e generalista. É uma pena que existam pessoas fundamentalistas a esse ponto, porque elas estão deixando de ver que a sexualidade humana é uma expressão com infinitas possibilidades.  


A pornografia normaliza situações que não normalizaríamos (como abuso e incesto).
Filmes não-pornográficos com estupro, assassinato, sequestro e tortura normalizam essas situações na vida real? Se você acha que sim, beleza. Faça campanha também contra filmes não-sexuais. Do contrário, esse argumento não procede. Exceto se for uma criança ou adolescente sem referência sexual alguma por falta de educação sexual. O problema não é o filme: o problema é que sexo é tabu e as pessoas têm utilizado os filmes como educação sexual. Não é a pornografia – que é uma forma de expressão artística humana – que causa coisas ruins. Se você acha que é certo ou tolerável abusar de outro ser humano por ter visto isso num filme, então você é que precisa urgente de tratamento (ou de prisão).

Vai ter textão contra Lego também? afff


Quem se vicia em pornografia precisa ver coisas cada vez mais pesadas para sentir prazer, como se fosse uma droga.
Mas aí você está lidando com uma pessoa viciada. Nem todo mundo que usa álcool, por exemplo, vira alcoólatra. Além disso, pornografia foi produzida mesmo com a intenção de viciar, assim como alimentos hiper palatáveis, jogos de videogame e até séries da Netflix. Mas, curiosamente, ninguém faz campanha contra essas coisas. Por que será? Moralismo?
 

Pornografia destrói os relacionamentos.
Generalizar é sempre perigoso e errado. Tem muitos casais que assistem pornografia na TV fechada, na internet e tem uma relação maravilhosa. Confundir ficção com realidade é não ter capacidade para separar uma coisa da outra. É por isso que esses filmes são para maiores de 18 anos, para ninguém misturar fantasia com realidade. E outra coisa, sexo não é esporte para você ficar performando. Você, homem, vai impressionar muito mais a mulherada realizando as fantasias delas do que imitando a performance do maior ator pornô do mundo. Homem que não se preocupa com o prazer da mulher é por ser egoísta e por não ter tido educação sexual. Colocar a culpa na pornografia por isso é fugir da causa real do problema.

Pornozão levando a culpa por mais uma.


Pornografia explora mulheres.
Em todo o sistema capitalista tem exploração. Se você é contra a exploração apenas na pornografia, há algo incoerente no seu pensamento.


Homens cobram por sexo por causa da pornografia. E sexo não é obrigação.
<ironic mode on> Mas é claro, é por isso que antes de inventarem o filme pornô, os homens nunca cobravam por sexo.<ironic mode off> Tá de sacanagem, né? O filme pornô mostra mulheres insaciáveis porque o mito da ninfomaníaca é um dos maiores fetiches masculinos. Imagina que homem não iria querer uma mulher que transasse com ele sempre que ele quisesse? Uma mulher que, como dizia uma propaganda de telessexo da minha época de adolescente, "faz tudo o que você quiser, quando você quiser e quantas vezes você puder" é para endoidar o juízo de qualquer macho. O que impede de tornar isso real é essa tal de monogamia que mutilou a nossa sexualidade. Um cara que não tem obrigação de ser fiel não precisa passar vontade ou cobrar pelas "obrigações matrimoniais", porque sempre vai ter uma mulher diferente cheia de vontade por aí. É por isso que o filme pornô, na verdade, funciona como uma válvula de escape para o parceiro que tem uma libido maior, evitando justamente de "cobrar" por sexo, sendo exatamente o contrário dessa argumentação biruta aí.


Pode ficar de sacanagem. Mas só se for no mau sentido!

Qual sua opinião sobre filme pornô?
Filme pornô, via de regra, é um treco cafona, mecânico, performático, exibicionista, falocêntrico e repetitivo. É uma caricatura mal feita da sexualidade humana que reflete as nossas frustrações, preconceitos e angústias mais íntimas. Nele, a gente já sabe tudo que vai acontecer antes mesmo de assistir e essa mesmice mata o tesão. O que me excita de verdade é a novidade e o prazer da mulher. Mulher sentindo prazer de verdade – e não aquela palhaçada espalhafatosa que encenam nos filmes. Raramente assisto pornografia, porque ali a mulher não está sentindo prazer de fato. É pura performance para ganhar dinheiro. E, sendo honesto, para que perder tempo vendo outras pessoas transando se eu posso fazer o mesmo muito melhor do que eles estão fazendo? Chega num ponto que o sexo egoísta enjoa. Eu sinto muito mais prazer vendo o outro lado tendo prazer também. E você vê isso nos olhos, na pele, nos suspiros, nos pedidos de quero mais... É claro que às vezes a gente só quer se aliviar e pronto, mas o prazer compartilhado é muito mais satisfatório.

É bom que se diga que a pornografia representa menos de 1% da diversidade sexual humana que possui possibilidades literalmente infinitas. Pornografia, especialmente a mainstream, é uma miséria sexual que mutila a nossa visão da sexualidade. Sexo é um jogo de sensações deliciosas que começam antes mesmo das pessoas se tocarem. As palavras, a voz, os olhares, o cheiro, o ambiente, a iluminação, as roupas, os sons, os adornos, o envolvimento, o jogo da sedução, a cumplicidade, o carinho: tudo isso faz parte do contexto geral de uma relação sexual. Isso porque nem falei da excitação, das preliminares, do toque, das carícias, da sedução... Em que filme pornô você vai ver isso?

quarta-feira, 26 de janeiro de 2022

Uma breve explanação sobre a pornografia


Nós vivemos numa sociedade sexualmente frustrada e mutilada. A sexualidade é associada desde a Idade Média ao feio, ao sujo, ao pecado, ao obsceno, ao proibido. Mulheres são reprimidas ao tentarem se descobrir sexualmente. Homens são reprimidos por terem aprendido que o sexo heterossexual precisa ser falocêntrico, do contrário, a masculinidade deles estaria ameaçada. E todos juntos são reprimidos por aderirem a essa coisa antinatural chamada monogamia. Apesar de toda a liberação sexual trazida pela pílula anticoncepcional, pela necessidade do uso do preservativo para se proteger da AIDS e pelos estimulantes sexuais como as pílulas para combater a impotência sexual, a humanidade, especialmente no ocidente, ainda encara o sexo como tabu, como algo que devemos fazer escondidos entre quatro paredes – e que o ideal seria que a reprodução ocorresse de forma assexuada, como ocorreu com a Virgem Maria. Então a pornografia entra nesse contexto como uma espécie de válvula de escape. Na realidade, ela é um reflexo do tipo de sociedade que vivemos e de como nós tratamos a nossa própria sexualidade. A pornografia mainstream é uma forma de dizer que estamos todos frustrados, reprimidos, doentes e que descontamos a nossa agressividade e os nossos desejos recalcados naquilo que visualizamos nos filmes pornôs. Tanto é, por exemplo, que as categorias mais vistas nos sites adultos são de pornografia homossexual, pornografia transexual e de pessoas com corpos fora do padrão de beleza – o que explica porque vivemos numa sociedade homofóbica, transfóbica e gordofóbica.

Mas isso não é tudo. A pornografia como um todo mostra que, socialmente, o sexo tem uma íntima ligação com a violência, com a dominação e com essa verdadeira latrina que nós transformamos a nossa própria sexualidade. O filme pornográfico não mostra um universo paralelo imaginário: ele mostra o que buscamos no nosso íntimo. Buscamos extravasar nossas fantasias, buscamos alívio e uma fuga da realidade. Não é à toa que há pessoas que se viciam em pornografia e recorrem a grupos como o NoFap como saída para esse vício. As pessoas não estão buscando mais prazer, sensações sinestésicas e experiências mais profundas no sexo: elas estão buscando apenas alívio para suas tensões de forma imediata.

Livro pornográfico mais antigo do mundo.

O sexo nosso de cada dia é altamente entediante e borocoxô, especialmente quando atrelado à monogamia. Acrescente a isso o fato de que todos nós temos sonhos, fetiches, fantasias e desejos não realizados. E a pornografia existe para atender essa demanda, oferecendo escapismo sexual. O sexo serve, em muitos casos, como válvula de escape da própria agressividade, porque ele acalma após o orgasmo, causa saciedade e bem estar. Na natureza ocorrem coisas parecidas também. Os bonobos, por exemplo, resolvem seus conflitos e tensões fazendo orgias. Só que nós não somos bonobos e continuamos a dar murro em ponta de faca. Ao invés de resolvemos os problemas sociais ligados a sexualidade, o que muitos fazem é ou se viciar na pornografia, ou atacá-la como se ela fosse o problema. Só que como eu estou cansado de dizer, pornografia não é causa: é sintoma.

Game pornográfico mais famoso do mundo.

É por isso que o entretenimento pornográfico mostra coisas tão atraentes. É o sujo, é o depravado, é o imoral, é o proibido, é a tara: tudo isso é que atrai a maior parte do público. Filme pornô educativo, bonitinho, higiênico, romântico e que mostra coisas "comuns" não vende. Homens – que são o principal público-alvo – querem ver putaria mesmo, safadeza sem limites e sem amarras morais. A pornografia é um escapismo sexual para nossas angústias mais íntimas. Claro que a dominação masculina como fetiche tem influência do machismo que sempre existiu na sociedade, mas a pornografia não se limita a isso, pois ela é muito mais abrangente que o observado no mainstream. Acusar toda pornografia de ser sexista é ingênuo, porque desconsidera a pornografia feminista e as incontáveis ramificações underground que fogem desse padrão de dominação masculina.

A dendrofilia é um aspecto lúdico do escapismo sexual.

O combate sistemático que existe de grupos cristãos e feministas contra a pornografia mostra apenas que estamos tentando jogar a sujeira para debaixo do tapete. O problema não está na pornografia como muitos pensam, mas na relação nada saudável que temos com a nossa própria sexualidade. É isso que precisamos resolver antes de replicar argumentos equivocados de personalidades folclóricas como Catharine MacKinnon, Andrea Dworkin, Gail Dines ou Shelley Luben, como se eles tivessem alguma validade acadêmica ou psicossocial. O mundo não precisa de mais repressão e moralismo. O mundo precisa de mais liberdade para redescobrir e reinventar a sua sexualidade. Posso até estar equivocado em minha conclusão, mas um mundo sexualmente feliz não seria tão dependente de pornografia como é hoje.

terça-feira, 25 de janeiro de 2022

Olavo morreu, mas o olavismo continua vivo


Morreu na madrugada deste dia 25 de janeiro (possivelmente de Covid) o conspiracionista de extrema-direita, astrólogo, negacionista, pseudo filósofo e guru do bolsonarismo Olavo de Carvalho. O astrólogo da quarta série, para quem não sabe, foi responsável por uma onda de alienação que durou mais de uma década no Brasil e culminou na eleição do genocida para presidente da república. Eu até ficaria feliz com a morte dessa figura repugnante se isso representasse o fim do péssimo legado de desinformação e neofascismo que ele deixou. Mas, infelizmente, a morte de Olavo ocorreu apenas fisicamente, porque o olavismo como fenômeno cultural ainda irá continuar sendo propagado pelas suas "olavattes" por bastante tempo. Negacionismo, mentiras, pseudociência, fascismo e reacionarismo ainda serão disseminados impunemente por blogueiros, youtubers, jornalistas, Brasil Paralelo, Jovem Klan e diversos políticos (Zambelli, Ernesto Araújo, Bolsonaro, etc). Levaremos bastante tempo para consertar o estrago fascista causado pelo velho gagá e seus seguidores. Apesar do astrólogo boca suja ser uma piada de mau gosto no meio acadêmico e entre intelectuais sérios, o seu modo peculiar de fazer lavagem cerebral seduziu leigos e acabou tornando o olavismo uma espécie de seita que fanatiza e desconecta seus seguidores da realidade.

Obra "suprema" do astrólogo.

Enfim, agora temos que lutar para matar o olavismo cultural também, porque do Olavo, os "comunistas satânicos" já devem estar dando um jeito lá no inferno.

Gramsci dando boas vindas ao astrólogo.

segunda-feira, 24 de janeiro de 2022

Bozo é quem governa, mas o palhaço aqui é você

 

Todo mundo sabe que o Brasil é um país governado pelas elites e para as elites. O Brasil é um paraíso para o capital rentista, improdutivo e parasitário que deixa a sua população trabalhadora à mingua para aumentar ainda mais a renda das classes dominantes. E com essa elite entreguista, com a nossa submissão econômica aos EUA, com um executivo fascista, com um congresso reacionário, com uma imprensa golpista e com um povo alienado politicamente, o resultado só poderia ser essa palhaçada que estamos vivendo. Essa política absurda de preços dos combustíveis, por exemplo, só existe para agradar aos especuladores e ao mercado internacional. E depois tem gente metida a intelectual na imprensa reclamando que o Brasil caiu da terceira para a décima posição como melhor destino para investir. Mas é lógico: destruíram o nosso mercado interno. O que mais poderiam querer?

Enfim, enquanto o povo não se desalienar, seremos feitos de palhaços para sempre.


sábado, 22 de janeiro de 2022

Será que eles já estão entre nós?


Ao contrário do que muita gente pensa, ser cético não é duvidar de tudo. Ser cético é usar evidências para fundamentar suas crenças. Um cético não acredita em alegações extraordinárias sem que sejam apresentadas provas extraordinárias. Um cético é alguém que lida de forma saudável com a dúvida sem duvidar de nenhuma hipótese ou sem endossar hipóteses carentes de evidências. Dito isso, eu reafirmo a minha posição cética diante da hipótese de vida fora da Terra: eu, simplesmente, não sei se ela existe. Ponto. Esta é também a postura da grande maioria dos cientistas, dos governos e da própria Nasa. Inclusive, a Nasa já admitiu através do seu diretor chefe, o ex-congressista democrata Bill Nelson, que os OVNIs avistados pela Força Aérea Americana podem ser de tecnologia extraterrestre. Porém, dizer que PODE ser algo NÃO quer dizer que SEJA esse algo.

Seriam fadas, anjos, espíritos, ETs ou fenômenos naturais?
 

Os tais OVNIs podem ser de origem extraterrestre, mas também podem ser de origem ultraterrestre (de outra dimensão), de origem intraterrestre (de civilizações avançadas do interior do nosso próprio planeta), de uma civilização humana do futuro que mandou seus drones para a nossa época, ou de origem humana atual mesmo, já que China e Rússia costumam esconder de forma bastante eficaz suas tecnologias mais avançadas. Sem falar de outras hipóteses absurdas, tais como de espíritos, fadas e outras criaturas fantásticas.

Crop Circles: como explicá-los?

Sabemos que o nosso universo é gigantesco, mas não sabemos quase nada sobre ele. Não sabemos como a vida surge, não conhecemos todos os caminhos de como a vida evolui até chegar na inteligência, não sabemos qual é a probabilidade da vida surgir, não conhecemos as condições exatas para um planeta abrigar a vida e nem conhecemos todas as possibilidades tecnológicas que uma civilização avançada pode ter descoberto. O que nos resta é ter humildade e admitir que ainda não sabemos do que todos esses fenômenos (OVNIs, crop circles, etc) se tratam.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2022

O conceito de virgindade é uma bobagem patriarcal


Há muitas e muitas gerações que os adolescentes vivem encucados com a ideia de virgindade. No caso dos meninos, a regra é que ela é um fardo que eles precisam se livrar o quanto antes para virarem "homens". No caso das meninas, já é o contrário, pois ela é tratada como uma espécie de "virtude". E essas formas opostas de se enxergar a virgindade para cada gênero só mostra que o conceito social de primeira relação sexual é uma criação totalmente sexista que tem origem no patriarcado.

O sistema patriarcal impôs o conceito de virgindade.


Muito antes dos métodos contraceptivos se tornarem amplamente acessíveis, o homem chefe da família tradicional precisava ter certeza que o filho era realmente seu. Isso por uma questão de dominância machista e para passar a sua propriedade (herança) para seus filhos legítimos. O melhor jeito encontrado para este fim foi de arranjar uma esposa que fosse "virgem", pois isso daria segurança ao marido de que se nascessem filhos, eles seriam biologicamente seus. Foi daí que a sexualidade feminina passou a ser controlada e a virgindade da mulher até o casamento virou uma exigência a ponto de ter existido um artigo na lei brasileira que dizia o marido podia pedir anulação do casamento se a mulher não fosse mais virgem. O sagrado matrimônio, com toda sua simbologia patriarcal – incluindo aí o vestido de cor branca da noiva para representar sua "pureza" – acabou virando um ritual divino com a bênção de outra instituição patriarcal chamada igreja. Porém, como tudo que é forçado, evidentemente que isso gerou uma série de problemas já na noite de núpcias, tais como cistites de lua de mel, acusações de infidelidade por conta de hímen complacente e até mesmo noivos que anularam o casamento ao descobrirem que casaram com um transexual. E o mais tragicômico disso é que essa virgindade pré-nupcial não garantia que a mulher era realmente virgem. Mas, falando nisso, o que é realmente ser virgem?

Perder a virgindade não é igual para homens e mulheres.

O conceito patriarcal de virgindade, por ser heteronormativo e falocêntrico, difere entre homens e mulheres. Para os homens é simplesmente não ter colocado o pinto dentro de alguém. Já para a mulher é ter o hímen intacto. Só que todo mundo sabe que isso é uma grande bobagem. Isso porque muitas mulheres tinham o hímen complacente; muitas faziam todos os tipos de sexo, menos o vaginal; algumas mulheres rompiam o próprio hímen se masturbando e existem técnicas cirúrgicas de reconstrução do hímen. No caso dos homens, não existe como saber se o cara realmente é virgem, já que a relação sexual não deixa nenhuma marca física. Aliás, falando de virgindade masculina, eu escrevi duas postagens bem descontraídas sobre como descobrir se o homem é virgem. Quem quiser dar uma olhada, os links estão no final do post.

Leilão de virgindade é o fim da picada.

Pois bem, o ponto que eu quero chegar é que não há como saber, de fato, se alguém é virgem dentro do conceito tradicional do patriarcado. A perda da virgindade é, na minha opinião, uma experiência mais mental e emocional do que física. Isso porque sexo não precisa deixar marcas ou "provas". A primeira experiência sexual é muito superestimada e ela normalmente é bem horrível para a maioria das pessoas. Uma pessoa que, por exemplo, tenha sofrido abuso sexual ou estupro em sua primeira vez carrega uma memória terrível da sua primeira experiência. Então, a primeira vez para uma pessoa dessa poderia ser a primeira relação sexual em que ela realmente consentiu e sentiu prazer. Sem contar dos casos de meninos homossexuais que são levados quase a força para transar com prostituas e de meninas que sofrem traumas físicos por falta de conhecimento do próprio corpo. Esses são apenas alguns exemplos de como essa coisa de virgindade é um conceito totalmente retrógrado e desnecessário. Enquanto isso, pessoas que fazem sexo verbal, sexo virtual, sexo lésbico, sexo tântrico, masturbação mútua ou que transam com sex dolls são consideradas tecnicamente "virgens". Aliás, se a gente parar para pensar, até um beijo na boca – no melhor estilo beijo francês – às vezes é mais intenso que uma relação sexual. E nesses casos, como fica? É por isso que eu tenho uma teoria de que a maioria das pessoas mente sobre como foi a sua primeira relação sexual, porque geralmente a coisa é esquecível, constrangedora e traumática.

Honestamente, por mim, esse conceito de virgindade nem devia existir mais, porque além de inútil, ele só traz sofrimento para a maioria das pessoas.

Seria cômico se não fosse trágico.

Postagens relacionadas:
Como descobrir se ele é virgem (parte 1)
Como descobrir se ele é virgem (parte 2)

terça-feira, 18 de janeiro de 2022

Precisamos de soluções reais para problemas reais


Tenho evitado escrever sobre política de uns dias para cá para preservar a minha saúde mental. Mas sempre tem uma coisinha ou outra que eu acho que vale a pena comentar. Uma delas é a ilusão de muitos bolsominions com a possibilidade de vitória do inominável nas eleições de outubro. Não creio que Jair Bolsonaro tenha chances reais de se reeleger, porque o cara vive em uma realidade paralela e continua governando como se vivêssemos nessa realidade feérica neoconservadora. O brasileiro não está com medo de comunismo, kit gay e de outros inimigos imaginários criados pela extrema-direita. Brasileiro está com medo do desemprego, da inflação, da violência, do baixo poder de compra e desses preços absurdos que não param de subir. Eu acho que é exatamente este o motivo que inviabiliza a vitória do inominável nas eleições de outubro. Ele lascou o país economicamente, não tem solução para nada e só sabe usar questões morais e fake news para ganhar voto. É por isso que um sujeito desse perde para todo mundo no segundo turno. Acho que nem se ele levasse mais dez facadas durante a eleição seria capaz de se reeleger.

A gente precisa olhar para quem tem propostas para resolver os reais problemas do Brasil. Esqueça o moralismo vazio e o negacionismo oportunista. Precisamos de soluções reais para problemas reais. Ou será que você continua com medo dos "comunistas que comem criancinha"? Por favor, né? Vamos acordar para a realidade.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2022

A falta que a educação sexual faz


Já tem mais de dez anos que eu debato sobre sexualidade, objetificação, pornografia e prostituição na internet. E, invariavelmente, quando se fala dos problemas da sexualidade humana, fala-se, majoritariamente, do grande bode expiatório que foi criado para se desviar o foco dos verdadeiros problemas: a pornografia. Igrejas, feminismo abolicionista, NoFap, ativismo e até alguns grupos progressistas são consonantes no que se diz respeito a pornografia: todos são contra ou, pelo menos, fazem críticas muito severas a ela por enxergarem na mesma a essência de todo o mal. E entre as críticas estão sempre as mesmas argumentações: vitimização das mulheres (exploração, degradação, abusos, etc), vício trazido pelo acesso livre a pornografia e a falta de um sexo que inclua o prazer feminino. Porém, como irei explanar melhor adiante, é preciso entender que a pornografia não é causa, é consequência.
 
Se a gente for parar para analisar os principais problemas envolvendo a pornografia, vai ficar evidente que eles vêm de duas fontes principais: 1- do machismo estrutural e 2 - da falta de educação sexual nas escolas. E estes, sim, são os dois principais problemas que afligem a sexualidade humana como um todo. O problema, ao contrário do que muitos pensam, não está na pornografia em si, porque ela não existe isoladamente em um mundo isento de problemas. A pornografia é, na verdade, um reflexo do mundo que vivemos. Se queremos melhorar a sexualidade humana, temos que parar de centrar fogo na pornografia e procurar melhorar esse mundo horroroso em que vivemos.

O terror dos moralistas.

Na época que eu participava do extinto Yahoo Respostas, tive um colega chamado Alexandre que me deu uma resposta bem interessante para um velho questionamento. Eu perguntei quem é que ensinava os meninos a transar, uma vez que o que os meninos aprendem vem ou da pornografia mainstream, ou daqueles papos bem machistas que rolavam entre os amigos inexperientes (que eu chamo de a 'gangue'), ou então da prostituição. Mas em nenhuma dessas "escolas da sexualidade" incluía-se o prazer feminino, os sentimentos, as preliminares, as carícias e o envolvimento fora da cama. Então quando os meninos arrumavam uma namorada ou se casavam, ao irem para a cama com elas, repetiam o que haviam aprendido nos filmes, nos prostíbulos ou com a 'gangue', tornando suas parceiras insatisfeitas por as tratarem como uma espécie de boneca inflável. Pois bem, a resposta do meu amigo Alexandre para essa pergunta foi que o amor é que ensinava os meninos a transarem. Isso porque era o amor que fazia com que eles se doassem, se importassem com suas parceiras e, assim, tornassem o sexo uma atividade feliz e prazerosa para o casal e não só para o homem. Eu concordo parcialmente com essa resposta. Isso porque de nada adianta o amor sozinho se você não tem o conhecimento para colocá-lo em prática. É por isso, entre outras coisas, que a educação sexual é importante. Os meninos precisam saber dialogar, precisam saber ouvir suas parceiras, precisam aprender o que as excita, precisam aprender a respeitar os seus limites, precisam saber quando elas estão excitadas, saber sobre regiões erógenas do corpo, sobre massagens, sobre a sinestesia do prazer e até um pouco de psicologia para conduzir a coisa de maneira menos egoísta. O amor abre a sua mente, mas é a educação sexual que vai te dar o conhecimento.

Educação sexual ajuda a evitar abusos.


Na minha humilde opinião, nós não temos que combater a pornografia, porque além disso ser inútil, não atinge a raiz do problema. O que a gente tem que fazer é combater o sexismo e incluir conhecimento, educação e aprendizado sexual na cabeça dos nossos jovens. E educação sexual não é só sobre como evitar gravidez indesejada e doenças sexualmente transmissíveis: é sobre tornar pessoas mais felizes, é sobre evitar abusos, é sobre tornar o mundo menos desigual e, quem diria, sobre como devemos nos amar.

Ninguém vai virar um estuprador por causa disso.

Quanto ao jovem que se sente culpado por ver pornografia, a dica que dou é que vá assistir o seu filme em paz e mande para a PQP esse povo moralista e cego que acha que o problema do mundo está no filme pornô. Os grupos antipornografia são hipócritas, infantis e simplistas. Degradação da mulher e exploração estão em todos os lugares da sociedade e não apenas na pornografia e na prostituição. De nada adianta abolir a pornografia e a prostituição se o mundo continua machista, misógino, burro sexualmente e cheio de falso moralismo. Nenhum desses moralistas criticam mulheres grávidas trabalhando em condições insalubres, atletas do sexo feminino que são submetidas a torturas para atingir a alta performance, empregas domésticas em regime de semiescravidão, casamentos abusivos onde as mulheres são estupradas pelos próprios maridos... Aliás, NENHUM moralista é contra o casamento e contra os relacionamentos monogâmicos, sendo que eles são a causa número 1 de feminicídio no planeta Terra. Então toda essa ralé subintelectualizada que mente ao colocar na pornografia todos os problemas da nossa sexualidade está apenas ocultando e trabalhando a favor dos reais problemas. A única coisa que eu exijo de quem assiste pornografia é o conhecimento de que aquilo é uma caricatura da sexualidade humana. É mais ou menos como um filme de super herói, porque é cheio de exageros e mentiras voltados para uma performance voyeur e falocêntrica. Mas é só. Pornografia (praticada consensualmente entre adultos) é uma forma de escapismo e entretenimento sexual: e não um crime. E se houver crimes nos bastidores da indústria pornográfica, que estes crimes sejam combatidos e não a pornografia.

Único risco real da pornografia.

sexta-feira, 14 de janeiro de 2022

Cyberbug 2077 continua a mesma desgraceira de sempre


Todo mundo já teve um – ou vários – momentos de loucura na vida. E eu não sou exceção. Afirmo isso porque hoje fui inventar de baixar novamente o polêmico Cyberpunk 2077 após um ano para ver se dessa vez ele está jogável. E para minha surpresa, o jogo está, sim, jogável e com algumas melhorias, tais como mais estabilidade nos fps e menos travamentos. Contudo, bugs continuam ocorrendo livremente e a gameplay continua estranha com dirigibilidade ruim, inteligência artificial burra, layout confuso, comportamento sem sentido da polícia e uma sensação de vazio em certas partes da cidade. A produtora do game, a CD Projekt Red, prometeu que o jogo irá continuar recebendo melhorias e correções. Até aí tudo bem. O problema é que o game em si não me empolga de jeito nenhum.

E assim segue Cyberpunk 2077...

Falta muita coisa neste game. Faltam mini games, barbearias, estúdios de tatuagem, lugar para tunar os veículos, sistema de metrô, braindances, possibilidade de mobiliar o apê, mais influencia do nosso background histórico e um monte de outras coisas mais. Falta mais interação com o mundo e coisas que te prendam por mais tempo dentro do game, aumentando a sensação de imersão. Fora que a campanha principal é muito curta e não dá para a gente se envolver direito com os personagens, diferentemente com o que ocorre com os gloriosos Witcher 3 e Life is Strange, por exemplo. Enfim, é um jogo chato, bugado e incompleto. Desinstalei o jogo e prometi a mim mesmo que só vou rejogar essa joça quando saírem todas as dlcs, expansões, correções e depois de instalar mais uns 20 mods para deixar o jogo mais interessante. Enfim, chega de falar de jogo ruim.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2022

A tal crise dos 18 anos


Antes da famigerada crise dos 30 anos há outra crise muito pior que é a crise dos 18. Isso porque 18 anos de idade é uma idade horrível onde parece que nada dá certo e você ainda não manda na sua vida. Você não sabe quem você é e nem para onde vai. Você não é mais uma criança e também não é um adulto propriamente dito, mas ao mesmo tempo ainda é um misto dos dois. É muita pressão na nossa cabeça nessa fase com relação a trabalho, faculdade, primeira habilitação, tirar documentação, alistamento militar, filiação partidária, direcionamento espiritual, relacionamentos afetivos, responsabilidades que aumentam... 

Quando eu completei 18 anos, lembro que eu estava numa deprê horrorosa devido a uma crise existencial, minha saúde estava ruim, não tinha amigos, não tinha namorada, não tinha carro, não sabia dirigir, não tinha trabalho, não tinha renda, não tinha nenhum instrumento musical, não tinha celular, não tinha videogame ou computador e ainda era um sujeito completamente tímido e introvertido. Meus refúgios eram os desenhos à mão que eu fazia com os quadrinhos da Sociedade do Rock, as estórias fantásticas que eu escrevia em meus cadernos e as músicas que eu escutava num discman velho. Enfim, eu não tinha nenhuma boa perspectiva do futuro. Até hoje eu não sei dizer direito como superei meus 18 anos. Só sei que muitos desses problemas continuaram por anos e alguns continuam até hoje (falta de um carro, por exemplo. Se bem que isso não é exatamente um problema para mim). Acho que o segredo para ter sobrevivido a tudo isso foi não ter me desesperado, ter acreditado que superaria os problemas e ter saído da minha zona de conforto. Com o passar do tempo, a gente vai ficando mais calejado, mais maduro e mais perspicaz. A gente passa a entender melhor como a vida funciona. Graças a isso, a gente consegue enxergar soluções que a impulsividade e a inexperiência não permitiam antes. E talvez seja justamente esse o grande problema de ser ter 18 anos.

A dica que eu dou hoje aos meus 38 anos para alguém que acabou de fazer 18 é de não perder as esperanças, de focar num objetivo de cada vez com metas e prazos definidos e de ter a certeza que nunca mais você terá as chances de começar bem em algo como está tendo agora. Começar a fazer algo novo depois dos 30, por exemplo, é muito mais difícil e complicado, especialmente se for algo que demande esforço físico, como um esporte, por exemplo. Depois dos 29 você já estará "velho demais" para passar em certos concursos públicos, para iniciar uma carreira em algum esporte e até para conseguir emprego em algumas áreas. Mesmo que no começo as coisas saiam erradas, é melhor começar agora e errar do que ficar procrastinando, esperando uma chance perfeita que pode nunca vir. O tempo não volta e depois dos 18, a vida passa muito rápido. Se eu pudesse voltar no tempo ou mandar uma mensagem para o meu eu de 20 anos atrás, acho que apenas mostraria como a minha vida mudou e melhorou hoje – e como eu fui burro e lento em não ter acreditado nos meus potenciais.

terça-feira, 11 de janeiro de 2022

Determinismo cósmico


Algumas pessoas dizem que temos muita sorte de termos nascido em um universo perfeitamente alinhado em suas forças fundamentais para que a vida surgisse (teoria da Sintonia Fina). Mas eu discordo dessa visão. Não acho que a existência de um universo "perfeito" seja mero acaso. Creio que o universo não podia ser de outro jeito, porque universos sem sintonia fina entre suas constantes fundamentais se desintegrariam antes mesmo de formarem. Somos possivelmente fruto de uma espécie de "seleção natural cósmica" em um multiverso. Os únicos universos que prosperam são justamente os que têm as leis da natureza dentro do alinhamento que conhecemos. É como a soma interna dos ângulos de um triângulo em uma superfície plana. A soma dos ângulos sempre irá dar 180 graus, porque não existem triângulos que não sigam essa proporção. O mesmo se aplica ao cosmo. Não somos mero acidente. Como parte consciente do cosmo, somos exatamente a única possibilidade que poderia haver. E a vida é apenas uma consequência da maneira peculiar como os átomos de hidrogênio se alinharam ao longo de bilhões de anos.

segunda-feira, 10 de janeiro de 2022

O problema de um contato extraterrestre


Tenho quase certeza que uma visita alienígena ao nosso planeta faria com que os seres humanos se extinguissem. Isso por duas razões básicas. Primeiro, porque nós não nos sentiríamos mais únicos e especiais. E, segundo, porque não possuímos nossos conflitos internos bem resolvidos. A humanidade precisa se encontrar e se entender antes de tentar entrar em contato com o desconhecido. Nós, sapiens, somos muito presos aos nossos próprios conceitos de inteligência, vida e linguagem. Certamente, não estamos sozinhos neste universo inimaginavelmente grande, mas o que faríamos se descobríssemos que a vida existe em outros mundos? Como iríamos interagir com seres avançados que superaram a mortalidade, as leis da física e as ameaças de autodestruição? O que temos a dizer aos aliens? Como vamos explicar para eles o que fazemos com nós mesmos e com o nosso planeta? Como as religiões se comportariam diante de um contato extraterrestre?

Pode parecer uma conclusão covarde, mas eu acho que somos felizes por não sabermos se há vida lá fora ou não. Descobrir vida, especialmente vida inteligente, poderá ser o pontapé inicial para nossa extinção como espécie seja pela via da autodestruição, ou então pela via de um contato extraterrestre que causaria o mesmo impacto genocida que a colonização espanhola causou. Para ser honesto, dada as distâncias gigantescas entre as estrelas, a escala de tempo muito elevada para a vida inteligente surgir e a facilidade para ela desaparecer, possivelmente, não há nada com que possamos fazer contato na nossa galáxia. É por isso que acho que o único jeito seguro de sabermos se estamos sós ou não no cosmo é simulando o universo (ou parte dele) em supercomputadores. Mas aí temos as questões éticas de criar um universo e nos responsabilizar por todas as formas de vida que possam existir nele.

Enfim, em todo caso, eu e você certamente não estaremos mais vivos quando a humanidade (ou a espécie que evoluir dela) descobrir a resposta para essa grande pergunta existencial.

sexta-feira, 7 de janeiro de 2022

Não dá para comparar misandria com misoginia


Quem conhece este bloguinho há mais tempo sabe que eu sou um pacifista incorrigível que abomina qualquer discurso de ódio. Algumas pessoas podem ter ficado confusas com o post passado onde eu conclui que a misandria não existe apesar das falas agressivas contra os homens vindas de algumas mulheres mais exaltadas. Só que, como bem deixei escrito naquela postagem, a misandria não existe como uma ameaça real. A misandria em um mundo machista é apenas uma maneira das pessoas oprimidas – mulheres, no caso – darem um grito de "basta!" quando o feminismo sozinho não é suficiente para que elas sejam ouvidas. Daí que é preciso radicalizar. É claro que há frases absurdas supostamente atribuídas a feministas, mas as pessoas precisam entender que isso fica da boca para fora, feito com a intenção de chocar mesmo, de provocar, de fazer com que as pessoas acordem para essa estrutura de opressão que massacra as mulheres dia e noite há milênios. E quando digo "mulheres", refiro-me ao que a figura feminina representa socialmente, porque tanto a homofobia quanto a transmisoginia também são formas indiretas de atacar as mulheres. No caso da homofobia, basta ver que os gays mais atacados são justamente os mais "afeminados", pois eles são mais parecidos com uma mulher.

Pense na misandria como algo na mesma categoria da "heterofobia" ou do "racismo reverso". Ou seja: não passam de lendas urbanas; não existem de fato. São apenas contravalores caricatos para balancear essa equação da desigualdade. Homens não têm motivos para odiar as mulheres, porque elas não criaram um sistema de opressão contra eles. Mas mesmo assim muitos homens as odeiam. Aliás, o sistema patriarcal inteiro odeia as mulheres, fazendo com que elas mesmas se odeiem. Enquanto que mesmo tendo motivos de sobra para odiar os homens, a grande maioria das mulheres amam os homens. E até essa misandria é algo muito mais brando que a misoginia, porque não ocorre na mesma proporção. Não há uma ameaça real na misandria. Há ameaça real na misoginia, na homofobia, no racismo. Ódio contra homens não é se nivelar por baixo, não é um discurso de ódio como a misoginia: é mais uma reação, um desabafo. A única misandria realmente perigosa é quando ela parte de homens contra si mesmos. Na história, inclusive, há vários casos de homens que matavam outros homens por considerá-los inferiores ou perigosos. Apesar deste tipo de caso ser chamado tecnicamente de androcídio, ele é que se encaixaria melhor no termo 'misandria'. Portanto, ao invés de se indignarem contra essa coisa sarcástica que é a misandria, os homens deveriam direcionar sua indignação contra a misoginia: misoginia esta que ocorre de todas as formas possíveis e imagináveis 24 horas por dia.


Enfim, eu preferiria que todos dessem as mãos e fossem felizes para sempre, mas o mundo que vivemos ainda não permite isso. Enquanto esse dia de igualdade entre os seres humanos não chega, temos que lutar por um mundo mais humano, mais tolerante e em que ninguém precise dizer que sente ódio para se defender da crueldade de um sistema.

quarta-feira, 5 de janeiro de 2022

Misandria não existe


Um dos motivos que me fez criticar o feminismo neste blog em postagens antigas foram as posições extremistas que algumas mulheres tinham dentro do movimento. Mas após refletir um pouco, cheguei à conclusão que não cabe a mim criticar nada. Quem sou eu para criticar um grupo social que é oprimido por séculos? Quem sou eu para dizer o que mulheres devem fazer, falar ou sentir? Se eu tivesse sentido na pele tudo que elas sofrem, talvez até pudesse dizer algo, mas por questão de bom senso e empatia, acho melhor ouvir mais e contestar menos. Descobri que mesmo as falas extremistas são, na verdade, um desabafo, um grito de "chega" por tudo que as mulheres passam e sentem em um mundo cruelmente machista. E no meio desse desabafo feminino surge uma tal de misandria, que ao pé da letra quer dizer ódio aos homens. Só que diferentemente da misoginia, que é o ódio contra as mulheres, a misandria, em termos práticos, não existe.

Isso não é misandria, é diversão.
 

Ora, que "ódio" é esse que as misândricas dizem sentir? Esse ódio não é ódio de verdade. Todas essas misândricas têm pais, filhos, maridos e querem o bem de todos eles. Você não vê misândrica nenhuma pegar armas de fogo e sair matando homens por aí. Você não vê misândrica nenhuma cometendo masculinicídio. Você não vê misândrica nenhuma criando toneladas de páginas de ódio na deep web, posts com apologia a estupro e assassinato no 4chan ou assediando homens na rua. Você não vê misândricas espancando homens por aí e nem há qualquer aceitação social para a misandria, nem mesmo entre as próprias mulheres. Então a conclusão que eu cheguei é que embora a capacidade de odiar homens exista, a misandria, como fenômeno social, não existe. O que existe é um grito preso na garganta de quem não aguenta mais sofrer, ser controlada, espancada, assassinada, humilhada, objetificada, perseguida e ainda assim dizer que ama seus algozes. Nessas horas há a necessidade de radicalizar mesmo para romper os grilhões, já que o feminismo bem comportado não dá resultado.

Te cuida, esquerdomacho, a misandrinha vem aí!

Homens, saibam que mulheres não nos odeiam por sermos portadores do cromossomo Y, por termos um pênis ou por sermos cissexuais. O ódio que há é contra o mal que representamos contra elas como classe social. O animal social homem educado e socializado como macho em uma sociedade patriarcal é mesmo um ser terrível digno de repulsa. Mas mesmo assim as mulheres não nos odeiam como indivíduos. Elas odeiam o que nós representamos, o que nós fazemos contra elas e o que reproduzimos a cada ato machista e misógino que tira delas o direito de terem os mesmos privilégios que nós. Portanto, quando ouvir sobre mulheres que odeiam homens, entendam que essa é uma forma de autodefesa. Lá no fundo, a misandria é uma forma dolorosa de dizer que temos muito o que aprender e melhorar para sermos dignos do amor que as mulheres ainda insistem em nos dar. Ou melhor: a misandria é uma forma simbólica de matar o homem machista que há em todos nós para que possamos renascer como um ser humano e não como um "macho".