domingo, 26 de janeiro de 2020

Forças armadas não deveriam existir


Num dia desses, vi dois parentes meus discutindo se o serviço militar deveria ser obrigatório ou não. Um era a favor e o outro era contra. Eu tenho uma terceira opinião. Na minha opinião, Forças Armadas sequer deveriam existir.

Sim, concordo que o Exército é uma escola, pois lá aprendemos lições para vida toda: aprendemos coisas importantes sobre defesa pessoal, sobre sobrevivência, sobre caráter, sobre disciplina, sobre autocontrole, sobre resiliência, sobre trabalho em equipe, sobre companheirismo e até mesmo sobre amizade. Você também ganha alimentação, condicionamento físico, tem assistência médica e odontológica, recebe um soldo, aprende a operar armas de fogo corretamente, aprende sobre estratégia, pode seguir uma carreira e tem respeito de certa forma por ser alguém que está ali em defesa da pátria e dos compatriotas. Mas nem tudo são flores. Forças Armadas não deveriam existir em um mundo ideal, porque a existência delas escancara o nosso fracasso como civilização. Para quem acha que países não deviam existir, que fronteiras não deviam existir, que guerras não deviam existir, que armas não deviam existir e que violência não devia existir, fica muito óbvio porque também acho que Forças Armadas não deveriam mais existir.

Ninguém deve esquecer que, em último grau, você é treinado para matar dentro das Forças Armadas. E ninguém vai a uma guerra para fazer piquenique: você vai a um conflito para matar o inimigo. Muita gente, por conta disso, se traumatiza com certos abusos que ocorrerem dentro das academias militares. Fora que há a rigidez excessiva no processo de disciplina, hierarquização sistemática, prisões disciplinares que muitas vezes são abusivas, trotes violentos e o treinamento é embrutecedor porque você está ali se preparando para uma guerra, coisa que tira parte da sua humanidade. E na guerra você mata pelo medo de morrer. Isso porque eu nem citei os casos onde recrutas morrem e até se suicidam diante do rigor dos treinamentos militares. Um filme que retrata bem isso é o Nascido Para Matar, de Stanley Kubrick.

Enfim, guerras, armas e militarização só mesmo nos games ou na ficção.

sábado, 25 de janeiro de 2020

O trabalho não dignifica o homem


Trabalho não dignifica porcaria nenhuma. Trabalho estressa, cansa, machuca, adoece, rouba nosso tempo de lazer e descanso. Não estou dizendo com isso que as pessoas devem ser vagabundas. O que eu sou a favor é que as pessoas trabalhem menos e apenas naquele trabalho que elas gostam. Não tem coisa pior do que você acordar cedo todos os dias, pegar transporte coletivo lotado, ficar preso no trânsito por horas, ficar longe da família só para aguentar humilhação, passar raiva, ser cobrado além dos seus limites, correr risco de acidentes, esgotar sua saúde, massacrar seu humor e sofrer assédio moral (e sexual) por mais de 40 horas de sua semana fazendo algo que você detesta só para ganhar um salário miserável no fim do mês.

As pessoas precisam trabalhar menos e ganhar mais. Precisamos de mais tempo para nós mesmos, para nossa família, para o nosso lazer, para o nosso descanso. O ócio, ao contrário do que dizem os pseudo intelectuais, melhora o desempenho no trabalho. O ócio não é vergonha para ninguém: Adão e Eva faziam isso, os grandes filósofos gregos faziam isso... Até Isaac Newton descobriu a gravidade assim, ocioso embaixo de uma árvore.

Mas o mais engraçado é que o ócio dos plutocratas, magnatas, banqueiros, bilionários, rentistas e dos "mamateiros" do Estado ninguém condena. Parece que o trabalho só dignifica os pobres e os escravos.

É por isso que eu sonho em comprar robôs e androides que trabalhem por mim e pelas pessoas que eu amo usando energia solar e eólica. Trabalho automatizado para subsistência mesmo. Ninguém precisa dar parte da sua força de trabalho para sustentar uma casta privilegiada no capitalismo que não faz outra coisa a não ser explorar, sonegar e roubar o povo. Trabalho não é para dignificar, trabalho é para felicitar.

quinta-feira, 23 de janeiro de 2020

O amor não é para amadores


Há uma frase popular que diz que: "se o amor é verdadeiro, não existe sofrimento". Para mim, a frase correta deveria ser justamente o oposto: só é amor se houver sofrimento. Ora, amor é preocupação, é renúncia, é sacrifício, é estresse, é esgotamento, é ouvir as queixas do outro, é se envolver com os problemas do outro, é se sacrificar pelo outro: é deixar de amar a si mesmo para suportar outra pessoa. Amar é uma coisa muito difícil que exige muita maturidade, muita sabedoria e muita consciência. O amor é um sentimento muito bonito, mas também é muito difícil, porque ele martiriza. Eu acredito que o amor nos torna melhores, mas não é fácil amar. Não é algo que fazemos inconscientemente ou instintivamente, por osmose. Você precisa deixar a sua zona de conforto para fazer algo de bom por alguém. É muito fácil dizer que ama alguém quando tudo está bem, mas a prova de amor você dá quando as coisas estão difíceis, desfavoráveis e quando falar que ama é mais duro. Amar exige lidar de forma sadia com os defeitos, decepções, manias e chatices do ser amado. Sabe quando você tem vontade de reclamar, de discutir, de brigar e até mesmo de agredir a pessoa que você ama? É aí que o amor é posto em prova. Digo por experiência própria que amar é muito difícil, porque a entrega precisa ser total e integral.
Enfim, como já dizia o escritor Menotti del Picchia: "Não amar é sofrer. Amar é sofrer mais". Ou se preferir, como disse também Claris de Florian: "O prazer do amor dura só um instante, já a dor do amor dura a vida inteira."

domingo, 19 de janeiro de 2020

Nazismo brazuca


Não se iludam. Roberto Alvim não foi exonerado por ser nazista. Foi exonerado por não ser discreto. Um governo profundamente marcado por ideias fascistoides precisa apenas fingir que não é antissemita para não parecer nazista. E nada disso é novidade. O mundo inteiro denunciou antes e depois das eleições de 2018 que estávamos diante do risco de cair nas garras do protonazismo por conta das ideias perigosas que Jair Bolsonaro representava.
Para quem não se deu ao trabalho de perceber, foi o próprio Bolsonaro que escolheu o Roberto Alvim para a Secretaria da Cultura mesmo sabendo que ele era um nazista recalcado, como o canal Meteoro Brasil demonstrou neste vídeo. Não existe problema algum em ser um nazista neste governo. Você pode ser racista, supremacista, homofóbico, misógino, xenófobo, aporófobo e macarthista abertamente como os nazistas eram, só não pode fazer referência direta ao nazismo porque aí já é "coisa de esquerdista", afinal, para os idiotas, o nazismo era de esquerda.
Para os pobres coitados que insistem em tentar colocar o nazifascismo e a esquerda no mesmo balaio, este post mostra porque esta é uma ideia completamente errada.

Homem com suástica nazista em MG mostra onde fomos parar.

Como chegamos nesse ponto?
O fato foi que desde o movimento pró Golpe que começou em 2015 que as portas do inferno se abriram e os monstros da extrema-direita saíram todos do armário. Nazistas, fascistas, integralistas, TFPistas, cavaleiros templários, saudosistas da ditadura, olavistas e todo tipo de corja antes acuados pela Constituição e pelos valores civilizatórios se sentiram empoderados pela imprensa corporativa com seu antipetismo vulgar para se manifestarem. Escondida por trás de um discurso hipócrita anticorrupção, essa extrema-direita foi às ruas pedir a cabeça de Dilma Rousseff e o fim do "esquerdismo" representado pelos avanços sociais da era petista. E agora, depois do Golpe consumado, eles estão livres por aí enquanto o governo se foca em combater o PT, as minorias e a esquerda de um modo geral, como se eles fossem o problema do Brasil.
Não sei como faremos para o Brasil voltar ao normal, mas com certeza precisaremos, antes de tudo, tirar o bufão miliciano/entreguista da presidência. Bolsonaro pode até não ser um nazista, mas as forças que ele representa possuem ligações estreitas com as ideias autoritárias da direita do século XX.

quinta-feira, 16 de janeiro de 2020

Betelgeuse está agonizando


Nunca uma estrela causou tanto alvoroço em nossa história recente quanto a estrela Betelgeuse tem causado nas últimas semanas. Quase todos os portais de notícia estão falando sobre ela e muito tem se comentado sobre a mesma na internet inteira. Tudo isso por uma razão simples: a estrela está prestes a explodir a qualquer momento numa supernova. E não será uma supernova qualquer, será uma supernova relativamente próxima da Terra (cerca de 650 anos-luz de distância do Sol) que ocorrerá na estrela mais importante da constelação mais famosa (Constelação de Orion) vista da Terra. Isso sem falar que Betelgeuse é uma das vinte estrelas mais brilhantes do céu visível a olho nu. Isso dá uma ideia do porquê de tanto frisson a respeito deste astro.
Até hoje ocorreram pouquíssimas explosões de supernova observadas na nossa galáxia desde a invenção do telescópio e nenhuma delas ocorreu tão perto da Terra. Se a estrela supergigante vermelha Betelgeuse realmente explodir, em seu lugar no céu surgirá um brilho tão radiante quanto o da lua cheia, podendo ser visto até pela manhã.

Betelgeuse fica logo acima do cinturão de Órion (Três Marias)

O que causou todo esse hype sobre essa estrela foi a oscilação em sua magnitude e a detecção de ondas gravitacionais típicas de supernovas próximas de onde fica a estrela – sinais esses dados normalmente por uma estrela pouco antes de sua morte. E isso está acontecendo justamente durante o período final de existência dessa estrela supermassiva que terminará seu ciclo de vida explodindo. O problema é que apesar da estrela estar próxima de explodir, essa explosão (que já pode até ter ocorrido) poderá levar até 100 mil anos para acontecer. Isso porque na escala do cosmos, 100 mil anos é um período de tempo muito curto e não há como ser exato sobre em que ponto específico do tempo a estrela vai morrer.
A minha torcida é que a supernova ocorra em, no máximo, algumas décadas, para que eu possa fazer parte da sortuda geração que vai presenciar a explosão de uma supernova na nossa própria galáxia. E isso seria um fato histórico quase tão relevante quanto o de encontrar vida fora da Terra.

quarta-feira, 1 de janeiro de 2020

As canções mais divertidas nasceram na mesma década


Durante a festa de réveillon, uma das canções que escutei foi a dançante Uptown Funk: uma das poucas canções divertidas que foram lançadas na década passada. Daí que puxei pela memória e me recordei que as músicas mais dançantes e alegres de todos os tempos saíram justamente da mesma década: a década de 70 do século passado. Como exemplo, eu cito quatro grandes hits: Rock Lobster, do B-52, gravada em 1978; Saturday Night's Alright for Fighting, do Elton John, lançada em 1973; Don't Stop Me Now, do Queen, lançada em 1979; e a fabulosa That´s The Way (I Like It), do KC & The Sunshine Band, lançada em 1975.
Então como este é o primeiro post da década, vou deixar na sequência as músicas que citei para a gente começar 2020 em grande estilo. E viva os anos 1970!