terça-feira, 22 de outubro de 2019

Tudo em paz na Bozolândia


É interessante o contraste que está acontecendo na América no Sul neste momento. Enquanto países como o Chile, Equador, Argentina, Venezuela e Bolívia estão enfrentando resistência popular contra o imperialismo e o neoliberalismo, o Brasil, por sua vez, está calmo demais diante dos mesmos problemas. A nossa classe trabalhadora está apática devido aos vários anos de lavagem cerebral midiática a que foi submetida e também ao trabalho bem feito através da guerra híbrida encabeçada pelos Estados Unidos. Estamos entregando as nossas riquezas, os nossos direitos, a nossa soberania e os nossos setores estratégicos de desenvolvimento econômico em troca de desemprego, desigualdade e violência. É um jogo de perda total para o Brasil e que pouca gente está tendo consciência de que está acontecendo. Só quem ganha neste jogo são os reais mestres do capitalismo que estão em Wall Street, em Davos ou em Dubai. Nem mesmo a pequena e média burguesia estão ganhando com a nossa ruína, porque a crise afeta também a demanda. Somente os plutocratas estão ganhando com tudo isso.


É por isso que a esquerda precisa urgentemente se reorganizar e mostrar ao proletariado e à pequena burguesia que o neoliberalismo é o nosso maior inimigo. Enquanto a direita conservadora está brigando entre si na busca por protagonismo e poder, a direita liberal já começa a se mostrar como "saída coerente" para a classe trabalhadora. A direita liberal, é bom que se diga, é que está por trás de toda a loucura que está ocorrendo no Chile e no Equador. A esquerda precisa evitar que o conto liberal faça a cabeça do povo, porque somente ela (a esquerda) pode, de fato, fazer algo para melhorar a vida dos trabalhadores. Ou começamos a nos mobilizar agora, ou seremos um Chile piorado daqui a poucas décadas. Precisamos nos organizar no curto e também no longo prazo para que o Brasil saia dessa condição de dependência e exploração em que está inserido desde o seu descobrimento. Está na hora de começar a chacoalhar a Bozolândia.

quinta-feira, 10 de outubro de 2019

A imprensa golpista está tendo o que merece


Tenho me deleitado, ultimamente, com a (pseudo)indignação da imprensa tradicional (dos seus jornalistas, na verdade) diante dos absurdos do desgoverno Bolsonaro. Ora reclamam da censura, ora reclamam das falas agressivas do atual presidente. Mas no fundo, bem sabemos, isso é revolta por serem tratados como "inimigos" (leia-se: estarem recebendo menos verba publicitária) do governo.

Engraçado que essa imprensa cínica, mentirosa, canalha e golpista agora finge estar com medo do monstro que ela mesma criou graças ao seu antipetismo criminoso alimentado impunemente por anos e anos. A Globo, quando ataca o Bolsomonstro, é meio como a mãe que xinga o próprio filho de FDP, porque o Bolsolixo foi cria do antipetismo e da Lava-Jato apoiados pelo grupo Globo. Bolsonaro sabe que a Globo é "inimiga" porque ela não hesitaria em usar contra ele as mesmas táticas golpistas que usou contra o PT. Bolsonaro sabe que é apenas um lacaio descartável do sistema financeiro e seu governo só vai durar enquanto as reformas neoliberais estiverem indo adiante. E a Globo serve apenas para representar e impor os interesses das classes dominantes: grupo este do qual ela também faz parte.


Honestamente falando, eu não tenho pena nenhuma do Globo, Folha, Estadão e outros jornais caras de pau que nunca tiveram o menor respeito pela democracia e confundiram a liberdade de imprensa com liberdade de ofensa. Tomara que o neofascismo corte a verba de publicidade desses grupos salafrários que não têm a menor ética profissional e ainda se declaram "imparciais". Aliás, espero ansiosamente que a Globo e companhia limitada sejam logo vendidos e em seguida decretem falência. É o mínimo que merecem por serem o lixo que são. Quanto ao SBT e Record, esses estão com os dias contados há bastante tempo. A imprensa chapa-branca que eles representam só mostra o desespero pelo dinheiro público que os mantém respirando por aparelhos em sua patética sobrevida.

Enquanto isso, a imprensa livre, ou "mídia suja", que ganhou espaço na web, cresce cada dia mais. A TV 247, por exemplo, já tem quase meio milhão de inscritos e um público bastante fiel, assim como a Rede TVT e a Nocaute TV também têm crescido. Os canais da direita e extrema-direita também têm aumentado a audiência no YouTube, o que mostra que a imprensa tradicional está derretendo e provando dos frutos podres que ela mesma plantou. Já passou da hora de democratizar e regular essa imprensa oligárquica que há décadas emburrece o povo com meias-verdades e reportagens manipuladas e tendenciosas.

Foi isso que sobrou pra Globo

quinta-feira, 3 de outubro de 2019

Sociólogo explica em Paris o Brasil de Bolsonaro


Em texto publicado na Carta Maior, o sociólogo Jessé Souza deu uma aula em Paris sobre como a Lava Jato desqualificou a Justiça e como Bolsonaro é a síndrome de um problema maior. O texto é longo, mas vale muito a pena ser lido pela quantidade e qualidade das informações que achei de importância vital. Segue o texto na íntegra:
                             
"Como se imbecilizou o povo a esse ponto para levá-lo a pensar que o problema do país é a corrupção política? Como se retira o poder de reflexão do povo inteiro a esse ponto? O alfa e o ômega da história brasileira é criminalizar a soberania popular e os pobres e ter o Estado para os ricos, roubar com isenções fiscais, não pagar imposto". (Jessé Souza)

Jessé fez o melhor raio x social e político do Brasil

Um dos intelectuais brasileiros mais conhecidos e lidos, o sociólogo Jessé Souza começou, desde setembro, a dar aulas na Universidade Sorbonne Nouvelle-Paris. O anúncio foi feito no final de sua concorridíssima conferência no Institut des Hautes Études de Amérique Latine (Université Sorbonne Nouvelle-Paris), dia 2 de julho. A conferência tinha por título "Le Brésil de Bolsonaro-Diviser pour régner" e o brasileiro foi apresentado pelo professor Gérard Wormser, diretor da revista Sens Public, que publicou recentemente o artigo de Jessé Souza "Bolsonaro, raciste en chef du Ku Klux Klan et des petits blancs du Brésil".

Souza apresentou uma conjuntura bastante difícil para o Brasil, que vê dominado por um sistema racista de uma elite cínica, que manipula a classe média com uma falsa narrativa anticorrupção e, na verdade, usa o Estado para enriquecer. Diante desse governo, se debate uma esquerda sem bússola.

A esquerda não tem nenhuma narrativa política para o Brasil, jamais teve mas é arrogante pois pensa que tem. O Brasil tem uma esquerda sem as armas simbólicas para efetivamente criar uma narrativa que tenha uma direção para o futuro.

Em sua verdadeira aula de história do Brasil para um público formado de franceses e de brasileiros, o sociólogo não poupou as elites econômicas e sociais brasileiras que sempre utilizaram o Estado como seu cofrinho. Ele citou o sociólogo francês Pierre Bourdieu para explicar a violência simbólica da elite brasileira com o objetivo de dominar o imaginário da classe média.

Depois de resumir a história do Brasil, sua origem escravagista que marca até hoje as relações sociais, a Justiça e o Estado, Jessé desconstruiu o que ele chama de "mitos" caros a intelectuais que formaram várias gerações de brasileiros, como Sérgio Buarque de Hollanda.

A transmissão cultural não se dá pelo sangue. A fraude de dizer que o Brasil vem de Portugal foi inculcada desde sempre, o Brasil vem da escravidão, que não existia em Portugal. É a escravidão que estrutura a sociedade brasileira. A cultura passa pelas instituições, família, escola, justiça, trabalho. E a escravidão é a mãe do Brasil. O resto é fraude, mentira, bobagem. Todos os grandes pensadores repetiram e naturalizaram a mentira.

Para ele, o Brasil é até hoje marcado pela escravidão e suas consequências.

Bolsonaro, o mais corrupto entre os corruptos
"Jair Bolsonaro é fruto da Lava-Jato, cujo projeto era ganhar do PT por meios não-eleitorais. Antes era o projeto da UDN, do atalho que não passava pelo voto. Bolsonaro é o pior político que o Brasil já fabricou em 500 anos. E olhem que o Brasil já produziu gente muito ruim, mas nenhum canalha maior que Bolsonaro", diz Souza, ovacionado pelo público.

Ele continua: "Bolsonaro é o representante do que podemos chamar de lixo branco. É uma expressão dos Estados Unidos para designar o branco que tinha menos dinheiro, menos educação, socialmente é inferior ao branco americano do Norte e que só tem a cor da pele como vantagem. Por conta disso, ele é o maior racista dos EUA. Ele odeia o negro. Nas famílias brancas do interior de São Paulo, o maior crime que você pode cometer aos olhos da família é casar com um negro. Bolsonaro vem desse meio. A política de Bolsonaro é dar arma para a milícia matar pobre e negro. Ele não tem política pública a não ser o holocausto de pobres e negros. Ele fala ao pequeno branco que ganha entre dois e seis salários mínimos. É o remediado pobre. Bolsonaro é a vingança deste lixo pobre branco sobre o negro e o pobre que melhorou de vida. Essa baixa classe média fascista existe no Brasil há cem anos. O movimento fascista brasileiro, o integralismo, tinha 500 mil inscritos, é a mesma canalha que apoia o Bolsonaro".

Segundo Jessé Souza, a imprensa é a aliada de sempre dos que querem manter os privilégios dos cem mil brasileiros que mandam no Brasil. Ela bombardeia a todos com a suas mentiras.

"A escravidão não é somente um processo de exploração econômica do escravo, mas a humilhação cotidiana e desumanização do escravo. Numa sociedade escravocrata que precisa humilhar o outro para mantê-lo na servidão, é preciso desenvolver sentimentos sádicos, dando origem ao gozo na humilhação. Nada define mais o Brasil e o brasileiro de classes dominantes do que o prazer em humilhar. O brasileiro tem o gozo da humilhação do inferior socialmente".

Para o sociólogo, o brasileiro interiorizou a ideia de que somos emocionais, logo, irracionais, animalizados, incapacitados à reflexão, à abstração, a pensar. O espírito é a inteligência, honestidade, a racionalidade. Tentar destruir a autoestima de um povo é a melhor maneira de mantê-lo subalterno.

"Como eu posso fazer com que a classe média jamais entre na arena para decidir com sua própria cabeça, mas para servir aos meus interesses? É preciso imbecilizá-la e fazê-la agir contra seus próprios interesses de classe. Como tornar a classe média letrada imbecil? É preciso conquistá-la pelas ideias e então cria a Universidade de São Paulo pois a classe média controla a sociedade, supervisiona em nome de uma pequena elite. Pela violência simbólica e por ideias que são fraudes científicas".

O que Souza mais enfatizou foi a marca da escravidão que deixou raízes profundas na sociedade brasileira e até hoje está presente nas relações sociais e no racismo que impediu os negros de terem acesso à educação e a uma vida digna depois da Lei Áurea.

Difícil ser mais explícito sobre o jogo de interesses que se escondem por trás da Operação Lava Jato e que pode ser explicado pela tensão permanente entre os donos do poder e os interesses do povo.

Criminalização do PT, Lacerda foi o Moro de Getúlio
Segundo Jessé Souza, a ditadura maculou as Forças Armadas e a Lava Jato jogou descrédito sobre a Justiça brasileira.

"Qual o grande crime de Lula? Por que o canalha do Moro teve que construir crimes fictícios de Lula e esconder os crimes reais do sociólogo quase francês Fernando Henrique Cardoso? Esconde os crimes do sociólogo quase francês e inventa crimes do metalúrgico", lançou, veemente, Jessé Souza.

Segundo ele, a criminalização do PT vem do fato de Lula ter posto pobres e negros nas universidades.

"Passei 20 anos na minha vida sem ter um só estudante negro na minha sala. Hoje, o número de estudantes negros e pobres nas universidades é imenso. A universidade é o centro do conhecimento que querem manter como monopólio da classe média e dos ricos. Mudam os tempos, mudam os personagens mas os métodos e os fins são os mesmos", explica.

A criminalização do povo e de seu representante começou em 1954, quando Getúlio foi vítima de uma trama das elites. Lacerda foi o Moro da época.

O crime de Getúlio, explica, foi incorporar o trabalhador nas benesses do mundo moderno. Ninguém provou que ele tinha roubado. Mas foi acuado e se matou. Depois fizeram a mesma campanha contra Jango, Lula e Dilma. O eterno pretexto da corrupção é um tema recorrente cada vez que a direita quer cooptar a classe média para defender os interesses das elites econômicas. Quem fez dinheiro no Brasil fez à custa do Estado.

A República Velha não mudou
A seguir, outros trechos da conferência:
"Quais os dois princípios da República Velha que continuam até hoje? A elite econômica, de cem mil pessoas, quer o Estado para roubar, se apropriar dele. O povo, feito de imbecil, joga a culpa na política".

"Examinando os resultados, constata-se que depois de 5 anos, a Lava Jato recuperou 1 bilhão de dólares para os cofres públicos. Ora, somente uma corrupção, a sonegação de impostos, representa 520 bilhões de dólares, segundo um organismo inglês de universidades inglesas. Não há sequer comparação possível".

"Os juros brasileiros são onze vezes maiores que na França. É a transferência dos mais pobres para quem tem os títulos da dívida pública. Esse é o roubo do Brasil. Quem rouba no Brasil é a elite do dinheiro".

"O que é o Brasil de verdade? É o que abandonou os escravos nas cidades, sem acesso à terra, à educação. O ódio do Brasil ao negro levou a essa política atual feita para matar negros e pobres. Foi montado um bastião racista branco para manipular a classe média. Eles dizem, não vamos eleger um ladrão do PT. Então elegem um homem que apoia torturador, assassinato, miliciano. E que é ladrão. Que moralismo da classe média é esse? O pecado do Brasil é que pobre e negro não podem ter nenhum avanço. Como isso é canalhice e num país superficialmente cristão isso não pode ser admitido, é preciso negar o racismo. Então se inventa o combate à corrupção na política pois é ele que pode retirar o pobre e o negro de seu lugar subalterno. Essa é a canalhice brasileira. O branco brasileiro é um canalha que se acha um ser moral".

"Para a elite, um povo humilhado, sem autoestima, é fácil de ser manipulado. É bom para a elite brasileira e bom para a elite internacional, especialmente para os Estados Unidos que usam a ideologia da superioridade para legitimar o saque das riquezas do Sul global".

"Por que o Brasil nunca pode se industrializar pois os Estados Unidos vêm e montam um golpe de Estado? E isso é visto como normal, a maioria é indiferente ou apoia".

"O Estado tem que ser criminalizado porque é a única entidade forte o bastante para se contrapor ao mercado, controlar o mercado. Então é preciso criminalizar o Estado, criminalizar a política que é no fundo criminalizar o povo, a soberania popular. O pensamento brasileiro vive da criminalização do povo e de todo representante popular, imediatamente acusado de populismo. O que vem do povo é ruim, quem representa o povo é ladrão e demagogo".

"Esse pessoal branco que odeia negro e pobre é quem apoia esse regime do ódio. É preciso criar uma superfície de moralidade, porque o canalha não pode ser visto como canalha. E então as pessoas que o apoiam se escandalizam com a corrupção política seletiva só de representantes do povo".

O encontro com Jessé Souza foi promovido pelo IHEAL, pela RED-Br (Réseau Européen pour la Démocratie au Brésil) e pela revista Sens Public, entre outros.

terça-feira, 1 de outubro de 2019

A violência contra negros e pobres não é fruto do acaso


Durante uma apresentação histórica no Rock In Rio 2019, uma das minhas cantoras favoritas – a maravilhosa Elza Soares – soltou o verbo, dizendo tudo aquilo que estava entalado na garganta de muitos de nós: “Ágatha Félix tinha 8 anos, o músico Evaldo Rosa levou 80 tiros, Marielle lutava pelos pobres, pelos negros, pelos pretos, pelo nosso povo. Chega! Chega de perseguir os negros, chega de perseguir os pobres. Mulher negra, coragem, pra frente!”. Em outro momento do show, Elza destinou seu discurso às mulheres e protestou contra a violência doméstica. “Mulheres, a história agora é outra. Gemer, só de prazer. Chega de sofrer calada. Denuncie, por favor! É 180 neles. Machistas não passarão!”. E foi nesse contexto que eu me lembrei que essa violência brutal que existe contra negros, pobres e mulheres é uma constante dentro do sistema mais desumano da história: o capitalismo. O capitalismo sempre naturalizou e lucrou com a violência, porque ela vende armas, aumenta o lucro do tráfico e ganha glamour nas artes.


A violência contra negros e pobres, ao contrário do que alguns "liberais" imaginam, não é natural e nem fruto do acaso. A violência contra essas pessoas é consequência da naturalização das injustiças sociais criadas intencionalmente pela nossa burguesia. Os pobres e negros que morrem às centenas todos os dias nas periferias do nosso país são vítimas de políticas propositais de exploração, de desigualdade, de desemprego e de racismo. O traficante pobre que se esconde no morro, por exemplo, é apenas o varejista que fornece a droga para o consumidor final. Para ele há punição severa: a morte violenta. Enquanto que para os verdadeiros donos do negócio: os grandes traficantes responsáveis pela produção, plantio, transporte e refino das drogas resta sempre a impunidade por serem ricos.
A humanidade dos grupos socialmente desfavorecidos é destruída por essa nossa cultura de indiferença e de desigualdade, legitimando, dessa maneira, a violência (física e simbólica) contra todos os oprimidos no capitalismo. Temos que destruir essa cultura de exploração, de individualismo, de concorrência. Enquanto o capitalismo predatório existir, essa missão de combater as desigualdades será impossível. Portanto, a luta contra o racismo é, no fundo, também uma luta contra o atual sistema.


É claro que o discurso fascista do governador do Rio de Janeiro Wilson Witzel agrava o problema por empoderar a ação violenta do Estado contra os mais pobres. Mas não podemos nos iludir achando que trocar peças no governo vai resolver o problema. Só vamos resolver o problema quando o sistema mudar. Por que você acha, por exemplo, que não há balas perdidas ou genocídio de negros e pobres em Cuba mesmo sendo esta ilha caribenha um país pobre? Simples: porque lá o capitalismo foi varrido para longe desde a Revolução de 1959. As pessoas precisam parar de se chocar apenas com a corrupção e precisam passar a se revoltar também contra a desigualdade e as injustiças sociais. Aliás, como alguém se atreve a dizer que a corrupção é o maior problema de um país onde milhões de pessoas passam fome? Abra os seus olhos e a sua mente. Enquanto a raiz da violência não for atacada, estaremos sempre enxugando gelo sem entender onde foi que erramos.