quarta-feira, 12 de julho de 2023

Somos todos um em uns


O último vídeo publicado no canal Em Poucas Palavras (Kurzgesagt) trouxe uma linha de pensamento bastante interessante que conheci na internet lá na década de 2000. Tanto nas comunidades do Orkut quanto no Yahoo Respostas, encontrei pessoas que defendiam a hipótese de que tudo é deus. Mas ao contrário do que pressupõe a doutrina panteísta, não estamos falando de "tudo" no sentido cósmico, mas de um "tudo" personificado que seria melhor traduzido em "todos". Todos nós somos deus. Como "nós" entenda como sendo todas as formas de vida do universo. Somos a manifestação consciente de um mesmo ser supremo em corpos e momentos diferentes. Ou seja: todas as consciências estão conectadas e todo mundo que existiu e vai existir são outras versões de você. Como costumavam dizer os adeptos dessa crença "neopanteista", somos todos um em uns. Há uma espécie de super consciência no cosmo que consegue estar em todos os lugares ao mesmo tempo sentindo tudo. Eu e você somos manifestações individuais por estarmos em corpos diferentes, mas, na realidade, é como esse ser supremo super consciente estivesse vivendo e sentindo tudo que nós e todos outros estão vivenciando neste momento e até o fim do universo. Em outras palavras, é como se você, eu e todos fossem a mesma entidade em corpos diferentes e que apenas não está plenamente consciente disso. 


Segundo esse pensamento, quando morremos, reencarnamos em outros seres de outras épocas, seja do passado ou do futuro. Hoje, estou neste meu corpo, mas depois que morrer, poderei estar no corpo de um camponês na idade média ou no de um astronauta ciborgue no ano de 3255. Ou poderei reencarnar em você, porque você e eu somos, na realidade, exatamente o mesmo ser em momentos temporais e perspectivas diferentes. Isso significa que todos os seres humanos que já existiram e que existirão um dia são a reencarnação da mesma consciência, do mesmo ser. Todo o bem ou mal que você fez a alguém, na verdade, você fez contra você mesmo, porque todos são você. A ideia parece confusa ou até absurda, mas ela é ótima por despertar o senso de empatia entre os seres humanos e até mesmo nos não humanos. 


Se tudo isso é verdade ou não, não há como saber, mas é bastante estranho e curioso que estejamos vivendo o aqui e o agora durante apenas algumas décadas, sendo que a chance disso acontecer na história do universo é quase nula dado o tempo total de vida útil do universo e da baixa probabilidade de termos nascido. Se você parar para pensar, se o espermatozoide que o gerou tivesse se atrasado por uma fração de segundo ao entrar no óvulo, você nem estaria aqui. E se qualquer espermatozoide de qualquer antepassado não tivesse fecundado o óvulo específico naquele momento, nenhum de nós teria nascido. Seriam outras pessoas em nosso lugar. Mas será que essas pessoas também não seriam nós?

A seguir, deixo o vídeo mencionado que me motivou a escrever este post.

3 comentários:

  1. Rapaz, materialmente sim. Compartilhamos da mesma matéria. Subjetivamente influenciamos uns aos outros de modo bem intenso, somos o espelho que reflete de certa forma o ambiente.
    Mas acho que para por aí. A natureza é algo bem bizarro, os seres infligem dor aos outros para se alimentar, são tão empáticos como uma porta para a individualidade do outro, a natureza idem, que é algo amoral.
    Acho que é só uma forma idealizada de achar que fazemos parte de algo maior, o que de fato fazemos, no entanto, embora nossa matéria persista, tudo o que somos de maneira subjetiva vai desaparecer na maioria dos casos em duas gerações. Tudo o que fomos subjetivamente vai desaparecer.

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    1. Exatamente. Acho que lá no fundo essas hipóteses não passam de uma forma humana de lidar com a angústia da existência e com a finitude de tudo que nos cerca. O ser humano é especialista em dar significado a coisas que não tem sentido algum. Mas o bacana dessa hipótese é que ela tem o foco em desenvolver uma maior empatia entre os seres humanos.

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    2. Espero só que tenha alguma inteligência que guarde essas experiências subjetivas. É merda demais viver tudo isso pra ser apagado. Se não tiver espero que no futuro criemos uma.

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